Por que não acredito mais na Teologia da Última Geração?


Título do texto original “Why I No Longer Believe in Last Generation Theology”, publicado na revista Spectrum Magazine traduzido por Rafael Fersi  para o site Confissões Pastorais .

Crescido na igreja adventista, eu estava exposto a um modelo de adventismo que promoveu o que foi identificado como a Teologia da Última Geração (LGT – Last Generation Theology doravante descrito pela sigla em português TUG – Teologia da Última Geração). Fomos ensinados que aqueles na igreja que não concordavam com a TUG estavam em apostasia. Foi Muito tempo depois, quando estudava no seminário, que descobri que a TUG Não existia no adventismo até os anos 1930. Foi introduzida pelo primeiro teólogo adventista durante esse período, M.L Andreasen. No entanto este conceito não é novo. Eu também aprendi que os fariseus tinham sua versão da Teologia da Última Geração. Eles acreditavam firmemente que, se Israel mantivesse um sábado perfeito, o Messias viria imediatamente. É por isso que eles queriam se livrar de Jesus, quando ele quebrou suas leis de sábado.

Aqueles que propõem a TUG gostam de agarrar-se a uma citação em especial de Ellen White. Ela escreve: “Cristo aguarda com fremente desejo a manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como Seus “(Parábolas de Jesus, p. 69). Quando vejo esta citação, agora sem um viés TUG, torna-se mais claro que Ellen White não esta necessariamente falando de impecabilidade, mas para deixarmos de lado nossas diferenças e sermos amáveis, assim como os discípulos no cenáculo antes do derramamento do Espírito Santo. Jesus diz que o fim virá quando o evangelho chegar a todos (Mateus 24:14). Ele também diz que todo mundo vai saber que somos seus discípulos quando amarmos uns aos outros (Jo 13:35).

O foco da Teologia da Última Geração é uma personalidade perfeita. De um ponto de vista TUG, Jesus não voltou porque ele está à espera de uma geração que não tem pecado, para que Deus possa provar que seus mandamentos podem ser guardados perfeitamente. A TUG ensina que Deus está dependendo de nós para reivindicar seu caráter. Se pudéssemos demonstrar ao universo (observando) que a lei de Deus pode ser obedecida, ninguém teria uma desculpa. Provaríamos que Satanás está errado! Deus seria razoável em suas expectativas. Agora vejo como isso é uma blasfêmia. Jesus justificou plenamente o caráter de Deus na cruz. Deus é amor. Nós não podemos tomar o lugar de Jesus em cumprir esse papel.

Em vez de festejar com os meus colegas, eu passei a maior parte da minha adolescência tentando ser perfeito. Tentei ter apenas pensamentos puros, e conquistar o meu temperamento e outras falhas de caráter. Afinal, Deus estava confiando em mim para vencer o pecado! Eu não queria atrasar sua vinda por mais tempo. Eu também sabia que a hora estava chegando, quando “o período de graça” se encerrasse nós ficaríamos sem um mediador. Eu tinha que estar impecável até então. Muito mais tarde, fiquei aliviado quando alguém mostrou-me que sempre teremos um Salvador. Neste ponto, não pode mais haver mudança de lados (o que exige um mediador, ver Apocalipse 22:11), mas os nossos pecados são cobertos pelo sangue de Cristo até o final, quando estaremos ao lado de Deus.

Embora essa teologia tenha me poupado das consequências de uma rebelião típica de um adolescente, a TUG pode ser tão (se não mais) prejudicial emocionalmente e espiritualmente. Mesmo que tenhamos sido informados de que poderíamos vencer o pecado através do poder de Cristo, o foco não estava em Jesus. Me concentrava em meu comportamento. Como eu estava agindo? Não é isso em que todo o universo esta supostamente focado? Toda vez que errava, eu sabia que estava perdido a menos que me arrependesse e começasse tudo de novo a partir do zero. Isso não foi uma experiência cristã alegre. Foi infeliz! Eu queria desesperadamente ser perfeito para que eu pudesse ser uma parte da última geração.

Agora vejo o cristianismo como um relacionamento. Porque Deus é amor, Ele nos criou para um relacionamento com ele. Esse é o nosso propósito, é por isso que nós existimos. Desde que nascemos em um planeta rebelde, o objetivo primordial de Deus é ganhar nossos corações. Ele quer que confiemos nele. No entanto, quando damos a Deus o nosso coração, nós ainda temos as fraquezas da carne. Mesmo que nossos corações estejam no lugar certo, nós ainda erramos. Quando falhamos por causa da carne, não perdemos nossa salvação, nós não viramos as costas a Deus, nós o amamos e queremos fazer o que é certo, e quando tivermos um novo corpo na ressurreição (sem quaisquer fraquezas), não iremos ser rebeldes no céu. Porque Deus ganhou nossos corações. Nós confiamos nele. Nós o amamos.

É como um casamento (a metáfora bíblica para a nossa relação com Deus). Eu não sou um marido perfeito. Cometo erros que ferem a minha esposa (não fisicamente). No entanto, porque eu amo minha esposa, eu sinto muito quando faço tolice, eu não quero machucá-la. Quando fracasso, ainda estou casado com ela, não virei as costas e fui embora, ainda estamos em um relacionamento. A única maneira de perder a sua salvação é virar deliberadamente as costas a Deus e afastar-se dele. Mas Ele nunca vai deixar você, mesmo se você rejeitá-lo completamente, ele vai tentar conquistar o seu coração novamente.

Estou convencido de que nunca serei perfeito, não temos de ser, quando estamos em um relacionamento com Deus, os nossos pecados são cobertos pelo sangue de Cristo até o fim. Se Deus ganhar nossos corações, nós entraremos em um novo corpo incorruptível quando Jesus vier. Ou seja, quando nossos novos corações irão finalmente ser compatíveis aos nossos corpos, porque nossos corpos também serão novos.

Estou tentando arranjar desculpas para o pecado? De modo nenhum! Na verdade, quanto mais eu tentava vencer o pecado, mais eu falhava e me desencorajava. Agora eu acho que quando eu me concentro em meu relacionamento com Jesus, os pecados que pareciam tão atraentes antes, começam a perder o seu poder na sua presença. É milagroso.

Sam Millen


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