O Evangelho será proclamado, haverá conflitos religiosos e “profetadas” (parte 4)

Sinais do Cumprimento de Uma Maravilhosa Promessa



A polêmica que tem surgido em torno do nome de Jesus não é atual. No tempo de Jesus muitos disseram: “Este é Jesus, o Profeta de Nazaré da Galiléia” (Mateus 21:11)
“E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou Seu povo.” (Lucas 7:16)
Conhecedor de tais interrogações Jesus perguntou aos Seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: uns João Batista, outros Elias, e outros Jeremias ou um dos profetas. E DISSE-LHES JESUS: E VÓS, QUEM DIZEIS QUE EU SOU?” (Mateus 16: 14-15)
Jesus sabia que o Seu nome seria para sempre motivo de interrogações. Ou porque Ele despertaria amor ou porque despertaria ódio. Certa vez conversando com um jovem que havia sido um cristão adventista e hoje se identifica como ateu, perguntei-lhe sobre Jesus e ele me respondeu simplesmente: “Jesus para mim não é mais nada!”
Mas, há outros que consideram Jesus um revolucionário, um idealista e ainda outros que O consideram um espírito superior. Eu creio que Jesus é Deus, assim como creio que a Bíblia é a Sua Palavra. Esse estudo está fundamentado nesta fé, se você, caro leitor, rejeitar o testemunho da Bíblia, assim como o seu ensino concernente a divindade de Cristo, será inútil dialogarmos sobre este ponto.
Em se falando de perseguições religiosas há possibilidade de que a história se repita? E aí, o que você respondeu para si mesmo?

Você já ouviu falar do Ministério Portas Abertas? Eles têm muitas histórias para contar. E a resposta é que sim. Na verdade não é algo que se projeta para o futuro, mas algo que já se vive no presente. As perseguições nunca tiveram fim. Houve apenas momentos na História em que ela se acalmou ou se restringiu a determinadas nações ou regiões no mundo. Convido você neste momento a conhecer o Ministério Portas Abertas. Você pode participar orando.


Não poderia iniciar a segunda parte dessa reflexão sem mencionar o trabalho maravilhoso do Ministério Portas Abertas. Se você se sentir motivado a ajudar este projeto faça, você estará respondendo ao IDE. Jesus disse que: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim.” Este para mim é o grande sinal.
Como podemos ver a perseguição por questões religiosas já é uma grande realidade pelo mundo. Nossa intenção não é assustá-lo ou alimentar em sua mente o discurso alarmista tão em moda atualmente. Estamos vivendo uma época de grande alarde com relação ao fim do mundo:

Grupo cristão evangélico americano Family Radio comprou dezenas de outdoorsnas principais cidades dos Estados Unidos e Canadá para anunciar que o Dia doJuízo Final será no dia 21 de maio.

1. O sol vai fritar a terra
2. Choque de meteoro: possibilidade real
3. Radiação Fatal: a ameaça dos raios gama
4. Um buraco negro pode engolir o nosso planeta?
5. Poeira do espaço bloqueia a luz do sol
6. Explosão em cadeia com energia incomensurável
“No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele os discípulos, em particular, e lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século. E ele lhes respondeu: Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém tudo isto é o princípio das dores.
Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim. […] Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados. Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho predito.”
Há alguns fenômenos descritos por Cristo que já vêm ocorrendo há muitos anos: terremotos, guerras, perseguições religiosas. Porém, disse Jesus “tudo isto é o princípio das dores.”
Atualmente pode-se encontrar igrejas com os mais diversos títulos com “teologias” que vão desde “o show da fé” com diversas manifestações de “milagres” até as mais perigosas como a da prosperidade. Nestas igrejas o evangelho exaltado é o das “bençãos do ter”. “Deus” é nelas apresentado como um grande mercador. Um “Deus interessado em vales transportes, celulares, chips e dinheiro. Tão diferente do anunciado pela Igreja nos primórdios do cristianismo! O resultado é um batalhão de crentes num “Deus” que só é deus quando se manifesta através da prosperidade financeira. Este tipo de crente na primeira dificuldade duvida.
É por isso, caro leitor, que venho lhe propondo alguns momentos de reflexão sobre a própria história do cristianismo. Vivemos em uma nação que, por enquanto, desconhece o drama da perda da liberdade de consciência religiosa. No entanto, no mundo há milhares de pessoas encarceradas, torturadas e assassinadas, ou vivendo em constante pressão do governo, da sociedade, da família. Simplesmente porque decidiram tornarem-se cristãs.
“São pessoas obrigadas a superar seus limites para continuar vivas, para trabalhar ou ter acesso à escola, para realizar seus cultos sem impedimentos, exercer sua fé sem preocupar-se com a polícia. […] Mais de 200 milhões de cristãos enfrentam intensa perseguição neste momento. Mais de 250 milhões sofrem alguma forma de discriminação […] O problema está-se espalhando pelo mundo todo rapidamente. O aumento da perseguição ao redor do mundo é um sinal para os cristãos ficarem alertas quanto ao chamado de Deus para a Igreja e para cada um de nós.”1
Teremos para sempre nossa liberdade de crença? Se projetarmos um olhar na história veremos que as primeiras perseguições aos cristãos partiram de autoridades religiosas da Palestina. Isto mesmo, autoridades religiosas! Acontecimentos históricos como as primeiras perseguições cristãs, as Cruzadas, a Inquisição, que de santa não teve nada, e os absurdos cometidos entre católicos e protestantes poderão se repetir? Infelizmente sim. Não há outra resposta.
Depois de Jesus Cristo o primeiro mártir registrado nas Escrituras foi o diácono Estevão (Atos 6 e 7), apedrejado por uma multidão, possivelmente em 36 d.C. Depois foi Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João. Tiago foi decapitado por ordens de Herodes Agripa I em 44 (Atos 12).

Como se não bastasse o Império Romano também operou cruéis perseguições aos cristãos durante o segundo e terceiro séculos. Segundo os s historiadores Suetônio e Dione as primeiras perseguições romanas contra os cristãos remontam ao Imperador Cláudio (41-54 d.C).


De acordo com os historiadores Josefo e Eusébio, Tiago, o irmão de Jesus e líder da igreja de Jerusalém foi apedrejado como resultado da instigação do sumo sacerdote em 62, logo depois da morte do governador Festo.
John Foxe diz: “Tomé pregou aos pártios, medos e persas, e também aos carmânios, hircânios, báctrios e mágios. Padeceu em Calamina, uma cidade da Índia, sendo morto por uma flechada. Simãoirmão de Judas e de Tiago, o jovem (que eram filhos de Maria Clopas e de Alfeu), foi bispo de Jerusalém depois de Tiago e foi crucificado numa cidade do Egito no tempo do imperador Trajano. Simão, o apóstolo, chamado Cananeu e Zelotes, pregou na Mauritânia, na África e na Bretanha: ele também foi crucificado.
Marcos, o evangelista e primeiro bispo de Alexandria, pregou o evangelho no Egito e lá, amarrado e arrastado para a fogueira, foi queimado e depois sepultado num lugar chamado ‘Bucolus’, sob o imperador Trajano. Diz-se de Bartolomeu que também pregou aos indianos e que traduziu o evangelho de S. Mateus para a língua deles. Por fim, em Albinópolis, cidade da grande Armênia, após várias perseguições, foi abatido a bordoadas e depois crucificado. Em seguida, após ser esfolado, foi decapitado.
Sobre André, irmão de Pedro, assim escreve Jerônimo: André pregou no ano oitenta de nosso Senhor Jesus Cristo aos cítios e sógdios, aos sacas e numa cidade chamada Sebastópolis, agora habitada pelos etíopes. Foi sepultado em Patras, cidade da Acaia, depois de crucificado por Egéias, o governador dos edessenos.
Mateus, também chamado Levi, primeiro publicano transformado em apóstolo, escreveu o seu evangelho endereçado aos judeus na língua hebraica. Depois de converter à fé a Etiópia e todo o Egito, Hircano, o rei deles, mandou alguém transpassá-lo com uma lança.
Filipe, […] depois de muito ter trabalhado entre nações bárbaras pregando-lhes a palavra da salvação, no fim padeceu em Hierápolis, cidade da Frígia, onde foi crucificado e apedrejado até a morte.
Sobre Tiago, o irmão do Senhor […] foi apedrejado. […] Ele foi uma verdadeira testemunha de Cristo para os judeus e os gentios. […]
Embora a natureza dos castigos fosse variada, a atitude constante de todos esses mártires sempre foi a mesma. Além disso, apesar da intensidade dos numerosos e variados suplícios e também da igual crueldade dos algozes, tão elevado foi o número desses persistentes santos torturados que, como diz Jerônimo: ‘Não há dia durante o ano inteiro ao qual não se possa atribuir o número de cinco mil mártires, com exceção apenas do primeiro dia de janeiro’.”2

Cobertos por peles de animais, eles foram rasgados por cães e pereceram, ou pregados a cruzes, ou condenados pelo fogo e queimados, para servir de iluminação noturna quando a luz do dia havia expirado. Nero ofereceu seus jardins para o espetáculo.3

A primeira das dez perseguições foi desencadeada por Nero por volta do ano 64 […]. A tirânica fúria desse imperador foi cruel contra os cristãos, ‘a ponto de — conforme registra Eusébio — encher cidades de cadáveres humanos, mostrando velhos jazendo ao lado de jovens e corpos de mulheres abandonados nus no meio da rua sem respeito algum por seu sexo’.”2
Um incêndio devastou 10 dos 14 bairros de Roma no ano 65. O imperador Nero, acusado pelo povo de ser o seu autor, lançou a culpa sobre os Cristãos. Uma perseguição que durará até 68.
“Nessa perseguição, entre muitos outros santos, o […] apóstolo Pedro foi condenado à morte e, segundo alguns relatos escritos, foi crucificado em Roma; muito embora alguns outros, e não sem motivo, duvidem disso. Hegessipo diz que Nero procurava fatos contra Pedro para condená-lo à morte. […] Jerônimo diz que ele foi crucificado, com a cabeça para baixo e os pés para o alto a pedido dele mesmo porque era — disse ele — indigno de ser crucificado do mesmo modo e jeito como o fora o Senhor.
Paulo, o apóstolo, que antes se chamava Saulo, depois da sua grande luta e trabalhos indizíveis na promoção do evangelho, padeceu também durante essa primeira perseguição de Nero. […] os soldados se aproximaram e o conduziram para fora da cidade até o lugar da execução, onde ele, após fazer as suas orações, entregou o pescoço à espada.”2
A segunda perseguição foi desencadeada pelo imperador Domiciano, irmão de Tito. Agindo no início de forma branda e moderada, ele em seguida cometeu um ultraje tão grande em seu insuportável orgulho que ordenou a adoração de si mesmo como deus e mandou que em sua honra imagens de ouro e prata fossem erigidas no capitólio. Nessa perseguição, João, o apóstolo e evangelista, foi exilado por Domiciano para a ilha de Patmos. Depois que o imperador morreu assassinado e o senado revogou as suas leis, João foi posto em liberdade e no ano 97 veio para Éfeso, onde permaneceu até o reinado de Trajano. Ali dirigiu as igrejas da Ásia e escreveu o seu evangelho. E assim viveu ele até o ano 68 depois da paixão de nosso Senhor, quando a sua idade era de aproximadamente cem anos. […]
Na terceira perseguição, […] padeceu o abençoado mártir Inácio, […]. Inácio foi escolhido para o bispado de Antioquia sucedendo imediatamente a Pedro. Dizem alguns que ele, tendo sido enviado da Síria para Roma por professar a fé em Cristo, foi atirado às feras selvagens para ser devorado.” Dizem que foi de Inácio a seguinte frase: “Agora começo a ser um discípulo. Não me interesso por nada do que é visível ou invisível, para que possa apenas conquistar Cristo. Que sobrevenham a fogueira e a cruz, que venham as feras selvagens, que venham a quebra de ossos e a dilaceração dos membros, que venha a trituração do corpo inteiro, que assim seja. Quero apenas conquistar Cristo Jesus! […]”2
Disse Jesus: “Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á.” As pessoas seculares não compreendem o que isto significa, mas a explicação é simples. O cristianismo é para pessoas com pensamentos cristãos.
“A quarta perseguição ocorreu durante o reinado de Marco Aurélio um grande número dos que professavam a fé em Cristo sofreu crudelíssimos tormentos e castigos. Entre eles estava Policarpo, […] bispo de Esmirna. […]Policarpo, com aspecto grave, contemplando toda a multidão no estádio e acenando-lhe com a mão, emitiu um profundo suspiro e, erguendo os olhos para o céu, disse: […] Há oitenta e seis anos eu O sirvo, e Ele nunca me faltou. Como então blasfemarei meu Rei, que me salvou? […] Quando quiseram amarrá-lo na fogueira, disse Policarpo: — Deixem- me como estou. Não é preciso prender-me com pregos, pois aquele que me dá forças para suportar o fogo também me fará permanecer na fogueira sem eu querer fugir. — Assim ele foi amarrado, mas não pregado. […]
Durante a mesma perseguição padeceram os gloriosos […] mártires de Lyon e Vienne, duas cidades da França, dando um retumbante testemunho […] Maturo, Santo, Blandina e Átalo foram atirados como alimento às feras selvagens no anfiteatro, servindo de espetáculo grosseiro para os desumanos gentios. Foram expostos a todas as barbaridades que a multidão ensandecida exigia aos gritos, sobretudo à cadeira de ferro incandescente sobre a qual os seus corpos foram assados, emitindo um cheiro repugnante. Após permanecerem vivos por um longo tempo nessa condição, acabaram aos poucos expirando. […] Blandina foi executada depois de todos os outros. […] Depois de ter suportado os açoites, a dilaceração das feras e a cadeira de ferro, ela foi presa numa rede e atirada a um touro. Depois de ser jogada para o alto por algum tempo pelo animal, mostrando-se muito superior aos seus sofrimentos pela influência da esperança, pela visão consciente dos objetos de sua fé e pela sua associação com Cristo, ela finalmente entregou o seu espírito. […]”2
Depois houve Sixto, bispo de Roma que foi queimado vivo em uma fogueira. Em seguida foi Lourenço.
Albano foi o primeiro mártir da Inglaterra a padecer a morte pelo nome de Cristo. Foi no tempo de Diocleciano e Maximiano. […] Albano foi esmurrado, suas sobrancelhas foram rasgadas a unha e suas faces perfuradas a faca; a pele da barba foi pouco a pouco arrancada; finalmente, seu belo rosto estava todo deformado. Disse o dócil mártir: — Eu lhe agradeço, ó prefeito, por ter aberto em mim muitas bocas, com as quais posso pregar a Cristo, meu Senhor e Salvador. Veja cada ferida que eu tenho é uma boca louvando e cantando a Deus. […]”2
Quem pode entender tal entrega senão os que compreendem e vivem a essência do cristianismo!
“As causas de tanta perseguição aos Cristãos por parte dos imperadores romanos foram principalmente estas: o medo e o ódio.
Primeiro, o medo, porque os imperadores e o senado, por ignorância cega, desconhecendo a natureza do reino de Cristo, temiam e desconfiavam que ele pudesse subverter o seu império. Por isso, buscaram todos os meios possíveis, como a morte e todos os tipos de tortura, para extirpar totalmente o nome e a memória dos cristãos.
Em segundo lugar, o ódio, em parte porque este mundo, por sua própria condição natural, sempre odiou e tratou com maldade o povo de Deus, desde o seu princípio. Em parte porque os cristãos, tendo uma natureza e uma religião contrárias às dos imperadores, servindo apenas ao Deus vivo e verdadeiro, desprezavam os seus falsos deuses, falavam contra adorações idólatras e muitas vezes detiveram o poder de Satanás que agia nos seus ídolos. Por isso, Satanás, o príncipe deste mundo, instigou os príncipes romanos e os idólatras cegos a nutrir contra eles um ódio e despeito cada vez maiores. Qualquer desgraça que acometesse a cidade ou as províncias de Roma, fosse carestia, peste, terremoto, guerras, assombros, desequilíbrios do tempo, ou fosse qualquer outro mal possível, tudo era imputado aos cristãos.
Os tiranos e órgãos de Satanás não se contentavam apenas com a morte para tirar a vida do corpo. Os tipos de morte eram tão diversificados quanto terríveis. Tudo o que a crueldade da invenção do homem pudesse conceber para castigar o corpo humano era posto em prática contra os cristãos – açoites e flagelos, estiramentos, dilacerações, apedrejamentos, lâminas de ferro em brasa aplicadas aos seus corpos, profundas masmorras, rodas de tortura, estrangulamentos nas prisões, os dentes de animais selvagens, grelhas, patíbulos e forcas, os arremessos sobre os chifres de touros. Além disso, quando eram mortos por esses meios, os seus corpos eram amontoados e junto a eles deixavam cães para guardá-los, a fim de que ninguém pudesse vir dar-lhes sepultura, e súplica nenhuma conseguia que eles fossem entregues para serem sepultados.
E, contudo, apesar de todas essas contínuas perseguições e castigos horríveis, a Igreja crescia a cada dia, profundamente enraizada na doutrina dos apóstolos e dos homens apostólicos e abundantemente regada pelo sangue de santos.”2
Os cristãos enfrentaram com coragem e heroísmo essas perseguições, mas não a sofreram passivamente. Defenderam-se com força e sempre que podiam argumentavam sobre a própria fé: “Aquilo em que acreditamos” e “Quem somos”. Eles endereçavam cartas, sob a forma de discursos de defesa (Apologias), aos imperadores pedindo que não fossem condenados sem provas.
Cartas do séc. 2º e 3º
Reuniam-se antes do nascer do sol, ou então à noite, quase sempre em cavernas ou nas catacumbas subterrâneas. Em suas reuniões escravos e senhores se misturavam. E o que era considerado mais absurdo, o escravo podia tornar-se líder da igreja. Não havia dentro da igreja a divisão: senhor e escravo, os dois eram tratados de forma igual. Quem conhece a liberdade deseja a liberdade para todos. Os cristãos rejeitavam a escravidão tanto quanto a adoração ao imperador. Havia estátuas de imperadores reinantes nos lugares mais visíveis para o povo adorar. Como os cristãos não faziam essa adoração e pelo fato de cantarem hinos e louvores e adorarem a “outro Rei, um tal Jesus”, eram considerados como desleais e conspiradores de uma revolução.
Se Jesus não existiu ou se o cristianismo não sobreviveria, como alguns dizem, qual o significado de todos esses martírios? Qual o significado, hoje, da existência de perseguições por questões de fé? Qual o significado das esperadas perseguições futuras?
“No Dicionário Houaiss (2001): o mártir é uma ‘pessoa submetida à pena de morte pela recusa de renunciar à fé cristã ou a qualquer de seus princípios’. Ou seja, no sentido mais tradicional, não se trata de um assassino-suicida que mata pessoas alheias com o intuito de vingar-se ou defender uma idéia. Pelo contrário: o verdadeiro mártir é sempre vítima de agressão e violência. O mártir cristão é aquele que prefere morrer a renegar seu Senhor e sua fé. […] Entendemos que o martírio em si não legitima a fé nem justifica doutrinas por si só. Não é o ato de sacrificar-se em nome de uma convicção que transforma esta convicção em verdade. Porém, quando compartilhamos desta convicção, o que observamos no mártir nos leva naturalmente a uma reflexão a respeito da natureza da nossa própria fé.”2
“Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão;” (Apocalipse: 20:4)
Provavelmente, os cristãos não serão decapitados ou crucificados ou colocados em fogueiras ou lançados às feras. Quem pode saber o limite do ódio humano? Mas, com certeza, os cristãos terão que testemunhar sua fé diante de um mundo intolerante e, sem o Espírito de Deus, cheio de ódio. Nossa fé deverá estar firme afinal o cristão precisa prever o custo de seguí-LO até o final. Foi o prórpio Jesus quem disse: O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo, acima do seu senhor. Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?”
O que é mais triste em todo esse processo é que pessoas religiosas que nada compreenderam estarão novamente envolvidas. Jesus Cristo foi o primeiro mártir em prol da verdade. Verdade esta que os céticos têm negado, ou melhor, rejeitado. Um ceticismo que insistem em chamar de racionalismo.
Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:21-32)
E em outra ocasião disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14:6)
“Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? Tendo dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: Eu não acho nele crime algum.” (João 18:37-38)
Por que Pilatos estava diante da Verdade e não a enxergava? Como disse Richard Whately : “Uma coisa é desejar ter a verdade do nosso lado, outra é desejar sinceramente estar do lado da verdade.” (On the love of Truth)
O ceticismo impede aos homens de compreenderem a liberdade que a verdade produz. Mas, uma fé equivocada também provoca muitos estragos. Nós que cremos e aceitamos o “negar-se a si mesmo”, o fazemos porque compreendemos o real significado do cristianismo: Todo o sofrimento destes homens de Deus foi na carne; toda a dor, todo o fogo que ardeu, queimou a carne somente.” (Marcelo Moscheta)
É impressionante como a idolatria sempre esteve ligada ao fracasso espiritual dos homens! Ligada até mesmo como ponto de fidelidade a Deus. Nós os cristãos, por reconhecermos a divindade de Cristo e aceitarmos a proposta de vida que Ele fez a humanidade, andamos por visão e não por vistas. Ele, para nós, é o único intercessor por excelência. Isto não se trata de “ter um dragão na garagem” ou de ser um herege rebelde, mas de ter consciência e discernimento de que há um só Senhor e Deus. E que a cada um de nós é oferecida a experiência de um relacionamento pessoal com Ele e que este relacionamento implica em desfazer-se de si mesmo. Inclusive de velhas e distorcidas crenças! O que é complicado quando se pensa que o homem basta a si mesmo. Ou quando se crer que a religião certa é aquela na qual fomos educados a crer ser a certa.
Jesus disse: “sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim.”
Aos crentes da teologia da prosperidade apresento as palavras do cristão Inácio, martir por Jesus Cristo: “Que sobrevenham a fogueira e a cruz, que venham as feras selvagens, que venham a quebra de ossos e a dilaceração dos membros, que venha a trituração do corpo inteiro, que assim seja. Quero apenas conquistar Cristo Jesus!”
Não se preocupem com os avisos do fim do mundo com dia e hora marcada. Preocupem-se com o fato de que o Senhor disse que voltará novamente e Ele sempre cumpre o que diz. A obra misericordiosa de Deus não pode ser separada da Sua justiça, portanto, aquilo que parece ser um dia de favor para alguns poderá ser um dia de pavor para outros. Ele virá outra vez e desta vez não será mais como Salvador, mas como juiz. Hoje é o tempo de buscá-LO. Não devemos, pois negligenciar tão grande salvação, nem blasfemar ou ridicularizar com a Palavra.
Continuaremos…
Referências:
Bíblia sagrada
1- http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?Id=877

2- John Foxe, O Livro dos Mártires, Editora Mundo Cristão – S.Paulo, 6ª reimpressão, 2009

3 – Tático, Anais 15.44.

Ruth Alencar

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7 respostas para O Evangelho será proclamado, haverá conflitos religiosos e “profetadas” (parte 4)

  1. Pedro diz:

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    Ruth

    A coisa é muito mais feia do que parece!

    Infelizmente, talvez, o pior tipo de perseguição imposta os cristãos, hoje em dia, seja a descriminação infligida pelos próprios cristãos.

    É mais fácil uma empresa pertencente a qualquer denominação evangélica admitir um “descompromissado religioso” do que um membro de qualquer outra denominação cristã.

    Dá para imaginar quanto é improvável que: Uma escola “Universal” admita um professor adventista? Um hospital “Adventista” admitir um médico testemunha de Jeová? Uma clínica da “Assembléia” contratar um Mórmon?

    Mas, o pior é que essa postura afeta à quase totalidade dos empresários membros de todas as denominações!

    O mais incrível, é sabido que muitas denominações recomendam aos seus seguidores que “não conversem com membros de outras denominações, não dêem oportunidade ao diabo”.

    A intolerância cristã, entre os próprios cristãos, é assustadora!

    Mas, nós vamos vencer,em Cristo.

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  2. Pedro diz:

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    Deus é o mesmo, Jesus é o mesmo!

    A diferença básica entre as religiões cristãs está no entendimento dos “detalhes” da mensagem bíblica.

    A essência é a mesma, se houvesse um pouco mais de humildade e de tolerância entre os “donos de igrejas”, certamente, seríamos cristãos muito mais cristãos!

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  3. "É mais fácil uma empresa pertencente a qualquer denominação evangélica admitir um “descompromissado religioso” do que um membro de qualquer outra denominação cristã."

    Pedro,

    Essa é uma triste realidade, infelizmente!

  4. Pedro e Bri,

    Lembrem-se do que eu disse no texto anterior:

    "… essa Igreja, apesar de tudo isso, sempre resistiu e preservou o que é seu! As tormentas e tempestades por ela superadas formam um quadro admirável. […] No início da pregação de Cristo e da chegada do evangelho, quem senão os fariseus e escribas daquele povo que detinha a Sua lei deveria tê-lo reconhecido e recebido? No entanto, quem O perseguiu e rejeitou mais do que justamente eles?"

    Está escrito:

    Lucas 21:19 "É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma."

    Tiago 1:12 "Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam."

    Filipenses 3:13-16 : "Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos."

    Cito estes versos bíblicos porque são neles que medito quando tento entender certas coisas no meio cristão. Eles me confortam.

  5. Deixo para nossa reflexão essas palavras de Norbert Hugede escritas em seu livro "Le Christ Oublié" (O Cristo Esquecido):

    "A vida cristã (…) é uma empreitada audaciosa e apaixonante que requer o mais perfeito desenvolvimento de todas as faculdades humanas.

    (…) O Mestre ainda não nos dispensou. Não é hora de desistir, na véspera dos maiores dias do cristianismo. A estrada está aberta: se às vezes ela parece difícil, encharcadas de pedras, ela também se apresenta como os caminhos que nos conduzem ao topo das montanhas e que vemos, de longe, destampar no céu azul.

    (…) O que precisamos hoje é de pessoas que provem e argumentem, mas que vivam o que acreditam ser o certo.

    (…) Se é verdade que existe um escândalo na atual divisão dos cristãos, e que este escândalo arrisca de transformar-se em crise (diremos todo o mal que os iluminados têm já feito a causa do Evangelho?) não é descrevendo a doença que traremos o remédio. E é disto que precisamos. O remédio.

    E ele já está em atraso.

    (…)Das duas uma: ou o cristianismo falhou ou nós o esquecemos. A lâmpada apagou ou então o deixamos sob o alqueire. O remédio, o único que o mundo possuía, e que tem preservado a sociedade durante séculos não é suficiente o bastante, ou então o misturamos à um veneno que o entorpeceu diante do mal.

    (…) Sim os homens alteraram a mensagem divina. É necessário convencer-se disto e reexaminar os grandes temas do pensamento cristão à luz das Escrituras. Assim, de etapa em etapa, da doutrina da redenção à certeza da eternidade, podemos estabelecer nossa convicção sobre uma garantia divina.

    O problema é muito importante para que o desprezemos. Não se trata de ter uma opinião, mas de consolidar as bases de nossa fé. É uma questão de salvação, de vida ou de morte espirituais. É sobre o nosso destino eterno. No momento em que a humanidade se encontra em dias difíceis, é muito importante saber como disse Paulo, em Quem temos crido. É muito tarde para buscar água nas cisternas fendidas do pensamento humano, da filosofia e da ciência. É necessário voltarmos à fonte da água viva."

    Façamos a nossa parte… e oremos uns pelos outros.

  6. Pedro diz:

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    Ruth

    Não precisamos pedir mais nada a Deus, basta que Ele nos dê o conhecimento necessário a fim de que "façamos a nossa parte…" mas, o que não conseguirmos fazer, Jesus já o fez.

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  7. Pedro, é bem verdade o que vc disse… mas, há uma parte que sempre nos será exigido. Deus não descerá de Seu trono para fazer o que podemos fazer.

    Não posso viver uma vida cristã na teoria, cristianismo é conhecimento, mas é sobretudo ação.

    Claro que não é o que faço que me permitirá estar no Reino de Deus, afinal nossa justiça não nos habilita. Jesus é o único Caminho, Sua justiça é o meio, mas é preciso a minha fé. A minha fé é o culto racional que Ele tanta ama receber de mim ou de qualquer um dos que Lhe buscam.

    Não seremos jamais marionetes em Sua bondosas e misericordiosas mãos. Ele respeitará sempre nossa individualidade e livre arbitrio. Nos amará sempre incondicionalmente. Há coisas que mesmo o nosso Onipotente Deus nao pode fazer. Forçar-nos a amá-LO e a serví-LO é apenas uma delas.

    Eis, então a nossa parte a qual me referi: buscar a Deus, crer na Sua Palavra, arrepender-nos e confessar-nos. Viver em consequência da nossa fé e confiar no Seu amor redentor.

    um grande abraço fraterno

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