Quando o Cordeiro quebrou o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. Clamaram com voz forte, dizendo:
— Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?
Então a cada um deles foi dada uma veste branca, e lhes foi pedido que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como eles tinham sido.
Texto estudo 1: Comentário de Jacques B. Doukhan – A Jihad Cristã
A abertura dos primeiros quatro selos revelou quatro cavalos, anunciados por cada um dos quatro seres viventes com “Vem!” Na abertura dos próximos três selos não vamos mais encontrar cavalos. A visão profética estará envolvida diretamente com os próprios eventos proféticos.
O alto clamor das vítimas da história abala o quinto selo. A perspectiva agora muda daquela do opressor para aquela das vítimas. O lamento dos homens e mulheres massacrados substitui o som dos cascos dos cavalos conquistadores e opressivos.
Do ponto de vista das vítimas, apenas duas questões importam: Por que? e Até quando?
A primeira é a eterna questão das vítimas inocentes. Mas as vítimas de nossa passagem têm ainda mais razões para clamar – eles estão sofrendo “por causa da palavra de Deus” (Apocalipse 6:9). Era o grito dos hebreus exilados em Babilônia atirados dentro da fornalha de fogo por causa de sua recusa em adorar um ídolo; o clamor dos primeiros cristãos atirados dentro dos estádios rugindo por causa de sua fé no Deus de amor; o clamor dos cristãos exilados, atirados em prisões ou nas chamas por terem aberto a Bíblia e proclamado a verdade revelada a eles do alto. Mas é também o clamor dos judeus, da Idade Média até nossos próprios tempos, denegridos, oprimidos, perseguidos, massacrados e mortos por gás unicamente por serem judeus e pelo seu testemunho do Deus dos patriarcas.
Crucificados por causa de Deus, as vítimas do Apocalipse haviam morrido por Deus. Nosso texto é deliberadamente ambíguo, descrevendo suas mortes como um holocausto, um sacrifício em um altar (Levítico 4:7). Suas almas clamam a Deus por vingança exatamente como fez o sangue de Abel (Gênesis 4:10). O Apocalipse empresta a linguagem de Levíticos que identifica a alma com o sangue (Levítico 17:11), para expressar melhor o caráter sacrifical de seu sofrimento. O sangue dos mártires é derramado no altar de Deus como um sacrifício, e como tal, não pode ser descuidado por Ele. Justiça precisa ser feita.
O profeta jura não só salvação das vítimas – eles recebem vestes brancas – mas também vingança contra os perseguidores Salvação implica justiça. Para salvar, Deus deve julgar. Muito frequentemente os cristãos supervalorizam a cruz, graça e o amor de Deus em detrimento de Sua justiça. Cosendo a religião sob emoções ou espiritualidade, eles esquecem a repercussões históricas da salvação. Mas as vítimas destruídas têm uma perspectiva diferente. Suaves palavras de amor, sorrisos lindos, e ideias louváveis não são suficientes. Apenas a mão salvadora, aquela que arranca a vítima de seu sofrimento é o que realmente importa. Os oprimidos não têm necessidade de palavras gentis e confortadoras. A obsessão deles está na libertação, elevando seu clamor: “Até quando?”
Nem o consolo da experiência religiosa e nem a fé em Deus no passado ou no presente, podem silenciar o argumento por justiça. Isso demanda a intervenção de Deus na realidade da história “Até quando… não julgas?” (Apo. 6:10). O julgamento não chegou ainda a se realizar, e o povo de Deus aguarda-o como um evento temporal. Este mesmo clamor ressoa através dos Salmos43, com a mesma impaciência pelo julgamento de Deus. Mas o alto clamor no livro de Daniel (Dan. 8:13)44 é o mais forte eco ao argumento de nossa passagem. Em Daniel também, o clamor é aquele dos santos oprimidos (Daniel 8:12) e leva ao juízo de Deus.
Para a questão de “Até quando?” no livro de Daniel, o anjo responde: “Até 2300 tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (Daniel 8:14). A purificação do santuário alude ao Dia do Perdão, ou Kippur,45 que celebra o julgamento cósmico de Deus. Este é o momento quando, de acordo com a passagem paralela em Daniel 7, “Assentou-se o juízo, e os livros foram abertos.” (Daniel 7:10).
O quinto selo abre em uma cena de julgamento que toma lugar no céu. Porém, de acordo com esta visão, isso ainda não significa o fim do sofrimento. Salvação é postergada “até que se completasse o número de seus conservos, que haviam de ser mortos, como também eles o foram” (Apocalipse 6:11). Para que a salvação seja efetiva, cada um deve estar presente, um conceito baseado no princípio bíblico de totalidade. Deus não salva um sem o outro. A salvação do indivíduo necessariamente vincula a
salvação do universo. Salvação é cósmica ou não é nada. No presente estado de coisas, salvação é impossível. O reinado de justiça necessita uma reconsagração, uma recriação – a lição fundamental de Kippur.46
Deus não é simplesmente o Deus da graça, da existência e da experiência mística, mas também o Deus de justiça e de santidade – o “Deus soberano, santo e verdadeiro” (verso 10). Já encontramos esse tipo de linguagem na carta a Filadélfia (Apocalipse 3:7). As duas visões são além disso ligadas pelo tema de “irmãos,” adelphoi (Apocalipse 6:11), implicando no nome verdadeiro de Filadélfia . Estas alusões ajudam a situar nossa passagem na
história. De fato, as duas passagens cobrem a mesma extensão de tempo: nós estamos no século dezenove.
As implicações históricas da profecia estão intrigando. Nós estamos acostumados a reduzir a cristandade a uma verdade espiritual e atemporal. Mas o Deus que encontramos aqui é a única resposta ao clamor das vítimas. Deus é amor, mas Seu amor não é indiferente ao sofrimento. É um amor casado com a justiça que intervém em favor do oprimido.
Texto estudo 2: Comentário Dr. Henry Feyerabend
A voz do sangue: A mesma expressão é usada no livro de Êxodo. O sangue de Abel clama por vingança. Aqui a ilustração de Deus dá voz ao sangue de mártires inocentes. Eles morreram por sua fé e, de acordo com todas as aparências humanas, Deus nada fez para protegê-los.
Um dia, porém, as contas serão acertadas.
Em um cemitério da Escócia, onde os corpos de 1.800 mártires foram enterrados, há uma pedra com esse texto. Saber que um dia, muito em breve, as contas serão acertadas traz-me muita coragem. Há muita falta de justiça neste velho mundo. Mas um dia, muito em breve, Deus vai tomar o comando e, então, não haverá mais injustiça.
As almas debaixo do altar: Será que isso ensina que as almas desencarnadas dos mortos estão conscientes no Céu? Se não é assim, por que não?
1. O altar do sacrifício no qual eles foram imolados e sob o qual eles são vistos não está no Céu, mas na Terra. O único altar no Céu é o altar do incenso.
2. Não podemos imaginar que o espírito de vingança pudesse dominar de tal maneira as mentes das almas no Céu a ponto de fazer com que, a despeito da alegria e da glória do Céu, elas não ficassem satisfeitas e à vontade até que vissem a vingança sendo infligida sobre seus inimigos.
3. Se a ideia popular que coloca essas almas no Céu fosse verdade, seus perseguidores estariam queimando no inferno. Por que essas almas estariam clamando por vingança? Que vingança maior poderiam querer?
4. Alguns argumentam que elas devem estar conscientes, pois clamam a Deus. Devemos entender que a personificação atribui vida, ação e inteligência a objetos inanimados. O sangue de Abel clamava a Deus desde a Terra (Gênesis 4:9 e 10). A pedra clamava da parede e a trave respondia do madeiramento (Habacuque 2: 11). O salário dos trabalhadores que fora diminuído clamava, e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos (Tiago 5:4).
Veste branca: Vestes brancas representam a perfeita justiça de Cristo (Isaías 62:10). A promessa feita aos vencedores é a de serem vestidos com vestes brancas (Apocalipse 3:5), como recompensa pela vitória.
Texto Estudo 3: Comentário Hans K. LaRondelle
Esta imagem simbólica deve interpretar-se pela Escritura. Jesus tinha anunciado que depois das revoltas políticas e os cataclismos naturais, seus discípulos seriam perseguidos (ver Mateus 24:9-11, 21).
Depois de abrir o quinto selo, escuta-se o clamor para que se faça justiça divina de todos os que morreram uma morte violenta “por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam” (Apocalipse 6:9). Este clamor não sai de crentes vivos, e sim simbolicamente de suas “almas” depois de ter sido derramado seu sangue, assim como no caso de Abel, o primeiro mártir. Deus pediu contas a seu assassino com estas palavras: “Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim” (Gênesis 4:10). Isto nos ensina que o Criador nunca esquecerá seus filhos fiéis e faz responsáveis a seus assassinos! Considera o lugar onde suas testemunhas morreram como um “altar” onde foi derramado o sangue de seu sacrifício (cf. Levítico 4:7). De igual maneira, Paulo considerou que sua iminente decapitação pela ordem do imperador Nero, era uma morte como sacrifício a Deus (2 Timóteo 4:6).
A visão do quinto selo serve como um paralelo esclarecedor de pisotear e pisar os santos que aparece nas visões do Daniel (Daniel 7-12). A visão do Daniel 7 se estende dos impérios mundiais sucessivos, através da divisão de Roma, até o surgimento do chifre pequeno e a perseguição dos santos durante a Idade Média, até o tempo do fim com a cena de seu juízo majestoso na sala do trono de Deus. Naquele tempo, o “Ancião de dias” pronunciará seu veredicto em favor dos santos (v. 22).
O significado do quinto selo deve ser aberto com a chave de Daniel. Especialmente a visão de Daniel da prevaricação assoladora e do pisar dos verdadeiros adoradores aparece no antecedente do quinto selo. O clamor dos mártires: “Até quando… não julgas, nem vingas o nosso sangue” (Apocalipse 6:10), corresponde ao mesmo clamor em Daniel 8: “Até quando durará a visão…entregando o santuário e o exército para serem pisoteados?” (v. 13).
O quinto selo revela que o momento para a vindicação deve esperar “um pouco de tempo”, porque incluso não chegou a perseguição do tempo do fim. A resposta de Deus à pergunta das testemunhas assassinadas em Apocalipse 6 é: “Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo…” (v. 11). As vestimentas brancas dadas aos mártires expressam o cumprimento da predição de Daniel de uma vindicação forense dos santos caluniados (ver Daniel 7:22, 25). Isto dá segurança ao povo de Deus de que ele cuida deles, ouve seu clamor por justiça divina e os vindicará publicamente. Esta consideração leva à conclusão de que o quinto selo alcança até o fim da era cristã, quando Deus executará seus juízos com respeito aos santos e seus perseguidores (Apocalipse 11:15, 18). O clamor dos mártires cristãos evoca “a ira do Cordeiro” sobre os que mataram os seguidores de Cristo.
A Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus
Antes de passar ao sexto selo, devemos prestar atenção à causa declarada pela qual morreram todos os verdadeiros mártires. O quinto selo diz que morreram “por causa da palavra de Deus e por causa testemunho que sustentavam” (Apocalipse 6:9). À primeira vista, podemos pensar que o “testemunho” que tinham se refere ao testemunho pessoal de sua fé em Cristo e na palavra de Deus. Isto certamente é verdade. Mas uma comparação com as referências cruzadas que há no Apocalipse indica que “o testemunho” pelo qual deram sua vida foi o testemunho da própria revelação de Jesus, transmitida pelo Espírito de profecia através dos apóstolos (ver 19:10).
João usa usualmente o termo “testemunho” para referir-se ao testemunho dado pelo próprio Jesus. O próprio livro do Apocalipse é chamado “o testemunho destas coisas [de Jesus] nas igrejas” (Apocalipse 22:16). João escreve que estava na ilha de Patmos “por causa da palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo” (1:9). Isto indica que o sentido mais amplo da frase “o testemunho de Jesus Cristo” é “o evangelho como a revelação da vida e obra de Cristo”.5 Isto significa que os Evangelhos do Novo Testamento estão incluídos no testemunho de Jesus.
O Apocalipse se abre com a declaração que continua a revelação que Deus deu a Jesus para a igreja (Apocalipse 1:1). Portanto, no Apocalipse, João dá testemunho sobre “a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo” (v. 2). O Apocalipse como um todo, junto com a proclamação do evangelho do Novo Testamento é parte do testemunho de Jesus. Identifica a igreja remanescente que aparece na profecia do capítulo 12 por esta dupla característica: “Os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo” (v. 17). O Apocalipse chama à igreja a ser fiel a esta dupla norma da verdade. Esta expressão repetida no livro do Apocalipse serve como uma linha de demarcação entre a adoração verdadeira e falsa de Deus durante toda a era cristã (ver 20:4). Dentro deste amplo contexto chega a ser claro que os mártires durante a era cristã sofreram uma morte violenta por causa de ter mantido a palavra de Deus e do testemunho do Jesus (6:9). Os mártires se aferraram [éijon] ao testemunho que tinham recebido de Jesus e dessa forma foram testemunhas fiéis. “Aceitaram-no, recusaram renunciar a ele, e por conseguinte foram executados. O ‘testemunho’ não menos que a ‘palavra’ era uma posse objetiva dos mártires”.6 Para um estudo mais amplo do termo apocalíptico “o testemunho de Jesus”, ver mais adiante, no capítulo XXI desta obra, sobre Apocalipse 12:17.
Texto Estudo 4: Comentários Jon Paulien
Quatro cavaleiros. Os quatro cavaleiros provavelmente devem ser compreendidos mais como uma progressão de pensamento do que como uma rígida sequência histórica. Em primeiro lugar, a virtual ausência de qualquer referência a tempo está em evidente contraste, por exemplo, com as sete trombetas.96 Além disso, as desgraças refletidas nos selos 2 – 4 são ordenadas em uma ampla variedade de maneiras no Antigo Testamento.97 Uma variedade semelhante de uso pode ser vista comparando-se as três versões do Apocalipse Sinóptico (Mateus 24; Marcos 13; Lucas 21), onde essas desgraças constituem o caráter geral da Era Cristã.
A descrição do cavaleiro do cavalo branco — “vencendo e para vencer” — sugere uma atividade contínua em vez de um período da História a ser seguido por outro período.
Assim, os quatro cavaleiros muito provavelmente representam uma descrição geral da propagação do evangelho (cavalo branco), a resultante perseguição e divisão (cavalo vermelho), e as crescentes consequências da rejeição desse evangelho (cavalos preto e amarelo).98 O tema central é que a pregação do evangelho e a chegada de uma nova era em Cristo não interrompe a propagação do mal no mundo. Isto bem expressa a tensão entre as duas eras tão características do Novo Testamento como um todo.
Contudo, tendo dito isto, é digno de atenção que a progressão temática dos quatro cavalos combina bem com a história dos primeiros mil anos da Era Cristã.
Primeiro, houve a rápida expansão inicial da igreja através da maior parte do mundo então conhecido. O período seguinte trouxe divisão e transigência em face da perseguição. Seguiu-se a perda de uma clara compreensão do evangelho quando a igreja estabeleceu um reino terrestre nos anos depois de Constantino. Finalmente, a Idade Escura de declínio e morte espiritual afundou a Cristandade. Assim a progressão de pensamento bem pode ser cronológica, ao menos no primeiro aparecimento de cada mudança.99
Este ponto de vista é apoiado pelo fato de que os quatro seres viventes nunca estão separados nas Escrituras exceto nos quatro cavaleiros. Seu sucessivo envolvimento (6:1-8) é um indício de que certa progressão cronológica é paralela à progressão de pensamento. Os quatro cavalos, portanto, delineiam tanto a tendência da História no início da Era Cristã quanto as realidades gerais da Era Cristã.100
A pregação do evangelho e suas consequências — vitórias para o reino, perseguição, divisão, e (para aqueles que rejeitam), crescente fome e declínio espiritual — tem comprovado ser realidades tanto no nível corporativo quanto individual.
A saída final do cavaleiro do cavalo branco é atestada pela mensagem do selamento no capítulo 7 e as mensagens dos três anjos no capítulo 14.
Conforme mencionado anteriormente, aos dois primeiros cavaleiros é dito que “saiam”, ao passo que os dois últimos são apenas vistos. Cada um afeta somente uma quarta parte da Terra (6:8). Assim, os “juízos” dos cavaleiros são parciais e reprimidos. O terceiro e quarto cavaleiros em si não são eventos finais.
Eles são preliminares e antecipações parciais do grande colapso de vida e compreensão espiritual do fim dos tempos. Historicamente, eles se ajustam melhor à Idade Média, um tempo de declínio espiritual e perseguição.
Quinto selo (6:9-11). A abertura do quinto selo revela um quadro de pessoas justas mortas “debaixo do altar” que clamam:
Até quando, ó Soberano Senhor,
santo e verdadeiro,
não julgas, nem vingas o nosso sangue
dos que habitam sobre a terra?
A cena está simbolizando crentes que foram sacrificados por sua fé em tempos anteriores à abertura deste selo. Depois de receber vestiduras brancas esses mártires são informados de que eles devem repousar por pouco tempo até que seus conservos e seus irmãos, que estão prestes a ser mortos como eles foram, estejam “completos” ou “consumados”.
A imagem dos mortos debaixo do altar representa a frustração do povo de Deus para quem o conteúdo do livro selado ainda está oculto. Embora sua confiança em Deus não seja abalada, eles anseiam pelo juízo final quando seus nomes serão absolvidos em um tribunal mais elevado. O quinto selo representa o conhecimento divino dos sofrimentos do povo de Deus, e Ele responderá no devido tempo. A preocupação de Deus por Seu povo sofredor é o escopo da passagem; ela não tem por objetivo explicar o estado dos mortos.101
A frase “até quando?” é usada frequentemente no Antigo Testamento, principalmente em relação à destruição de Jerusalém pelos babilônios (Habacuque 1:2). O Salmo 79: 5, 6, 10 é de interesse:
Até quando, SENHOR? Será para sempre a tua ira?
Arderá como fogo o teu zelo?
Derrama o teu furor sobre as nações
que te não conhecem
e sobre os reinos
que não invocam o teu nome […]
Por que diriam as nações:
Onde está o seu Deus?
Seja, à nossa vista, manifesta entre as nações
A vingança do sangue que dos teus servos é derramado.
No quinto selo vemos os resultados das perseguições às quais se faz alusão nos cavaleiros, principalmente o segundo. Assim, o quinto selo representa um ponto posterior no tempo do que os quatro cavaleiros em si.102
Sendo que a frase “Até quando?” é aplicada em Daniel 7:21, 25; 12:6-7 à grande tribulação da Idade Média, Apocalipse 6:10 apropriadamente representa um “clamor” de protesto dos mártires dessa mesma era.
É evidente que o clamor dos mártires ocorre antes do real tempo do juízo e da crise final. Os temos “julgas” e “vingas” indicam um rogo de duas partes.
Os mártires desejam ser vindicados e vingados.103 Partindo da perspectiva do clamor “Até quanto?” o juízo e a vingança são futuros. A dádiva de vestiduras brancas (v. 11) simboliza a vindicação dos mártires no juízo investigativo (cf.3:5). Contudo, a execução desse juízo ainda está no futuro.
A comparação entre 6:10 e 19:2 (veja acima) indica que 6:11 alude ao início do juízo investigativo, enquanto o capítulo 18 descreve sua conclusão pouco antes do Segundo Advento.104 Assim, o quinto selo está dividido cronologicamente em duas partes: (1) o clamor dos mártires é antes do juízo investigativo (v. 10). A dádiva das vestiduras brancas assinala o início desse juízo.
Portanto, o quinto selo bem se ajusta entre as grandes perseguições da Idade Média e a conclusão do juízo investigativo. O fim tem sido protelado. A tarefa do evangelho não está ainda completa quando este selo se aproxima de um fim.
Texto Estudo 5 – Comentário Dr Ranko Stefanovic
A cena do quinto selo retrata a alma daqueles que foram martirizados por causa do evangelho, a alma destes está debaixo do altar. Na Bíblia, a palavra alma denota o ser completo (Gênesis 2:7; cf. Atos 2:41; 27:37, ACF). Nessa cena, os mártires debaixo do altar aludem ao sangue derramado na base do altar de sacrifício do santuário terrestre (Êxodo 29:12; Levítico 4:7; 8:15). A morte dos mártires é retratada nessa passagem como o derramamento de seu sangue em sacrifício perante Deus (2Tmóteo 4:6).
João ouve os mártires clamando ao Senhor por sua vindicação contra aqueles que os perseguiram: “Até quando, Ó Soberano Senhor?” (Apocalipse 6:10). Essa tem sido a súplica do povo oprimido e perseguido ao longo de toda a história (cf. Salmo 79:5; Daniel 12:6, 7; Habacuque 1:2). Logo, a súplica dos mártires na cena do quinto selo representa o clamor do povo sofredor de Deus no decorrer da história, desde a época de Abel até o momento em que o Senhor julgar e vingar “o sangue dos Seus servos”, derrotando seus inimigos (Apocalipse 19:2). Deus responde à súplica dos santos martirizados de duas maneiras. Em primeiro lugar, eles recebem vestes brancas (um símbolo da justiça de cristo), com as quais Deus cobre aqueles que foram aceitos por Jesus (Apocalipse 3:18). Essa roupa também representa a recompensa futura dos vencedores (v. 5).
Os mártires santos recebem a certeza da salvação e da vida eterna; não por causa do martírio que sofreram, mas por aquilo que o Senhor fez por eles Segundo, os mártires ficam sabendo que precisam esperar um pouco até que seus irmãos por experiência – aqueles que passariam por um martírio semelhante – se tornassem completos. Deus prometeu que “vingará o sangue dos Seus servos” (Deuteronômio 32:43; cf. Salmo 79:10). Em Apocalipse 8, os juízos divinos já têm sido derramados sobre os “que moram na terra” ao longo da história cristã (v. 13). Contudo, está chegando o dia em que Cristo virá em juízo contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do Seu poder, quando vier para ser glorificado nos Seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho) (2Tessalonicenses 1:8-10).
0 cumprimento dessa profecia é o assunto da cena do sexto selo. Ao passo que a cena do quinto selo representa a experiência do povo oprimido de Deus ao longo da história, também pode se aplicar a um período específico. Durante aquele período, milhões de cristãos sofreram martírio por causa de sua fidelidade à Bíblia. As profecias de Daniel falam de um poder inimigo, descrito como um chifre pequeno que “fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles” (Daniel 7:21;cf.v.25). A pergunta que surge então é: Por quanto tempo essa situação duraria? A resposta é que ela duraria pelo período profético de 1.260 dias, que significam 1.260 anos (Apocalipse 12..6, 7). A abertura do sexto selo nos leva a esse momento.
Livro: Entenda as Grandes profecias de Daniel e Apocalipse
. Estudar o Capítulo 17, Páginas 116 – 117
. O Quinto Selo