“Quando o Cordeiro quebrou o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizendo:
— Venha!
E saiu outro cavalo, que era vermelho. E ao seu cavaleiro foi dado poder para tirar a paz da terra e fazer com que os homens matassem uns aos outros. Também lhe foi dada uma grande espada.” (6:3-4)
Texto estudo 1: Comentário de Jacques B. Doukhan
O rompimento do segundo selo – introduzido pelo ser semelhante a um boi – libera o cavalo vermelho. Seu cavaleiro tinha a missão de que “tirasse a paz da terra, de modo que os homens se matassem uns aos outros” (Apocalipse 6:4). Ele recebeu uma “grande espada.”
A história da cristandade tem agora passado uma mudança da paz para a guerra. O contexto não é o da perseguição, mas de matanças. A cor vermelha do cavalo lembra derramamento de sangue (ver II Reis 3:22), enquanto o boi evoca a imagem de matança (Lucas 15:27), e a espada anuncia massacres chegando. A mesma palavra, machaira, é usada no livro de I Enoque, no qual Israel recebe uma “grande espada” para combater e matar os infiéis.
A igreja está lutando por sua supremacia (entre o quarto e o quinto séculos) contra os arianos. Pela primeira vez, os imperadores dão apoio político e militar à igreja. O imperador romano Constantino (306-337 EC), e depois o imperador francês Clovis (481-511 EC), lutam por isso. É o tempo descrito por Jules Isaac durante o qual “a igreja perseguida se levantou (ou afundou) para o status de organização e vitória.”
Texto estudo 2: Comentário Dr. Henry Feyerabend
Um cavalo vermelho: Agora não é mais um vestido de casamento do mais puro branco. Não é mais um cavalo branco. Ele agora ficou tingido de sangue. O vermelho representa sangue e perseguição. Não demorou muito para que os cristãos tivessem que enfrentar a espada. Milhões, literalmente, morreram quando o Império Romano tentou varrer o cristianismo da face da Terra. Esse período corresponde à igreja de Esmirna.
Cada vez que eles matavam um cristão, muitas pessoas aceitavam o cristianismo. Foi por isso que Tertuliano fez a famosa declaração: “O sangue dos mártires é uma semente.” Ele comparou a igreja a um gramado. Quanto mais frequentemente se corta, mais ele cresce.
Os cristãos primitivos não tinham liberdade. Ser cristão era um crime punido com a morte. Se isso ocorresse hoje, fico imaginando quantos ainda seriam cristãos.
Conta-se que no Concílio de Nicéia, em 325 d.C., quase todos os delegados apresentavam algum tipo de mutilação, resultado da perseguição. A alguns faltava uma perna; a outros faltava um braço, e ainda a outros, um olho. Todos ostentavam alguma marca da perseguição. O tempo do cavalo vermelho foi o tempo em que os pagãos perseguiram os cristãos. Mas não seria sempre assim.”
Texto Estudo 3: Comentário Hans K. LaRondelle
Os três seguintes cavaleiros apocalípticos têm autoridade para trazer consigo juízos severos sobre a terra. Não devemos considerar estas incursões que produzem morte, fome e praga como os resultados das guerras seculares. Durante séculos houve paz no Império Romano, a “pax romana”, desde Armênia até a Espanha.
O cavalo vermelho representa o espírito de oposição ao cavaleiro do evangelho, ou guerra contra o povo de Cristo. Jesus tinha advertido que o testemunho de Seus seguidores causaria uma oposição encarniçada: “Não pensem que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, senão espada” (Mateus. 10:34; ver a conexão com os vs. 32 e 33 e Lucas 12:51-53). Isto foi o que experimentou a igreja apostólica, como pode ver-se nas cartas de Cristo às igrejas em Esmirna e Pérgamo (Apocalipse 2:10, 13). Por outro lado, só Cristo traz a paz do coração: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (João 14:27); “E a paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus” (Filipenses 4:7).
Os césares romanos não toleravam nenhum pensamento de Cristo como o supremo Rei e Senhor. Tentaram erradicar todas as testemunhas públicas cristãs até o tempo da conversão do Constantino no século IV. A interpretação de que o cavalo vermelho significa a perseguição religiosa-política por causa de Cristo fica confirmado pela carta de Cristo à igreja da Esmirna (Apocalipse 2:8-11) e o clamor dos mártires degolados sob o quinto selo (6:9).
Em qualquer lugar que se rechaça o Príncipe da paz, os resultados são luta e violência, não só dentro da igreja, mas também na sociedade. O derramamento de sangue nos selos se cumpre em dois níveis: primeiro, dentro da igreja de Cristo e segundo, contra a igreja ao executar os seguidores de Cristo durante toda a época da igreja.”
Texto Estudo 4: Comentários Jon Paulien
“Na abertura do segundo selo o segundo ser vivente (novilho, 4:7) faz surgir um cavalo vermelho. Seu cavaleiro recebe uma grande espada e lhe é permitido tirar a paz da Terra, resultando em guerra e mútua destruição humana.
O cavalo não é “vermelho” no sentido técnico. O adjetivo é extraído da palavra grega para “fogo” (pur). O fogo no livro do Apocalipse está frequentemente associado às coisas celestiais (8:5; 14:18) mas sempre para o propósito de juízo (8:7; 20:10, 14, 15).90
Embora as imagens desta passagem lembrem guerra militar, a única outra menção de “paz” em Apocalipse é de natureza espiritual (1:4). A palavra grega para “matar” é normalmente usada para a morte de Cristo e de Seus santos.91 Consequentemente, é improvável que o segundo selo se refira primariamente a conflito militar. Antes, pode representar perseguição, a perda da paz espiritual, e divisão por causa do evangelho.
No Salmo 45 o mesmo cavaleiro que arremessa setas contra seus inimigos também carrega uma espada enquanto cavalga. A mesma mensagem do evangelho que é um cheiro de vida para a vida também pode se tornar um cheiro de morte para aqueles que a rejeitam (2Coríntios 2:14-16; ver Isaías 26:3; 57:19-21). Isto nos faz lembrar as palavras de Jesus:
“Todo aquele que me confessar diante dos homens,
também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus;
mas aquele que me negar diante dos homens,
também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.
Não penseis que vim trazer paz à terra;
Não vim trazer paz, mas espada.
Pois vim causar divisão
entre o homem e seu pai;
entre a filha e sua mãe e
entre a nora e sua sogra.
Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa.”
Mateus 10:32-36
Sempre que o evangelho é pregado ocorrem vitórias, mas ainda mais frequentemente vem divisão e perseguição como resultado de sua rejeição (Mateus 10:34-39). A paz que vem da união com Cristo não deve ser confundida com a paz que vem do favor dos outros.”
Livro: Entenda as Grandes profecias de Daniel e Apocalipse
. Estudar o Capítulo 17, Páginas 111 – 112
. O Segundo Selo