“Devemos buscar a Cristo e não o milagre do Cristo. […] A resposta de Deus ao sofrimento humano não é o milagre, é Jesus Cristo.” (Rev. Ed Kivitz)
Meu amigo e escritor, Denis Cruz, comentando sobre o Deus cultuado no Islamismo, Judaísmo e Cristianismo certa vez disse: “O Deus do atual Israel (que não aceita Jesus como Messias) é o nosso mesmo Deus, independente da interpretação que os seus religiosos fazem dEle. Basta olhar para a história dessa religião para ver que estão falando do mesmo Deus que nós.
E o islamismo? Até onde sei, também falam do mesmo Deus que nós. Pelo que sei, falam de Abraão e que são descendentes de seu primeiro filho, com Agar e herdeiros das promessas que Ele fez a esse filho. Aliás, Deus cumpriu com as promessas de que a descendência de Abraão com Agar seria próspera e numerosa (estão ai, até hoje, os “árabes” para provar isto). Portanto, o Deus, em si, seria o mesmo. As práticas religiosas e a maneira de interpretar este Deus é que são bem diferentes entre o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. A questão não seria, portanto, quem tem o Deus verdadeiro (já que todas se referem ao mesmo Deus), mas quem possui a forma adequada de entender e interpretar a vontade desse Deus. Percebam que essas três religiões – monoteístas por excelência, apesar de nossa “trindade” – possuem afirmações que se auto excluem. Ou seja, as três não podem estar 100% corretas, mas apenas uma delas (já que não podem existir duas verdades, mas apenas interpretações, impressões diferentes sobre a mesma verdade* – o que não altera a realidade desta). […]”
Concordo com este pensamento do meu amigo Denis Cruz. Tenho tomado também a decisão pelo Cristianismo, e é na Bíblia hebraica que contextualizo as razões de minha fé. Compartilho com vocês, através desse texto, alguns interessantes comentários do Dr. David H. Stern2:
“Ao falar sobre Deus, Israel, o povo, e o Messias, Yeshua (Jesus), o tema recorrente na Bíblia é a necessidade de salvação do ser humano e da provisão divina nesse sentido. O propósito da vida e o significado da História é que Deus libertará a humanidade da miséria do pecado e restaurará as condições favoráveis para que indivíduos e nações se relacionem corretamente com Ele. Moralidade e felicidade estão inseparavelmente ligadas à salvação.
De acordo com o Tanakh1, Deus criou os seres humanos à Sua imagem para que tivessem comunhão íntima, amorosa e obediente com Ele. Entretanto, a humanidade se rebelou, escolheu o próprio caminho em lugar do apontado por Deus – e ainda age assim. O nome dessa rebelião é pecado, e a penalidade pelo pecado é a morte – não somente a cessação da vida física, mas a separação eterna de Deus. Contudo, Deus, misericordioso e justo, deseja salvar os seres humanos do que eles receberam e mereceram. Com este fim, Deus escolheu uma pessoa, Abraão, e por meio dele deu início a um povo, os judeus, comissionando-os a ‘ser uma benção’, e uma luz para as nações. Por intermédio de Moisés, ele outorgou a Torah (o Pentateuco), tornando conhecidos seus padrões de justiça. Mediante juízes, reis e profetas, Deus encorajou, disciplinou e prometeu a seu povo que a salvação final viria até ele e a outros povos por meio do ‘Ungido’ (hebraico Mashiach, português messias, que possui o mesmo significado do grego christos).
Na continuação dessa crônica, os livros da Nova Aliança (B’rit Hadashah – Novo Testamento) proclamam que o Messias de Israel, profetizado no Tanakh1, é Yeshua (Jesus), uma pessoa histórica e real que, como outras, nasceu, viveu e morreu. Entretanto, diferentemente das demais, ele não teve pai humano e nasceu de uma virgem chamada Miryam (Maria). Também, de modo diverso das outras pessoas, ele não morreu porque sua vida simplesmente chegou ao fim ou por causa de pecados pessoais (ele nunca pecou), mas com o objetivo de salvar-nos de nossos pecados. Além disso, ele ressuscitou dos mortos, encontra-se vivo agora ‘à destra de Deus’, e virá pela segunda vez para governar como o Rei de Israel e trazer paz ao mundo todo. Ao explicar a característica exclusiva de sua qualificação para ser o sacrifício final pelos pecados, a B’rit Hadashah (Novo Testamento) o denomina Filho do Homem e Filho de Deus. A primeira expressão, retirada do Tanakh1 (Daniel 7:13), significa que ele é o homem ideal e perfeito, sem pecado, ‘um cordeiro sem culpa’. Pelo fato de não ter obrigação de entregar a própria vida por causa de seus pecados, ele é ‘o Cordeiro de Deus. Aquele que tira o pecado do mundo!’ A segunda expressão aludida no Tanakh1, significa que ‘nele habita, corporalmente, a plenitude do que Deus é’ (Mateus 1:18-23; Colossenses 2:9), de forma que somente ele é capaz de expressar o amor divino pela humanidade.
[…] Ainda que o evangelho seja de origem judaica, ele não existe só para os judeus, mas também para os gentios. O próprio Novo Testamento deixa isto muito claro, portanto, é apropriado que sua mensagem seja comunicada aos gentios para lhes impor o mínimo possível de outra bagagem cultural. E esta abordagem tem sido bem-sucedida: milhões de gentios depositaram sua confiança no Deus de Abraão, Isaque, Jacó, e no Messias judeu, Yeshua.
[…] A melhor demonstração do caráter judaico do Novo Testamento é também a prova mais convincente de sua veracidade, ou seja o número de profecias do Tanakh – todas muitos séculos mais velhas que os acontecimentos registrados no Novo Testamento – cumpridas na pessoa de Yeshua de Natzeret (Jesus de Nazarè). A probabilidade de que qualquer pessoa pudesse se encaixar em dezenas de condições proféticas por mero acaso é infinitesimal. Nenhum candidato farsante ao messiado, como Shim’on Bar-Kokhva, Shabtai Tzevi, ou, mais recentemente, o falecido líder do movimento hassídico Chabad, Menachem Schneerson, entre os judeus ultra ortodoxos, cumpriu mais que umas poucas profecias. Jesus cumpriu todas as profecias referentes à Sua primeira vinda; […] As restantes serão cumpridas quando Ele retornar em glórias.”2
Shabtai Tzvi (em hebraico שבתאי צבי e em turco: Sabetay Sevi), acima citado, foi um dos mais famosos falsos profetas na história do povo judeu, alegou ser o longamente esperado Messias. Ele foi o fundador da Jewish Sabbatean Movement. Nasceu em 1626 em Izmir, na Turquia. Na idade de 20 teve depressão profunda e isolou-se. Ele acreditava que ele era o Messias, que estava autorizado a consumir comida não-kosher e a falar o nome proibido de D’us. Em 1666 foi capturado e preso pelas autoridades turcas. Ele se converteu ao islamismo e muitos de seus seguidores foram convertidos também. Vários grupos chamados Dönmeh continuam a acompanhar o movimento Sabbatean ainda hoje, principalmente na Turquia.3
Infelizmente, “é obvio que a maior parte do povo judeu (entre 13 e 17 milhões) não aceita Jesus como Messias’. […] A ornamentação cultural cristã e suas justificativas teológicas antijudaicas levaram muitos judeus a pensar que o Novo Testamento era um livro não judeu sobre uma divindade dos gentios. O Jesus apresentado por eles diz pouco a respeito da vida judaica. Torna-se difícil para o judeu experimentar Yeshua (Jesus), o Messias, como ele realmente é – amigo de cada coração judeu. […]
[…] Séculos de rejeição judaica a Yeshua (Jesus) e de rejeição cristã em relação aos judeus produziram a situação em que nos encontramos: cristianismo é cristianismo, judaísmo é judaísmo, e os dois jamais se encontrarão. Além disso, muitos judeus e cristãos estão satisfeitos com essa situação. A maioria dos judeus aceita o falso pressuposto de que receber Yeshua (Jesus) como Messias implica deixar de ser judeu. […] Entretanto, não se deve pensar desse modo, pois não é a vontade de Deus que o judeu crente em Yeshua (Jesus) deixe de ser judeu; e também não é desejo divino a existência separada de dois povos de Deus – judeus e cristãos.
Contudo, apenas nas últimas duas ou três décadas, com o surgimento do judaísmo messiânico e da aceitação desse movimento por segmentos significativos da igreja, ocorreu o desenvolvimento de uma estrutura institucional eficaz para a preservação da identidade do povo judeu pelo movimento messiânico. Os cristãos gentios que reconhecem sua união a Israel, não sua substituição, e os judeus messiânicos plenamente identificados com o povo judeu e o Messias judeu, Yeshua (Jesus), trabalham agora em conjunto para curar a separação ocorrida entre a igreja.
[…] A evidência mais convincente da identidade de Yeshua (Jesus) como Messias diz respeito ao número de profecias do Tanakh cumpridas por ele em sua primeira vinda. Segue-se uma lista parcial dessas profecias messiânicas, com a localização, no Novo Testamento, de seu cumprimento por Yeshua (Jesus).
[…] o plano divino de salvação descortinado na história possui uma unidade determinada por Deus, desde o princípio até a consumação, em Yeshua (Jesus), o Messias. De fato, o próprio Yeshua (Jesus) explicou-o dessa forma a dois de seus discípulos.”2
Lucas 24: 25-27: “Ele lhes disse: Pessoas tolas! Tão desprovidas do desejo de depositar sua confiança em tudo o que os profetas falaram! O Messias não tinha que morrer antes de entrar na glória? Então começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes as coisas que podem ser encontradas em todas as Escrituras a respeito dele.”
Profecias do Tanakh cumpridas por Jesus, o Messias:
Como cristã também compreendo que seja verdade que Deus planejou que a nação de Israel desempenhasse um papel estratégico no cumprimento do propósito que Ele determinou para a história. Da mesma forma também compreendo que seja verdade que um dos aspectos dessa tarefa-chave é o de propiciar grandiosa bênção ao mundo inteiro através da descendência física de Abraão. Discordo, porém, da crença de que essa benção seja em função da nação de Israel. Quando as Escrituras dizem que a salvação vem de Israel é exclusivamente por causa de Jesus. É verdade que Deus ama incondicionalmente Israel, pois o Seu amor não depende do nosso amor. É verdade que Deus estabeleceu uma relação especial com Israel, mas hoje esta relação deve ser entendida espiritualmente. Deus não estabeleceu esse relacionamento com a nação de Israel porque ela era superior às demais nações. Moisés mesmo declarou aos israelitas: “Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos” (Deuteronômio 7:7)
Deus escolheu Abraão porque decidiu que através dele nasceria o Messias que traria salvação para toda a humanidade. Deus escolheu Israel para que como nação fosse um exemplo para as outras nações servindo de testemunho e pudesse assim atraí-las para os Seus braços de amor. Exatamente porque o amor divino é inclusivo e não exclusivo.
Numa teologia bíblica correta não há apoio para a Teologia da Substituição. Se quiser refletir um pouco mais sobre a questão da infidelidade de Israel, com relação ao propósito divino você pode ler aqui.
O povo de Deus hoje é o Israel espiritual (Romanos 11:1-5). É o povo que se distingue pela submissão à soberania de Deus e tem a fé em Jesus como seu Salvador. Em certo sentido, é o povo que se distingue por sua identidade única, sua missão distinta. Sua existência não vem do zelo humano, mas se origina em Deus.
No centro da mensagem bíblica está a mais bela história contada, do Deus Criador que, na pessoa de Seu Filho, deixou a glória do Céu para salvar a humanidade do pecado e da morte. “Jesus Cristo veio ao mundo no momento exato, a fim de salvar os que nEle cressem. Essa é a maior história e o mais decisivo evento ocorrido no mundo. Nosso destino futuro depende de nosso relacionamento com o Messias que veio e voltará novamente. Os judeus dos dias de Cristo conheciam muito bem essas profecias do Antigo Testamento. No entanto, eles se concentraram mais nesse aspecto triunfante do Messias, em vez de em Seu sofrimento e morte. Hoje, podemos correr um perigo parecido. Enquanto muitos estão estudando profecias bíblicas, a tendência é demorar-se em questões periféricas e em especulações, enquanto o maior dos acontecimentos está prestes a ocorrer. As profecias não foram dadas para satisfazer nossa curiosidade, mas sim para que tenhamos o foco certo e vivamos de maneira coerente com o evento que estamos aguardando.” (Pr. Luiz Gustavo S. Assis)
Continuaremos…
Notas:
1- A palavra Tanakh é um acrônimo composto das iniciais das três principais divisões da Bíblia hebraica: Torah ( a ‘Lei’ , Pentateuco), Nevi’im (Profetas) e K’tuvim (Escritos).
2- Bíblia Judaica Completa. (David H. Stern é doutor em Economia, pela Universidade de Princeton. Mestre em Teologia pelo Seminário Fuller, e prestou serviços para a University of Judaisme. Judeu, em 1972 passou a confiar em Yeshua (Jesus), como o Messias. Dr. Stern é autor do Manifesto judeu messiânico, que delineia o destino, identidade, história,teologia e objetivos do movimento messiânico moderno. Escreveu também Restoring de Jewishness of the Gospel: a Message for Christians (Restaurando o caráter judaico do evangelho: uma mensagem para os cristãos), que consiste em trechos seletos do Manifesto para cristãos não familiarizados com o caráter judaico do evangelho. Seu Jewish New Testament Commentary (Comentário Judaico do Novo Testamento) discute questões judaicas suscitadas pelo Novo Testamento e o cristianismo; perguntas que os judeus messiânicos fazem sobre a própria identidade e papel.)
3- http://eteacherbiblical.com/articles/sabbatai-zevi?cid=1382
______
Indicamos o texto de Leandro Quadro: Respostas às alegações do Rabino Jacob de Oliveira quanto à “inconfiabilidade” do Novo Testamento.
Indicamos essa excelente reflexão: Yeshua, Hayehudi (“Jesus, o judeu”)
mto bom… mto mesmo… vou copiar.
Fique a vontade.
Mt bom, mt bom msm, acabei de ler. De qual fonte tiraram as profecias???
WC
As Profecias foram retiradas da Bíblia Judaica Completa