por Siegfried J. Schwantes
Neste epílogo Daniel se apresenta como quem procura um entendimento melhor das coisas que lhe foram mostradas. Nem sempre o profeta é cônscio do sentido mais profundo da revelação que lhe é confiada. Eles também só conheciam “em parte” (I Coríntios 13:12). Eles igualmente “indagaram e inquiriram… acerca da graça”, deixando-nos um exemplo digno de imitação (I Pedro 1:10 e 11).
Versos 5 e 6 Estes versos mostram que seres celestes estão interessados nos assuntos desta terra, e que mesmo para eles o futuro não é um livro aberto. A questão suprema em suas mentes é: “Quando se cumprirão estas maravilhas?” O termo “maravilhas” deve ser uma referência a todos os acontecimentos mencionados na longa profecia do capítulo precedente, e particularmente aos ataques do anticristo ao “povo dos santos”, ao santuário e ao ministério de intercessão que nele se efetua.
Verso 7 O ser majestoso que pairava sobre as águas do rio é sem dúvida a mesma figura descrita em Daniel 10:4-6. O cenário é o mesmo que no começo da visão, à borda de uma corrente. A solenidade do juramento que pronuncia é realçada pelo fato de levantar “a mão direita e a esquerda ao céu”. S.R. Driver interpreta o gesto como “a mais completa garantia da verdade que será declarada”.1 O que vai ser afirmado é de importância capital. Segue-se que o período profético de “um tempo, dois tempos e metade de um tempo”, primeiramente mencionado em Daniel 7:25, deve ocupar um lugar importante no conflito dos séculos. Lá se fala, entre outras cousas, da opressão “dos santos do Altíssimo”, pelo décimo primeiro chifre que se levantaria das ruínas do Império Romano (7:7,8). Aqui se fala da “destruição do poder do povo santo”. Aos santos se promete escape da tribulação sofrida por amor de Cristo, mas se lhes assegura livramento no tempo escolhido por Deus. Implícita na declaração solene deste ser celeste é a promessa de que a história deste mundo com todo seu horror não se arrastaria para sempre, mas seria consumada afinal pela intervenção divina. O começo do período do fim seria marcado pelo fato que o papado sofreria um grande revés no final dos 1260 dias proféticos.
Verso 8 As palavras enigmáticas que ele acabava de ouvir não foram suficientes para dissipar a ansiedade de Daniel. O fim deste conflito prolongado ainda se lhe escapava.
Verso 9 Na própria natureza do caso, plena compreensão destas profecias precisava aguardar “o tempo do fim”. Pouco adiantaria revelar a Daniel o nome das superpotências que desempenharão o papel final nos negócios deste mundo. Estes nomes não se lhes significariam mais do que se o anjo lhe dissesse que no século XX haveria computadores e foguetes teleguiados.
Verso 10 O sofrimento dos santos em diferentes épocas não seria em vão. Na fornalha da tribulação seu caráter seria purificado e refinado do mesmo modo que a escória é removida do ouro no cadinho do ourives. A maldade caracterizaria a história do homem nesta terra até o fim, e constituiria um impedimento à compreensão das cousas de DEUS. Como o apóstolo declarou: “A palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de DEUS” (I Coríntios 1:18). A promessa de que os verdadeiramente sábios entenderão deveria encorajar a todo crente a devotar toda sua energia para alcançar uma compreensão mais clara destas profecias.
Versos 11, 12 Intérpretes liberais obcecados com a ideia que o livro de Daniel foi composto no segundo século antes da nossa era, e que tem como tema principal a crise precipitada por Antíoco Epifânio quando profanou o templo em Jerusalém e proibiu a prática da religião judaica, propõem que os 1290 e os 1335 dias aqui mencionados são correções posteriores dos períodos proféticos de Daniel 7:25 e 8:14, quando os acontecimentos preditos não se materializaram. A sugestão original foi feita por Gunkel e foi adotada por Montgomery, Bentzen, Delcor e Lacoque.2 Intérpretes conservadores contestam a possibilidade prática de introduzir correções num livrete que já estava em circulação. O que é pior as correções não são melhores do que as predições originais, pois também não se enquadram no intervalo que separa a profanação do santuário em 168 a.C. e sua restauração em dezembro de 164 a.C. Além disto, já foi demonstrado no comentário a Daniel 8 :14 que as 2.300 tardes e manhãs não podem de modo algum ser interpretadas como 1.150 dias. Outrossim, o tempo especificado em Daniel 8:14 não se refere apenas à profanação do Santuário, mas ao tempo todo coberto pela visão descrita em 8:2-14, que abrange a duração de vários impérios. O panorama profético revelado a Daniel certamente incluía a crise que ameaçou a comunidade judaica sob Antíoco Epifânio, mas abrangia muito mais. A julgar pelo paralelismo dos capítulos 2, 7 e 8, abrangia os dois e meio milênios que se estendem dos dias de Babilônia ao fim do mundo e ao estabelecimento do reino eterno de DEUS.
Uma vez que a linguagem do v.11 é tão semelhante a de Daniel 8:11 e 12 e 11:31, é provável que tanto uma como a outra se referem ao mesmo acontecimento, a saber, a substituição do ministério sacerdotal de Cristo no céu por um sistema terrestre de mediação. A função de Cristo como nosso Sumo-Sacerdote no Santuário Celeste estaria envolta em obscuridade até “ao tempo do fim”, quando de novo luz seria lançada sobre o aspecto celeste do ministério da redenção. Esta não é questão de somenos importância em Teologia, quando suas implicações são plenamente avaliadas à luz da epístola aos Hebreus, caps. 7-10. O preconceito humanístico que coloriu a Teologia Protestante centrada como era sobre o homem nesta terra e sua necessidade de salvação, devia ser corrigida por uma compreensão melhor do ministério de Cristo nos céus em favor da humanidade.
Se este epílogo enfoca “o tempo do fim”, como evidentemente o faz (vv.4, 9 e 13), parece-nos apropriado considerar os 1290 e os 1335 dias como tempos literais abrangendo este número de dias. A favor desta hipótese milita o fato que estes sãos os únicos períodos proféticos no livro de Daniel que são expressos em “dias”. Em todos os outros casos tempo profético é expresso sob vários símbolos: “tempo” (7:25), ou “tardes e manhãs” (8:14), ou “semanas” (9:24). Tudo se passa como se na crise final todo o drama dos séculos é recapitulado numa escala abreviada. Pode-se, então, imaginar um tempo de angústia “qual nunca houve” durante 1.290 dias literais, ou seja, pouco mais de 3 anos e meio, seguido por um tempo de angústia ainda pior durante 45 dias literais.
Uma bênção é pronunciada sobre os que perseveram até o final dos 1335 dias, porque então Cristo depõe Suas vestes sacerdotais, e aparece nas nuvens do céu como “Rei dos reis, e Senhor dos senhores”, para livrar os santos que estão vivos (v.1). Como o ponto de partida destas duas profecias não é dado, não podem ser usadas para calcular o dia e a hora da Segunda vinda de Cristo, o conhecimento dos quais DEUS tem reservado para Si Próprio (Mateus 24:36; At. 1:7).
Verso 13 Quanto a Daniel, ele também precisa perseverar até o fim, ele também deve descansar na sepultura porque o tempo do livramento estava ainda no futuro. Mas no “fim dos dias”, ele também seria levantado dentre os mortos com o “povo dos santos do Altíssimo” (7:27).
NOTAS
1. Cambridge Bible, Daniel, p. 204.
2. J. C. Baldwin, Daniel, p. 209.
6. Assim C.F. Keil, Book of Daniel, p. 475, que também crê que os acontecimentos aos quais se refere neste verso “se completarão mais plenamente na segunda vinda do Senhor”.
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Olá. Eu gostaria de ler a continuação do artigo e saber de qual fonte vocês retiraram este conteúdo de Siegfried J. Schwantes. Responda-me por e-mail ([email protected]). Obrigado.
Olá Luiz Claudio,responderemos ao seu e-mail, porém precisamos deixar aqui o registro da resposta enviada a vc.
Vc poderá encontrar este estudo desde o seu inicio neste link. Ele direcionará vc à continuidade dos capítulos:
https://www.facebook.com/227716473951867/photos/a.407742125949300.92592.227716473951867/407752452614934/?type=1&theater
Realmente falhamos ao não colocar os links para a continuidade dos capítulos. Vou providenciar juntamente com a fonte pesquisada. Aguarde nosso e-mail.
Atenciosamente
Luiz Claudio os comentários de Siegfried J. Schwantes terminam ai no capítulo 12.