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“Primeiramente, porém, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” 2 Pedro 1: 20 – 22
Miller não estava sozinho em sua compreensão da profecia. A interpretação profética se divide em três escolas principais. Os preteristas consideram que o cumprimento profético ocorreu por volta da época em que a mensagem foi escrita. Para esse grupo, o livro do Apocalipse, por exemplo, estaria falando principalmente de acontecimentos que ocorreram no fim do primeiro século da era cristã.
O futurismo, uma segunda escola, defende que a maior parte das profecias apocalípticas acontecerá dentro de um curto espaço de tempo pouco antes do segundo advento. A popular série Deixados para Trás baseia-se no futurismo.
A terceira perspectiva, o historicismo, considera que o cumprimento das profecias iniciou no tempo do profeta, continua ao longo do espectro da história e chegará ao clímax na segunda vinda.
A melhor ilustração da compreensão das profecias pelos historicistas se encontra em Daniel 2, cujo cumprimento começou durante a época de Nabucodonosor e Daniel, estendeu-se ao longo dos três impérios que dominaram o mundo mediterrâneo até as divisões de Roma, e chegará ao fim com o reino de Deus. As visões de Daniel 7-9 e 10-12 retomam o modelo historicista, assim como Apocalipse 12.
Miller era historicista, assim como a igreja apostólica e quase todos os comentaristas protestantes até a metade do século 19. Embora o futurismo e o preterismo captem aspectos importantes das profecias bíblicas, não foram usados pela maior parte dos intérpretes do Apocalipse até a Reforma de Lutero. A partir de então, alguns comentaristas tentaram fugir do que consideravam interpretações historicistas problemáticas. De acordo com a perspectiva deles, temas como o grande dragão vermelho e a meretriz precisavam ser revisados. No fim do século 19 e início do século 20, houve uma adesão súbita ao futurismo e ao preterismo, parcialmente como resposta às falhas do milerismo que se evidenciaram.
No entanto, as lacunas da interpretação milerita não mudam a perspectiva historicista de Daniel 2, nem mesmo o princípio dia/ano, tão entretecido em Daniel 9 que os tradutores da Revised Standard Version verteram o versículo 24 por “setenta semanas de anos”, a despeito de o hebraico só trazer “setenta semanas”. O acréscimo foi necessário até para indivíduos que não criam nas profecias preditivas, a fim de que pudessem entender o sentido de uma profecia que afirma se estender da época da restauração de Jerusalém até o Messias.