Este artigo foi traduzido para o português, a partir do francês Lire Ellen White, por Ruth Mª C. Alencar. Título do original em inglês, Reading Ellen White: How to Understand and Apply Her Writings (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1997
Nossas disposições de espírito influenciam nossa vida cotidiana muito mais que pensamos. Aqueles que passam a vida acreditando que todo mundo está contra eles acabam conhecendo pessoas que sintam isto. E os que permanecem no lado negativo da vida não têm dificuldades de encontrá-lo.
Nossas intenções de espírito são também importantes em nossa leitura dos escritos de Ellen White. Este capítulo propõe algumas sugestões que podem tornar sua abordagem mais produtiva.
Primeiro, comece sua leitura orando para receber sabedoria e compreensão. O Espírito Santo, que inspirou a obra dos profetas ao longo dos séculos, é o único a estar apto para desvendar o sentido de seus escritos.
Seu pedido não introduz apenas a realidade objetiva do Espírito em seu estudo, ele também tem uma dimensão subjetiva. Nossa atitude em oração nos sensibiliza e abre nossa mente, nosso coração e nossas vidas a um sincero desejo de conhecer a vontade de Deus para colocá-la em prática em nosso viver.
Segundo, aborde seu estudo com um espírito aberto. Ninguém está livre de preconceitos ou parcialidade. Reconhecemos também que as opiniões preconcebidas concernem todos os domínios de nossa vida. Mas isto não significa que devíamos nos deixar dominar.
Ao contrário, temos necessidade de tomar consciência de nossas parcialidades e de seus efeitos sobre o que lemos e nossas reações em nossas leituras. Neste domínio, deveríamos reconhecer que os preconceitos existem sob duas formas: Os preconceitos a favor e os contra. Os que sofrem de um saber a priori favorável têm a tendência a ter argumentos a favor de seu assunto, mesmo onde eles não existem. Este processo vem, de um lado por seu engajamento e de outro pelo que deturpam dos fatos de maneira inconsciente (ou não). A mesma dinâmica se estabelece com os preconceitos desfavoráveis a uma ideia.
Embora jamais possamos superar nossas inclinações naturais de ter preconceitos, certamente podemos reconhecê-los pelo que são e alterá-los. Assim, uma parte de nossa oração consistirá a pedir ao Espírito Santo para nos ajudar a manter a mente aberta e equilibrada.
Poderíamos definir uma mente aberta como estando capaz de mudar frente a uma prova fundamentada. É importante não utilizar os escritos de Ellen White para encontrar citações ou argumentos para apoiar uma posição que tenhamos já aceitado. Tal estado de espírito nos tornaria incapazes de ver os fatos. A única maneira eficaz de ler seus escritos (ou de outros autores) é de fazê-lo com um espírito de pesquisa da verdade. Cada um de nós deve estar disposto a mudar de opinião e de conduta quando visamos chegar a um acordo com os elementos de prova plena.
Ellen White escreveu: “Se examinais as Escrituras para justificar opiniões próprias, nunca alcançareis a verdade. Pesquisai para aprender o que o Senhor diz.” (Parábolas de Jesus, pág. 112). Ela teria dito a mesma coisa em relação aos seus escritos.
A leitura de Ellen White, com fé ao invés de ceticismo é uma terceira boa atitude. Como Ellen White declarou: “Alguns que não estão dispostos a receber a luz, mas que preferem andar nos caminhos de sua própria escolha pesquisarão os testemunhos para neles buscar alguma coisa que anime o espírito de incredulidade e desobediência.” (Mensagens Escolhidas vol. 1, p 48). Ela acrescenta: “Satanás tem a habilidade de colocar a dúvida e de apresentar objeções em relação aos testemunhos precisos que Deus envia e muitos consideram como uma virtude, um sinal de inteligência ser incrédulo, questionar e buscar escapatórias. Os que quiserem duvidar encontrarão amplamente ocasião. Deus não se propõe remover qualquer razão para duvidar. Ele dá provas que devem ser estudadas com cuidado, com um espírito humilde e de escuta e cada um deveria decidir em função do peso da evidência.” (Testemunhos Paraa Igreja vol. 3, pág. 255)
“Deus dá elementos suficientes para a mente imparcial alcançar a fé, mas aqueles que sequestram essas manifestações, porque existem alguns elementos que a sua mente limitada não pode compreender, permanecerão na atmosfera fria e reservada da descrença e da dúvida e sua fé naufragará.” (Testemunhos Para a Igreja vol. 4, pág. 233)
Se alguém espera que todas as possibilidades de dúvidas sejam removidas, nunca conseguirá acreditar. Isto é tão verdade para a Bíblia como é para os escritos de Ellen White. Nossa aceitação repousa mais sobre a fé que sobre uma demonstração racional. Ellen White escreveu: “Os que mais têm a dizer contra os testemunhos são em geral os que não os leram, da mesma maneira que os que se gabam de sua incredulidade na Bíblia são os que têm pouco conhecimento de seus ensinos.” (Mensagens Escolhidas vol. 1, pág 45-46)
Os três fatores que falamos para uma boa abordagem estão estreitamente ligados uns aos outros. Um ardente desejo de ser conduzido pelo Espírito Santo na verdade conduzirá naturalmente a uma abertura da mente e a uma atitude de fé. De igual modo, uma atmosfera de dúvida conduzirá a uma estreiteza da mente e a uma reticência a pedir a ajuda do Espírito de Deus. Em grande medida, os frutos de nossas leituras dependem do estado de espírito com o qual abordamos essas leituras.
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