Por Ellen White
O Desejado de Todas as Nações
Este capítulo é baseado em Êxodo 33:13, Isaías 26: 6; 48:18; 53: 6; Salmo 40:8; 147: 4 e 3; João 6:38;
Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei”. Mateus 11:28. Essas palavras de conforto foram dirigidas à multidão que seguia a Jesus. O Salvador dissera que unicamente por meio dEle poderiam os homens receber o conhecimento de Deus. Falara de Seus discípulos como daqueles a quem fora confiado o conhecimento de coisas celestiais. Mas não deixou que ninguém se sentisse excluído de Seu cuidado e amor. Todos quantos estão cansados e oprimidos, podem-se chegar a Ele.
Os escribas e os fariseus, com sua meticulosa atenção às formas religiosas, sentiam a falta de qualquer coisa que ritos de penitência nunca podiam satisfazer. Os publicanos e pecadores podiam pretender estar satisfeitos com o sensual e o terrestre, mas tinham no coração a desconfiança e o temor. Jesus olhava aos aflitos e oprimidos de coração, aqueles cujas esperanças pereciam, e que buscavam aquietar em meio das alegrias terrestres os anseios de sua alma, e os convidava todos a nEle buscar alívio.
Ordenava ternamente aos cansados: “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas”. Mateus 11:29. Nessas palavras, fala Cristo a todos os seres humanos. Saibam-no eles ou não, todos estão cansados e oprimidos. Todos se acham vergados ao peso de fardos que só Cristo pode remover. O mais pesado dos fardos que levamos é o pecado. Fôssemos deixados a suportar esse peso, e ele nos esmagaria. Mas o Inocente tomou o nosso lugar. “O Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos”. Isaías 53:6. Ele carregou o peso de nossa culpa. Ele tomará o fardo de nossos cansados ombros. Dar-nos-á descanso. Também o peso do cuidado e da dor Ele tomará sobre Si. Convida-nos a lançar sobre Ele toda a nossa solicitude; pois nos traz no coração.
O Irmão mais velho de nossa família acha-Se ao lado do trono eterno. Olha a toda alma que se volve para Ele como o Salvador. Conhece por experiência as fraquezas da humanidade, nossas necessidades e onde está a força de nossas tentações; pois foi tentado em todos os pontos, como nós, e todavia sem pecado. Está velando sobre ti, tremente filho de Deus. Estás tentado? Ele te livrará. Estás fraco? Ele te fortalecerá. És ignorante? Ele te esclarecerá. Estás ferido? Ele te há de curar. O Senhor “conta o número das estrelas”, todavia “sara os quebrantados de coração, e liga-lhes as feridas” Salmos 147:4, 3. “Vinde a Mim”, eis Seu convite. Sejam quais forem vossas ansiedades e provações, exponde o caso perante o Senhor. Vosso espírito será fortalecido para a resistência. O caminho se abrirá para vos libertardes de todo embaraço e dificuldade. Quanto mais fraco e impotente vos reconhecerdes, tanto mais forte vos tornareis em Sua força. Quanto mais pesados os vossos fardos, tanto mais abençoado o descanso em os lançar sobre vosso Ajudador. O descanso que Jesus oferece depende de condições, mas estas são plenamente especificadas. São condições que todos podem cumprir. Ele nos diz como podemos obter Seu descanso.
“Tomai sobre vós o Meu jugo”, diz Jesus. O jugo é um instrumento de serviço. O gado é posto ao jugo para trabalhar, e o jugo é essencial ao seu trabalho eficiente. Por essa ilustração, Cristo nos ensina que somos chamados ao serviço enquanto a vida durar. Temos de tomar sobre nós o Seu jugo, a fim de sermos coobreiros Seus. DTN 228.1
O jugo que liga ao serviço, é a lei de Deus. A grande lei de amor revelada no Éden, proclamada no Sinai, e, no novo concerto, escrita no coração, é o que liga o obreiro humano à vontade de Deus. Se fôssemos entregues a nossas próprias inclinações, para ir justo aonde nos levasse nossa vontade, iríamos cair nas fileiras de Satanás, e tornar-nos possuidores de seus atributos. Portanto, Deus nos restringe à Sua vontade, que é elevada, nobre e enobrecedora. Deseja que empreendamos paciente e sabiamente os deveres do serviço. Esse jugo do serviço, levou-o o próprio Cristo na humanidade. Disse Ele: “Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a Tua lei está dentro do Meu coração”. Salmos 40:8. “Eu desci do Céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontade dAquele que Me enviou”. João 6:38. Amor para com Deus, zelo pela Sua glória, e amor pela humanidade caída trouxeram Jesus à Terra para sofrer e morrer. Foi esse o poder que Lhe regeu a vida. Esse é o princípio que nos manda adotar.
Muitos há cujo coração geme sob o fardo do cuidado, porque procuram atingir a norma do mundo. Preferiram-lhe o serviço, aceitaram-lhe as perplexidades, adotaram-lhe os costumes. Assim, é manchado o seu caráter, e seu viver se torna uma fadiga. Para satisfazer a ambição e os desejos mundanos, ferem a consciência e trazem sobre si mesmos um fardo adicional de remorso. A contínua ansiedade está consumindo as energias vitais. Nosso Senhor deseja que ponham de lado esse jugo de servidão. Convida-os a aceitar o Seu jugo; e diz: “Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve”. Mateus 11:30. Manda-lhes que busquem primeiro o reino de Deus e Sua justiça, e promete que todas as coisas necessárias a esta vida lhes serão acrescentadas. A ansiedade é cega, e não pode discernir o futuro; mas Jesus vê o fim desde o começo. Em toda dificuldade tem Ele um meio preparado para trazer alívio. Nosso Pai celestial tem mil modos de providenciar em nosso favor, modos de que nada sabemos. Os que aceitam como único princípio tornar o serviço e a honra de Deus o supremo objetivo, hão de ver desvanecidas as perplexidades, e uma estrada plana diante de seus pés.
“Aprendei de Mim”, diz Jesus, “que Sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” Temos de entrar para a escola de Cristo, a fim de aprender dEle mansidão e humildade. Redenção é o processo pelo qual a alma é preparada para o Céu. Esse preparo implica conhecer a Cristo. Significa emancipação de ideias, hábitos e práticas adquiridos na escola do príncipe das trevas. A alma se deve libertar de tudo que se opõe à lealdade para com Deus.
No coração de Cristo, onde reinava perfeita harmonia com Deus, havia paz perfeita. Nunca Se exaltou por aplauso, nem ficou abatido por censuras ou decepções. Entre as maiores oposições e o mais cruel tratamento, ainda Ele estava de bom ânimo. Mas muitos que professam ser Seus seguidores, têm o coração ansioso e turbado, porque temem confiar-se a Deus. Não Lhe fazem uma entrega completa; pois recuam das consequências que essa entrega possa envolver. A menos que o façam, não podem encontrar paz.
É o amor de si mesmo que traz desassossego. Quando somos nascidos de cima, haverá em nós o mesmo espírito que havia em Jesus, o espírito que O levou a humilhar-Se para que fôssemos salvos. Então, não andaremos em busca do lugar mais alto. Desejaremos sentar-nos junto de Cristo, e dEle aprender. Compreenderemos que o valor de nossa obra não consiste em fazer ostentação e ruído no mundo, ou em ser zeloso e ativo em nossas próprias forças. O valor de nossa obra é proporcional à comunicação do Espírito Santo. A confiança em Deus traz mais santas qualidades de espírito, de modo que na paciência possuamos nossa alma.
O jugo é posto sobre os bois a fim de ajudá-los a puxar o peso, aliviando-o. O mesmo se dá com o jugo de Cristo. Quando o nosso querer for absorvido pela vontade de Deus, e nos servirmos de Seus dons para beneficiar os outros, leve nos parecerá o fardo da vida. Aquele que trilha o caminho dos mandamentos de Deus, anda em companhia de Cristo, e em Seu amor encontra paz o coração. Quando Moisés orou: “Rogo-Te que agora me faças saber o Teu caminho, e conhecer-Te-ei”, o Senhor lhe respondeu: “Irá a Minha presença contigo para te fazer descansar”. Êxodo 33:13, 14. E por intermédio dos profetas foi dada a mensagem: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas”. Jeremias 6:16. E Ele diz: “Ah! se tivesses dado ouvido aos Meus mandamentos então seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como as ondas do mar”. Isaías 48:18.
Os que se apegam à palavra de Cristo, e entregam a alma a Sua guarda, e a vida a Seu dispor, encontrarão paz e sossego. Coisa alguma no mundo os pode entristecer, quando Jesus os alegra com Sua presença. Na perfeita conformidade há descanso perfeito. O Senhor diz: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti”. Isaías 26:3. Nossa vida pode parecer um emaranhado; mas ao confiarmos ao sábio Obreiro-Mestre, Ele tirará dali o padrão de vida e caráter que O glorifique. E esse caráter que exprime a glória — o caráter — de Cristo, será aceito no Paraíso de Deus. Uma renovada raça andará com Ele de vestidos brancos, pois disso são dignos.
Quando por meio de Jesus, entramos no repouso, o Céu começa aqui. Atendemos-Lhe ao convite: Vinde, aprendei de Mim; e assim fazendo começamos a vida eterna. O Céu é um contínuo aproximar-se de Deus por intermédio de Cristo. Quanto mais tempo estivermos no céu da bem-aventurança, tanto mais e sempre mais de glória nos será manifestado; e quanto mais conhecermos a Deus, tanto mais intensa será nossa felicidade. Ao andarmos com Jesus nesta vida, podemos encher-nos de Seu amor, satisfazer-nos de Sua presença. Tudo quanto a natureza humana é capaz de suportar, é-nos dado receber aqui. Mas que é isso comparado ao porvir? Ali “estão diante do trono de Deus, e O servem de dia e de noite no Seu santo templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima”. Apocalipse 7:15-17.