Testemunhos Seletos Vol. 1: Reavivamentos sensacionalistas – Capítulo 87

Ellen White

Os interesses em _ têm estado muito divididos. Ao surgir uma novidade, alguns exercem sua influência em sentido errôneo. Todo homem e mulher deve estar alerta quando se espalham enganos destinados a desviar da verdade. Há pessoas sempre prontas a ver e ouvir qualquer coisa nova e estranha; e o inimigo das almas tem nessas grandes cidades muita coisa com que inflamar a curiosidade e manter a mente distraída das grandes e santificadoras verdades para estes últimos dias.

Se todo fervor religioso que paira no ar leva alguns a negligenciar prestarem inteiro apoio, seja pela sua presença, seja pela influência exercida, à minoria que crê na verdade impopular, haverá na igreja muita fraqueza, quando poderia existir força. Satanás emprega vários meios para conseguir seus fins; e, se sob o disfarce de religião popular, ele puder desviar pessoas vacilantes e incautas da senda da verdade, muito haverá conseguido quanto a dividir a força do povo de Deus. Esse instável entusiasmo de reavivamento, que vem e vai como a maré, apresenta um exterior ilusório que engana muitas pessoas sinceras, levando-as a crer que seja o verdadeiro Espírito do Senhor. Isso multiplica os conversos. Os de natureza agitada, os fracos e fáceis de ser levados, ajuntam-se em torno de sua bandeira; ao retroceder a onda, no entanto, encontram-se como náufragos na praia. Não sejais iludidos por falsos mestres, nem levados por palavras vãs. O inimigo das almas por certo terá iguarias suficientes de fábulas aprazíveis adequadas ao paladar de todos.

Sempre surgirão meteoros; a esteira luminosa que deixam, porém, dissipa-se imediatamente ficando após uma treva que* parece mais densa que a anterior. Essas manifestações criadas pela narração de anedotas e exibições de excentricidades e singularidades são todas obras superficiais; e os de nossa fé que se encantam com essas centelhas nunca edificarão a causa de Deus. [*Testimonies for the Church 4:73-76 (1876)] Estão prontos a retirar sua influência ao mais leve motivo, e a induzir outros a assistirem àquelas reuniões onde ouvem o que enfraquece a alma e traz confusão ao espírito. É o retirar assim o interesse da obra que faz com que a causa de Deus seja enfraquecida. Precisamos estar firmes na fé; ser inabaláveis. Temos diante de nós a obra que nos cabe realizar, e é fazer com que a luz da verdade, tal como se revela na lei de Deus, brilhe sobre outros, para desviá-los das trevas. Essa obra requer decidida e perseverante energia, e um firme propósito de vencer.

É necessário firmeza

Alguns há na igreja, que precisam firmar-se às colunas de nossa fé, aprofundar-se e encontrar um fundamento sólido, em vez de vacilar na superficialidade, agindo por impulsos. Há na igreja dispépticos espirituais. Fazem-se a si mesmos inválidos; sua debilidade espiritual é resultado de sua própria direção instável. São atirados daqui para lá, pelos mutáveis ventos de doutrina, ficando frequentemente confusos e lançados na incerteza pelo fato de procederem inteiramente movidos pelos sentidos. São cristãos de sensações, sempre sedentos de alguma coisa nova e diversa; a fé é-lhes confundida por doutrinas estranhas, e são inúteis para a causa da verdade.

Deus pede homens e mulheres estáveis, de propósitos firmes, nos quais se possa confiar em tempos de perigo e provação, tão firmemente arraigados e fundados na verdade como as colinas eternas, a quem se não possa mover para a direita nem para a esquerda, mas que marchem sempre avante, e sempre se encontrem no devido lugar. Alguns há que, em tempos de perigo religioso, quase se podem procurar sempre nas fileiras do inimigo; se alguma influência exercem, é a favor do erro. Não se sentem sob a obrigação moral de dar toda a força à verdade que professam. Esses serão recompensados segundo [463] suas obras.

Os que pouco fazem pelo Salvador no sentido da salvação de almas, e em se manterem retos diante de Deus, não vêm a adquirir muita fibra espiritual. Precisamos de empregar continuamente a força que possuímos a fim de que esta se desenvolva e aumente. Como a doença é o resultado da violação das leis naturais, assim é o declínio espiritual resultante de contínua transgressão da lei de Deus. E todavia os próprios transgressores podem professar guardar todos os mandamentos divinos.

Precisamos, para conservar-nos espiritualmente sãos, aproximar-nos mais de Deus, pôr-nos em mais íntima ligação com o Céu, e seguir os princípios da lei nas mínimas ações de nossa vida diária. Deus deu a Seus servos aptidões, talentos a serem usados para Sua glória, e não para jazerem ociosos ou serem desperdiçados. Ele lhes deu luz e conhecimento de Sua vontade, para que sejam comunicados a outros; e assim fazendo, tornamo-nos vivos condutos de luz. Uma vez que não exercitemos nossa força espiritual, tornamo-nos fracos, da mesma maneira que os membros do corpo se debilitam quando o inválido é forçado a permanecer por longo tempo inativo. É a atividade que vitaliza.

Servir aos outros

Coisa alguma dará maior resistência espiritual e mais acréscimo de fervor e profundidade de sentir, do que visitar e servir os doentes e desanimados, ajudá-los a ver a luz e a firmarem em Jesus a sua fé. Há deveres desagradáveis a serem cumpridos por alguém, do contrário almas serão deixadas a perecer. Os cristãos encontrarão bênçãos em cumprir esses deveres, por desagradáveis que sejam. Cristo empreendeu a penosa tarefa de vir da morada da pureza e glória para viver, como homem entre os homens, em um mundo cauterizado e enegrecido pelo crime, a violência e a iniquidade. E fez isto para salvar almas; hão de os objetos de tão surpreendente amor [464] e incomparável condescendência justificar sua vida de comodidade egoísta? buscarão o próprio prazer, seguirão suas inclinações, e deixarão as almas perecerem nas trevas pelo fato de terem de enfrentar decepções e repulsas se trabalharem para salvá-las? Cristo pagou preço infinito pela redenção do homem, e há de este dizer: “Meu Senhor, não quero trabalhar em Tua vinha; rogo-Te que me hajas por escusado”?

Deus chama os que estão ociosos em Sião a que se levantem e operem. Não darão eles ouvidos à voz do Mestre? Ele quer obreiros de oração, fiéis, que semeiem sobre todas as águas. Os que assim trabalham ficarão surpreendidos ao verificar que as provas, suportadas resolutamente em nome e na força de Jesus, darão firmeza à fé e renovarão o ânimo. No caminho da obediência humilde, encontram-se segurança e poder, conforto e esperança; a recompensa, porém, será finalmente perdida pelos que nada fazem por Jesus. As mãos fracas serão incapazes de agarrar-se ao Poderoso, os joelhos débeis deixarão de servir de sustentáculos no dia da adversidade. Os obreiros bíblicos e obreiros cristãos receberão a gloriosa recompensa e ouvirão o: “Bem está, servo bom e fiel; entra no gozo do teu Senhor.” Mateus 25:21.

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