Lição 10 – 31 de agosto a 6 de setembro – “Os últimos dias”
Autor: Natal Gardino
Editor: André Oliveira Santos: [email protected]
Revisora: Esther Fernandes
Jesus ensinou que os Seus discípulos deviam se preparar para enfrentar as dificuldades e perseguições que sofreriam ao longo dos séculos. Assim, essas dificuldades não seriam surpresas para o Seu povo. As predições de Jesus fortalecem os Seus discípulos para enfrentar as lutas que certamente virão.
Duas moedinhas (Mc 12:41-44)
É curioso pensar que Jesus parou para observar as pessoas de posses depositarem largas somas de dinheiro na caixa de ofertas do templo (12:41). Eles ofertavam de tal maneira que pudessem ser vistos e louvados por sua religiosidade e generosidade. Porém Jesus já havia ensinado antes que, ao fazer qualquer doação monetária, a sua mão esquerda deve ignorar “o que a mão direita está fazendo” (Mt 6:3), dando a entender que Deus é quem deve ver tal atitude caridosa, e não os outros.
Jesus Se deteve para prestar atenção naquela mulher; ela deu tudo o que tinha. Na língua original, é dito que ela deu “dois leptos, que equivalem a um quadrante” (Mc 12:42). Se calcularmos o valor dessa moeda (o lepto) com o valor do salário-mínimo de nossos dias, as duas moedas juntas valiam apenas algo entre 80 centavos e no máximo 3 reais. Era um dinheiro equivalente apenas a um pequeno troco que às vezes alguns caixas querem nos devolver em balas.
Mas Jesus disse que ela deu mais do que todos os outros doadores, pois eles haviam dado “daquilo que lhes sobrava”, enquanto ela deu “tudo o que possuía, todo o seu sustento” (Mc 12:44). Que nossas ofertas para Deus não sejam apresentadas com intenções egoístas, para “aparecermos”. Que sejam feitas com um coração grato e totalmente fiel a Deus.
Duas profecias misturadas (Mc 13)
Os discípulos ficaram surpresos com a resposta de Jesus quando eles Lhe apontaram a beleza imponente do templo judaico. Ele lhes disse que esse mesmo templo seria destruído de tal maneira que não ficaria uma pedra em cima da outra. Isso parecia algo impossível de acontecer. Mas aconteceu como foi predito, cerca de 40 anos mais tarde, no ano 70 d.C., quando Jerusalém foi destruída pelos romanos.
Jesus equiparou essa destruição do templo e da cidade de Jerusalém com a Sua vinda no fim dos tempos, falando das duas profecias ao mesmo tempo. Para diferenciar os dois eventos, Jesus usou os termos “isto”, “estas coisas” e “esta geração” para Se referir aos eventos relacionados à destruição de Jerusalém (Mc 13:4, 8, 30), e utilizou a expressão “aqueles dias”, “naqueles dias” e “aquele dia”, para indicar um tempo mais distante, em referência à Sua vinda (Mc 13:19, 24, 32).
Jesus chamou a atenção para a importância das profecias bíblicas. Ele disse: “quem lê [Daniel], entenda” (Mc 13:14), e usou a expressão “abominável da desolação”, que aparece no livro do profeta Daniel (Dn 9:27; 11:31; 12:11). Ele usou essa expressão para Se referir aos exércitos romanos que invadiriam Jerusalém. Então Ele deu um sinal aos Seus discípulos: quando eles vissem as insígnias e os estandartes romanos cercando a cidade, deveriam fugir o quanto antes.
Quem deu ouvidos a esse aviso profético de Jesus e viveu até ver seu cumprimento, teve todas as condições de salvar sua vida. Ellen White, no livro O Grande Conflito (p. 23) afirma que “nenhum cristão pereceu na destruição de Jerusalém”, pois eles estavam avisados devido às palavras de Jesus. De forma semelhante, quando virmos os sinais relativos à Sua vinda e escolhermos estar ao Seu lado, não pereceremos com o resto do mundo que não ouve as Suas advertências.
A grande tribulação
Os cristãos fiéis à Palavra de Deus sofreram intensa perseguição papal desde o ano 538 d.C. até 1798 d.C. Esses 1.260 anos de perseguição são mencionados sete vezes na Bíblia de três modos diferentes: “mil duzentos e sessenta dias” (Ap 11:3; 12:6), “quarenta e dois meses” (Ap 11:2; 13:5) e “tempo, tempos e metade de um tempo” (Dn 7:25; 12:7; Ap 12:14).
Contudo, além desse longo período de 1.260 anos de perseguição contra os cristãos, Jesus disse que nos últimos dias (“aqueles dias”) ainda haveria “tamanha tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo criado por Deus até agora e nunca jamais haverá” (Mc 13:19). Nesse tempo, o mundo terá chegado em um ponto crítico, e as pessoas sem Cristo terão perdido toda a sensibilidade em relação às coisas de Deus. O pecado reinará em nível total, como nunca antes. Por isso, Jesus disse que “aqueles dias” seriam abreviados “por causa dos eleitos que Ele escolheu”, senão “ninguém seria salvo” (Mc 13:20). Jesus estará com Seu povo até o fim, dando-lhes todas as chances de salvação. Foi para isso que Ele veio.
A volta de Jesus (Mc 13:28-37)
A volta de Jesus é chamada de “bendita esperança” (Tt 2:13). É o cumprimento de tudo o que cremos e aguardamos. Quando Jesus disse que nem Ele sabia o dia e a hora de Sua vinda, Ele estava falando em relação à natureza humana que Ele havia assumido. Ele não poderia usar Sua divindade para saber. Mas hoje, se há alguma coisa que Jesus não saiba, então Ele teria perdido Sua onisciência, e consequentemente teria deixado de ser Deus. Obviamente hoje Jesus sabe o dia e a hora, e certamente está aguardando ansiosamente o momento de cumprir Sua promessa.
Conclusão
Jesus estava preocupado em preparar os Seus discípulos para as dificuldades que viriam tanto em seus dias, na destruição de Jerusalém, ao longo dos séculos e até os últimos dias. Apesar disso, Ele encontrou tempo para observar e louvar uma discípula que deu uma simples oferta de todo o coração. Como disse alguém: “Deus está nos detalhes”.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Natal Gardino é mestre em Novo Testamento e doutor em Ministério pela Universidade Andrews. Iniciou seu ministério em 2003 como pastor distrital e atuou em quatro diferentes regiões. Desde 2022, é professor de Novo Testamento do Seminário Adventista de Teologia na FAP (antigo IAP), no Paraná. É casado com Irineide Gardino, psicóloga clínica. O casal tem dois filhos: Kaléo e Nicholas.