Por Ellen White
Em outra parábola apresentada por Jesus aos discípulos, Ele comparou o reino do Céu a um campo em que um homem semeara boa semente, mas no qual, enquanto ele dormia, o inimigo semeou joio. Foi dirigida ao pai de família a pergunta: “Não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem então joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo? Porém ele lhes disse: Não; para que ao colher o joio não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo ajuntai-o no meu celeiro.” Mateus 13:27-30. Caso houvesse sido mantida fidelidade e vigilância, se não tivesse havido sono ou negligência por parte de alguém, o inimigo não teria tido tão favorável ensejo de semear joio entre o trigo. Satanás nunca dorme. Está vigilante, e aproveita toda a oportunidade para fazer seus agentes disseminarem erros que encontram solo propício em muitos corações não santificados.
Os sinceros crentes na verdade são entristecidos, e suas provas e aflições grandemente aumentadas, pelos elementos que entre eles os aborrecem, desalentam e desanimam em seus esforços. Mas o Senhor queria ensinar a Seus servos uma lição de grande cuidado em todos os seus passos. “Deixai crescer ambos juntos.” Mateus 13:30. Não arranqueis à força o joio para que, ao arrancá-lo, não aconteça que as preciosas hastes venham a soltar-se. Tanto os pastores como os membros da igreja devem ser muito cautelosos; que não nutram um zelo não segundo o entendimento. Há perigo de fazer-se na igreja demasiado para curar dificuldades que, deixadas em paz, curar-se-ão muitas vezes por si mesmas. (Testimonies for the Church 3:113-116 (1872)). É mau o método de tratar em qualquer igreja os assuntos prematuramente. Cumpre-nos exercer o maior cuidado, paciência e domínio sobre nós mesmos, para suportar essas coisas, e não agir por impulso, para as pôr em ordem.
A obra realizada em _____ foi prematura, e ocasionou inoportuna separação naquela igrejinha. Se os servos de Deus pudessem ter apreendido a força da lição de nosso Salvador na parábola do trigo e do joio, não haveriam empreendido a obra que fizeram. Antes de se darem passos que forneçam, mesmo aos que são de todo indignos, a mínima ocasião de se queixarem de haver sido separados da igreja, o assunto dever ser sempre tornado objeto do mais cuidadoso estudo e fervorosa oração.
Foram em _____ dados passos que criaram um partido de oposição. Alguns eram ouvintes da beira do caminho; outros ouvintes do terreno pedregoso; e ainda outros eram daquela classe que recebia a verdade enquanto o coração tinha uma vegetação de espinhos de molde a sufocar a boa semente; estes nunca teriam caráter cristão aperfeiçoado. Havia, porém, alguns que poderiam haver sido nutridos e fortalecidos, e se poderiam ter firmado e estabilizado na verdade. As atitudes tomadas pelos irmãos R e S, porém, trouxeram uma crise prematura, e depois houve falta de sabedoria e discernimento no lidar com a facção.
Se as pessoas forem tão merecedoras de ser separadas da igreja como Satanás o foi de ser expulso do Céu, terão quem lhes tome as dores. Há sempre uma classe que é mais influenciada por indivíduos, do que pelo Espírito de Deus e pelos sãos princípios; e, em seu estado não consagrado, essas pessoas estão sempre prontas a tomar o partido do erro, e pôr a compaixão e simpatia juntamente com os que menos a merecem. Esses simpatizantes exercem poderosa influência sobre outros; veem-se as coisas sob um aspecto errado, ocasiona-se grande mal, e muitas são as almas arruinadas. Satanás em sua rebelião, levou consigo a terça parte dos anjos. Desviaram-se do Pai e de Seu Filho, e uniram-se ao instigador da rebelião. Tendo esses fatos diante de nós, cumpre-nos agir com a maior cautela. Que podemos esperar senão provação e perplexidade em nossas relações com homens e mulheres de espíritos peculiares? Precisamos suportá-lo, e evitar a necessidade de arrancar o joio, não aconteça que o trigo seja extirpado também.
A Bênção das Provações e Adversidades
“No mundo tereis aflições”, disse Cristo; mas em Mim tereis paz. As provas a que os cristãos são submetidos em aflição, adversidade e ignomínia, são os meios indicados por Deus para separar a palha do trigo. Nosso orgulho, egoísmo, ruins paixões e amor dos prazeres mundanos, precisam todos ser vencidos; portanto, Deus nos envia aflições para nos experimentar e provar, e mostrar-nos que esses males existem em nosso caráter. Cumpre-nos vencê-los mediante a força e graça que nos dá, a fim de sermos participantes da natureza divina, havendo escapado à corrupção que, pela concupiscência, há no mundo. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação”, diz Paulo, “produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se veem; mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.” 2 Coríntios 4:17, 18. Aflições, cruzes, tentações, adversidades e nossas várias provações, são os agentes divinos para nos purificar, santificar e preparar-nos para o celeiro celeste.
Os danos causados à verdade por atitudes prematuras jamais podem ser plenamente reparados. A causa de Deus em _____ não tem avançado como poderia, e não será vista pelo povo em tão favorável aspecto como antes de se fazer essa obra. Há frequentemente entre nós pessoas cuja influência parece ser simplesmente nula. Sua vida parece inútil; tornam-se, porém, rebeldes e combativas, e se fazem zelosas obreiras de Satanás. Essa obra está mais em harmonia com os sentimentos do coração natural. Grande é a necessidade de autoexame e de oração particular. Deus prometeu sabedoria àqueles que Lha pedirem. O trabalho missionário é muitas vezes realizado por pessoas não preparadas para a obra. Cultiva-se o zelo exterior, ao passo que a oração íntima é negligenciada. Assim sendo, causa-se muito mal, pois esses obreiros buscam regular a consciência dos outros por sua própria regra. Há necessidade de muito domínio próprio. As palavras precipitadas suscitam contenda. O irmão S acha-se em risco de condescender com um espírito de crítica incisiva. Isto não convém aos pregadores da justiça.
Irmão S, o irmão tem muito a aprender. Tem havido de sua parte a inclinação de responsabilizar o irmão W., por seus fracassos e desânimos; inquirindo-se, porém, intimamente os seus motivos e sua maneira de proceder, verificar-se-ia haver, no próprio irmão, outras causas para esses desânimos. Seguir a inclinação de seu coração natural, leva-o à servidão. O espírito severo, torturante, com que o irmão condescende por vezes, destrói lhe a influência. O irmão tem uma obra a fazer em seu próprio benefício, obra que nenhuma outra pessoa pode realizar em seu favor. Cada um tem de dar contas de si mesmo a Deus. Ele nos deu Sua lei como um espelho a que podemos olhar e descobrir os defeitos existentes em nosso caráter. Não devemos olhar a esse espelho com o fito de vermos os defeitos de nosso semelhante ali refletidos, de ver se ele atinge a norma, mas ver os defeitos que há em nós mesmos, a fim de que os possamos remover. Não é o conhecimento tudo de que necessitamos; cumpre-nos seguir a luz. Não somos deixados a escolher por nós mesmos, e obedecer ao que nos agrada, e desobedecer quando isto nos for mais conveniente. Obedecer é melhor do que sacrificar.
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