Por Ellen White
A promessa da segunda vinda de Cristo, a fim de completar a grande obra da redenção é a nota tônica das Sagradas Escrituras. Desde o Éden, os filhos da fé têm esperado a vinda do Prometido, para levá-los novamente ao Paraíso perdido.
Enoque, o sétimo na descendência dos que habitaram o Éden, e que durante três séculos andou com Deus, declarou: “Eis que veio o Senhor entre Suas santas miríades, para exercer juízo contra todos”. Judas 14, 15. Jó, em meio à noite de sua aflição, exclamou: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e por fim Se levantará sobre a Terra; […] em minha carne verei a Deus. Vê-Lo-ei por mim mesmo, os meus olhos O verão, e não outros”. Jó 19:25-27. Os poetas e profetas da Bíblia trataram da vinda de Cristo com palavras incendiadas de fogo celestial. “Alegrem-se os Céus, e a Terra exulte […] na presença do Senhor, porque vem, vem julgar a Terra; julgará o mundo com justiça, e os povos, consoante a Sua fidelidade”. Salmos 96:11-13.
Disse Isaías: “Naquele dia se dirá: ‘Eis que Este é o nosso Deus, em quem esperávamos, e Ele nos salvará; Este é o Senhor, a quem aguardávamos: na Sua salvação exultaremos e nos alegraremos”. Isaías 25:9.
O Salvador confortou Seus discípulos com a certeza de que viria outra vez: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas. […] Vou preparar-vos lugar. E quando Eu for, […] voltarei e vos receberei para Mim mesmo.” “Quando vier o Filho do homem na Sua majestade e todos os anjos com Ele, então Se assentará no trono da Sua glória; e todas as nações serão reunidas em Sua presença”. João 14:2, 3; Mateus 25:31, 32.
Anjos repetiram aos discípulos a promessa de Sua volta: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao Céu, assim virá do modo como O vistes subir”. Atos dos Apóstolos 1:11. Paulo testificou: “Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos Céus”. 1 Tessalonicenses 4:16. Disse o profeta de Patmos: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho O verá”. Apocalipse 1:7.
Quebrar-se-á então o prolongado domínio do mal. “Os reinos do mundo” se tornarão “de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos”. Apocalipse 11:15. “O Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as nações”. Isaías 61:11
Será então estabelecido o reino pacífico do Messias: “Porque o Senhor tem piedade de Sião; terá piedade de todos os lugares assolados dela, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão como o jardim do Senhor”. Isaías 51:3.
A vinda do Senhor tem sido em todos os séculos a esperança de Seus verdadeiros seguidores. Em meio de sofrimento e perseguição, “o aparecimento do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo” foi a “bem-aventurada esperança”. Tito 2:13. Paulo apontou à ressurreição que deverá ocorrer por ocasião do advento do Salvador, quando os mortos em Cristo ressuscitarão, e junto com os vivos serão arrebatados para encontrar o Senhor nos ares. Completou ele: “Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras”. 1 Tessalonicenses 4:17, 18.
Em Patmos o discípulo amado ouve a promessa: “Certamente venho sem demora”, e sua resposta sintetiza a prece de toda a igreja: “Amém. Vem, Senhor Jesus”. Apocalipse 22:20.
Do calabouço, da fogueira, da forca, onde os santos e mártires testificaram da verdade, vem através dos séculos a voz de sua fé e esperança. Estando “certos da ressurreição pessoal de Cristo e, por conseguinte, de sua própria, por ocasião da vinda de Jesus”, disse um desses cristãos, “desprezavam a morte, e verificava-se estarem acima dela”.1. Os valdenses acariciavam a mesma fé. Wycliffe, Lutero, Calvino, Knox, Ridley e Baxter olharam com fé para a vinda do Senhor. Esta foi a esperança da igreja apostólica, da “igreja no deserto”, e dos reformadores.
A profecia não somente prediz a maneira e objetivo da vinda de Cristo, mas apresenta ainda sinais pelos quais os homens podem saber quão próximo está aquele dia. “Haverá sinais no Sol, na Lua e nas estrelas”. Lucas 21:25. “O sol escurecerá, a Lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes dos Céus serão abalados. Então verão o Filho do homem vir nas nuvens, com grande poder e glória”. Marcos 13:24-26. O revelador descreve assim o primeiro dos sinais que precedem o segundo advento: “Sobreveio grande terremoto. O Sol se tornou negro como saco de crina, a Lua toda como sangue”. Apocalipse 6:12.
O terremoto que abalou o mundo — Em cumprimento dessa profecia, em 1755 ocorreu o mais terrível terremoto que já se registrou. Conhecido como terremoto de Lisboa, estendeu-se pela Europa, África e América. Foi sentido na Groenlândia, nas Antilhas, na Ilha da Madeira, na Noruega e na Suécia, na Grã-Bretanha e na Irlanda, numa extensão de mais de dez milhões de quilômetros quadrados. Na África o choque foi quase tão violento quanto na Europa. Grande parte da Argélia foi destruída. Uma vasta onda varreu a costa da Espanha e da África, submergindo cidades.
Montanhas, “algumas das maiores de Portugal, foram impetuosamente sacudidas, como que até aos fundamentos; e algumas delas se abriram nos cumes, os quais se partiram e rasgaram de modo assombroso, sendo delas arrojadas imensas massas para os vales adjacentes. Diz-se terem saído chamas dessas montanhas”.
Em Lisboa, “um som como de trovão foi ouvido sob o solo e imediatamente depois um violento choque derrubou a maior parte da cidade. No período de mais ou menos seis minutos, pereceram sessenta mil pessoas. O mar a princípio se recolheu, deixando seca a barra; voltou então, erguendo-se doze metros ou mais acima de seu nível comum”.2.
“O terremoto ocorreu num dia santo, em que as igrejas e conventos estavam repletos de pessoas, das quais muito poucas escaparam.”3. de 1831). “O terror do povo foi indescritível. Ninguém chorava; estava além das lágrimas. Corriam para aqui e para acolá, em delírio, com horror e espanto, batendo no rosto e no peito, exclamando: ‘Misericórdia! é o fim do mundo!’ Mães esqueciam-se de seus filhos e corriam para qualquer parte, carregando crucifixos. Infelizmente, muitos corriam para as igrejas em busca de proteção; mas em vão foi exposto o sacramento; em vão as pobres criaturas abraçaram os altares; imagens, padres e povo foram sepultados na ruína comum.”
O escurecimento do Sol e da Lua — Vinte e cinco anos mais tarde apareceu o sinal seguinte mencionado na profecia — o escurecimento do Sol e da Lua. O tempo de seu cumprimento fora definidamente indicado na conversa do Salvador com os discípulos, no Olivete. “Naqueles dias, após a referida tribulação, o Sol escurecerá, a Lua não dará a sua claridade”. Marcos 13:24. Os 1.260 dias, ou anos, terminaram em 1798. Um quarto de século antes, a perseguição cessara quase completamente. Em seguida à perseguição, o Sol deveria escurecer-se. Em 19 de Maio de 1780 cumpriu-se esta profecia.
Testemunha ocular, em Massachusetts, descreve o evento nos seguintes termos: “Pesada nuvem negra se espalhou por todo o céu, exceto uma estreita orla no horizonte, e ficou tão escuro como geralmente é às nove horas de uma noite de verão. […]
“Temor, ansiedade e pavor encheram gradualmente o espírito do povo. Mulheres ficavam à porta, olhando para a escura paisagem; os homens voltavam de seus labores no campo; o carpinteiro deixava as suas ferramentas, o ferreiro a forja, o negociante o balcão. As aulas eram suspensas, e as crianças, tremendo, fugiam para casa. Os viajantes acolhiam-se à fazenda mais próxima. ‘O que será?’ inquiriam todos os lábios e corações. Dir-se-ia que um furacão estivesse prestes a precipitar-se sobre o país, ou fosse o dia da consumação de todas as coisas.
“Acenderam-se velas, e o fogo na lareira brilhava tanto como em noite de outono sem luar. […] As aves retiraram-se para os poleiros e iam dormir; o gado ajuntava-se no estábulo e berrava; as rãs coaxavam; os pássaros entoavam seus gorjeios vespertinos; e os morcegos voavam em derredor. Mas os seres humanos sabiam que não era vinda a noite. […]
“Reuniram-se congregações em muitos lugares. Os textos para os sermões improvisados eram invariavelmente os que pareciam indicar as trevas como estando de acordo com a profecia bíblica. […] As trevas foram mais densas logo depois das onze horas.”4.
“Na maioria dos lugares do país as trevas foram tão grandes durante o dia, que as pessoas não podiam dizer a hora, quer pelo relógio de bolso, quer pelo de parede, nem jantar, nem efetuar suas obrigações domésticas, sem a luz de velas.”5.
Lua como sangue — “Tampouco foram as trevas da noite menos incomuns e aterrorizadoras do que as do dia; não obstante haver quase lua cheia, nenhum objeto se distinguia a não ser com o auxílio de alguma luz artificial, que, quando vista das casas vizinhas ou de outros lugares a certa distância, aparecia através de uma espécie de trevas egípcias, que se afiguravam quase impermeáveis aos raios.”6. “Se todos os corpos luminosos do Universo tivessem sido envoltos em sombras impenetráveis, ou arrancados da existência, as trevas não teriam sido mais completas.”7. Depois da meia-noite as trevas se desvaneceram, e a Lua, ao tornar-se visível, tinha a aparência de sangue.
O dia 19 de Maio de 1780 figura na história como “o Dia Escuro”. Desde o tempo de Moisés, nenhum período de trevas de igual densidade, extensão e duração, fora registrado. A descrição oferecida por testemunhas oculares não é senão um eco das palavras registradas por Joel, cerca de 2.500 anos antes: “O Sol se converterá em trevas, e a Lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”. Joel 2:31.
“Ao começarem estas coisas a suceder”, disse Cristo, “exultai e erguei as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima”. Lucas 21:28. Jesus indicou também a Seus seguidores as árvores brotando na primavera: “Quando começam a brotar, vendo-o, sabeis por vós mesmos que o verão está próximo. Assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus”. Lucas 21:30, 31.
Mas na igreja o amor a Cristo e a fé em Sua vinda haviam se esfriado. O professo povo de Deus estava cego às instruções do Salvador, concernentes aos sinais de Seu aparecimento. A doutrina do segundo advento tinha sido negligenciada, a ponto de estar em grande parte esquecida e mesmo ignorada, especialmente na América. Uma absorvente devoção em adquirir dinheiro, a ansiosa busca de popularidade e poderio, levavam os homens a afastar para o futuro longínquo o dia solene em que passaria a presente ordem de coisas.
O Salvador indicara o estado de apostasia que haveria de existir precisamente antes de Seu segundo advento. Para os que vivessem nesse tempo, a advertência de Cristo é: “Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que os vossos corações fiquem sobrecarregados com as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço.” “Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder, e estar em pé na presença do Filho do homem”. Lucas 21:34, 36.
Era necessário que os homens despertassem a fim de preparar-se para os acontecimentos solenes ligados ao final do tempo da graça. “Grande é o dia do Senhor, e mui terrível! Quem o poderá suportar?” Quem poderá subsistir quando aparecer Aquele que é “tão puro de olhos, que não” pode “ver o mal”, e não pode contemplar a opressão? “Castigarei o mundo por causa da sua maldade, e os perversos por causa da sua iniquidade; farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos violentos.” “Nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar no dia da indignação do Senhor”; “por isso serão saqueados os seus bens, e assoladas as suas casas”. Joel 2:11; Habacuque 1:13; Isaías 13:11; Sofonias 1:18, 13.
Chamado ao despertamento — Em vista desse grande dia a Palavra de Deus convida Seu povo a buscar a Sua face com arrependimento:
“Porque o dia do Senhor vem, já está próximo.” “Promulgai um santo jejum, proclamai uma assembleia solene. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos e os que mamam. […] Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o pórtico e o altar.” “Convertei-vos a Mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque Ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-Se, e grande em benignidade”. Joel 2:1, 15-17, 12, 13.
A fim de preparar um povo para estar em pé no dia de Deus, deveria realizar-se uma grande obra de reforma. Em Sua misericórdia estava Ele prestes a enviar uma mensagem de advertência a fim de levá-los a preparar-se para a vinda de Jesus.
Essa advertência é trazida a lume em Apocalipse 14. Apresenta-se-nos ali uma tríplice mensagem como sendo proclamada por seres celestiais, e imediatamente seguida pela vinda do Filho do homem para buscar a “colheita da Terra”. O profeta viu um anjo “voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a Terra, e a cada nação, tribo, língua e povo, dizendo com grande voz: ‘Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas’
Declara-se que essa mensagem é parte do “evangelho eterno”. A obra de pregação foi confiada aos homens. Santos anjos têm dirigido, mas a proclamação do evangelho propriamente dita é efetuada pelos servos de Cristo na Terra. Homens fiéis, obedientes aos impulsos do Espírito de Deus e aos ensinamentos de Sua Palavra, devem proclamar esta advertência. Eles têm buscado o conhecimento de Deus, considerando-o “melhor do que a mercadoria de prata, e melhor a sua renda do que o ouro mais fino”. “A intimidade do Senhor é para os que O temem, aos quais Ele dará a conhecer a Sua aliança”. Provérbios 3:14; Salmos 25:14.
Mensagem apresentada por pessoas humildes — Houvessem os eruditos teólogos sido guardas fiéis, pesquisando as Escrituras com diligência e oração, teriam conhecido o tempo. As profecias lhes teriam esclarecido os acontecimentos prestes a ocorrer. Mas a mensagem foi apresentada por homens mais humildes. Os que negligenciam buscar a luz que lhes está ao alcance são deixados em trevas. Contudo, o Salvador declara: “Quem Me segue não andará nas trevas, pelo contrário, terá a luz da vida”. João 8:12. A esta pessoa será enviada alguma estrela de fulgor celestial para guiá-la em toda a verdade.
No tempo do primeiro advento de Cristo os sacerdotes e escribas da Santa Cidade poderiam ter discernido “os sinais dos tempos” e proclamado a vinda do Prometido. Miquéias designou o local de Seu nascimento; Daniel, o tempo em que deveria ocorrer. Miquéias 5:2; Daniel 9:25. Os dirigentes judeus estariam sem desculpas se não soubessem. Sua ignorância era o resultado da pecaminosa negligência.
Com profundo interesse, os anciãos de Israel deveriam ter estudado o lugar, o tempo e as circunstâncias do maior evento da história do mundo — a vinda do Filho de Deus. O povo deveria ter vigiado para poder dar as boas-vindas ao Redentor do mundo. Mas em Belém dois fatigados viajores, procedentes de Nazaré, percorreram em toda a extensão a estreita rua até a extremidade oriental da cidade, procurando em vão um lugar como abrigo para a noite. Porta alguma se achava aberta para recebê-los. Sob miserável telheiro preparado para animais, encontraram finalmente refúgio, e ali nasceu o Salvador do mundo.
Foram designados anjos para levar as boas novas aos que estavam preparados para recebê-las, e que alegremente as tornariam conhecidas. Cristo Se humilhou para tomar sobre Si a natureza do homem, para suportar um peso infinito de misérias ao fazer de Sua vida oferta pelo pecado. Todavia, os anjos desejavam que mesmo em Sua humilhação o Filho do Altíssimo pudesse aparecer diante dos homens com uma dignidade e glória condizentes com Seu caráter. Os grandes homens da Terra se congregariam na capital de Israel para saudar a Sua vinda? Legiões de anjos o apresentariam à multidão esperançosa?
Um anjo visitou a Terra a fim de ver quais os que se achavam preparados para receber a Jesus. Contudo, não ouviu voz de louvor anunciando que o tempo da vinda do Messias estava às portas. O anjo paira por algum tempo sobre a cidade escolhida e sobre o templo, onde a presença divina havia sido manifestada durante séculos, mas mesmo ali há idêntica indiferença. Os sacerdotes, em pompa e orgulho, estão oferecendo profanos sacrifícios. Os fariseus estão em altas vozes discursando ao povo, ou fazendo jactanciosas orações nas esquinas das ruas. Reis, filósofos, rabis — todos se acham inconscientes do maravilhoso fato de que o Redentor dos homens está prestes a aparecer.
Pasmo de espanto, o mensageiro celestial está prestes a retornar ao Céu com a desonrosa notícia, quando descobre alguns pastores que vigiam seus rebanhos. Mirando o céu bordado de estrelas, meditam na profecia do Messias por vir e almejam o advento do Redentor do mundo. Ali se encontra um grupo que está preparado para receber a mensagem celestial. Subitamente a glória celestial inunda a planície toda, ao aparecer uma incontável multidão de anjos; e, como se fora demasiado grande a alegria para um só mensageiro trazê-la do Céu, uma multidão de vozes irrompe em antífonas que um dia todas as nações dos salvos entoarão: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na Terra entre os homens, a quem Ele quer bem”. Lucas 2:14.
Oh, que lição encerra a maravilhosa história de Belém! Quanto ela reprova nossa incredulidade, nosso orgulho e auto-suficiência! Quanto nos adverte para que não aconteça que deixemos também de discernir os sinais dos tempos e, portanto, não conheçamos o dia de nossa visitação!
Não foi somente entre os humildes pastores que os anjos encontraram os que se achavam vigilantes pela vinda do Messias. Na terra dos gentios havia também os que por Ele esperavam — homens ricos, nobres e sábios — os filósofos do Oriente. Pelas Escrituras hebraicas, tinham aprendido acerca da Estrela que surgiria de Jacó. Com ardente desejo esperavam a vinda dAquele que seria não somente a “Consolação de Israel”, mas também a “luz para alumiar as nações” e “salvação até aos confins da Terra”. Lucas 2:25, 32; Atos dos Apóstolos 13:47. A estrela enviada pelo Céu guiou os estrangeiros gentios ao lugar do nascimento do recém-nascido Rei.
É para os que O esperam que Cristo deve aparecer “segunda vez, sem pecado”, e trazer-lhes a salvação. Hebreus 9:28. Semelhantemente às novas do nascimento do Salvador, a mensagem do segundo advento não foi confiada aos dirigentes religiosos do povo. Eles haviam recusado a luz do Céu; portanto, não pertenciam ao número daqueles descritos pelo apóstolo Paulo: “Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse dia como ladrão vos apanhe de surpresa; porquanto vós todos sois filhos da luz, e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas”. 1 Tessalonicenses 5:4, 5.
Os guardas sobre os muros de Sião deveriam ter sido os primeiros a captar as novas do advento do Salvador, os primeiros a proclamar que Ele estava próximo. Entregavam-se, porém, ao comodismo, enquanto o povo dormia em seus pecados. Jesus viu a Sua igreja, simulando a figueira estéril, coberta de folhas pretensiosas e, no entanto, destituída do precioso fruto. O espírito de verdadeira humildade, penitência e fé estavam em falta. Havia orgulho, formalismo, egoísmo e opressão. Uma igreja apóstata fechava os olhos aos sinais dos tempos. O povo apartou-se de Deus e separou-se de Seu amor. Como se recusaram a satisfazer as condições, Suas promessas não se cumpriram para eles.
Muitos dentre os professos seguidores de Cristo se recusam a receber a luz do Céu. Como os judeus de outrora, não conhecem o tempo de sua visitação. O Senhor os passa por alto e revela Sua verdade aos que, à semelhança dos pastores de Belém e dos sábios do Oriente, têm prestado atenção a toda a luz que receberam.
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