Ellen White
Quando a proteção das leis humanas for retirada dos que honram a lei de Deus, haverá, nos diferentes países, um movimento simultâneo com o fim de destruí-los. Aproximando-se o tempo indicado no decreto, o povo conspirará para desfechar numa só noite um golpe decisivo, que faça silenciar a voz de discordância e reprovação.
O povo de Deus — alguns nas celas das prisões, outros escondidos nas florestas e montanhas — suplica a proteção divina. Homens armados, instigados pelas hostes de anjos maus, estão se preparando para a obra de morte. É então, na hora de maior aperto, que Deus intervirá: “Um cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra festa santa; e alegria de coração, como a daquele que sai […] para ir ao monte do Senhor, à Rocha de Israel. O Senhor fará ouvir a Sua voz majestosa, e fará ver o golpe do Seu braço, que desce com indignação de ira, no meio de chamas devoradoras, chuvas torrenciais, tempestades e pedras de saraiva”. Isaías 30:29, 30.
Multidões de homens maus estão prestes a cair sobre a presa, quando um denso negror, mais intenso do que as trevas da noite, cai sobre a Terra. Então o arco-íris atravessa os céus, e parece cercar cada um dos grupos em oração. As multidões iradas se detêm. É esquecido o objeto de sua ira sanguinária. Contemplam o símbolo da aliança de Deus, anelando pôr-se ao amparo de seu fulgor. É ouvida pelo povo de Deus uma voz, dizendo: “Olhai para cima.” Como Estêvão, erguem os olhos e veem o Filho do homem em Seu trono. Atos dos Apóstolos 7:55, 56. Divisam os sinais de Sua humilhação, e ouvem o pedido: “A Minha vontade é que onde Eu estou, estejam também comigo os que Me deste”. João 17:24.
Ouve-se uma voz, dizendo: “Eles vêm! eles vêm! santos, inocentes e incontaminados. Guardaram a palavra da Minha paciência.” É à meia-noite que Deus manifesta o Seu poder para o livramento de Seu povo. O Sol aparece resplandecendo em sua força. Sinais e maravilhas se seguem. Os ímpios contemplam a cena com terror, ao passo que os justos veem os sinais de seu livramento. Em meio aos céus agitados, acha-se um espaço claro, de glória indescritível, de onde provém a voz de Deus como o som de muitas águas, dizendo: “Está feito”. Apocalipse 16:17.
Essa voz abala os céus e a Terra. Há um grande terremoto, “como nunca houve igual desde que há gente sobre a Terra, tal foi o terremoto, forte e grande”. Apocalipse 16:18. Impetuosas rochas são espalhadas por toda parte. O mar é açoitado com fúria. Ouve-se o sibilar do furacão, semelhante à voz dos demônios. A superfície da Terra está se quebrando. Seus próprios fundamentos parecem ceder. Os portos marítimos que, pela sua iniquidade, se tornaram como Sodoma e Gomorra, são tragados pelas águas enfurecidas. “Babilônia, a grande”, veio em lembrança diante de Deus, “para lhe dar o cálice do vinho do furor da Sua ira”. Apocalipse 16:19.
Grandes pedras de saraiva operam sua obra destruidora. Orgulhosas cidades são derribadas. Suntuosos palácios, nos quais os homens dissiparam suas riquezas com a glorificação própria, desmoronam se diante de seus olhos. As paredes das prisões se fendem, e o povo de Deus é libertado.
Abrem-se as sepulturas e “muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, outros para vergonha e horror eterno”. “Até quantos O traspassaram”, os que zombaram e escarneceram da agonia de Cristo, e os mais severos inimigos da verdade, ressuscitam para contemplá-Lo em Sua glória, e ver a honra conferida aos fiéis e obedientes. Daniel 12:2; Apocalipse 1:7.
Relâmpagos terríveis envolvem a Terra num lençol de chamas. Sobre o estrondo do trovão, vozes misteriosas e terríveis declaram a sorte dos ímpios. Os que haviam sido desafiadores e jactanciosos, cruéis para com o povo de Deus, os observadores dos mandamentos, agora estremecem de medo. Demônios tremem enquanto homens suplicam por misericórdia.
O dia do Senhor — Disse o profeta Isaías: “Naquele dia os homens lançarão às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para ante eles se prostrarem, e meter-se-ão pelas fendas das rochas, e pelas cavernas das penhas, ante o terror do Senhor, e a glória da Sua majestade, quando Ele Se levantar para espantar a Terra”. Isaías 2:20, 21.
Os que tudo sacrificaram por Cristo agora estão em segurança. Perante o mundo e em face da morte, demonstraram sua fidelidade Àquele que morreu por eles. Seu rosto, pouco antes tão pálido e descomposto, resplandece agora com admiração. Suas vozes se erguem em triunfante cântico: “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto não temeremos, ainda que a Terra se transtorne, e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem, e na sua fúria os montes se estremeçam”. Salmos 46:1-3.
Enquanto essas palavras de santa confiança se elevam a Deus, a glória da cidade celestial emana de suas portas entreabertas. Aparece então de encontro ao céu uma mão segurando duas tábuas de pedra. Aquela santa lei, proclamada no Sinai, é agora apresentada como a norma do juízo. As palavras são tão claras que todos podem lê-las. Desperta-se a memória. Varrem-se de todas as mentes as trevas da superstição e da heresia. É impossível descrever o horror e desespero dos que pisaram a lei de Deus. A fim de conseguir o favor do mundo, puseram de parte seus preceitos e ensinaram outros a transgredir. Agora são condenados por aquela lei que desprezaram. Veem que se acham sem desculpas. Os inimigos da lei de Deus têm agora nova concepção da verdade e do dever. Tarde demais, veem que o sábado do quarto mandamento é o selo do Deus vivo. Demasiado tarde, veem o fundamento arenoso sobre o qual estiveram a construir. Veem que tinham estado a combater contra Deus. Ensinadores religiosos conduziram pessoas à perdição ao mesmo tempo que professavam guiá-las às portas do paraíso. Quão grande é a responsabilidade dos homens no ofício sagrado, quão terríveis os resultados de sua infidelidade!
Aparece o Rei dos reis — A voz de Deus é ouvida nos Céus, declarando o dia e a hora da vinda de Jesus. O Israel de Deus fica a ouvir, tendo o semblante iluminado com a Sua glória. Surge logo no Oriente uma pequena nuvem negra. É a nuvem que rodeia o Salvador. Em solene silêncio o povo de Deus fita-a enquanto se aproxima, até ela se tornar uma grande nuvem branca, mostrando na base uma glória semelhante ao fogo consumidor, encimada pelo arco-íris do concerto. Agora não mais como “Homem de dores”, Jesus aparece como poderoso vencedor. Santos anjos, em vasta e inumerável multidão, acompanham-nO, “dez milhares vezes dez milhares, e milhões de milhões”. Todos os olhos contemplam o Príncipe da vida. Um diadema de glória repousa sobre a santa fronte.
O semblante divino irradia o fulgor deslumbrante ao Sol do meio-dia. “Tem no Seu manto, e na Sua coxa, um nome inscrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores”. Apocalipse 19:16. O Rei dos reis desce sobre a nuvem, envolto em fogo chamejante.
A Terra treme diante dEle: “Vem o nosso Deus, e não guarda silêncio; perante Ele arde um fogo devorador, ao Seu redor esbraveja grande tormenta. Intima os céus lá em cima, e a Terra para julgar o Seu povo”. Salmos 50:3, 4.
“Os reis da Terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos, e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face dAquele que Se assenta no trono, e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira dEles; e quem é que pode suster-se?” Apocalipse 6:15-17.
Cessaram os gracejos escarnecedores, cerraram-se os lábios mentirosos. Nada se ouve senão a voz de orações e o som de choro. Os ímpios suplicam para que sejam sepultados sob as rochas das montanhas, em vez de ver o rosto dAquele que desprezaram. Eles conhecem aquela voz que penetra no ouvido dos mortos. Quantas vezes seus ternos acentos os chamaram ao arrependimento! Quantas vezes foi ouvida nos rogos tocantes de um amigo, um irmão, um Redentor! Aquela voz desperta memórias de advertências desprezadas, de convites recusados.
Ali estão os que zombaram de Cristo em Sua humilhação. Ele declarou: “Vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo poderoso e vindo sobre as nuvens do Céu”. Mateus 26:64. Agora O contemplam em Sua glória, e ainda devem vê-Lo assentado à direita do poder. Ali está o altivo Herodes, que zombou de Seu título real. Ali estão os homens que com mãos ímpias Lhe colocaram sobre a fronte a coroa de espinhos e na mão um simulacro de cetro — aqueles que se prostraram diante dEle em zombaria blasfema, que cuspiram no Príncipe da vida. Procuram fugir de Sua presença. Aqueles que introduziram os cravos em Suas mãos e pés, contemplam esses sinais com terror e remorso. Com terrível precisão, sacerdotes e príncipes recordam-se dos acontecimentos do Calvário, quando, meneando a cabeça em satânica alegria, exclamaram: “Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se”. Mateus 27:42. Mais alto que o grito — “Crucifica-O! Crucifica-O!”— que ecoou por Jerusalém, eleva-se o pranto desesperado: “Ele é o Filho de Deus!” Procuram fugir da presença do Rei dos reis.
Na vida de todos quanto rejeitam a verdade, há momentos em que a consciência desperta, em que a mente é oprimida por vãos pesares. Mas o que é isto ao ser comparado com o remorso daquele dia! No meio de seu terror, ouvem as vozes dos santos, exclamando: “Eis que este é o nosso Deus, em quem esperávamos, e Ele nos salvará”. Isaías 25:9.
A voz do Filho de Deus chama os santos que dormem. Por toda a Terra os mortos ouvirão aquela voz, e os que a ouvirem viverão — um grande exército de toda nação, tribo, língua e povo. Do cárcere da morte eles vêm, vestidos de glória imortal, clamando: “Onde está, ó morte, a tua vitória? onde está, ó morte, o teu aguilhão?” 1 Coríntios 15:55.
Todos saem do túmulo com a mesma estatura que tinham quando ali entraram. Todos, porém, surgem com a saúde e vigor da eterna juventude. Cristo veio para restaurar aquilo que se havia perdido. Ele mudará nosso corpo vil e o modelará conforme Seu corpo glorioso.
A forma mortal e corruptível, uma vez poluída pelo pecado, torna-se perfeita, bela e imortal. Defeitos e deformidades são deixados no túmulo. Os redimidos “sairão e saltarão” (Malaquias 4:2), crescendo até a estatura completa da raça em sua glória primitiva, sendo removidos os últimos traços da maldição do pecado. Os fiéis de Cristo refletirão no espírito, alma e corpo a imagem perfeita de seu Senhor.
À voz de Deus tornam-se imortais, e com os santos ressurretos são arrebatados para encontrar seu Senhor nos ares. Os anjos “reunirão os Seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos Céus”. Mateus 24:31. Criancinhas são levadas aos braços de suas mães. Amigos há muito separados pela morte reúnem-se, para nunca mais se separarem, e com cânticos de alegria ascendem juntos para a cidade de Deus.
Na santa cidade—Por toda a hoste inumerável dos resgatados, todos os olhares fixam-se em Jesus. Todos os olhos contemplam a glória dAquele cujo “aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a Sua aparência do que a dos outros filhos dos homens”. Isaías 52:14. Sobre a cabeça dos vencedores Jesus coloca a coroa de glória. Para cada um há uma coroa que traz o seu próprio “novo nome” (Apocalipse 2:17) e a inscrição: “Santidade ao Senhor.” Em cada mão são colocadas a palma do vencedor e a harpa resplandecente. Então, quando os anjos dirigentes começam a tocar, todas as mãos deslizam com maestria sobre as cordas, produzindo suave música em ricos e melodiosos tons. Todas as vozes se erguem em grato louvor: “Àquele que nos ama, e pelo Seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o Seu Deus e Pai, a Ele a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos”. Apocalipse 1:5, 6.
Diante da multidão de resgatados está a santa cidade. Jesus abre as portas, e as nações que observaram a verdade entram por ela. Ouve-se então a Sua voz: “Vinde, benditos de Meu Pai! possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. Mateus 25:34. Cristo apresenta ao Pai a aquisição de Seu sangue, declarando: “Eis aqui estou Eu, e os filhos que Deus Me deu.” “Guardava-os no Teu nome que Me deste, e os protegi”. Hebreus 2:13; João 17:12. Oh, quão extasiante será aquela hora em que o infinito Pai, olhando para os resgatados, contemplará Sua imagem, banida a discórdia do pecado, removida a sua maldição, e o humano novamente em harmonia com o divino!
O gozo do Salvador consiste em ver, no reino da glória, as pessoas que foram salvas por Sua agonia e humilhação. Os remidos serão participantes de Sua alegria; contemplam os que foram ganhos por intermédio de suas orações, labores e amorável sacrifício. Júbilo lhes encherá o coração ao verem que um ganhou a outros, e estes ainda outros. O encontro dos dois Adões — Quando os resgatados são recebidos na cidade de Deus, um exultante clamor ecoa nos ares. Os dois Adões estão prestes a encontrar-se. O Filho de Deus recebe o pai de nossa raça — o ser que Ele criou, que pecou, e por cujos pecados os sinais da crucifixão aparecem no corpo do Salvador. Quando Adão percebe os sinais dos cravos, lança-se em humilhação a Seus pés, o Salvador o levanta, convidando-o a contemplar de novo o lar edênico do qual fora exilado havia tanto.
A vida de Adão fora cheia de tristeza. Cada folha a murchar, cada vítima do sacrifício, cada mácula na pureza do homem era uma lembrança de seu pecado. Foi terrível a agonia do remorso ao deparar com a vergonha que ele trouxe a si mesmo por causa do pecado. Arrependeu-se sinceramente de seu pecado, e morreu na esperança da ressurreição. Agora, pela obra da expiação, Adão é reintegrado. Arrebatado pela alegria, contempla as árvores que já foram o seu deleite — cujos frutos ele próprio colhera nos dias de sua inocência. Vê as videiras que sua própria mão tratou, as flores de que cuidou com tanto prazer. Isso é, efetivamente, o Éden restaurado!
O Salvador leva-o à árvore da vida e manda-o comer. Ele contempla uma multidão de sua família resgatada. Lança então sua coroa aos pés de Jesus e abraça o Redentor. Dedilha a harpa, e pelas abóbadas do céu ecoa o cântico triunfante: “Digno é o Cordeiro, que foi morto”. Apocalipse 5:12. A família de Adão lança suas coroas aos pés do Salvador, inclinando-se perante Ele em adoração. Anjos choraram quando da queda de Adão e rejubilaram ao Jesus abrir a sepultura de todos os que creram em Seu nome. Contemplam agora a obra da redenção e unem suas vozes em louvor. Sobre o “mar de vidro, mesclado de fogo”, acha-se reunida a multidão dos “vencedores da besta, da sua imagem, e do número do seu nome”. Os cento e quarenta e quatro mil que foram remidos entre os homens estão cantando um “cântico novo”, o “cântico de Moisés e do Cordeiro”. Apocalipse 15:2, 3. Ninguém, a não ser os cento e quarenta e quatro mil, podem aprender aquele cântico, pois é o cântico de sua experiência — e jamais alguém mais teve experiência semelhante. “São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá.” Estes, tendo sido trasladados de entre os vivos, são “primícias para Deus e para o Cordeiro”. Apocalipse 14:4,5. Passaram pelo tempo de angústia qual nunca houve desde que houve nação; suportaram a aflição do tempo de angústia de Jacó; permaneceram sem intercessor durante o derramamento final dos juízos de Deus. Eles “lavaram suas vestiduras, e as alvejaram no sangue do Cordeiro”. “Não se achou mentira na sua boca; não têm mácula” diante de Deus. “Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que Se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima”. Apocalipse 7:14; 14:5; 7:16, 17.
Os redimidos na glória — Em todos os tempos os escolhidos do Salvador andaram por veredas estreitas. Foram purificados na fornalha da aflição. Por amor de Jesus suportaram ódio, calúnia, negação própria e amargo desapontamento. Compreenderam a malignidade do pecado, seu poder, sua culpa, suas desgraças; olham para ele com aversão. Uma intuição do sacrifício infinito feito para reabilitá-los humilha-os e lhes enche o coração de gratidão. Amam muito, porque foram muito perdoados. Lucas 7:47. Participaram dos sofrimentos de Cristo, estão aptos para ser co-participantes de Sua glória.
Os herdeiros de Deus vieram das choças, dos calabouços, dos cadafalsos, das montanhas, dos desertos, das cavernas. Eram eles “desamparados, aflitos e maltratados”. Milhões desceram ao túmulo carregados de infâmia, porque recusaram render-se a Satanás. Mas agora não são mais aflitos, dispersos e opressos. Acham-se agora com vestes mais ricas do que já usaram os mais honrados da Terra, e coroados com diademas mais gloriosos do que os que já foram colocados nas frontes de monarcas terrestres. O Rei da glória enxugou as lágrimas de todos os rostos. Emitem um cântico de louvor, claro, doce e harmonioso. A harmonia reboa pelas abóbadas do céu: “Ao nosso Deus que Se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação.” E todos respondem: “Amém. O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graça, e a honra, e o poder, e a força, sejam ao nosso Deus pelos séculos dos séculos”. Apocalipse 7:10, 12. Nesta vida podemos apenas começar a compreender o maravilhoso tema da redenção. Com nossa compreensão finita podemos considerar muito encarecidamente a ignomínia e a glória, a vida e a morte, a justiça e a misericórdia, que se encontram na cruz; todavia, com o máximo esforço de nossa faculdade mental, deixamos de apreender seu completo significado. O comprimento e a largura, a profundidade e a altura do amor que redime são apenas palidamente compreendidos. O plano da redenção não será completamente reconhecido, mesmo quando os resgatados virem como são vistos, e conhecerem como são conhecidos; antes, através das eras eternas, novas verdades se desdobrarão de contínuo à mente cheia de admiração e deleite. Ainda que os pesares, dores e tentações da Terra tenham terminado, e removidas suas causas, o povo de Deus terá sempre um conhecimento distinto, inteligente, do que a sua salvação custou.
A cruz será o cântico dos remidos por toda a eternidade. Em Cristo glorificado eles contemplarão a Cristo crucificado. Jamais se esquecerá que a Majestade do Céu Se humilhou para levantar o homem decaído, que Ele suportou a culpa e a ignomínia do pecado e a ocultação da face de Seu Pai, até que as misérias de um mundo perdido Lhe quebrantaram o coração e Lhe aniquilaram a vida. O Criador de todos os mundos deixou de lado Sua glória por amor ao homem—e isto despertará eternamente a admiração do Universo.
Quando as nações dos salvos olham para o Seu Redentor e entendem que Seu reino não terá fim, irrompem num hino arrebatador: “Digno, digno é o Cordeiro que foi morto, e nos remiu para Deus com Seu mui precioso sangue!”
O mistério da cruz explica todos os outros mistérios. Ver-se-á que Aquele que é infinito em sabedoria não poderia idear plano algum para nos redimir, a não ser o sacrifício de Seu Filho. A compensação
desse sacrifício é a alegria de povoar a Terra com seres resgatados, santos, felizes e imortais. O valor de cada pessoa é tão grande que o Pai está satisfeito com o preço pago. E o próprio Cristo, contemplando os frutos de Seu grande sacrifício, também exulta.
Para ler outros capítulos do Livro o Grande Conflito clique aqui