Autoria, Contextualização e Esboço da Epístola aos Efésios

Autor: Paulo se identifica como o autor de Efésios. É provável que Paulo estivesse preso em Roma quando escreveu aos Efésios. Esta e outras cartas que ele redigiu enquanto se encontrava na prisão (Filipenses, Colossenses e Filemon) são conhecidas como ‘epístolas do cárcere’.

Público-alvo: Paulo parece não conhecer pessoalmente os destinatários, muito embora tenha ministrado durante 3 anos em Éfeso. Parece que havia a intenção de que a epístola circulasse em meio às congregações cristãs em Éfeso e na região ao redor. Muitos membros dessas igrejas nos lares teriam se tornado cristãos depois do ministério de Paulo nesta cidade.

Data e local de escrita: “A data e o local de escrita devem ser analisadas à luz da relação literária entre as cartas aos Efésios e aos Colossenses. Parecem que foram escritas seguindo na mesma estrutura, abordando temas idênticos sob uma perspectiva diferente.” (Bíblia Andrews)

“Paulo escreveu a Carta aos Efésios no fim de sua vida, por volta de 62 d.C., enquanto estava preso em Roma (veja Efésios 3:1; 4:1; 6:20). Ele seria martirizado nessa cidade dois ou três anos depois. Na mesma prisão, ele escreveu Filipenses, Colossenses e Filemom. Portanto, Efésios foi um dos últimos escritos do apóstolo e resume vários dos temas importantes que ele apresentou em outras cartas.” (Matheus Cardoso)

Mensagem de Efésios:

“Ao longo de quase dois mil anos, a Carta de Paulo aos Efésios tem sido um dos livros da Bíblia mais amados e estudados pelos cristãos. Ela tem inspirado reformadores, tocado o coração de autores de hinos, desafiado a mente de estudiosos e transformado a vida de milhões de pessoas. A Carta aos Efésios é pequena em tamanho (costuma ocupar cinco ou seis páginas de uma Bíblia), mas é gigantesca em conteúdo e poder. Autores cristãos descrevem esse livro usando palavras que dificilmente poderiam ser mais expressivas:

  • “A coroa dos escritos de Paulo” (J. Armitage Robinson).
  • “A rainha das epístolas” (William Barclay).
  • “A pedra de cobertura da estrutura maciça dos ensinamentos de Paulo” (F. F. Bruce).
  • “A coroa dos ensinos de Paulo” (Charles Dodd).
  • “O maior e o mais amadurecido de todos os escritos de Paulo” (John Mackay).
  • “O verdadeiro núcleo e a essência do Novo Testamento” (Martinho Lutero).
  • “Nenhuma parte do Novo Testamento possui maior relevância para os dias atuais do que a Carta aos Efésios” (Ralph Martin).
  • “Entre os escritos de Paulo, somente Romanos pode se igualar a Efésios como candidato ao livro que exerceu a maior influência sobre o pensamento e a espiritualidade dos cristãos” (Raymond Brown).
  • “Se a Carta aos Romanos é a expressão mais pura do evangelho, a Carta aos Efésios é a expressão mais sublime e majestosa dele” (Martyn Lloyd-Jones).
  • “Uma das composições mais divinas da raça humana” (Samuel Coleridge).
  • “Um dos livros que exerceram maior influência sobre a igreja cristã” (Harold Hoehner).
  • “Um dos livros mais importantes já escritos” (Peter O’Brien).

O que há de tão especial em Efésios? Claro que só teremos uma resposta mais completa depois de estudarmos essa carta extraordinária ao longo deste trimestre, mas podemos ter um vislumbre ao compreendermos por que esse livro foi escrito e quais são seus temas centrais.” (Matheus Cardoso)

“Comparada às 13 epístolas escritas por Paulo, embora a maioria trate de circunstâncias e crises em congregações específicas, não parece haver qualquer crise em vista e a carta não menciona nenhum detalhe da situação local.

A fim de apreciar a carta, é preciso participar do espírito de adoração exuberante e cheio de alegria que ela exibe do capítulo 1:1 ao capítulo 3:21 Paulo celebra o que Deus fez e faz pelos cristãos por intermédio de Seu Filho, Jesus Cristo:

1- Deus age por meio de Jesus Cristo para adotar os crentes como filhos e planejar um futuro brilhante para eles [1:3-14]

2- A história de Jesus – sua morte, ressurreição, ascensão, coroação e seu Senhorio- não é algo distante, desprovido de significado. Em vez disso, os cristãos participam desses eventos e vivem como parte da própria história de Cristo. [1:15 – 2:10; 3:14-21]

3- Deus agiu em Cristo a fim de criar uma nova realidade, a igreja, composta por judeus e também gentios, os quais têm o mesmo direito de fazer parte da família de Deus [2:11-3:13]

Paulo aplica os desdobramentos dessas convicções centrais da epístola aos Efésios à comunidade cristã na segunda metade da carta [:1- 6:24]. Considerando tudo que Deus fez para nos redimir e criar a igreja, como devemos nos comportar uns com os outros? O que significa ser igreja? Devemos trabalhar para manter a união da igreja que o Senhor Jesus estabeleceu [4: 1-16]. Precisamos viver a vida que Ele planejou para os membros dessa nova comunidade evitando comportamentos que levem à divisão [4:17-5:20]. Devemos permitir que o compromisso com Cristo como Senhor influencie nossos relacionamentos familiares [5:21- 6:9]. Por fim, precisamos reconhecer que a vida como parte da nove comunidade de Deus, a igreja, requer um compromisso de nossa parte, à medida que participamos da grande e longa batalha entre Cristo e Satanás, na qual como vitoriosos pela graça e poder de Deus [6:10-20].

Ao longo da carta, Paulo mantém o interesse pela maravilhosa obra divina ao criar a igreja. Demonstramos as vezes, a tendência de desconsiderar ou minimizar a igreja, sentindo-nos especialmente religiosos por ignorar a igreja e nos concentrar ‘só em Jesus’. Em Efésios, Paulo não permite esse distanciamento entre Cristo e a Igreja, a qual ele vê como num tesouro comprado pelo sangue de Cristo. [2:13-18]. O apóstolo expressa seu interesse apaixonado pela igreja ao criar várias imagens e metáforas que auxiliam o leitor a compreender essa nova criação de Deus:

– a igreja é o corpo de Cristo [1:22-23; 4:1-16; 5:29-30]

– a igreja é um santuário sagrado [2:19-22]

– a igreja é a noiva/esposa de Cristo [5:25-27]

– a igreja é um exército vitorioso [6:10-20]

Propósito e tema central: “Os primeiros leitores de Paulo, que moravam em Éfeso e região, já eram cristãos, mas com o aprisionamento do apóstolo e vivendo no meio de uma cultura pagã, provavelmente estavam sendo tentados a desanimar da fé. Paulo buscou reacender a devoção deles a Cristo e lembrar-lhes da identidade que tinham – como indivíduos e como igreja – dentro do grandioso plano de Deus de “reunir sob a autoridade de Cristo tudo que existe nos céus e na terra” (Efésios 1:10, NVT). (Matheus Cardoso)

Enquanto aguardamos a volta de Cristo, estamos tentando viver a vida cristã em carreira solo, algo que não está nos planos divinos? Valorizamos o privilégio de fazer parte da igreja?

Mensagem central da Carta aos Efésios: Nesse livro, Paulo explicou que Cristo é o verdadeiro Soberano de toda a criação, e Ele está restaurando a harmonia do Universo, que foi desintegrada pelo pecado. Os estudiosos cristãos costumam chamar esse conceito de reconciliação cósmica em Cristo, isto é a reconciliação de todo o Universo que está sendo executada pelo Filho de Deus. Esse plano começou a ser concretizado por meio da vida, morte e ressurreição de Cristo, que é o fundamento de tudo o que Deus faria depois disso. Na consumação dos tempos, com o fim do pecado e dos pecadores, Deus reunirá e unificará sob o senhorio de Cristo tudo o que existe no céu e na Terra. A Carta aos Efésios está claramente dividida em duas grandes partes:

  1. Seção doutrinária: o que Deus fez e está fazendo por meio de Cristo (capítulos 1 a 3).
  2. Seção prática: como o povo de Deus deve viver à luz dessa realidade (capítulos 4 a 6).

Esboço:

“A Bíblia de Estudo Thomas Nelson apresenta um ótimo esboço da Carta aos Efésios, destacando o tema central do livro, que é a reconciliação cósmica em Cristo (Bíblia de Estudo Thomas Nelson [Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2023], p. 2274, 2275):

  1. Abertura da carta (1:1, 2)
  2. O chamado da igreja no contexto da reconciliação cósmica em Cristo (1:3–3:21)
  3. Louvor pelas bênçãos espirituais em Cristo (1:3-14)
  4. Ação de graças e oração (1:15-23)
  5. A nova vida em Cristo (2:1-10)
  6. Judeus e gentios reconciliados por meio de Cristo (2:11-22)
  7. O plano maravilhoso de Deus para os gentios (3:1-13)
  8. Uma oração pelos efésios (3:14-21)

III. A conduta da igreja no contexto da reconciliação cósmica em Cristo (4:1–6:20)

  1. Unidade e maturidade no corpo de Cristo (4:1-16)
  2. Instruções para o viver cristão (4:17–5:20)
  3. Instruções para os lares cristãos (5:21–6:9)
  4. A armadura de Deus (6:10-20)
  5. Saudações finais (6:21-24)

O autor Mark Roberts escreveu: “A história de Efésios é verdadeiramente a história de Deus, um drama no qual Ele é o Protagonista e todo o Universo é o Seu palco. Deus é também o Autor principal dessa história, embora ela chegue até nós em palavras humanas. Essa história começa antes da criação e tem o desfecho na eternidade futura. A história de Deus alcança vidas individuais, sem dúvida, mas envolve muito mais do que a transformação pessoal.“

De acordo com Efésios, Deus está reunindo um povo para Si mesmo e para os Seus propósitos. Ele está construindo a igreja como o corpo de Cristo e o templo de Seu Espírito. E, por meio dessa igreja, isto é, por intermédio de nós como comunidade, Deus está agindo, fazendo muito mais do que poderíamos sequer imaginar, de maneira que todo o cosmos possa ver a glória de Seu plano cheio de graça. Segundo esse plano, Deus está unindo, em Cristo, todas as coisas no céu e na Terra, restaurando e renovando toda a criação. […]“

A história de Deus apresentada em Efésios transformará a sua vida se você permitir. Ela irá surpreendê-lo, encorajá-lo, desafiá-lo, confortá-lo, instruí-lo, admoestá-lo e inspirá-lo. Ela abrirá os seus olhos para enxergar Deus, sua própria vida, a igreja e, de fato, todo o Universo de uma nova maneira” (Mark D. Roberts, Ephesians, Story of God Bible Commentary [Grand Rapids, MI: Zondervan, 2016], p. 1, grifo no original).

Igreja Primitiva: Apostólica – 31 a 100dC

“Um dos valores fundamentais da história da Igreja está na correlação que ela faz entre os dados fatuais do passado do Evangelho, e a proclamação e aplicação. A história da Igreja mostra o Espírito de Deus em ação através da igreja durante os séculos de sua existência. A teologia exegética está intimamente ligada à teologia prática na medida em que o estudante percebe o impacto da teologia sistemática sobre o pensamento e a ação humana no passado.

A História da Igreja é também valiosa como explicação do presente. Podemos compreender melhor o presente se conhecemos as suas raízes no passado. […]

Os problemas contemporâneos da Igreja são geralmente iluminados pelo estudo do passado, pois existem padrões e paralelos na história. […]

A reparação dos males existentes na Igreja ou o evitar dos erros e dos costumes equívocos é outro valor do estudo o passado da Igreja. O presente é certamente o produto do passado e a semente do futuro. […] A ignorância da Bíblia e da história da Igreja é a razão principal porque muitos se enveredam por falsas teologias e por práticas erradas.

[…] O primeiro período da História da Igreja, revela a evolução da Igreja Apostólica para a Antiga Igreja Católica imperial, e o início do sistema Católico Romano. […] O crescimento gradual do cristianismo dentro dos quadros do judaísmo e a ruptura desses quadros no Concílio de Jerusalém antecedem a pregação do Evangelho aos gentios por Paulo e os outros, […].” (O Valor da História da Igreja – Earle E. Cairns – O Cristianismo Através dos Séculos Uma História da Igreja Cristã, Editora Vida Nova)

. A Palestina, onde o cristianismo deu seus primeiros passos, ocupava uma posição geográfica privilegiada, pois abrangia uma área que era cortada pelas grandes rotas comerciais que uniam o Egito à Mesopotâmia, e a Arábia com a Ásia Menor.

• Os cristãos eram, inicialmente, firmes na fé e no testemunho cristão, puros em seu caráter cristão, e abundantes no amor. Faltava-lhes, entretanto, a visão e o zelo missionário. Foi necessário o surgimento de severa perseguição, para que eles decidissem a ir a outras regiões, como missionários itinerantes (Atos 8.4).

• Na perseguição iniciada com a morte de Estevão, a Igreja dispersou-se por toda a terra. Alguns chegaram até Damasco e outros até Antioquia e dali para todas as partes do Império, dando início ao cumprimento da Grande Comissão que Cristo havia dado aos seus discípulos (Marcos 16.15).

• Foi a partir dessas perseguições que os cristãos, fugindo de seus perseguidores, passaram a pregar o Evangelho fora de Jerusalém e testemunhando das maravilhas que Jesus operava (Atos 8.5-8).

• Essas perseguições se intensificaram sobre a Igreja, principalmente no último período do século I (60-100), conhecido como “Era Sombria”; além das heresias gnósticas que estavam sendo, astutamente, infiltradas na Igreja para combater a sã doutrina dos apóstolos (2 Timóteo 4.3; Tito 1.9 e 2.1).

• As perseguições a Igreja são reveladas na Bíblia em diversas passagens: Os apóstolos foram presos várias vezes (Atos 4 e 5.17-42); Estevão, torna-se o primeiro mártir (Atos 7); Os cristãos fogem de Jerusalém (Atos 8.1-8); além da morte de Tiago e a da prisão de Pedro (Atos 12. 1-17).

Perseguições Romanas:

. A primeira grande perseguição ocorreu durante o reinado de Nero (54-68), principalmente pela recusa dos cristãos em promoverem culto em honra ao imperador romano, que se autoproclamava um “deus humano”.

• Os cristãos eram perseguidos também por divulgarem a existência e por prestarem culto a um outro Rei: o Senhor Jesus, visto com desconfiança por Roma como um concorrente divino (anunciando o Reino de Deus entre os homens) e como possíveis conspiradores para derrubar César e estabelecerem um reino cristão ao invés do império romano (João 18.33-38 e 19.13-22).

• O rei Herodes também, pelo mesmo motivo (o medo da concorrência de um outro rei), já havia anteriormente procurado matar Jesus, após receber a visita dos magos em Jerusalém (Mateus 2.1-3, 7-8, 13-18).

• Assim sendo, as perseguições que inicialmente surgiram por motivos religiosos, tornaram-se com o passar do tempo e do crescimento do cristianismo, a terem conotação política, por medo de Roma de que os cristãos viessem a depor o imperador e a instaurar um novo reinado, pois os cristãos diziam que o seu Rei estava vivo e que o seu Reino seria implantado nesse mundo, pelos seus seguidores (a Igreja).

• Outra grande perseguição contra os cristãos ocorreu sob o governo de Domiciano (81-96). Neste período o apóstolo João é preso em Patmos, recebe do Senhor Jesus, e escreve o livro do Apocalipse. Após a morte de Domiciano, João é solto, volta para Éfeso e escreve o Evangelho e as três Epístolas.

A Igreja de Éfeso nas Profecias

Apocalipse 2:1-7

Éfeso ( 2: 1-7): Esta igreja é ameaçada por falsos mestres e perdeu o seu primeiro amor. Jesus vem a esta igreja como aquele que “segura as sete estrelas na sua mão direita, que anda no meio dos sete candelabros de ouro” (2: 1). Ele tem controle total sobre a igreja que está em perigo de perder o seu lugar como escora (2: 5).” Ranko Stefanovic

Paulo foi a Efeso a primeira vez ( 52 AD) com Aquila e Priscila e deve ter sido o primeiro a pregar o evangelho ali. O casal continuou pregando em Éfeso. Atos 18:18, 24 a 26 c) Interessante é notar que mesmo com toda a pregação, havia entre os crentes um certo desconhecimento de aspectos do evangelho e do Espirito Santo ( Atos 19:1 a 3) Por isto em sua epistola Paulo ensina sobre o Espirito Santo e os dons ( Efésios 4).

Éfeso e os efésios no livro de Atos

Podemos entender a Epístola de Paulo aos Efésios com muito mais facilidade se examinarmos o contexto do livro de Atos. Vários aspectos narrativos de Atos dos Apóstolos são especialmente relevantes para o nascimento da igreja de Éfeso:

  • Acompanhado por Áquila e Priscila (At 18:18), Paulo parece ter sido o primeiro a pregar brevemente o evangelho de Jesus Cristo em Éfeso, onde contatou primeiramente os judeus (At 18:19). Ao contrário dos judeus em Corinto, que rejeitaram e perseguiram Paulo (At 18:6, 12, 13), os judeus em Éfeso inicialmente pareciam mais abertos ao evangelho (At 18:20). Foi só mais tarde que alguns judeus em Éfeso se tornaram obstinados e rejeitaram a mensagem de Paulo (At 19:8, 9). No entanto, esses judeus não apelaram às autoridades para expulsar Paulo da cidade.
  • Após a primeira partida de Paulo de Éfeso, Priscila e Áquila continuaram a obra do evangelho ali, sendo acompanhados depois por Apolo de Alexandria (At 18:24-26). Seu trabalho resultou em uma comunidade embrionária de cristãos (At 19:1).
  • Apolo, Priscila e Áquila pareciam ser bem versados no ensino cristão. No entanto, os efésios receberam instruções por um período limitado antes de Apolo partir para Corinto. Possivelmente por essa razão, os discípulos de Éfeso tinham uma compreensão limitada do evangelho e do que era o cristianismo. Os discípulos ali nem sabiam sobre o Espírito Santo (At 19:2, 3). Por isso, quando Paulo retornou a Éfeso, decidiu passar mais tempo lá e dar o fundamento teológico sólido necessário para a igreja tanto na cidade quanto em toda a região da Ásia Menor (At 19:10).
  • É importante notar que uma das maneiras mais evidentes de Paulo provar a veracidade e qualidade do cristianismo foi perguntar aos membros da igreja se eles haviam recebido o Espírito Santo (At 19:2) e se eles entendiam corretamente quem Jesus era, quem era Deus e como as pessoas são salvas por meio do batismo no nome de Jesus Cristo (At 19:2-5). Por essa razão, quando Paulo escreveu aos efésios muitos anos depois, voltou a esses assuntos cruciais e insistiu neles (veja, por exemplo, Efésios 4). Esses temas foram determinantes para a identidade e a vida cristã, tanto em nível individual quanto dos grupos (família e igreja). Não há igreja cristã sem Jesus Cristo, o Espírito Santo e o Pai.
  • Quando o Espírito Santo desceu sobre os discípulos em Éfeso, eles se tornaram a igreja de Jesus Cristo, guiados pelo Espírito Santo em sua missão. O Espírito Santo imediatamente os qualificou para o ministério e para a missão, concedendo-lhes o dom de línguas e outros dons espirituais. Dessa forma, quando Paulo escreveu a Epístola aos Efésios, insistiu na importância dos dons espirituais para a vida e a missão da igreja.

Queima de livros

Intelectuais contemporâneos, como Rebecca Knuth, ex-presidente do programa de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Universidade do Havaí, em seu livro Burning Books and Leveling Libraries: Extremist Violence and Cultural Destruction [Queimando Livros e Derrubando Bibliotecas: Violência extremista e destruição cultural] (Westport, CT: Praeger, 2006], concluem que a queima de livros constitui a destruição do patrimônio cultural humano. Em seu livro Burning the Books: A History of the Deliberate Destruction of Knowledge [Queimando os Livros: Uma história da destruição deliberada do conhecimento] (Cambridge, MA: The Belknap Press/Harvard University Press, 2020], Richard Ovenden, diretor das Bibliotecas Bodleianas da Universidade de Oxford, argumenta que a humanidade deve rejeitar a queima de livros e preservar o conhecimento e a cultura humana.

A queima de livros, principalmente judaicos, pelos nazistas em 1933, ou a destruição de livros de tendência capitalista ocidental pelos Guardas Vermelhos de Mao Tsé-Tung, em 1966, são usadas como exemplos clássicos de queima de livros com o propósito político de controlar o acesso da população à informação e impor uma nova cultura, ideologia, interpretação histórica e visão de mundo. A história dos insurgentes que queimaram milhares de manuscritos africanos antigos em Timbuktu, em 2013, é usada como exemplo de indiscriminada queima de livros por motivos religiosos extremistas. Durante esse tempo, alguns pastores cristãos de diferentes denominações foram condenados como fanáticos ou intolerantes quando realizavam cerimônias de queima de livros, apelando para que os livros de bruxaria fossem destruídos.

Como podemos entender a queima de livros descrita em Atos 19:19? Vários pontos devem ser observados:

1. Essa queima de livros foi um ato voluntário daqueles que se converteram do paganismo e da magia ao cristianismo. Eles não destruíram as bibliotecas e as propriedades de outras pessoas, mas queimaram seus próprios livros de feitiçaria, livros que eles haviam usado na prática de suas religiões pagãs. Por esse ato voluntário, eles proclamaram publicamente que, uma vez que receberam o chamado de Jesus Cristo para se unirem ao Seu reino, eles estavam se afastando de seu passado pecaminoso. Eles não queriam ter mais nada a ver com Satanás e suas atividades demoníacas. Duzentos e cinquenta anos depois, o imperador Diocleciano ordenou que todos os cristãos trouxessem seus livros sagrados para ser queimados se quisessem evitar que eles mesmos fossem queimados. Alguns cristãos obedeceram e entregaram suas Escrituras às autoridades romanas para ser queimadas; esses cristãos eram chamados de traditores, ou “aqueles que entregavam” seus livros. Outros cristãos, no entanto, preferiram ser queimados a trair ou renunciar a Palavra de Deus. Assim, enquanto a queima de livros em Atos 19 foi uma proclamação voluntária e alegre de libertação das armadilhas do pecado e de Satanás, a queima de livros de Diocleciano foi uma perseguição política e ideológica violenta e opressiva ao cristianismo, com o propósito de aniquilar o povo de Deus e impor a religião pagã.

2. Deus chama Seu povo para recusar e rejeitar categoricamente qualquer vestígio de idolatria e feitiçaria em suas casas e propriedades (veja Gn 35:2-4).

3. Entretanto, embora Israel entrasse em outros países e destruísse os ídolos e queimasse a parafernália de feitiçaria, esse não era seu objetivo principal. A missão de Israel era proclamar que a idolatria é destrutiva e leva à morte (Sl 135:15-18; Is 44:9-20; Is 45:20; Jr 2:11-13; Jr 16:19, 20; Jn 2:8; Gl 5:19-21; Ap 9:20, 21), bem como viver sem idolatria e feitiçaria, como exemplo de uma nação livre do poder de Satanás e da morte.

4. Isso não significa que Deus tira a alegria da arte e da escrita. Pelo contrário, Deus desfruta da criatividade e cultura humanas expressas nos livros. Entretanto, esses livros e essa arte devem expressar a experiência de uma vida humana liberta do pecado e de Satanás. Caso contrário, estamos de volta ao poder controlador do inimigo.

Reflexão

  1. Salvação, missão e educação. O livro de Atos associa a origem da igreja em Éfeso à educação, que é descrita como “argumentação” e “persuasão”. A princípio, Paulo argumentou com os judeus, falou-lhes e os persuadiu em suas sinagogas, que não eram apenas locais de culto, mas também espaços públicos de ensino (At 18:19, At 19:8). Posteriormente, o apóstolo se mudou para uma escola local, a escola de Tirano, e continuou a “arrazoar”, ou “ensinar”, tanto aos judeus quanto aos gregos o caminho da salvação (At 19:9, 10).
  2. A Epístola de Paulo aos Efésios apresenta um maravilhoso equilíbrio entre razão, emoções, sentimentos, reflexões teológicas e vida prática.
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A narrativa do exorcismo termina com os efésios escolhendo Deus, não a magia, nem o dinheiro, ao observarem uma coleção caríssima de livros de magia ser queimada. Interesses econômicos e pagãos entraram em confronto com o Evangelho. A verdade revelou-se uma ameaça aos comerciantes da idolatria em Éfeso.

Era o período da igreja apostólica com os seus desafios. Período do Cavalo Branco, do 1° Selo. Período em que a doutrina cristã era pura, sem heresias.

Período de apresentação da Verdade. O período do Cavalo Branco de Apocalipse é esse período de proclamação do evangelho que teve início com o Pentecostes. Cristo comanda Sua igreja na conquista do Evangelho. Paulo estava disposto a levar a Verdade da adoração ao único e verdade Deus em meio a toda a confusão daquele mercado da fé e de adoração a um deus não real. Mesmo que isto significasse o sacrifício da própria vida. Paulo percebeu que o propósito de sua vida era estar a serviço de Cristo.

Isto nos fala da necessidade de almejar e clamar pelo Espírito Santo , para que Ele coloque esse propósito em nossa mente também.

Atos 19:11-13 lemos: “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, At 19:12: “a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam.”

Na estratégia evangelística Deus adapta Seus métodos de ensino. Deus atuava no nível da compreensão do povo gentio com sua mente mística formatada pela prática da magia. Tanto os milagres divinos quanto a magia comunicam poder de um mundo invisível; ambos usam o toque ou as palavras para controlar as forças espirituais e produzir resultados extraordinários, como cura ou conhecimento especial, etc. Compreender as diferenças entre os verdadeiros milagres divinos e a magia beneficiará os cristãos envolvidos com culturas influenciadas por práticas espiritualistas e ocultistas.

O poder sobrenatural de Paulo se diferencia radicalmente das tentativas dos exorcistas judeus de manifestar poder. Não podemos deixar de ver a diferença. O dom de cura de Paulo era tão poderoso que até os ‘lenços e aventais que tocavam sua pele podiam curar os doentes que recebiam esses artigos. Esses feitos extraordinários motivaram os judeus rivais a imitar Paulo. Eles tiveram completo fracasso. Em consequência disso, foram insultados pelos demônios. Isso acabou dando um apoio voluntário a Paulo e à sua missão, fazendo com que ‘ o nome do Senhor Jesus’ fosse ‘engrandecido’. Além disso, o fato de que os próprios ‘cristãos ‘ tinham queimado seus livros de magia mostrava que as práticas sibcretostas em Éfeso também odiamos ter contaminado os filhos do sumo sacerdote.

Este relato do exorcismo demonstra o princípio mais fundamental do poder sobrenatural cristão, que se diferencia de todas as outras manifestações sobrenaturais.

Quando os exorcistas judeus invocaram o nome de ‘Jesus, a quem Paulo’ pregava, sua vítima pode até ter sido libertada, mas apenas ao custo da subjugação dos próprios exorcistas pelos demônio. Os demônio haviam mantido o controle, e o nome de Jesus Se mostrou impotente neste incidente. Por quê? Porque a vida desses judeus curandeiros não estava em conformidade com o Evangelho de Deus, mediante o exercício da fé no Senhor Jesus; portanto, suas intenções não estavam em harmonia com o reino messiânico que Paulo anunciava. Usado como amuleto ou forma de encantamento, o nome de ‘Jesus’ é insignificante.

A segurança do cristão se encontra na inquestionável autoridade de Deus e em Seu poder.

Comentários de Ellen G. White.

Em suas declarações, Demétrio afirmou: “Há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito” (At 19:27). Essas palavras revelam a real causa do tumulto de Éfeso, e também de grande parte da perseguição que acompanhava os apóstolos em sua obra. Demétrio e seus colegas de ofício viram que o negócio de fabricação de imagens estava em perigo por causa do ensino e disseminação do evangelho. A renda dos sacerdotes pagãos e dos artífices estava em risco; essa era a razão por que se levantaram em terrível oposição contra Paulo. A atitude do escrivão e de outros que exerciam funções de autoridade na cidade tinha apresentado Paulo perante o povo como inocente de qualquer ato ilegal. Esse foi outro dos triunfos do cristianismo sobre o erro e a superstição. Deus despertou um grande magistrado para defender Seu apóstolo e fazer calar a multidão. O coração de Paulo se encheu de gratidão a Deus por ter sua vida preservada e porque o cristianismo não fora desonrado pelo tumulto de Éfeso (Atos dos Apóstolos, p. 188)..

Paulo, além de trabalhar publicamente, ia de casa em casa pregando o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Ele visitava os homens em seus lares e implorava-lhes com lágrimas, expondo-lhes todo o plano divino. Jesus manteve contatos pessoais com os homens. Ele não Se manteve à distância e afastado daqueles que precisavam de Sua ajuda. […] Precisamos aproximar-nos do coração daqueles que necessitam de nosso auxílio. Precisamos abrir a Bíblia ao entendimento, apresentar os requisitos da lei de Deus, ler as promessas aos hesitantes, insistir com os retraídos, despertar os indiferentes e fortalecer os fracos. Precisamos ter o espírito que compeliu o apóstolo Paulo a ir de casa em casa, suplicando com lágrimas e ensinando “o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20:21; Refletindo a Cristo [MM 1986, 19 de agosto], p. 237)..

Existem mil tentações disfarçadas, preparadas para os que têm a luz da verdade; e a única segurança para qualquer de nós está em não recebermos nenhuma nova doutrina, nenhuma interpretação nova das Escrituras, antes de submetê-la à consideração dos irmãos de experiência. Apresentem-na a eles, com espírito humilde e pronto para aprender, fazendo fervorosa oração; e, se eles não virem luz nisso, atendam ao seu juízo. […].

Satanás trabalha constantemente, mas poucos fazem ideia de sua atividade e sutileza. O povo de Deus deve estar preparado para resistir ao perverso inimigo. É essa resistência que apavora Satanás. Ele conhece, melhor do que nós, o limite de seu poder e como facilmente pode ser vencido se resistirmos a ele e o enfrentarmos. Mediante o poder divino, o mais fraco dentre os santos é mais forte do que ele e do que todos os seus anjos e, se submetido a uma prova, poderá demonstrar sua força superior. Portanto, o passo de Satanás é silencioso, seus movimentos são traiçoeiros, e suas baterias, camufladas. Ele não se atreve a apresentar-se abertamente, para não despertar as energias latentes do cristão (Maranata, o Senhor logo vem! [2021, 21 de fevereiro], p. 58).

Muitas vezes esse relato acerca da atitude do ourives Demétrio é apropriadamente caracterizado como a história de um pagão egoísta que temia a perda de seu negócio de fabricação de ídolos. No entanto, outros pontos podem ser apresentados. É importante perceber que, em algumas circunstâncias, os que se convertem a Cristo devem sacrificar fontes de renda e, às vezes, mudar completamente sua carreira como resultado de sua fé. Especialmente como guardadores do sábado, diante desses desafios econômicos, devemos ter sensibilidade para orientar os que estão passando por essa transição e prover recursos para seu sustento.

Você pode ver o estudo dos capítulos da Carta aos Efésios aqui

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