Ellen White
Vi descer do Céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a Terra se iluminou com a sua glória. Então exclamou com potente voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável. […] Ouvi outra voz do Céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cumplices em seus pecados, e para não participardes dos seus flagelos”. Apocalipse 18:1, 2, 4.
O anúncio feito pelo segundo anjo de Apocalipse 14 (verso 8) deve ser repetido, com a menção adicional das corrupções que tem entrado em Babilônia desde que a mensagem foi apresentada pela primeira vez. E descrita aqui uma condição terrível. A cada rejeição da verdade a mente do povo se tornara mais entenebrecida, seu coração mais endurecido. Continuarão a calcar a pés um dos preceitos do Decálogo, até que sejam levados a perseguir os que o tem como sagrado. Cristo e desprezado com o desdém que se lança a Sua Palavra e a Seu povo.
A profissão da religião se tornara um manto para ocultar a mais vil iniquidade. A crença nas manifestações espiritas abre a porta aos espíritos enganadores e suas doutrinas, e assim a influência dos anjos maus será sentida nas igrejas. Babilônia encheu a medida de sua culpa, e a destruição está a ponto de cair sobre ela.
Mas Deus ainda tem um povo em Babilônia, e estes fiéis devem ser chamados a sair a fim de não participarem dos pecados dela e não sofrerem “dos seus flagelos”. O anjo desce do Céu, iluminando a Terra com a sua glória e anunciando os pecados de Babilônia. Ouve-se o chamado: “Retirai-vos dela, povo Meu.” Estes anúncios constituem a advertência final a ser dada aos habitantes da Terra. Os poderes da Terra, unindo-se para combater os mandamentos de Deus, decretarão que “todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos” (Apocalipse 13:16), se conformem aos costumes da igreja, através da observância do falso sábado.
Todos os que a isto se recusarem, serão finalmente declarados como dignos de morte. Por outro lado, a lei de Deus que ordena o dia de descanso do Criador, ameaça com a ira divina todos os que transgridem os seus preceitos. Esclarecida nesses termos a questão, quem quer que pise a lei de Deus para obedecer a uma ordenança humana recebe o sinal da besta, o sinal de submissão ao poder a que prefere obedecer em vez de Deus. “Se alguém adora a besta e a sua imagem, e recebe na sua marca na fronte, ou sobre a mão, também esse bebera do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da Sua ira”. Apocalipse 14:9, 10. Ninguém deverá sofrer a ira de Deus antes que a verdade lhe tenha sido apresentada a mente e consciência, e haja sido rejeitada. Há muitos que nunca tiveram oportunidade de ouvir as verdades especiais para este tempo. Aquele que lê os corações não deixará que pessoa alguma que deseje o conhecimento da verdade seja enganada quanto ao desfecho da controvérsia. Cada uma recebera esclarecimento bastante para tomar, inteligentemente, a sua decisão.
A grande prova de lealdade — O sábado, a grande prova de lealdade, e o ponto da verdade especialmente controvertido. Ao passo que a observância do falso sábado será uma declaração de fidelidade ao poder que se opõe a Deus, a guarda do verdadeiro sábado será uma prova de lealdade ao Criador. Ao passo que uma classe recebe a marca da besta, a outra recebe o selo de Deus. As predições de que a intolerância religiosa alcançaria predomínio, de que a Igreja e o Estado se uniriam para perseguir os que guardam os mandamentos de Deus, têm sido consideradas como sem fundamento e absurdas. Mas ao ser amplamente discutida a questão da observância do domingo, vê-se a aproximação do evento há tempo duvidado, e a mensagem produzira um efeito que antes não teria sido possível.
Em todas as gerações Deus tem enviado Seus servos para repreender o pecado, tanto no mundo quanto na igreja. Muitos reformadores, ao iniciarem seu trabalho, decidiram-se a exercer grande prudência ao atacar os pecados da igreja e da nação. Esperavam, pelo exemplo de uma vida crista pura, conduzir o povo de volta a Bíblia. Mas o Espírito de Deus veio sobre eles; sem temer as consequências, eram incapazes de evitar a pregação das claras doutrinas da Bíblia.
Assim será proclamada a mensagem. O Senhor operara por meio de humildes instrumentos que se consagrarem a si mesmos a Seu serviço. Os obreiros serão mais qualificados pela unção do Seu Espírito do que pelo preparo das instituições de ensino. Homens serão constrangidos a sair com zelo santo, declarando as palavras que Deus lhes dá. Os pecados de Babilônia serão expostos. O povo será comovido. Milhares jamais tinham ouvido palavras como essas. Babilônia e a igreja, decaída em virtude de seus pecados, em vista de sua rejeição da verdade. Quando o povo vai a seus ensinadores com a pergunta: Estas coisas são assim?”, os ministros apresentam fábulas para silenciar-lhes a consciência. Uma vez, porém, que muitos demandarão um “Assim diz o Senhor”, o ministério popular agitará as multidões amantes do pecado para ultrajar e perseguir os que a proclamam. O clero empregara esforços quase sobre-humanos para excluir a luz, para suprimir o debate destas questões vitais. A igreja apelara ao braço forte do poder civil e, nesta obra, unir-se-ão romanistas e protestantes. Ao tornar-se mais audaz o movimento em prol da imposição do domingo, os observadores dos mandamentos serão ameaçados com multas e prisão. A alguns se oferecerão posições de influência e outras recompensas, desde que renunciem a fé. Sua resposta, porem, será: “Mostrai-nos pela Palavra de Deus o nosso erro.” Os que forem citados perante os tribunais defenderão poderosamente a verdade, e alguns que os ouvirem serão levados a decidir-se pela guarda de todos os mandamentos de Deus. De outra forma, milhares nada saberiam, dessas verdades. A obediência a Deus será considerada rebeldia. Pais exercerão a severidade contra os filhos; estes serão deserdados e expulsos do lar. “Todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”. 2 Timóteo 3:12. Como os defensores da verdade se recusarão a honrar o domingo, alguns deles serão lançados a prisão, exilados, e outros tratados como escravos. Ao ser retirado dos homens o Espírito de Deus, coisas estranhas hão de acontecer. Quando o temor e o amor de Deus são removidos, o coração pode tornar-se muito cruel.
Aproxima-se a tempestade—Ao aproximar-se a tempestade, uma classe numerosa, que tem professado fé na mensagem do terceiro anjo, mas não tem sido santificada pela obediência a verdade, abandona sua posição e une-se a oposição. Unindo-se ao mundo, chegam a ver as coisas quase sob a mesma luz, e assim escolhem o lado popular. Homens que se haviam regozijado na verdade, empregam seu talento e apresentação agradável para enganar as pessoas. Tornam-se os piores inimigos de seus antigos irmãos. Esses apostatas serão eficientes agentes de Satanás para representar falsamente e acusar os observadores do sábado, incitando os governantes contra eles.
Os servos de Deus terão apresentado a advertência. O Espírito divino os constrangeu a falar. Não consultaram seus interesses temporais, nem procuraram preservar sua reputação ou vida. A obra parece muito além de sua habilidade para realizá-la. Contudo, não podem retroceder. Sentindo seu completo desamparo, refugiam-se nAquele que é poderoso, a busca de forças.
Diferentes períodos da História têm sido marcados pelo desenvolvimento de alguma verdade especial, adaptada as necessidades do povo de Deus naquele tempo. Toda nova verdade teve de enfrentar oposição. Os embaixadores de Cristo devem cumprir seu dever e deixar os resultados com Deus.
A oposição torna-se mais intensa — Assumindo a oposição caráter mais violento, os servos de Deus de novo ficam perplexos, pois lhes parece que eles motivaram a crise. Mas a consciência e a Palavra de Deus lhes asseguram que sua conduta e correta. Sua fé e coragem aumentam com a emergência. Seu testemunho e: “Cristo venceu os poderes da Terra; temeremos um mundo já vencido?” Ninguém poderá servir a Deus sem atrair contra si a oposição das hostes das trevas. Anjos maus o assaltarão, alarmados de que sua influência lhes esteja arrebatando a presa. Homens maus procurarão separar de Deus tal pessoa, por meio de sedutoras tentações. Quando estas não surtirem efeito, recorrerão a forca para subjugar a consciência. Mas, enquanto Jesus permanece como intercessor do homem no santuário celestial, a influência retentora do Espírito Santo é sentida pelos governantes e pelo povo. Embora muitos de nossos legisladores sejam ativos agentes de Satanás, Deus também tem Seus agentes entre os principais homens da nação. Alguns homens sustarão poderosa corrente de males. A oposição dos inimigos da verdade será restringida a fim de que a mensagem do terceiro anjo possa efetuar a sua obra. A advertência final prendera a atenção dessas pessoas influentes, e alguns a aceitarão e se manterão com o povo de Deus durante o tempo de angústia.
A chuva serôdia e o alto clamor — O anjo que se une na proclamação da mensagem do terceiro anjo deve iluminar a Terra toda com a sua glória. A mensagem do primeiro anjo foi levada a todos os postos missionários do mundo, e em alguns países houve o maior interesse religioso que se tem testemunhado desde a Reforma. Mas isso deve ser superado pela última advertência do terceiro anjo. Essa obra será semelhante à do dia de Pentecostes. A “chuva temporã” foi dada no início da pregação do evangelho para efetuar a germinação da preciosa semente; assim a “chuva serôdia” será dada em seu final para o amadurecimento da colheita. Oseias 6:3; Joel 2:23. A grande obra do evangelho não deverá encerrar-se com menor manifestação do poder de Deus do que a que assinalou o seu início. As profecias que se cumpriram no derramamento da chuva temporã no início do evangelho, deverão cumprir-se novamente na chuva serôdia, no final do mesmo. Eis aí os “tempos do refrigério” contemplados pelo apostolo Pedro, em antecipação. Atos dos 3:19, 20. Servos de Deus, com o rosto iluminado e a resplandecer de santa consagração, apressar-se-ão de um lugar para outro para proclamar a mensagem do Céu. Operar-se-ão prodígios, os doentes serão curados, e sinais e maravilhas seguirão os crentes. Satanás também opera com prodígios de mentira, até mesmo fazendo descer fogo do Céu. Apocalipse 13:13. Assim os habitantes da Terra serão levados a decidir-se.
A mensagem há de ser levada não tanto por argumentos como pela convicção profunda do Espírito de Deus. Os argumentos foram apresentados, as publicações exerceram sua influência, mas ainda assim muitos foram impedidos de compreender completamente a verdade. Agora esta é vista em toda a sua clareza. Laços de família, relações com a igreja são impotentes para deter os sinceros filhos de Deus. Apesar das forças arregimentadas contra a verdade, grande número se coloca ao lado do Senhor.
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