Uma comparação com o casamento
1Ou vocês não sabem, irmãos — pois falo aos que conhecem a lei —, que a lei tem domínio sobre uma pessoa apenas enquanto ela está viva? 2Por exemplo, a mulher casada está ligada pela lei a seu marido, enquanto ele vive; mas, se o marido morrer, ela ficará livre da lei conjugal. 3De modo que será considerada adúltera se, enquanto o marido estiver vivo, ela se unir com outro homem. Mas, se o marido morrer, ela estará livre da lei e não será adúltera se casar com outro homem. 4Assim, meus irmãos, também vocês morreram para a lei, por meio do corpo de Cristo, para que pertençam a outro, a saber, àquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. 5Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas despertadas pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte. 6Agora, porém, estamos livres da lei, pois morremos para aquilo a que estávamos sujeitos, para que sirvamos da maneira nova, segundo o Espírito, e não da maneira antiga, segundo a letra.
Uma leitura precipitada, uma compreensão equivocada, uma conclusão de má intenção, e pronto: A heresia de que a Graça anula os princípios da Lei de Deus se impôs no meio cristão. Muito triste! Paulo não está dizendo aqui, e em nenhuma outra passagem, que estamos mortos para a lei, como os princípios morais do Reino de Deus, mas que morremos para o legalismo, isto é, o mau uso da Lei; obedecê-la como meio de salvação. Graças Deus por isso! O legalismo torna o pecador servo de seus insuficientes merecimentos. A Fé em Cristo nos fez servos do Altíssimo, onde a assistência da Graça frutifica em nós as Suas obras. Amém!!!
A lei e o pecado
7Que diremos, então? Que a lei é pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, a não ser por meio da lei. Porque eu não teria conhecido a cobiça, se a lei não tivesse dito: “Não cobice.”
Aqui vemos em destaque o papel da lei ao transgressor – mostrar o pecado. O pecado só se configura diante uma lei ferida. Paulo não descarta a Lei, como muitos supõem. Ela é a norma, o parâmetro moral no reino de Deus. Se denuncia o pecado é exatamente porque é estável, sólida, imutável, santa. A Lei transgredida mostra o pecado e aponta para a Graça, onde está o perdão. A Graça aceita confirma o perdão e mostra a Lei como a vontade de Deus.
8Mas o pecado, aproveitando a ocasião dada pelo mandamento, despertou em mim todo tipo de cobiça. Porque, sem lei, o pecado está morto.
Sem o conhecimento da vontade de Deus o pecador está insensível à consciência de pecado, mas esclarecida a situação de transgressor, então sente-se condenado, perdido. Pronto! Está cumprido o papel da Lei – avivar a culpa. É nesse momento que a consciência da Graça supera a consciência de culpa (Romanos 5:20). Sem Lei não há consciência de pecado. Com Lei há, mas também, e muito mais, a segurança da Redenção em Cristo! Que Evangelho maravilhoso!
9Houve um tempo em que, sem a lei, eu vivia. Mas, quando veio o mandamento, o pecado reviveu, e eu morri. 10E verifiquei que o mandamento que me havia sido dado para vida, esse se tornou mandamento para morte. 11Porque o pecado, aproveitando a ocasião dada pelo mandamento, me enganou e, por meio do mandamento, me matou.12Assim, a lei é santa e o mandamento é santo, justo e bom. 13Então, aquilo que é bom se tornou morte para mim? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para mostrar-se como pecado, por meio de uma coisa boa causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, o pecado mostrasse toda a sua força de pecado.
14Porque bem sabemos que a lei é espiritual. Eu, porém, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. 15Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto.
A Lei é espiritual, pois reflete a vontade de Deus. Nós somos carnais em nossa essência, inclinados para fazer o mal. Sem Cristo somos presas de nós mesmos. O eu não consegue agir fora da incoerência, sempre vai ceder ao mal e evitar o bem. Esse é o homem carnal, sem a presença de Cristo. Com Ele as coisas mudam, amamos a justiça e aborrecemos o pecado, como Ele o fez (Hebreus 1:9). É como diz o apóstolo: “Graças a Deus por Jesus Cristo” (Romanos 7:25).
16Ora, se faço o que não quero, concordo com a lei, que é boa. 17Neste caso, quem faz isso já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. 18Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo. 19Porque não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero, esse faço. 20Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.21Assim, encontro esta lei: quando quero fazer o bem, o mal reside em mim.
22Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. 23Mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.
Só o justo tem prazer na Lei de Deus, mas também tem em si a lei do pecado, que é a natureza pecaminosa, a qual o inclina para a transgressão. Aqui vemos a descrição de um conflito entre desejar o bem e o mal. Sem constante entrega do ser integral o mal prevalece, mas o mal não resiste a uma constante consagração de vida, pois a Graça é superior ao pecado (natureza).
24Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? 25Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, sou escravo da lei do pecado.
Paulo descreveu sua realidade e de todo cristão que, mesmo sendo justos, se dependerem de suas forças, servirão ao pedado (a natureza pecaminosa). O capítulo sete, todavia, é fechado mostrando a solução, mais do que suficiente, para o justo viver vitorioso sobre suas inclinações naturais – Jesus é nossa suficiência! Aceitando-O como Salvador e Senhor de nossa vida, Ele mais do que nos receber em Seu reino, habita em nosso coração (João 14:23). Ele é nossa força! Fracos, mas dependentes, podemos sentir o que seja: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. II Coríntios 12:9.
O apóstolo dá graças a Deus por Jesus, e o contexto é santificação; não porque Ele teve poder de salvar da culpa, apenas, mas do poder do pecado também. Jesus Se constituiu tanto em Justificação como em santificação. Neste texto a culpa foi cancelada e o poder do pecado é superado. A libertação aconteceu, e o poder dinâmico é sentido em vitórias a cada instante! Esse “Graças Deus” é pelo Cristo que assiste, que sustenta. Não é o Cristo fora de nós provendo salvação; é Ele em nós, operando a Salvação na restauração da Sua imagem moral em nossa vida Maravilha!
Quem pode nos livrar de nossas paixões desequilibradas? O mesmo que nos tirou das trevas da culpa. Evangelho é a notícia de que Jesus é o Libertador da culpa do pecado (Justificação – no encontro com Jesus). Do poder do pecado (Santificação – agora, vivendo com Ele). Da presença do pecado (Glorificação – na Sua volta Gloriosa). O texto nos diz que Ele é totalmente capaz, a ponto de fazer explodir em nós esse louvor: “Graças a Deus por Cristo!” “Que segurança! Sou de Jesus!”. Grande Fanny Crosby! 240 do Hinário Adventista.
Quem é capaz de vencer em nós a força do pecado (natureza)? É clara aqui a consciência do apóstolo sobre o poder sobre humano do pecado. Sua pergunta não reflete dúvida ou angústia, apenas prepara a retumbante resposta revestida de certeza: Jesus Cristo! Ele não é resposta apenas; é a única solução, mas toda suficiente!
Quem nos livrará? A pergunta evidencia a necessidade de um SER! Por quê? Porque do outro lado está também um ser, ou seres (o anjo caído e seus demônios – Efésios 2:2-4).Podemos ser traídos com uma dedicação religiosa, cultos, conduta, sem que estejamos ligados à PESSOA de Jesus. Uma prática religiosa pode camuflar a entrega plena do ser, pois os rituais impressionam, mas em si não têm poder nenhum. Já um relacionamento com o CRISTO envolve entrega plena a Ele. É relacionamento com Deus e não apenas com a formalidade da religião. Claro, a religião deriva disso, e só então será prazerosa. Se a ênfase fosse em Religião a pergunta seria: “O que” nos livrará? Mas é QUEM? Aqui está nossa base: O “o que” é precedido do QUEM. Maravilhoso Jesus, Tu és o Centro. Tu nos leva às praticas religiosas; não elas a Ti.
“Quem me livrará?” Essa é uma pergunta decisiva: Ou existe esse alguém, ou a humanidade está sem solução. O apóstolo confessa, em nome da humanidade, a incapacidade humana de superar o poder do pecado. Ele era exemplo claro: Zeloso como religioso, mas confesso incapaz de ajustar-se à vontade de Deus. A pergunta desfoca o humano e fixa a certeza naquele que venceu o mal e seu autor – Jesus! Como a voz de muitas águas que exultem os justos: Jesus venceu por nós e vence em nós!
Veja que o apóstolo vai do desespero ao alívio. Da pergunta aflitiva à resposta vibrante. Da vida centrada na força humana à consagrada ao Senhor. Do egocentrismo ao teocentrismo. Do impossível à realidade de vitória. Veja: “Quem?” e “Graças a Deus!”. Em nós, mesmo justificados, só existem perguntas. Em Cristo estão todas as respostas em forma de assistência! Vida cristã não é um eco dos nossos gritos de angústia; é a brisa suave trazendo a voz mansa de socorro bem presente ( I Reis 19:11, 12).Jesus, amoroso Salvador, Tu és a nossa vitória e alívio!