Justificação pela fé e paz com Deus
1Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, 2pelo qual obtivemos também acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.
A paz com Deus, isto é, certeza de que não há mais condenação, é uma garantia aos justificados. Ao contrário é verdadeiro, aos não justificados existe o remorso, a culpa. A pergunta pode surgir: E como ser Justificado? Resposta: Não por nossos esforços, mas por nos entregarmos ao Senhor Jesus, mediante arrependimento e confissão dos pecados. “Pela fé” significa: Por ter confiado na obra feita fora de nós por Jesus, Seu sacrifício. Desse modo, a Justificação é algo que recebemos e não que produzimos. Nossas obras, obediência, foram dispensadas como fonte de mérito. Aparecem na vida cristã como resultado da nova vida. Ética, comportamentos adequados não produzem Justificação, mas Justificação produz tudo isso. Eta Jesus maravilhoso!
Olhar ao passado e saber que ele foi aplainado pelo perdão. Viver o presente certos de que ele está assistido pelo Seu poder que “refrigera a alma e guia na vereda da Justiça” (Salmos 23:3).Olhar ao futuro seguros de que ouviremos de Seus lábios: “Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo”.
“Obtivemos acesso” significa que encontramos Graça fora de nós, não dentro. Se é fora, então ela foi produzida por Deus e estendida a nós. Chegamos a ela, não por merecimentos, mas pela fé. Desse modo, Deus dispensou nossos esforços, apenas nos atraiu e nos presenteou com Seu manto de Justiça, ao creditar em nossa vida arrependida, o Seu perdão. Resultado: Paz e firmeza! Um cristianismo assim jamais cogitará abandonar o Caminho. Por que? Porque descansa na paz e move-se na esperança infalível do Glorioso Dia.
“Esta Graça na qual estamos firmes”! Sempre achei que as pessoas apostatam da Igreja e doutrinas. É muito difícil acontecer apostasia de Cristo. Observe que estamos firmes na Graça; só ela nos sustenta. As doutrinas são balizadores para conduzir nossa vida de forma segura do que fazemos. Só tem significado real quando chegamos a Jesus, caso contrário, servem de armas pelas quais desferimos agressões contra quem não concordo conosco. A Igreja é a comunidade dos salvos onde nos achegamos para expandir o Reino de Deus. Só tem o conforto fraterno se chegamos a Cristo, caso contrário, é um grupo como outro, onde nos decepcionamos e saímos assim que nos ferirem. Chegar a Igreja e doutrinas não significa ter chegado a Cristo. Chegar a Cristo significa chegar à Sua Igreja e doutrinas. Esse é o Evangelho! Nossa base segura é a Graça, que nos salvou e assiste. Com essa base, nunca deixaremos nosso Jesus amado!
“Gloriamo-nos na esperança da glória de Deus”. Perspectiva positiva! Futuro brilhante! Rumo definido! Volta gloriosa de Jesus! Vida eterna em corpo glorificado (Filipenses 3:21). Isso é o que significa gloriar-se na esperança da glória. As pessoas mais felizes são aquelas que conseguem ter sobre o futuro uma visão de esperança. Essa certeza o Evangelho nos assegura. As dificuldades desta vida cederão lugar à vida sem fim; na presença Senhor por toda eternidade.
3E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança, 4a perseverança produz experiência e a experiência produz esperança.
O cristão não é masoquista para dar boas vindas às tribulação. “Nas tribulações” significa em meio a elas, apesar delas. Não são os dias difíceis que levarão dos justos a certeza de que todas as dores logo passarão. O Senhor faz o gozo da Sua presença ser absolutamente superior aos revezes deste mundo agressivo. Faz nossa fragilidade agigantar-se quando fustigados por ventanias contrárias. Em nosso barco, rumo ao lar glorioso, se o vento é de proa, Seu sopro na popa é bem maior. Obrigado Senhor! E lá vamos nós, cruzando ondas monstro, mas certos da chegada que está próxima. Já dá avistar o cais eterno. “Já refulge a glória terena”
5Ora, a esperança não nos deixa decepcionados, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi dado.
6Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
É importante lembrar que Cristo é o Cordeiro morto quando decidiu assumir nosso lugar; a cruz foi apenas a ratificação da decisão que jamais retrocederia. Ao decidir assumir nossa punição Ele não contava com reciprocidade, só com rejeição. Foi imensurável amor. Seu sacrifício não foi resposta ao desejo de aproximação por parte do pecador, posto que este não tinha essa sensibilidade, ao contrário, Ele é que chamava a quem se tornara inimigo.
7Dificilmente alguém morreria por um justo, embora por uma pessoa boa alguém talvez tenha coragem para morrer.
8Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores.
“Deus prova Seu amor”. Como se a natureza (Romanos 1:20) não fosse suficiente, e não era, veio a prova imensurável – deu Seu Filho! Pense na manifestação divinal do amor perfeito… Impossível, não é? Seu amor não é ser compreendido, é para ser aceito! Basta a nós sabermos que, essa prova que assombrou os anjos, enterneceu nosso coração e a Ele nos rendemos. Teremos a eternidade para desfrutar dessa divinal dádiva.
9Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
“Justificados pelo Seu sangue”, mostra a Justificação do ponto de vista de Deus, isto é, a fonte da nossa Justificação – Jesus! Isso assegura que nossa salvação, como providência, sempre esteve e estará fora de nós. Assim, sendo ela provida pelo derramado sangue do Salvador, é perfeita como Ele foi e é! “Tendo sido” mostra uma conclusiva, uma obra acabada! Jesus disse: “Tudo está pronto, vinde as bodas” (Mateus 22:4). Desse modo, a Justificação da parte de Deus é providência. Da nossa parte é aceitação. Ele é o Realizador, nós os beneficiados. Ele entrou com o sacrifício, nós com a fé (despertada por Ele). Amanhã falarei sobre “salvos da ira”.
“Salvos da ira” é salvação do Juízo executivo que se abaterá sobre os ímpios que não aceitaram o perdão de Deus (João 3:19).Deus nunca planejou destruir os pecadores; planejou e salvou. Sua ira é contra o pecado. Os que sofrerem a destruição final é porque optaram por apegarem-se ao pecado e serão destruídos juntamente com ele e seu autor. Jesus sofreu a ira por nós na cruz. Estamos livres da ira porque nos apegamos ao Seu perdão que vem do Seu direito de perdoar, porque assumiu nossa punição. Seremos salvos da ira do último dia porque estamos livres dela já, pois quem aceita Jesus “passou da morte para a vida” (João 5:24).
10Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida!
Reconciliação pressupõe rompimento de relações. O ser humano se rebelou. Deus veio atrás. Trazia o perdão em Sua busca. O ofendido chamando o ofensor. O amigo procurando atrair o inimigo. A rebelião era unilateral – só da parte do pecador. O amor era unilateral – só da parte de Deus. Deus não precisava Se reconciliar, apenas o rebelde, o odioso. Ele era o amor clamando pelo filho que escapara do Seu colo divinal. Em Cristo demonstrou que não tem nenhum sentimento de vingança, só de acolhimento. A reconciliação da parte de Deus é perdão oferecido. Da parte do ser humano é Graça aceita. Reconciliação gera o sentimento de que a separação causada pelo pecado foi eliminada. A amizade foi reatada.
A morte de Cristo garantiu a quitação da nossa dívida espiritual, pois na cruz Ele pagou nossos pecados. Em Sua vida Ele venceu o pecado. Pela cruz temos libertação da condenação. Por Sua vida temos poder garantido, pois Suas vitórias sobre o mal nos são oferecidas como conquista para o nosso viver. O pecador reivindica Sua morte como sendo sua e é liberto da culpa. O justo apega-se ao poder de Sua vida vitoriosa, e assim é mantido como filho a cada instante. Por Sua morte Ele nos comprou. Por Sua vida nos sustém no caminho da justiça.
11E não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, mediante o qual recebemos, agora, a reconciliação.
A Reconciliação da parte de Deus existe para todos como oferenda. O pecador aceita ou rejeita. O que deve ser destacado neste texto de Paulo é a certeza: “Alcançamos a Reconciliação”. O cristianismo flui no trilho da segurança de que somos do Senhor de fato! Para os justos a Reconciliação é tão real, sentida, verdadeira, como o ar que respira. A Deus toda glória! Somos DELE pois nos comprou. Ele é nosso, pois O aceitamos como DEUS!
“Nos gloriamos em Deus”. Aqui está o segredo do cristianismo: Nossa salvação está em Deus. Nosso regozijo reside NELE. Ele é o Autor e Consumador de tudo. Nós somos o objeto de Sua misericórdia. Como Autor Ele providenciou a salvação. Como Consumador Ele a torna dinâmica em nós. Gloriar-se em Deus significa que nos alegramos na fonte certa. Jamais nos apoiamos em nossos méritos. Seguramente nos apegamos em Quem nos buscou e sustenta.
Adão e Cristo
12Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade, porque todos pecaram.
13Porque antes de a lei ser dada havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei.
14No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
15Mas o dom gratuito não é como a ofensa. Porque, se muitos morreram pela ofensa de um só, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos!
“Muitos” significa totalidade. O pecado afetou e condenou a todos. A Graça também é para todos. Só que no caso da Graça temos o “muito mais”, isto é, há mais poder na Graça para libertar do que no pecado para manter em condenação. O pecado é dádiva do Diabo. Ele ofereceu o pecado e o ser humano comeu (Gênesis 3:6). A Salvação é dádiva de Deus: “Tomai, comei, isto é o Meu corpo”. O justo aceitou e vive! Mesmo tendo herdado de Adão a inclinação para o mal, ninguém é obrigado a seguir no caminho da transgressão. Há em Jesus poder suficiente para optar por Ele e Seus preceitos. Escolha, essa foi, é, e sempre será nossa maior liberdade. Deus diz: “Escolhe a vida!” (Deuteronômio 30:19).
16O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou. Porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça deriva de muitas ofensas, para a justificação.
O pecado de Adão resultou em condenação para si. Seus descendentes nasceram inclinados para o mal, mas cada ser humano é responsável por suas próprias transgressões. Cristo porém, sofreu a culpa de todos. Ele incluiu toda a raça humana em Seu sacrifício, e isso resultou em justificação para todo o que crer! Estou lembrando de um hino que diz assim: “Todo que quiser venha receber! / Possam todos essa boa nova ouvir / É o pai celeste quem convida assim: / Todo que quiser é vir”! Quem ainda não foi receber o perdão que vá agora. Quem já foi, desfrute!
17Se a morte reinou pela ofensa de um e por meio de um só, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
Duas realidades neste nosso surrado mundo. O pecado e Salvação em Jesus. O pecado produziu morte, que é separação da vida. A salvação trouxe novamente a vida. Dois reinados: O da morte e o da vida. Não existe meio termo aqui; somos de um ou do outro. Nos dois casos forças sobre humanas atuam; uma perverte a outra liberta. O Diabo reina para destruir; Cristo para dar vida eterna (João 10:10).O justificado sabe a QUEM ele pertence. Sabe que saiu da morte para a vida (João 5:24).Pode cantar: “Eu pertenço ao meu Rei”.
Como assim? É simples e claro de entender: Onde não há consciência da Lei não existe transgressão, pois não existe o que infringir, mas, onde há conhecimento da Lei aí existe pecado. A verdade: É muito difícil existir um ser humano que desconheça que seus atos pecaminosos não estejam em violação à vontade de Deus. O Espírito Santo faz isso antes de qualquer pregador. A Lei avulta a ofensa, isto é, torna o pecador consciente de suas transgressões. A Lei é o parâmetro de Justiça que identifica os erros da conduta. Qual a boa notícia? Esta: “Onde (na mente) abundou o pecado” em forma de culpa, a Graça superabundou com a oferta do perdão. A superioridade da Graça é incomparável com o massacre do remorso do pecado.
“Veio a Lei”, significa a consciência da Lei. A ofensa (pecado) abunda na mente do pecador em forma de culpa, sensação de condenação, porque a Lei se mostra santa, como é, frente à transgressão. Mas que maravilha! O pecador pode ter conhecimento de que há mais abundância de Graça! Aliás, só pode haver salvação porque a Graça é superior; em superabundância. O verdadeiro Evangelho não se fixa no problema (o pecado), mas na solução (a Graça). Não é a derrota que deve atrair nossa atenção, mas a vitória. Quem se fixa no problema fatalmente atuará como acusador, desmotivador, e pior, sentindo-se superior, quando é igualzinho, carente de misericórdia. O que todo pecador precisa saber é que o Socorro Divino é maior que o terror do desamparo espiritual. Essa superabundância de Graça liberta e religa o desviado ao Pai!
18Portanto, assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os seres humanos para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos para a justificação que dá vida.
19Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.
20A lei veio para que aumentasse a ofensa. Mas onde aumentou o pecado, aumentou muito mais ainda a graça, 21a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também a graça reinasse pela justiça que conduz à vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.