Livres do pecado pela graça
1Que diremos, então? Continuaremos no pecado, para que a graça aumente ainda mais?
2De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós, que já morremos para ele?
O que Paulo está dizendo? Compreendamos: Ele disse em 5:20, que a culpa do pecado avultou-se com a consciência da Lei transgredida, mas que ao mesmo tempo veio a consciência de superabundância de Graça para salvar o culpado. Agora diz: Vamos permanecer no pecado porque ele atrai abundância de Graça? De modo algum! A Graça veio exatamente para nos salvar da culpa e do pecar; do passado e do presente, da transgressão cometida e da tentação a ser consumada. O Evangelho, mais do que nivelar nosso passado, nos conduz em Justiça hoje!
3Ou será que vocês ignoram que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?
4Fomos sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida.
Cristo nos incluiu na Sua vida (Suas vitórias são nossas também). Incluiu-nos na Sua morte (morremos com Ele, estamos livres da morte eterna). Incluiu-nos na Sua ressurreição (ressuscitamos com Ele, tanto espiritual como fisicamente). Quando Jesus ressuscitou assumiu um novo corpo. Assim também nós: Ressuscitados da morte espiritual, assumimos uma nova vida, uma nova conduta, um novo proceder, que se desvia do pecado e vive para a Sua glória. Este é o propósito da imensa salvação nos alcançou!
5Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
Aqui o apóstolo faz uma referência ao nosso batismo, comparando-o com o sepultamento e a ressurreição de Jesus. Quem é batizado, por ter se arrependido dos pecados, ao sair das águas surge para uma nova vida. Para trás ficam os fardos da culpa e a incerteza de pertencimento; sabe que em Cristo foi inaugurada uma nova etapa, uma verdadeira nova era – uma vida perdoada e equipada com Sua Graça.
6sabendo isto: que a nossa velha natureza foi crucificada com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sejamos mais escravos do pecado.
O corpo do pecado é uma referência à velha vida sem Cristo, quando nossos órgãos eram dedicados ao serviço do inimigo (Romanos 6:12). Esse proceder foi desfeito, isto é, foi suplantado pela Graça redentora. Essa intervenção de Jesus, redirecionou nosso viver; agora vivemos para Sua glória! Esse é propósito do Evangelho: Estamos a serviço do nosso Deus! Todo nosso ser se volta para cultuá-Lo e expandir Seu reino!
Quando Jesus morreu na cruz não o fez isolado de nós. Ele levou consigo nossas transgressões e culpa. Isso significa que nosso ser corrupto, nossa natureza perversa, tudo foi crucificado com Ele. Cristo crucificado por nós necessariamente nos inclui em morte. O Seu sacrifício não aconteceu à parte da humanidade. Todos estávamos naquela cruz. O Diabo treme quando o pecador entende isso, pois pode reivindicar que, em Cristo, ele morreu a segunda morte, a morte juízo; que está livre para sempre dos seus delitos. Que maravilhosa Graça!
7Pois quem morreu está justificado do pecado.
8Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele.
“Já morremos com Cristo” é uma referência à nossa inclusão na Sua morte, e também ao batismo. Morremos para o pecado, para o mundo e seus prazeres pecaminosos.” Com Ele viveremos”, claramente mostra que a vida cristã é um projeto de vitória. Não é um referência ao Céu; é coisa do já! Nossa parceria é com Jesus. Nossa competência é a Sua Graça habilitadora. Jamais estaremos só, à deriva num mundo de tentações. Vivemos com Ele, por Ele, para Ele, porque somos DELE!
9Sabemos que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.
10Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.
Quanto a condenação o pecador recebe o que merece, um salário, é resultado de sua transgressão. Quanto a salvação o justo não recebe o que merecia, a morte, mas o que não merece, a vida eterna. Se Jesus não houvesse assumido nossa causa a condenação seria inevitável, determinante. Como Ele sofreu a nossa morte e nos entregou Seu perdão, condenação e salvação vieram para o campo da escolha (João 3:18, 19).À luz do Evangelho, o pecador, uma vez esclarecido sobre a Graça redentora, escolhe condenação ou salvação. O justo sabe que escolheu a salvação.
O salário do pecado já foi assumido por Cristo. Ele morreu morte Juízo; a condenação que nos cabia. Como Ele não havia pecado, pode ressuscitar e assumir o comando do Universo e nos conceder total chance de vida eterna. A morte encontrou sua morte na morte de Cristo. E nós encontramos vida através dela. “Por Cristo” significa mais do que o método para chegar à eternidade; quer dizer certeza disso. O cristão, o justificado, sabe que já passou da morte para vida eterna (João 5:24). Aleluia!
11Assim também vocês considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.
Observe a proposta de vitória que é a vida cristã: Assim como Jesus ressuscitou e não deve mais morrer, também o justo encontrou vida em Cristo para não mais voltar ao pecado. Se a vida cristã não é funcional é porque não está ancorada em Cristo. Não existe isso: Viver para Cristo, e ainda viver na pratica do mal. Fomos ressuscitados da morte espiritual para não mais voltarmos à vida de transgressão. Isso não é: “Uma vez salvos para sempre salvos”. É a certeza de que há no Senhor poder, para uma vez encontrado o caminho, jamais desviar-se dele. Amém!!!!
12Portanto, não permitam que o pecado reine em seu corpo mortal, fazendo com que vocês obedeçam às suas paixões.
Pecado nesse verso é uma referência à natureza carnal, ao impulso, à propensão que nos é natural para o pecado transgressão. Antes de Cristo chegar em nossa vida essa maldita natureza reinava. Obedecíamos ao seu comando como servos sempre prontos a fazer sua vontade. Agora, em Cristo, tudo se inverteu: Pela Graça habilitadora Deus pode nos dar este mandamento: “Não reine mais o pecado”.
Pecado, antes de ser comportamento, é natureza maligna. Sem Cristo o ser humano é vítima desse pendor para o mal, seus atos pecaminosos são abundantes. Em Cristo é diferente, Ele é quem reina em nosso coração! O que aprendemos aqui neste verso? Que a natureza pecaminosa não determina que pequemos. Pecado sempre será uma escolha, não uma imposição.
13Também não ofereçam os membros do corpo ao pecado, como instrumentos de injustiça, mas, como pessoas que passaram da morte para a vida, ofereçam a si mesmos a Deus e ofereçam os seus membros a Deus, como instrumentos de justiça.
Para que o pecado natureza não reine mais é preciso não apresentar os membros do corpo à iniquidade, como se ainda fossem instrumentos do Diabo. Isso era a vida pregressa; antes do Rei Jesus atuar. Agora o ser todo é do Redentor. Tudo lhe é dedicado como instrumentos de Justiça, isto é, ferramentas do Seu reino e da Sua Lei. Que mudança, hein? Diga se a vida cristã, tendo na base a certeza de salvação, não é motivadora? Com certeza o é! Aleluia!
“Apresentai-vos a Deus”! Aqui está o segredo de uma vida cristã vitoriosa: O altar de nossa dedicação é outro – O próprio Deus! Antes cultuávamos o pecado, agora; Aquele que venceu o pecado por nós e vence dentro de nós! A cada instante apresentemo-nos a Deus. Em qualquer lugar ou circunstância, estamos diante dele. Consciência de Sua Onipresença e prazer em render a Ele nosso tudo. Isso é cristianismo.
Como deve ser nossa apresentação ao Senhor a cada instante? “Como vivos entre os mortos”, isto é, como quem tem consciência de salvação. Definitivamente, ninguém se consagra a Deus sem essa certeza de nascimento espiritual. Quando se conhece somente doutrinas e Igreja, pode haver uma entrega à religião, apenas. Mas quando sabemos que éramos mortos e revivemos em Cristo, então vamos além da religião; somos DELE integralmente! Que fique bem claro, a religião não torna Cristo primordial; Cristo é torna a religião importante, e Ele continua sendo essencial. Maravilhoso Jesus!
Olhem para onde a justificação pela fé leva o justo: Consagração constante do ser inteiro ao Senhor. Cristianismo é isso – saber que todos nossos órgãos são instrumentos da Justiça. O que significa ser instrumento da Justiça? É o contrário de ser instrumentos da injustiça. Injustiça é a transgressão da Justiça (vontade de Deus). Justiça é harmonia com Ele e Sua Santa Lei (a norma da Justiça).Não tem como fugir disso: Fomos justificados para viver ajustados à Sua vontade. Quando a certeza da salvação precede o proceder cristão, então é divinal prazer ser instrumentos da Justiça!
14Porque o pecado não terá domínio sobre vocês, pois vocês não estão debaixo da lei, e sim da graça.
O pecado natureza, o natural pendor para o mal, teve domínio antes da Justificação, agora não mais. Isso resulta da constante consagração dos órgãos (o ser inteiro) a Deus. Aqui está a resposta clara do apóstolo para quem pergunta se é possível viver acima das nossas inclinações para o pecado. Se ligarmos esse texto ao do capítulo 5:20, veremos que a superabundância da Graça, em relação à tendência pecaminosa, é que nos garante a vitória sobre o mal. Resultado: Não há desculpas para o pecado.
O cristão não está debaixo da Lei como condenação, pois já foi justificado, nem como legalismo, pois obedece porque foi salvo e não para ser salvo. Vive debaixo da Graça, isto é, pelo poder da Graça. Assim, o pecado não domina mais, seu reinado findou. Reina a Graça e é nela que triunfamos. Aleluia!
Paulo está tratando com salvos, justificados, com aqueles que já pertencem ao Reino de Deus. Como é clara sua segura certeza de que o pecado não terá domínio mais! Desse modo, a salvação em Cristo é um projeto abolicionista; que realmente liberta o filho de Deus das cadeias do mal. É um projeto de vitória! Estar debaixo da Graça é estar em Sua assistência que conduz em vitória o mais frágil dos redimidos. Quais nossas fraquezas? Qual é o ponto onde nos sentimos vulneráveis? Entreguemos isso ao nosso Deus; Ele vencerá em nós apoderando-Se da nossa vontade rendida a Ele.
Servos da justiça
15E então? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!
Estar debaixo da Graça é estar sob a proteção de Deus para não transgredir a Lei. É absurdo teológico achar que a Graça valida a transgressão da Lei. Ao contrário, foi da transgressão da Lei que a Graça nos salvou. E para quê? Para a obediência do que antes transgredíamos. A Lei transgredida aponta a Graça como perdão e salvação. A Graça aceita aponta a Lei como norma do Reino de Deus e capacita o justo a obedecê-la. Maravilha de projeto divino!
16Será que vocês não sabem que, ao se oferecerem como servos para obediência, vocês são servos daquele a quem obedecem, seja do pecado, que leva à morte, ou da obediência, que conduz à justiça?
Fragilizado pelo pecado o ser humano será sempre servo de forças sobre naturais, ou do mal ou do Espírito Santo. O mal domina malignamente, escraviza. O Espírito Santo ajusta a vontade à verdadeira liberdade – escolher servir a Deus em grata e prazerosa obediência. Não pode haver simultaneidade de servir; ou um ou outro. Assim, uma vez entregue a vida a Jesus, somos DELE tão somente. E que prazer é isso! Liberdade real.
Paulo apresenta aqui esse contraste: Pecado e Justiça. Pecado é a vontade do Diabo; Justiça é a vontade de Deus. Ser servo do pecado é viver como escravo dos impulsos da natureza caída em rebelião ao Criador. Ser servo da justiça é viver, por Sua Graça, em harmonia com Sua vontade expressa em Sua santa Lei. No servir ao pecado está a escravatura que conduz à morte. Servir à justiça é viver no fluxo da vida glorificando o nosso bondoso Deus!
17Mas graças a Deus que, tendo sido escravos do pecado, vocês vieram a obedecer de coração à forma de doutrina a que foram entregues.
O apostolo louva a Deus pela eficácia do Evangelho – levar a Igreja a obedecer a vontade revelada de Deus. Servos do pecado é passado, é vida pregressa. Obediência em consciência de salvação é presente, é vida em progresso. Obedecer “de coração” é gratidão pela salvação; é descanso na obediência. É diferente de obedecer tentando pagar pela salvação. Na obediência que busca pagar a salvação Cristo é desprezado. Na obediência “de coração” Ele é exaltado e louvado!
18E, uma vez libertados do pecado, foram feitos servos da justiça.
Da escravidão do pecado para servir à Justiça. Isso é Evangelho pleno! Justiça, como princípio ético, é a Lei de Deus. Injusto é quem vive em desacordo. Viver em harmonia com a Justiça é conduta do justo. O justo não é justo porque vive em harmonia, vive porque é justo. Não é tornado justo por obedecer, mas foi feito justo, em Cristo, para obedecer. Não foi a obediência à Lei de Deus que arrancou o justo da escravidão do pecado. Foi a Graça que o tirou dali o colocou na “vereda da Justiça”. Um ato de Deus para a Sua glória!
19Falo em termos humanos, por causa das limitações de vocês. Assim como ofereceram os seus membros para que fossem escravos da impureza e da maldade que leva à maldade, assim ofereçam agora os seus membros para que sejam servos da justiça para a santificação.
Sem Cristo era inevitável: os órgãos estavam a serviço do mal. Agora, em Cristo, servem à Justiça (vontade de Deus). Resultado dessa dedicação: Santificação! Que mudança! Antes, no altar do pecado; agora, no de Deus. Todos o órgãos, o ser inteiro. O domínio do Espírito Santo determina não somente o foco da vida, mas sua vitória. Como injustos confessamos nossos erros. Como justos consagramos o ser. A confissão resultou em libertação. A consagração resulta em santificação.
20Porque, quando vocês eram escravos do pecado, estavam livres em relação à justiça.
21Naquele tempo, que frutos vocês colheram? Somente as coisas de que agora vocês se envergonham. Porque o fim delas é morte.
22Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, o fruto que vocês colhem é para a santificação. E o fim, neste caso, é a vida eterna.
No reinado do pecado (natureza pecaminosa) não existia espaço para a Justiça (vontade de Deus, Sua lei); era o caminha da morte. Agora, no reinado da Graça a vida se volta à Justiça divina, à conduta traçada por Ele; é o caminho da vida eterna. O justo não se baseia em ética para ser salvo, mas, porque a salvação o envolve, então vive pela ética do Céu. Quem questiona os princípios da Suprema vontade é porque ainda não sabe o que é o Evangelho libertador. Que não seja o seu caso.
“Mas agora” estabelece uma nova fase. E qual é o ponto de partida? “Libertos do pecado”! Isso mesmo: libertos do domínio da natureza maligna, não da sua presença, pois isso só vai acontecer na volta de Jesus, mas libertos da sua opressão. Isso é fundamental e didático: É preciso ser liberto do mal para ser servo do bem. Não é por obedecer que nos libertamos do mal, mas porque fomos libertos obedecemos.
Vemos aqui os três estágios da Salvação: Primeiro: “Libertos do pecado” (Justificação). Foi o encontro e a entrega da vida a Cristo. O pecador sai das trevas e vem para a luz. Tem paz com Deus e segurança da libertação da culpa. Segundo: “Feitos servos da Justiça” (Santificação). É a vida cristã. É a ligação com Cristo, “como o galho está ligado a videira” (João 15:4). Dessa ligação resultam as vitórias sobre o mal, que glorificam Deus. Terceiro: “Por fim a vida eterna” (Glorificação). Será o toque final na volta der Jesus, “num abrir e fechar de olhos” (I Coríntios 15:52).Assim temos: Certeza da aceitação. Certeza de vitória diária. Certeza da libertação final da natureza pecaminosa, quando teremos um “corpo como o glorificado corpo do Senhor” (Filipenses 3:21). Amém!
23Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.