Hoje em dia, um número cada vez major de eruditos em literatura apocalíptica reconhecem o plano arquitetônico do último livro da Bíblia. Apreciando esta nova visão, e com respeito às últimas pragas do Apocalipse, C. M. Maxwell faz esta promessa: “Uma vez mais nosso conhecimento da estrutura literária vai ajudar-nos grandemente a compreender a mensagem”.1 Maxwell percebe o seguinte arranjo de paralelismo contrastante:2
A. Descrição: as pragas (Apocalipse 15, 16).
B. Narração: circunstâncias relacionadas com as pragas (Apocalipse 17:1-19:10).
B1. Narração: circunstâncias relacionadas com a Cidade Santa (Apocalipse 19:11-21:8).
A1. Descrição: a Cidade Santa (Apocalipse 21:9-22:9).
Esta estrutura de paralelismo inverso significa que os capítulos 15:1 a 19:10 tratam com o castigo divino, e que os capítulos 19:11 a 22:9 tratam com a libertação e a recompensa divinas. Surpreendentemente, tanto a seção a respeito de Babilônia (Apocalipse 17:1-19:10) como a seção a respeito da Nova Jerusalém (Apocalipse 21:9-22:9) são introduzidas pelo mesmo anjo das pragas. Cada divisão principal começa com o convite que o anjo faz: “Vem, mostrar-te-ei…”:
Depois de cada uma destas visões principais, João se sentiu deprimido e se prostrou aos pés do anjo interpretador para adorá-lo, e recebeu a mesma repreensão:
APOCALIPSE 19:10 | APOCALIPSE 22:8, 9 |
“Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia”. | “Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, quando as ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo. Então, ele me disse: Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus”. |
Com este arranjo literário João põe em correlação a destruição de Babilônia e a descida da nova Jerusalém, com os eventos culminantes da sétima praga. O alcance completo de Apocalipse 16 a 22 não permite manter por mais tempo nenhuma opinião que divida Apocalipse 17 do tempo do fim, e de sua conexão indestrutível com as últimas pragas de Apocalipse 16.
As visões de Apocalipse 17 a 19 constituem uma unidade coerente que ampliam adicionalmente a sétima praga (Apocalipse 16:17-21). Portanto, a compreensão adequada da sétima praga deve relacionar-se com a interpretação angélica nos capítulos 17 a 19.
Este estilo literário foi chamado “entrelaçamento”3 ou “urdidura”.4 O que Apocalipse 17 a 19 explicam está todo incluído dentro da ação da sétima praga!
Dessa maneira, João fixou cuidadosamente os capítulos 17 a 19 às últimas pragas. O tema básico da guerra santa de libertação de Cristo continua desenvolvendo-se em Apocalipse 16:13-16, 17:12-14 e 19:11-21. O tema da “guerra santa” não só estrutura a unidade inteira dos capítulos 15 a 19, mas também segue adiante, à posse da “terra prometida” nos capítulos 20 a 22. Este é o objetivo positivo da guerra santa de Cristo.
Desta maneira o Apocalipse contém sua própria hermenêutica implícita.
A Relação de Apocalipse 16 e 17-19
A sétima praga (Apocalipse 16:17-21) amplia-se nos capítulos seguintes (17-19). A sétima praga contém esta declaração sumária: “E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua ira” (16:19).
O tema de Apocalipse 17 a 19 é o juízo sobre Babilônia e nestas visões se dá uma ampliação detalhada da sétima praga. Dessa maneira, a taça com a praga do sétimo anjo cumpre a função de introdução aos capítulos 17 a 19. Por conseguinte, alguns eruditos chamam o Apocalipse 17 a 19 “apêndice” ou “tomada de primeiro plano” dos juízos desta praga. Charles Giblin se refere à seção de Apocalipse 17:1 a 19:10 como a “interpretação angélica da queda de Babilônia”.5
Precisamos reconhecer o indicador na introdução de Apocalipse 17:1: “Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas”. Portanto, o anjo de Apocalipse 17 está conectado com os juízos das taças das pragas de Apocalipse 16. Jean-Pierre Ruiz descreve isto nas seguintes palavras:
“Não há indicação literária de distância entre Apocalipse] 16:17 e 17:1, uma indicação que indique que o que segue está compreendido, por dizê-lo assim, dentro da ação da sétima taça. A especificação do guia angélico em 17:1 como um dos anjos das pragas reforça este vínculo”.6
A correlação da última praga em Apocalipse 16 com a interpretação do anjo em Apocalipse 17 a 19 também é de uma natureza substancial. A retribuição divina sobre a Babilônia do tempo do fim permanece em primeiro plano (ver Apocalipse 16:19; 17:1, 5;
18:1-6, 21; 19:1-3). A breve declaração em Apocalipse 16 de que “lembrou-se Deus da grande Babilônia” (v. 19) amplia-se ulteriormente por um anjo que clama que tem cansado a grande Babilônia, “porque os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou” (18:2, 5).
Apocalipse 17 e 18 explicam como se realizará o juízo de Deus sobre Babilônia. Estes capítulos tão notáveis mostram duas etapas. Na primeira, Deus emprega a besta e seus chifres como instrumentos para dissolver a unidade de Babilônia, o que causa sua ruína. Disse o anjo interpretador:
“Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo” (Apocalipse 17:16).
Deste modo a meretriz, descrita como o último poder apóstata, é a primeira a ser julgada e em receber a lamentação do mundo (Apocalipse 18:9-19).
Na segunda etapa da retribuição divina se pinta um quadro do segundo advento de Cristo no símbolo de um cavaleiro vencedor cujo nome é a Palavra de Deus, que vence a besta, o falso profeta e seus exércitos (Apocalipse 19:11-21). Essa descrição de Cristo como “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Apocalipse 19:16) apresenta a visão ampliada do “Armagedom” tal como foi antecipada na sexta e na sétima pragas de Apocalipse 16:13-16. As pragas de Apocalipse 16 estão ampliadas nos capítulos 17 a 19.
A Meretriz: A Característica Principal de Apocalipse 17
Primeiro devemos prestar atenção à visão e à reação que teve João (Apocalipse 17:1-6), e depois considerar a interpretação do anjo (vs. 8-18).
“Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra. Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres. Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição. Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA” (Apocalipse 17:1-6).
Percebemos três temas principais na visão de João: a prostituta, a besta e Babilônia. Enquanto a besta e Babilônia já se mencionaram em Apocalipse 13 a 16, a meretriz ou prostituta é o tema novo e central de Apocalipse 17. O interrogante é: Que realidade histórica corresponde a esta meretriz sedenta de sangre durante a era da igreja? É a Roma imperial, a hostil Jerusalém, o poder perseguidor Estado-Igreja da Idade Média, ou é alguma realidade temível que está no futuro?
O enfoque contextual pode abrir uma perspectiva nova sobre este capítulo misterioso do Apocalipse. Ao considerar o contexto dos capítulos 12 e 13, notamos que há uma mulher grávida e uma besta de sete cabeças. Isto requer uma avaliação das duas mulheres simbólicas em Apocalipse 12 e 17 que estão em um contraste intencional entre si. Como vimos antes (cap. XXI desta obra), a mulher pura do capítulo 12 representa o povo fiel do antigo e do novo pacto. Esta “mulher” deu à luz o Messias de Israel (Apocalipse 12:1-5), depois foi perseguida e fugiu ao deserto para ocultar-se da vida pública e da sociedade por 1.260 dias simbólicos (vs. 6, 14).
Se se contemplar à meretriz do capítulo 17 como a contraparte da mulher pura de Apocalipse 12, devemos concluir que a meretriz representa a igreja infiel que entrou em uma relação ilícita com os governantes políticos do mundo, “os reis da terra” (ver Apocalipse 17:2). Isto esclarece o fato de que a prostituta é capaz de perseguir a todos os dissidentes. João a vê “ébria do sangue dos santos, e do sangue dos mártires de Jesus” (v. 6; ver também 16:6; 18:24).
A igreja medieval não executou a nenhum herege, mas sim entregou os condenados pela Inquisição da igreja, que já tinham sido torturados, aos governantes do mundo para que executassem as sentenças de morte dadas pela igreja.
É espantoso chegar à conclusão de que a prostituta simbólica representa a igreja apóstata. Requer confirmação do contexto bíblico. Tal confirmação vem em essência dos profetas do Antigo Testamento, que descreveu a Israel ou a Judá como uma “prostituta”, como a esposa infiel de Jeová.
Protótipos do Antigo Testamento da Prostituta Apocalíptica
Oséias começou a acusar às dez tribos do reino do Norte, o reino do Israel, declarando: “Um espírito de prostituição está no meio deles, e não conhecem ao Senhor” (Oséias 5:4). Meu povo “consulta o seu pedaço de madeira, e a sua vara lhe dá resposta; porque um espírito de prostituição os enganou, eles, prostituindo-se, abandonaram o seu Deus” (4:12).
Jeremias adotou este mesmo simbolismo para falar de Judá e de Jerusalém: “Tu te prostituíste com muitos amantes” (Jeremias 3:1); “Embora te vista de escarlata, embora te adornes com atavios de ouro, embora pintes com antimônio teus olhos, em vão te engalanas; te desprezarão seus amantes, procurarão tua vida” (4:30). Não há dúvida que Jezabel, a mulher pagã do Acabe simbolizava algo assim como um modelo para o quadro do Jeremias de uma Jerusalém apóstata (ver 2 Reis 9:30).
Isaías incluso exclamou com horror a respeito de Jerusalém: ” Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela, que estava cheia de justiça! Nela, habitava a retidão, mas, agora, homicidas” (Isaías 1:21).
Ezequiel transmitiu a denúncia mais elaborada de Jerusalém, que serve como a chicote principal do simbolismo da prostituta em Apocalipse 17. As descrições que Ezequiel e João fazem da prostituta merecem uma comparação séria.
A Prostituta Apocalíptica: Antítipo do Israel Apóstata
Os principais eruditos em apocalipticismo atuais – tais como A. Vanhoye, J. M. Vogelgesang, J-P. Ruiz e outros – mostraram que maneira convincente que a linguagem figurada da prostituta de Apocalipse 17 tem dependência de Ezequiel 16, 20 e 23. Mais que qualquer outro profeta, Ezequiel descreveu a Israel (incluindo Judá e Jerusalém) como a companheira do pacto de Jeová que era infiel, uma prostituta sedenta de sangue que se exaltava a si mesma. O protótipo bíblico está carregado de significado para compreender a seu antítipo em Apocalipse 17 durante o período da igreja. Uma análise cuidadosa de Ezequiel 16, 20 e 23 é essencial para a interpretação de Apocalipse 17, com seu enfoque no tempo do fim.
Tanto Ezequiel como João usam o símbolo da meretriz para acusar a infiel companheira do pacto com Deus das seguintes acusações: imoralidade sexual ou idolatria, opressão e assassinato de seus próprios filhos. Depois que se apresentam as acusações legais, tanto Ezequiel como João procedem a apresentar o mesmo castigo da impenitente. É útil colocar as passagens pertinentes lado a lado embora não há substituto para uma leitura pessoal destes capítulos em toda sua extensão.
A correspondência das descrições do Ezequiel e o Apocalipse é tão evidente que Josephine M. Ford declarou: “O texto que influiu mais sobre o autor do Apocalipse é Ezequiel 16, que é um ataque profético sobre Jerusalém… Sua descrição é tão gráfica como em Apocalipse 17 e 18”.7 Pode-se preferir aqui falar não de um “ataque” mas sim de retribuição divina. Agora comparemos:
Albert Vanhoye demonstrou que Apocalipse 17:15-18 reflete uma utilização do Ezequiel 16 e 23.8 R. H. Charles vá ao Ezequiel 23:25-29 reproduzido “em essência” em cada uma das ações levadas a cabo pela besta e seus chifres contra a prostituta.9
Jeffrey Vogelgesang também vá a João tomando diretamente do Ezequiel 16 e 23 nas visões a respeito de Babilônia de Apocalipse 17 e 18. Declara o seguinte: “O sentido geral de Apocalipse 17 corresponde ao Ezequiel 16 e 23, onde se consideram as obras más da meretriz, depois se pronuncia o veredicto e se proclama o castigo”.10
Um ponto que geralmente os exegetas profissionais ignoram é a questão de como se relacionam teologicamente entre si Ezequiel 16 e Apocalipse 17, quer dizer, como é que esta correspondência que se reconhece entre estes dois capítulos indica que existe uma tipologia bíblica.
Para a interpretação de Apocalipse 17 é crucial definir a estrutura tipológica entre as silhuetas destas duas prostitutas e os juízos que Deus envia. Não há dúvida de que existe uma analogia estrutural entre as acusações legais e o castigo retributivo das prostitutas em Ezequiel 16 e Apocalipse 17. É inevitável a conclusão de que Apocalipse 17 depende de Ezequiel 16, porque ambas as passagens tratam com o professo, mas apóstata povo da aliança! Esta conclusão dolorosa foi evitada sistematicamente pela maioria dos teólogos cristãos e os eruditos em exegese, assim como pelos eruditos rabínicos que ficaram tão escandalizados pela linguagem severa de Ezequiel que proibiram a leitura de Ezequiel 16 na sinagoga.11
As acusações divinas em Ezequiel 16 são de uma natureza moral: idolatria e infidelidade conjugal. Ambos estão conectados entre si porque o adultério metafórico de Jerusalém com o Egito, Assíria e Babilônia compreendia a adoração dos deuses estranhos desses reis (2 Reis 17:13-20; Isa. 30:1-5; 31:1). A apostasia de Jerusalém na adoração se revela de maneira especial em Ezequiel 23:
“Porque adulteraram, e nas suas mãos há culpa de sangue; com seus ídolos adulteraram, e até os seus filhos, que me geraram, ofereceram a eles para serem consumidos pelo fogo. Ainda isto me fizeram: no mesmo dia contaminaram o meu santuário e profanaram os meus sábados…. e assim o fizeram no meio da minha casa” (Ezequiel 23:37-39; ver também 20:21, BJ).
Jeremias, um contemporâneo de Ezequiel, pôs a descoberto as mesmas práticas de sacrificar os filhos aos ídolos (Jeremias 7:10, 30-34). Quando anunciou a destruição do templo de Salomão, “lançaram mão dele os sacerdotes, os profetas e todo o povo, dizendo: Serás morto: De certo morrerá” (26:8).
A meretriz do tempo do fim de Apocalipse 17 é acusada dos mesmos crimes de apostasia no culto, infidelidade sexual e idolatria sedenta de sangue (Apocalipse 17:2, 4, 6, 14). Assim como a antiga Jerusalém se tornou inimiga de Jeová, assim a igreja institucional seria infiel a Cristo, apóstata em seu culto de adoração, e sedenta de sangue com todos os que recusassem prostrar-se ante ela e sua “marca” de adoração.
O castigo da prostituta em Ezequiel 16 e 23 assim como em Apocalipse 17, em essência é o mesmo: Deus chama os antigos amantes para que levem a cabo o castigo da prostituta (Ezequiel 16:37, 39; 23:22; Apocalipse 17:16, 17).
Walter Zimmerli resumiu nestas palavras o castigo que aparece em Ezequiel 16:
“Os mesmos poderes de quem a comunidade de Deus parece aproveitar-se, tomarão represálias e executarão o juízo de Deus sobre ela… como um juízo que começa pela casa de Deus (9:6)”.12 Por conseguinte, J-P. Ruiz concluiu dizendo: “O que encontramos em Apocalipse 17:16 é uma relocação nova e consciente da linguagem de Ezequiel 16 e 23, e uma transformação real da linguagem profética”.13 O anjo interpretador destaca que a ação destruidora da besta e seus chifres contra a prostituta em Apocalipse 17:16 é o cumprimento da vontade de Deus “Porque Deus tem posto em seu coração que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma ideia, e que deem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus” (Apocalipse 17:17).
Um olhar mais detido aos oráculos de juízo da antiga e a nova prostituta, revela uma correspondência literária e temática:
EZEQUIEL 16:39 | APOCALIPSE 17:16 |
“Entregar-te-ei nas suas mãos, e derribarão o teu prostíbulo de culto e os teus elevados altares; despir-te-ão de teus vestidos, tomarão as tuas finas joias e te deixarão nua e descoberta”. | “Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo”. |
A relação teológica entre os castigos das duas prostitutas, a antiga e a nova, é manifestamente uma relação de tipo e antítipo. Esta tipologia inspirada contém a chave para decifrar a visão desconcertante do tempo do fim que João apresenta: a meretriz do tempo do fim representa a igreja infiel e mundana que voltará a ter a supremacia por um tempo breve sobre os governantes políticos.
J-P. Ruiz chamou nossa atenção a algumas relações notáveis do castigo da meretriz em Apocalipse 17: “… devorarão suas carnes” (v. 16). Aqui vê “uma similitude verbal estreita” entre esta frase de Apocalipse e a de 2 Reis 9 que descreve a predição que Elias faz da morte de Jezabel, a rainha de Israel: “No campo de Jezreel, os cães comerão a carne de Jezabel” (2 Reis 9:36). Ruiz declara o seguinte: “O contexto de 2 Reis 9:36 também corresponde ao de Apocalipse 17:16”.14 A correspondência básica da Jezabel histórica e seu antítipo profético dentro da igreja, já estava indicado na carta de Cristo à igreja do Tiatira: “Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos” (Apocalipse 2:20).
A igreja de Cristo ia permitir dentro de seu seio a uma nova Jezabel, com suas exigências falsas como profetisa de Deus e com seu culto religioso falso (Apocalipse 2:20, 23). Os resultados amargos são os mesmos na antiga e na nova Jezabel: o assassinato legalizado e político dos santos de Deus.
Assim como a Jezabel da antiguidade usou a seu marido o rei Acabe para perseguir Elias e os seguidores de Jeová, assim também a Jezabel apocalíptica usa os governantes políticos para perseguir os seguidores de Cristo. O cristianismo apóstata receberá o mesmo juízo condenador de Cristo como o que recebeu Jezabel: “Pois julgou a grande meretriz… e vingou o sangue de seus servos” (Apocalipse 19:2; cf. 2 Reis 9:7). Este é o contexto mais amplo da frase do anjo, “devorarão suas carnes”, em Apocalipse 17:16. A maldição final do pacto sobre a prostituta apocalíptica se formula como “os dez chifres… a consumirão no fogo” (17:16; ver também 18:8). Na lei de Moisés, este castigo estava reservado para a imoralidade sexual da filha de um sacerdote:
“Se a filha de um sacerdote se desonra, prostituindo-se, profana a seu pai; será queimada” (Levítico 21:9).
Enquanto o castigo tradicional para o adultério de uma mulher casada era o apedrejamento (Deuteronômio 22:23, 24; João 8:5), no caso de prostituição praticada pela filha de um sacerdote, o castigo era queimá-la. Este castigo apocalíptico da prostituta do tempo do fim assinala uma vez mais à natureza sacerdotal desta “mulher” caída. João informa sua reação à visão de Apocalipse 17:1-6, quando diz: “E, quando a vi, admirei-me com grande espanto” (V. 6). Em realidade, ficou “mudo de assombro” ou “grandemente perplexo”, o que é difícil de entender se João tivesse visto só os imperadores romanos perseguidores ou uma Jerusalém hostil. Isso era algo familiar para sua própria experiência. Entretanto, se contemplou a mudança que se levaria a cabo na igreja institucional de Cristo, que a mulher pura chegaria a ser intolerante e a estar sedenta de sangue, isso teria sido verdadeiramente assombroso.
Admoestações Apostólicas Contra a Apostasia Predita
A igreja de Cristo ia repetir a história do Israel antigo, que em general foi uma história de apostasia. O apóstolo Paulo advertiu contra a repetição da apostasia do Israel na igreja institucional. Disse Paulo:
“Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles…
Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Coríntios 10:6, 7, 12).
Paulo também empregou a metáfora profética de uma mulher para descrever à igreja quando escreveu:
“Pois lhes hei desposado com um só marido, para lhes apresentar como uma virgem pura a Cristo. Mas temo que como a serpente com sua astúcia enganou a Eva, seus sentidos sejam de algum jeito extraviados da sincera fidelidade a Cristo” (2 Coríntios 11:2, 3).
Expressou seu temor justificado nesta predição sinistra quando se dirigiu aos anciões da igreja de Éfeso:
“Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai” (Atos 20:29-31).
Inclusive caracterizou esta apostasia vindoura (em gr., apostasia] dentro da igreja como uma rebelião do “homem do pecado” (em gr., anomías] (2 Tessalonicenses 2:3), que continuaria e permaneceria todo o tempo, até a segunda vinda de Cristo (V. 8).
Entretanto, o Apocalipse de João desenvolve o tema da apostasia sistematicamente em Apocalipse 12 a 19. Aqui a igreja pós-apostólica institucional é descrita como uma “meretriz”, porque sendo a “mulher” de Cristo, unir-se-ia ilegalmente com os reis da terra:
“Com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra” (Apocalipse 17:2).
Um intérprete da escola histórica de interpretação comentou: “O fato de que Babilônia é distinta dos reis da terra, embora esteja ilegalmente unida a eles, é uma prova positiva que Babilônia não é o poder civil. O fato de que o povo de Deus está em seu meio precisamente antes de sua derrocada, demonstra que é um professo corpo religioso. Portanto, pensamos que deve ser evidente que a Babilônia de Apocalipse 17 simboliza à igreja professa que está ilegalmente unida ao mundo”.15
O Imperativo da Hermenêutica do Evangelho
Alguns reconhecem que a meretriz de Apocalipse 17 representa ao professo povo do pacto de Deus e sua infidelidade ao Deus do pacto. J. M. Ford o explica assim: “É o pacto o que a faz noiva, a ruptura do qual a converte em adúltera”.16 O ler o Apocalipse à luz do antecedente do Antigo Testamento foi um adiantamento fundamental no enfoque do livro do Apocalipse, e muitos até falham em apreciar a importância deste fato. Não obstante, esta chave do Antigo Testamento não é uma garantia da aplicação histórica de Apocalipse 17. Necessita-se também estar consciente da tipologia cristã que o Novo Testamento revela em sua aplicação do idioma do pacto hebraico.17
Rechaçando a aplicação popular de que a meretriz se refere a Roma imperial, esta erudita católica literaliza sua aplicação da meretriz de Apocalipse 17 à “Jerusalém infiel” e a seu sacerdócio. Diz J. M. Ford: “Estes textos [dos rolos de Qumran], juntos com os do Antigo Testamento, assinalam que a meretriz em Apocalipse 17 é Jerusalém, não Roma”.18 Por conseguinte, considera a “a antiga Jerusalém, manchada” em vez de Roma como a verdadeira contraparte da Nova Jerusalém”.19 Mas este princípio de aplicação literal é uma violação fundamental da hermenêutica do evangelho, porque não está orientada a Cristo e a seu povo do novo pacto (ver a Primeira parte, o cap. V desta obra).
O Apocalipse está construído quase completamente com termos e imagens hebraicas, como o reconhecem todos os exegetas. Portanto, para evitar as interpretações especulativas, é essencial aplicar a hermenêutica do evangelho a toda a linguagem hebraica do pacto que aparece no Apocalipse. O idioma e o simbolismo no Apocalipse continuam sendo os do pacto, mas em termos do novo pacto de Jesus Cristo. Este idioma pactual cristocêntrico está firmemente estabelecido em Apocalipse (vejam-se os caps. II e III desta obra).
O Mistério de Babilônia, a grande.
A meretriz tem um título escrito sobre sua frente: “Mistério: Babilônia, a grande” (Apocalipse 17:5). Este “mistério” não está restringido à identidade da prostituta. Disse explicitamente o anjo: “Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que a traz, a qual tem as sete cabeças e dez chifres” (v. 7). Com respeito a isto, declara J-P. Ruiz:
“Tudo o que aparece no capítulo 17:7 e 8, e não precisamente os vs. 15-18, têm que ver com a mulher, a cujo juízo se convida como testemunha a João. A repetição de guné nos vs. 7, 9 e 18 serve como o recordativo literário de que a prostituta e a besta pertencem ao mesmo mustérion”.20
Isto significa que o “mistério” de Babilônia a grande inclui a visão de João como um tudo, a compreensão do qual requer “a mente que tenha sabedoria” (Apocalipse 17:9).
Necessitou-se sabedoria já antes para entender o “número da besta” (13:18). Requer a atividade intelectual de calcular o número da besta (v. 18). A mesma atividade mental se necessita em Apocalipse 17, porque indica a aplicação histórica das sete cabeças da besta escarlate e de seus dez chifres:
“Aqui é necessário a inteligência que tem discernimento: as sete cabeças são sete montes (em gr., óre: ‘montes’] sobre os quais a mulher está sentada. São também sete reis, dos quais cinco já caíram, um existe e o outro ainda não veio, mas quando vier deverá permanecer por pouco tempo” (Apocalipse 17:9 e 10, BJ; ver RA, RC, que também traduzem “montes”).
“E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão o poder como reis por uma hora, juntamente com a besta” (Apocalipse 17:12).
Toda a linguagem figurada é parte do “mistério” de Babilônia, a Grande. A sabedoria sugere que façamos remontar toda esta linguagem figurada à linguagem profética hebraica antes que busquemos aplicar os símbolos à era da igreja. Ao mesmo tempo que detectamos uma correspondência inegável da prostituta apocalíptica com a prostituta dos oráculos de condenação de Ezequiel (caps. 16 e 23), observamos que a besta com as cabeças e os chifres em Apocalipse 17 depende essencialmente da besta com dez chifres do Daniel 7. Portanto, devemos relacionar Apocalipse 17 com Daniel 7. Ambas as visões apocalípticas estão conectadas de maneira indissolúvel. Ruiz reconheceu isto em sua análise de Apocalipse 17:
“Entretanto é uma mensagem unificada oferecida em termos do Antigo Testamento, porque o tema da besta está extraída de Daniel, enquanto que o tema da prostituta, sua atividade e seu destino, é tomada de Ezequiel”.21
O Momento Histórico Exato da Besta Ressuscitada
O segundo tema de Apocalipse 17 é a besta escarlate sobre a qual está sentada uma prostituta. João é levado “em Espírito ao deserto”. Ali viu “uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres” (Apocalipse 17:3).
Neste ponto recordamos que o dragão (Apocalipse 12:3) e a besta do mar (13:1) têm igualmente sete cabeças e dez chifres. Entretanto, cada um dos três animais têm alguns característicos únicos que diferem dos outros. O dragão tem sete coroas em suas cabeças (12:3), enquanto que a besta do mar tem dez coroas sobre seus chifres (13:1).
A besta escarlate não tem coroas, mas leva a prostituta. Por conseguinte, a besta escarlate do capítulo 17 não é idêntica à besta que sobe do mar no capítulo 13 ou com o dragão do 12. Por outro lado, as sete cabeças e os dez chifres da besta escarlate estabelecem uma conexão definida entre a besta que sobe do mar e o dragão.
O anjo interpretador solicita que se exerça sabedoria especial para entender as sete cabeças da besta revivida (Apocalipse 17:9). Ao que parece, o momento exato das duas últimas cabeças, a sexta e a sétima, é um momento crucial na era da igreja para manter um conhecimento exato do plano de Deus para nosso tempo.
De nossa análise de Apocalipse 12 a 14 aprendemos que estes capítulos revelam progressivamente todo o alcance da era da igreja. Enquanto que Apocalipse 12 se enfoca principalmente no começo da era da igreja (o nascimento e a coroação do Messias, vs. 1-5), e nos séculos pós-apostólicos (a mulher se oculta no deserto por 1.260 dias simbólicos, vs. 6, 14), Apocalipse 13 e 17 mudam o foco principal da profecia cada vez mais no tempo do fim da era da igreja (em Apocalipse 13:15-17; 17:12-14), ampliando cada vez mais o conflito final de Apocalipse 12:17.
As sete cabeças se descrevem explicitamente como “reis” sucessivos ou poderes mundiais, dos quais “dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou” (Apocalipse 17:10). É claro que a besta demoníaca exerce seu governo opressor por meio de uma cabeça de uma vez no curso da história. As sete cabeças pertencem igualmente ao dragão (cap. 12), à besta que sobe do mar (cap. 13) e à besta escarlate que sobe do abismo (cap. 17). Não podemos dar por sentado que há 21 cabeças, mas só sete são as que representam todo o lapso de tempo da luta de Satanás contra o povo de Deus.22
Isto significa que o dragão, a besta do mar e a besta escarlate, cada uma representa uma cabeça particular ou poder mundial. Relacionando cada animal ao período de tempo central dos “1.260” dias (12:6) ou “42 meses” (13:5), estamos de acordo com John N. Andrews, que afirmou:
“O período próprio de cada um parece ser este: o dragão antes dos 1.260 anos, a besta do capítulo 13 durante esse período, e a besta do capítulo 17 do tempo da ferida mortal e a cativeiro no fim daquele período”. 23
As sete cabeças de cada uma das três bestas de Apocalipse 12, 13 e 17 expressam a continuidade da perseguição por parte destes poderes mundiais ímpios. Todas estão relacionadas essencialmente pelo mesmo espírito de ódio contra Jesus Cristo e estão decididas a proscrever e executar os companheiros do Cordeiro de Deus. Cada “cabeça” dos poderes estatais governantes na era da igreja está motivada pelo mesmo dragão, ou Satanás (Apocalipse 12:9).
As Sete Cabeças da Besta Escarlate
As sete cabeças foram o assunto de muita discussão nos comentários.
Recentemente, Kenneth A. Strand examinou os argumentos do ponto de vista popular preterista, que aplica as sete cabeças a sete imperadores romanos específicos.24 Louis Were examinou a antiga opinião protestante que aplicava as cabeças a sete formas diferentes de governo em Roma, a sétima das quais era o Exarcado da Ravena.25 C. M. Maxwell apresentou uma interpretação clara e exaustiva desta seção de Apocalipse 17.26
Todos estes investigadores chegam à conclusão de que as sete cabeças não se referem a reis ou formas específicas do governo de Roma através dos séculos. Todos interpretam os termos “reis” como reinos personificados ou impérios, não como indivíduos isolados (ver Daniel 2:37-39; 7:17, 18, 23). De igual maneira, os “montes” se vêem como símbolos de reinos, como era costume na linguagem profética (Daniel 2:44,45; Jer. 51:25). Com respeito às “sete cabeças” da besta, Louis Were comentou ogunte seguinte:
“O número 7 se empregou com referência às cabeças em um sentido simbólico e por isso não nos incumbe encontrar um número exato de 7 inimigos do povo de Deus. O número 7 se emprega no Apocalipse em um sentido simbólico para perfeição ou integridade”. 7
Depois de examinar as diferentes propostas para identificar as sete cabeças, o= Comentário bíblico adventista conclui: “A evidência é insuficiente para garantir uma identificação dogmática delas”.28 Há uma indicação que dá que pensar em Apocalipse 17 e que nos convida a identificar em forma tentativa os reinos principais:
“Dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco” (V. 10).
Se se reconhecerem que as cinco primeiras cabeças ou reinos hostis estavam no passado nos dias de João, devemos começar com: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia e Grécia, para ter cinco reinos que tinham caído nos dias de João. A “cabeça” que “é” seria então Roma imperial. A “cabeça” ainda por vir, apontaria a Roma papal durante a Idade Média. Mas existe um problema com esta posição. Passou por cima sua coordenação com as três fases da besta: “A besta que era, e não é…” (Apocalipse 17:11). Isto significa que a identificação da sexta cabeça (“que é”) com a Roma imperial não quadra com a explicação do anjo de que a besta “não é!”
Portanto, parece mais sábio adotar o ponto de vista escatológico apresentado pelo mesmo anjo que traz a praga. Declara K. A. Strand: “A mesma visão [Apocalipse 17:1-6] está dada da perspectiva do juízo escatológico quando a besta ‘não é ‘ “.29
O quadro simbólico de que a sexta cabeça está viva enquanto que a besta “não é”, requer alguma explicação. A expressão “não é” com respeito à besta indica com toda certeza que a natureza perseguidora ou bestial da besta não está ativa durante a sexta cabeça. O período da sexta cabeça se aplicaria então ao tempo das democracias modernas da Revolução Francesa (1798), quando começaram a separar o Estado e a Igreja. C. M. Maxwell vê também a visão da besta escarlate “do ponto de vista do tempo do fim em lugar de localizar-se nos dias de São João”. Explica-o assim:
“Entende que as cinco cabeças ‘caídas’ seriam Babilônia, Pérsia, Grécia, o Império Romano e a Roma cristã. A sexta cabeça (no tempo do fim) ‘é’ a Roma cristã ferida de morte, que seria seguida muito em breve pela sétima cabeça que ‘ainda não chegou’, quer dizer, a Roma cristã com sua ferida curada. A ‘hora’ quando os dez reis reinam com a besta é um breve período no próprio fim do tempo quando com zelo ditatorial a besta for ajudada no reavivamento de sua dura perseguição”.30
Podemos imaginar a coordenação da besta escarlate com suas sete cabeças no diagrama seguinte. Toma a visão de Apocalipse 17 como olhando para trás na história da igreja, do tempo do fim, quando a sexta cabeça está presente.
APOCALIPSE 17 | APOCALIPSE 17 | APOCALIPSE 17 |
PASSADO | PRESENTE | FUTURO |
CABEÇAS CINCO CAÍRAM: Babilônia; M-Pérsia; Grécia; Roma pagã; ROMA PAPAL. | A SEXTA ESTÁ PRESENTE: Durante o tempo do fim. | A SÉTIMA AINDA NÃO VEIO |
CHIFRES Coroados: Monarquias medievais. | Destronados: As democracias desde a Revolução Francesa. | Coroados por una hora: Unem-se com a besta ressuscitada.. |
BESTA ERA: Quando perseguiu. | NÃO É: Não persegue, porque sofre una ferida mortal. | E SERÁ: Fará guerra contra o Cordeiro e seus seguidores ( l 7:12-14). MUDANÇA REPENTINA: A besta e os 10 chifres destroem a meretriz (17:16). |
A revelação nova de Apocalipse 17 tem que ver com a declaração que nos deixa perplexos de que o anticristo (a besta que sobe do mar) de Apocalipse 13, depois que sua ferida mortal tenha sido curada, se levantará mais uma vez ao poder para orquestrar um assalto extremo sobre os santos no tempo do fim. Esta perseguição final toma a natureza de uma guerra político-religiosa da besta, em aliança com os dez chifres, contra o Cordeiro e seus seguidores: “Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora. Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem. Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele” (Apocalipse 17:12-14).
A mensagem consoladora de Apocalipse 17 é o breve tempo do terror final e a repentina libertação da última tirania para o Israel de Deus. A ênfase notável sobre o tempo do fim de Apocalipse 17 requer uma atenção especial. Os repetidos indicadores de tempo do passado, presente e futuro em Apocalipse 17 precisam relacionar-se adequadamente à história das três etapas da besta em Apocalipse 13. Apocalipse 17 deve ser considerado como uma das visões de fôlego mais importantes para o povo de Deus no tempo do fim.
A Progressão de Tempo Entre Apocalipse 13 e 17
Embora Apocalipse 17 foi considerado por alguns como nada mais que uma repetição de Apocalipse 13, uma comparação estreita da besta das sete cabeças em ambos os capítulos mostra que Apocalipse 17 não é precisamente um duplicado de Apocalipse 13. Três característicos distintivos indicam uma progressão histórica entre a besta que sobe do mar em Apocalipse 13 e a besta escarlate de Apocalipse 17.
1. Os nomes de blasfêmia, limitados às cabeças da besta em Apocalipse 13:1, agora cobrem todo o corpo da besta escarlate (Apocalipse 17:3), o que indica o incremento contínuo das demandas jactanciosas do anticristo com o passar do tempo.
2. Os dez chifres da besta escarlate já não levam diademas reais (como em Apocalipse 13:1), mas voltarão outra vez a reinar como reis com a besta “por uma hora” (17:12).
3. A besta escarlate não sobe do mar (como em Apocalipse 13), mas sim do abismo ou o reino da morte (17:8; ver Romanos 10:7). Isto indica uma ressurreição do reinado da besta. Este renascimento ou reencarnação do anticristo em escala universal é a revelação única em seu gênero de Apocalipse 17.
As Três Etapas da Existência do Anticristo
João percebe três fases sucessivas da besta-anticristo. Primeiro, a besta ia fazer guerra contra os santos durante 42 meses (Apoc.alipse13:5). Depois assestam uma ferida mortal à besta (V. 3). Finalmente, João viu a besta revivida reassumir sua guerra contra os santos só por “uma hora” ou “um pouco de tempo”, e imediatamente partir à sua destruição (17:8, 10, 11 ). O anjo interpretador descreve as três etapas sucessivas da besta em forma repetida (três vezes):
“A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra …se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá” (Apocalipse 17:8).
“E a besta, que era e não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição” (Apocalipse 17:11).
Dessa maneira o anjo enfatiza três vezes que a visão de João pertence ao período quando a besta “não é”, quer dizer, quando não está reinando como perseguidora dos santos, enquanto a besta está “para subir [mélei anabáinein] do abismo” (Apocalipse 17:8).
Esta descrição determina o ponto de vista do tempo da visão de Apocalipse 17, quando a besta “não é”, quer dizer, quando recebeu sua “ferida mortal”. A respeito, G. McCready Price declarou: “Não parece haver possibilidade de negar que esta época de ‘não é’ da besta deve corresponder à época da ferida de morte de Apocalipse 13:3”.31
No entanto, Apocalipse 17 revela que a ferida mortal não foi infligida à mulher perseguidora. A igreja apóstata ficaria, seria só como “uma viúva” porque a besta já não estaria disponível para executar seus mandatos. Durante o período de sua ferida mortal, a besta “não é” (17:8; 18:7), o que significa que não persegue.
Para sintetizar os pontos de vista do tempo em Apocalipse 12, 13 e 17 digamos: o dragão fez guerra contra os santos durante o tempo da Roma pagã (12:1-5), a besta do mar continuou esta guerra durante a Idade Média (13:1-10), enquanto a besta escarlate de Apocalipse 17 descreve a ameaça aos santos vista do tempo da Revolução Francesa. Esta conclusão denota que Apocalipse 17 não aponta à Roma imperial ou à Idade Média, e sim ao tempo dos acontecimentos finais. Por conseguinte, estamos de acordo com a conclusão do Kenneth Strand;
“Procurar na história um cumprimento, por exemplo, da fase “não é” da besta do capítulo 17, quando esta fase é obviamente uma vista de juízo, é ilógico. Ou tratar todo o capítulo 17 como tendo cumprimento histórico antes que escatológico é não compreender o verdadeiro sentido do capítulo e de toda a segunda parte do livro do Apocalipse em que aparece”.32
A Futura Sétima Cabeça
Parece completamente claro que a declaração do anjo: “Dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou” (Apocalipse 17:10), indica poderes mundiais consecutivos. A ênfase do anjo não está nas cinco primeiras cabeças que caíram, ne na cabeça que “é” contemplada do ponto de vista do anjo da praga. O interesse do anjo se centra especificamente na última, ou seja na sétima cabeça. Procede dando à besta ressuscitada o número oito!
“E a besta, que era e não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição” (Apocalipse 17:11, RC).
A designação numérica da besta revivida é muito significativa. É “o oitavo” embora pertença às sete cabeças (Apocalipse 17:11)! Como é uma das sete, não se deve assumir que repentinamente a besta acrescenta uma oitava cabeça. O dragão de Apocalipse 12, a besta de Apocalipse 13 e a besta revivida de Apocalipse 17, todas estão descritas só com sete cabeças. O anjo faz três declarações paralelas concernentes à besta revivida:
“Está para emergir do abismo” (17:8a).
“Mas reaparecerá” (17:8c).
“É ela também o oitavo” (17:11).
Combinando estas declarações, vemos que o que é contado como “oitavo” se aplica à ascensão da besta do abismo, quer dizer, a sua ressurreição. Vários eruditos do Novo Testamento veem uma paródia irônica na atribuição do número “oito” à besta restaurada. Veem o dia da ressurreição de Cristo como “o oitavo dia” porque veio depois de seu descanso na tumba no sétimo dia sábado. Declara Alan Johnson: “O oitavo era o dia do Messias, o dia da nova era e o sinal da vitória sobre as forças do mal”.33 Mas Satanás desafia esta vitória de Cristo pela ressurreição de seu próprio reino a um novo poder mundial: “Para recrutar tantos como lhe é possível para sua parte na guerra, a besta imita a ressurreição de Cristo (ele ‘é um oitavo rei’ [V. 11]) e dará a aparência de estar vivo e de dominar o mundo (cf. Luc. 4:5-7)”.34
O contar como “oito” à sétima e final cabeça da besta indica não só que é uma besta ressuscitada, mas também alerta a igreja às demandas enganosas de um poderoso Messias falso. Imitará a morte e ressurreição do Jesus como “o oitavo” (Apocalipse 17:11).
O contraste fundamental não escapará à mente penetrante. Louis F. Were concluiu sua análise profunda de Apocalipse 17 com este comentário perspicaz:
“Ao saber que o número 8 é o símbolo na Bíblia da ressurreição e do triunfo do Senhor sobre seus inimigos, podemos captar o significado de Apocalipse 17:11… Como Jesus triunfou sobre seus inimigos e se levantou em poder glorioso para usá-lo na salvação de seu povo, assim se levantará esta besta de seu lugar de morte à posição de um poder ainda maior, que tratará de empregar para a destruição do povo de Deus”.35
Mas a sétima cabeça permanecerá no poder só por “breve tempo” (Apocalipse 17:10).
Depois, irá repentinamente “à destruição” em sua luta contra o Cordeiro e seus seguidores (vs. 11, 14), o que ocorrerá por meio do impacto do glorioso advento de Cristo:
“Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta… Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre. Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes” (Apocalipse 19:20, 21).
Albert Vanhoye em seu estudo clássico sobre o uso de Ezequiel no Apocalipse, concluiu dizendo:
“Em realidade, o que é importante observar não é só que o sentido geral da passagem [Apocalipse 17:1-6, 15-18] mas sim todo seu vocabulário corresponde ao de Ezequiel 16 e 23. Daí vem a ideia do juízo da prostituta; também, tanto Ezequiel 16 como 23 estão construídos na forma de um juízo”.36
Esta correspondência entre o Ezequiel 16 (e 23) e Apocalipse 17 estabelece uma tipologia cristã entre a Jerusalém apóstata e a igreja apóstata. A Babilônia do tempo do fim é uma cristandade apóstata que adotou as formas pagãs de culto cristão, mudou a lei do Deus do pacto e estabeleceu alianças com os poderes políticos. Toda esta infidelidade da igreja para com Cristo está condenada à autodestruição em Apocalipse 17:16. As autoridades civis e políticas exporão em última instância a vergonha ou culpa de Babilônia e atuarão em consequência como os agentes da retribuição divina (17:16, 17). Desta forma, Apocalipse 17 funciona como o cumprimento eclesiológico de Ezequiel 16 e 23.
A Vitoriosa Igreja Remanescente de Cristo
O propósito mais elevado do Apocalipse é insistir com o povo de Deus a sair de Babilônia e seguir a Cristo. Isto está de maneira explícita em Apocalipse 18. Os companheiros do Cordeiro são descritos como “chamados, eleitos e fiéis”, que “se acham com ele” (Apocalipse 17:14). Esta descrição indica que os cristãos vitoriosos não só são chamados e escolhidos por Deus (Mateus 22:14), mas sim também permanecem leais a Jesus (Apocalipse 14:12). Retêm “o testemunho do Jesus” e de seu senhorio na prova final da fé (12:17; 14:12). Em meio das nuvens sombrias do juízo de Babilônia podemos discernir a luz brilhante dos que permanecem fiéis a Cristo até o próprio fim, ainda até o ponto do martírio (ver 2:10).
No Apocalipse, o mártir, como testemunha de Cristo, é o genuíno vencedor! Os seguidores de Cristo sabem que sua luta é mais que uma batalha física. Não são rebeldes políticos; respondem à ameaça de morte da besta com “paciência e fé” (Apocalipse 13:10). É assim como conquistam a besta. “Vencer” no livro do Apocalipse significa fundamentalmente confessar o senhorio de Jesus Cristo em meio da perseguição; quer dizer, ser “fiel ao meu nome (2:13, NVI). A possibilidade de fracassar é real, e os que fracassam em guardar o testemunho do Jesus e escolhem ao anticristo deverão fazer frente ao juízo de Deus. Seus nomes serão apagados do livro da vida (3:5; 22:19) e perderão sua parte na árvore da vida e na santa cidade (2:23; 22:19).
Esta é a solene advertência de João para os crentes cristãos. Tanto em Apocalipse 13:8 como em 17:8 se faz referência ao “livro da vida” para assinalar a certeza da vida eterna para o vencedor. As profecias de Daniel concluem de igual maneira com a segurança de que “será libertado seu povo, todos os que se achem escritos no livro” (Daniel 12:1).
Referências
1 Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, p. 423.
2 Ibid.
3 Collins, The Apocalypse. New Testament Message, pp. 55, 80.
4 Giblin, “Structural and Thematic Correlations in the Theology of Revelation
16-22″, Biblica 55 (1974), p. 500.
5 Giblin, The Book of Revelation. The Open Book of Prophecy, p. 159.
6 Ruiz, Ezekiel in the Apocalypse: The Transformation of Prophetic Language innApocalypsis 16, 17-19:10, p. 247.
7 J. M. Ford, Revelation, p. 283.
8 “L’Utilisation du livre d’Ézéquiel dans l’Apocalypse”, Biblica 43 (1962), especialmente as pp. 440-442.
9 Charles, The Revelation of St. John, t. 2, p. 73.
10 Vogelgesang, The Interpretation of Ezekiel in the Book of Revelation, p. 30.
11 Ver Megillah 4:10 na Mishnah [Mishná] (H. Danby), p. 207.
12 Zimmerli, Ezekiel y, t. 1, p. 349.
13 Ruiz, Ezekiel in the Apocalypse: The Transformation of Prophetic Language in Apocalypsis 16, 17-19:10, p. 377.
14 Ibid., p. 367.
15 Andrews, Three Messages of Revelation, p. 48.
16 J. M. Ford, Revelation, p. 285.
17 Ver LaRondelle, The Israel of God in Prophecy. Principles of Prophetic Interpretation, cap. 4.
18 J. M. Ford, Revelation, p. 285.
19 Ibid., p. 286
20 Ruiz, Ezekiel in the Apocalypse: The Transformation of Prophetic Language in Apocalypsis 16, 17-19:10, p. 349.
21 Ibid., p. 359.
22 Satanás é a mente mestra que está por trás das 7 cabeças da besta. Manifestou seu poder mundial como o dragão pagão por meio de todos os impérios pagãos que oprimiram a Israel: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e o Império Romano, que correspondem às 4 primeiras cabeças. Cada vez a cabeça de plantão identifica-se com o próprio dragão. E assim acontece com as cabeças 5 e 7. A cabeça 6 é a cabeça ferida quando a besta “não é” (Apocalipse 17:8, 11), que é o tempo entre a Revolução Francesa e nossos dias.
23 Andrews, Three Messages of Revelation, p. 78.
24 Strand, “The Seven Heads: Dou They Represent Roman Emperors?”, Simpósio sobre o Apocalipse. t. 2, pp. 177-206.
25 Were, The Woman and the Beast in the Book of Revelation, cap. 21.
26 Ver Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, pp. 471-479.
27 Were, The Woman and the Beast in the Book of Revelation, p. 188.
28 7 CBA 868.
29 Strand, Interpreting the Book of Revelation, p. 55.
30 Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, p. 472.
31 McCready Price, El tiempo del fin, p. 60.
32 Strand, Interpretando el libro del Apocalipsis, p. 54.
33 Johnson, Expositor’s Bible Commentary, t. 12, Revelation, p. 561.
34 Ibid.
35 Were, The Woman and the Beast in the Book of Revelation, pp. 113, 114.
36 Vanhoye, “L’Utilisation du livre d’Ézéquiel dans l’Apocalypse”, Biblica 43 (1962), p. 441.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 17 E 18
Livros Andrews, John N. Three Messages of Revelation 14 [As Três Mensagens de Apocalipse 14]. Heritage Library. Nashville, TN: Southern Publ. Assn., 1970 (reimpressão de 1892).
Aune, David E. Prophecy in Early Christianity [A Profecia no Cristianismo Primitivo]. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1983.
Bauckham, R. J. The Climax of Prophecy. Studies on the Book of Revelation [O Clímax da Profecia. Estudos no Livro do Apocalipse]. Edimburgo: T&T Clark 1993.
Beale, G. K. The Use of Daniel in Jewish Apocalyptic Literature and in the Revelation of St. John [O Uso de Daniel na Literatura Apocalíptica Judaica e no Apocalipse de S. Juan]. Lanham, MD: University Press of America, 1984.
Böcher, O. Die Johannes-Apokalypse [O Apocalipse de João]. Erträge der Forschung, Bd. 41. Darmstag: Wisschenschaftl. Buchges., 1988.
Caird, George B. The Revelation of St. John the Divine [O Apocalipse de São João
o Teólogo]. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1977.
Charles, R. H. The Revelation of St. John [O Apocalipse de São João], 2 ts. ICC.
Edimburgo: T & T Clark.
Collins, Adela Y. The Apocalypse. New Testament Message [O Apocalipse. Mensagem do Novo Testamento]. Wilmington, Michael Glazier, 1979.
Danby, H. The Mishnah [A Mishná]. Londres: Oxford University Press, 1967.
Ellul, Jacques. Apocalypse, The Book of Revelation. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1986.
Ford, Josephine Massyngberde. Revelation [O Apocalipse]. Anchor Bible, T. 38.
Garden City, Nova York: Doubleday, 1978.
Giblin, Charles H. The Book of Revelation. The Oven Book of Prophecy [O Livro do Apocalipse. O Livro Aberto da Profecia]. Good News Studies 34. Collegeville, MN: The Liturgical Press, 1991.
Johnson, Alan F. Expositor’s Bible Commentary, t. 12, Revelation [O Apocalipse]. Grand Rapids, MI: Zondervan, 1983.
LaRondelle, Hans K. The Israel of God in Prophecy. Principles of Prophetic Interpretation [O Israel de Deus na Profecia. Princípios de Interpretação Profética]. Estudos monográficos em religião da Universidade Andrews, T. XIII. Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1993, 8.a edição.
Maxwell, Mervyn. Apocalipsis: sus revelaciones (Florida, Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 1991).
McCready Price, George. El tiempo del fin. Villa Libertador San Martín, Entre Ríos: Editorial CAP 1975 (trad. de G. B. de Biaggi).
Morris, Leão. The Revelation of St. John [O Apocalipse de S. Juan]. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1973.
Naden, R. C. The Lamb Among the Beasts. Finding Jesus in the Book of Revelation [O Cordeiro Entre as Bestas. Encontrando a Jesus no Livro do Apocalipse] (Hagerstown, Maryland: Review and Herald, 1996).
Nichol, Francis D., ed., Comentario bíblico adventista del séptimo día. Vol. 7.
Pohl, A. Die Offenbarung des Johannes [O Apocalipse de João]. 2 Teil.
Wuppertaler Studienbibel von F. Rienecker y W. de Boor. Berlin: Evang. Haupt-Bibelgesellschaft, 1974.
Ruiz, Jean-Pierre. Ezekiel in the Apocalypse: The Transformation of Prophetic Language in Apocalypsis 16, 17-19:10 [Ezequiel no Apocalipse: A Transformação da Linguagem Profética em Apocalipse 16, 17-19:10].
European Universitary Studies XXIII. Nova York: P. Lang, T. 376, 1989 Smith, Uriah. Las profecías de Daniel y el Apocalipsis. T. 2: El Apocalipsis.
Strand, Kenneth A. Interpreting the Book of Revelation [Interpretando o Livro do Apocalipse]. Ann Arbor: Ann Arbor Publishers, 1976.
Travis, Stephen H. Christ and the Judgment of God. Divine Retribution in the NT [Cristo e o Juízo de Deus. A Retribuição Divina no Novo Testamento]. Grand Rapids, MEU: Zondervan, 1986; Basingstoke, United Kingdom: Hans, Morgan and Scott, 1986.
Vanhoye, Albert. “L’Utilisation du livre d’Ézéquiel dans l’Apocalypse” [A Utilização do Livro de Ezequiel no Apocalipse], Biblica 43 (1962), pp. 436-476.
Vogelgesang, Jeffrey M. The Interpretation of Ezekiel in the Book of Revelation [A Interpretação de Ezequiel no Livro do Apocalipse]. Tese doutoral inédita. Cambridge, MA: Universidade de Harvard, 1985.
Vos, Louis A. The Synoptic Traditions in the Apocalypse [As Tradições Sinóticas no Apocalipse]. Kampen: J. H. Kok, 1965. Pp. 196-209: “The Word of God and the Testimony of Jesus” [A Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus].
Were, Louis F. The Woman and the Beast in the Book of Revelation [A Mulher e a Besta no Livro do Apocalipse]. Melbourne, Vitória, Austrália, 1952. Reimpresso em 1993 por First Impressions, Sarasota, Florida.
Zimmerli, Walter. Ezekiel [Ezequiel]. 2 ts. Série “Hermeneia”. Filadélfia: Fortress Press, ET 1979, 1983.
Artigos
Collins, Adela Y. “Revelation 18, Taunt Song or Dirge” [Apocalipse 18. Canto de Brincadeira ou Lamento lúgubre], L’Apocalypse Johanniqae et l’Apocalypse dans le NT [O Apocalipse de João e o Apocalipse no Novo Testamento]. J. Lambrecht, ed. Gembloux: J. Duculot, 1980. Pp. 185-204.
Giblin, Charles H. “Structural and Thematic Correlations in the Theology of Revelation 16-22” [Correlações Estruturais e Temáticas na Teologia de Apocalipse 16-22], Biblica [Revista Bíblica] 55 (1974), pp. 487-504.
Strand, Kenneth A. “The Seven Heads: Dou They Represent Roman Emperors?” [As Sete Cabeças: Simbolizam Imperadores Romanos?], Simpósio sobre o Apocalipse. t. 2, cap. 5.
_________. “Two Aspects of Babylon’s Judgment Portrayal in Revelation 18” [Dois
Aspectos da Descrição do Juízo de Babilônia em Apocalipse 18], AUSS 20:1 (1982), pp. 53- 60.
_________. “Some Modalities of Symbolic Usage in Revelation 18” [Algumas Modalidades do Uso Simbólico em Apocalipse 18], AUSS 24:1 (1986) pp. 37- 46.
______________. “The Two Witnesses of Rev. 11:3-12” [As Duas Testemunhas de Apocalipse 11:2-12], AUSS 19:2 (1981).
Vanhoye, Albert. “L’Utilisation du livre d’Ézéquiel dans l’Apocalypse” [A Utilização do Livro de Ezequiel no Apocalipse], Biblica 43 (1962), pp. 436-476.