“Eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo diante da morte, não amaram a própria vida.” Apocalipse 12: 11
Cristãos que não suspeitam para onde conduz a ênfase na ‘natureza caída’ de Cristo acharão que esse ensino, embora repetitivo, parece ‘inocente’ e ‘inócuo’. Contudo, quando começamos a entender a direção dessa teoria, torna-se claro que a ideia da igualdade de Cristo conosco busca estabelecer um ponto fundamental: se Ele foi como nós, então podemos ser como Ele. É aí que a mentalidade perfeccionista se instala, e a igreja se torna palco de lutas internas, sem qualquer avanço no cumprimento de sua missão. ‘Ser igual a Cristo’ torna-se objeto de uma lista superficial de ‘faça’ e ‘não faça’, de nível epidérmico.
Assim, sob a superfície daquilo que pode parecer algo inocente, está uma mensagem sutil incendiária: Cristo tinha uma natureza carnal exatamente como a nossa. Se Ele, nessa natureza, desenvolveu um caráter perfeito, nós também podemos ter o mesmo caráter. Então, Cristo deixa de ser nosso substituto para tornar-Se apenas um modelo a ser imitado. Daí em diante, seguem outros passos:
1. quando a igreja aceitar essa mensagem e chegar a um estágio de perfeição sem pecado, o caráter de Cristo será plenamente reproduzido em Seu povo e Ele virá;
2. enquanto a igreja falhar em alcançar tal estado de perfeição, Cristo não voltará;
3.disso surge a auto indicada ‘missão’ dos dissidentes e ministérios independentes: exigir da igreja ‘reforma’, segundo o modelo deles.
Alguns pontos, contudo, devem ser ressaltados. Primeiramente, como já enfatizamos, para ser nosso Salvador, Jesus não poderia possuir nossa natureza pecaminosa. Em segundo lugar, Ele é primeiramente nosso substituto. No que diz respeito à Santificação Ele é nosso modelo. Mas, como Ellen White observa, nunca chegaremos a imitá-Lo perfeitamente, embora isso não deve inibir a busca do ideal. Em terceiro lugar, nós não somos salvos por imitação. Não vencemos como Ele venceu, mas vencemos porque Ele venceu. Em quarto lugar, não estamos competindo com Cristo, como se a salvação e o retorno de Cristo dependessem disso que farisaicos de justiça humana.
Nós somos salvos pela aceitação da vitória de Cristo. De fato, os cristãos não estão lutando por vitória; eles já iniciam com a vitória ganha. Assim, não buscamos a vitória pessoal para sermos salvos. Nosso sincero desejo de imitá-Lo é resultado de profunda gratidão a Ele, que nos salvou.
Dr. Amin Rodor – Encontros com Deus, página 243