O Refúgio Intransponível: O Evangelho da Misericórdia Divina nas Cidades Refúgios

No antigo oriente, onde, geralmente, não havia tribunais nas comunidades, era um costume tradicional vingar a morte de um parente. Segundo R. de Vaux(Instituições de Israel no Antigo Testamento, Editora Teológica, São Paulo, SP, 2003, p. 30) o sangue de um parente deveria ser vingado mediante a morte do que o derramou ou, na falta desse, com a morte de alguém de sua família.
Quando, sob o direcionamento de Deus, a nação israelita começou a ser instituída “o Senhor não achou conveniente abolir este costume naquela ocasião; mas tomou providências para garantir a segurança dos que, não deliberadamente, tirassem a vida” (Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo, 1993, p.515) instruindo Moisés  a designar as cidades refúgio, que eram seis das quarenta e oito cidades que foram dadas aos levitas. Elas eram albergues para os estrangeiros e refúgio para o que cometesse homicídio não doloso ou involuntário.
“Das cidades, pois, que dareis aos levitas, seis haverá de refúgio, as quais dareis para que, nelas, se acolha o homicida; além destas, lhes dareis quarenta e duas cidades. Todas as cidades que dareis aos levitas serão quarenta e oito cidades, juntamente com os seus arredores.[…] Disse mais o SENHOR a Moisés: […] Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando passardes o Jordão para a terra de Canaã, escolhei para vós outros cidades que vos sirvam de refúgio, para que, nelas, se acolha o homicida que matar alguém involuntariamente. Estas cidades vos serão para refúgio do vingador do sangue, para que o homicida não morra antes de ser apresentado perante a congregação para julgamento. As cidades que derdes serão seis cidades de refúgio para vós outros.[…] Serão de refúgio estas seis cidades para os filhos de Israel, e para o estrangeiro, e para o que se hospedar no meio deles, para que, nelas, se acolha aquele que matar alguém involuntariamente.” (Números 35:6-7,9-13 e 15).
 “As cidades refúgio achavam-se distribuídas de tal maneira que ficavam dentro do raio de meio dia de viagem, a partir de qualquer lugar da terra. As estradas que a elas se dirigiam deviam sempre ser conservadas em bom estado; ao longo de todo caminho deviam ser erigidos postes com sinais, trazendo em caracteres claros flagrantes a palavra – ‘refúgio’, a fim de que o fugitivo não tivesse de deter-se por um momento sequer” (Ibid). Elas não foram instituídas pelo Senhor para promover a impunidade, mas para aplicar com equidade o julgamento jurídico formal onde “o caso do fugitivo cumpria ser devidamente julgado pelas autoridades competentes; e unicamente quando se verificasse não ter o fugitivo culpa de assassínio voluntário, devia ele ser protegido na cidade de refúgio. O que era culpado era entregue ao vingador” (Ibid, pp. 515 e 516).
“então, a congregação julgará entre o matador e o vingador do sangue, segundo estas leis, e livrará o homicida da mão do vingador do sangue, e o fará voltar à sua cidade de refúgio, onde se tinha acolhido; ali, ficará até à morte do sumo sacerdote, que foi ungido com o santo óleo.” (Número 35:24,25)
Depois de julgado não com base no depoimento de uma só testemunha, mas, no mínimo duas ou três e dado o veredicto de culpado, nenhuma expiação ou resgate podia livrar o homicida voluntário do vingador do sangue que, geralmente, era o parente mais próximo do morto. Mas se confirmada a sua involuntariedade no homicídio podia usufruir o direito de proteção na cidade refúgio até a anistia geral que ocorria no dia da morte do sumo sacerdote. Mas se o refugiado ultrapasse os limites prescritos e o vingador do sangue o visse podia exterminá-lo sem ferir a lei vigente.
“Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” (Gênesis 9:6)
“Se alguém vier maliciosamente contra o próximo, matando-o à traição, tirá-lo-ás até mesmo do meu altar, para que morra.” (Êxodo 21:14)
“Todo aquele que matar a outrem será morto conforme o depoimento das testemunhas; mas uma só testemunha não deporá contra alguém para que morra. Não aceitareis resgate pela vida do homicida que é culpado de morte; antes, será ele morto.” (Número 35:28)
“Por depoimento de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por depoimento de uma só testemunha, não morrerá.” (Deuteronômio 17:6)
“Uma só testemunha não se levantará contra alguém por qualquer iniqüidade ou por qualquer pecado, seja qual for que cometer; pelo depoimento de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o fato.” (Deuteronômio 19:15)
“Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça.” (Mateus 18:16)
“Esta é a terceira vez que vou ter convosco. Por boca de duas ou três testemunhas, toda questão será decidida.” (II Coríntios 13:1)
“Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas.” (I Timóteo 5:19)
“Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés.” (Hebreus 10:28)
“As cidades de refúgio designadas ao antigo povo de Deus eram símbolo do refúgio provido em Cristo. O mesmo Salvador misericordioso que designara aquelas cidades temporais de refúgio proveu, pelo derramamento de Seu próprio sangue, aos transgressores da lei de Deus um retiro seguro, aonde podem eles fugir em busca de garantia contra a segunda morte” (Ibid pp. 516, 517).
“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.” (I João 3:4)
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Romanos 5:12)
“pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,” (Romanos 3:23)
“Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque.” (Eclesiastes 7:20)
Os transgressores da lei de Deus é toda a raça humana que está sendo, continuamente, perseguida por Satanás, um sagaz e implacável inimigo. Segundo Ellen White “Satanás, o grande adversário, está no encalço de todo o transgressor da santa lei de Deus, e aquele que não for sensível ao seu perigo e não buscar ansiosamente abrigo no refúgio eterno será uma presa do destruidor” (Ibid, p. 517).
“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar;” (I Pedro 5:8)
Objetivando nossa absolvição do salário do pecado mediante a aceitação da Sua graça, após ter quitado o preço da pena no calvário, Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote celestial, intercede agora pelos que O aceitam e ninguém pode intentar-lhes acusações, pois Ele os justifica.
“porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 6:23)
“o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados. Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma.” (I Pedro 2:22-25)
“e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.” (I João 2:2)
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” (II Coríntios 5:21)
“Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus,” (Hebreus 8:1)
“Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.” (Romanos 8:33-34)
Mas, assim como a plena segurança do refugiado estava em manter-se dentro dos limites da cidade abrigo, também devem eles permanecer em Cristo, o refúgio intransponível, até que Sua obra mediadora, no santuário celestial, seja levada a cabo e Ele regresse a Terra para levá-los para a cidade refúgio celestial, a nova Jerusalém.
“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.” (João 15:4)

Josimar Reis

Adicionar aos favoritos o Link permanente.

11 respostas para O Refúgio Intransponível: O Evangelho da Misericórdia Divina nas Cidades Refúgios

  1. Muito obrigada por haver disponibilizado este texto pastor Josimar.

    Que o Senhor abençoe a cada dia o seu ministério.

  2. Pedro diz:

    .
    .

    Vamos exercitar a pregação do Evangelho?!

    “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” (Gênesis 9:6)

    “Se alguém vier maliciosamente contra o próximo, matando-o à traição, tirá-lo-ás até mesmo do meu altar, para que morra.” (Êxodo 21:14)

    Nesse contexto o homicida era sacrificado fisicamente, mas, e como ficava a sua situação espiritual?

    O que se esperar do estado de espírito de um indivíduo que depois de cometer um homicídio é perseguido e, até, arrancado do altar divino para que seja trucidado?

    Ele estava sendo punido por Deus e pelos homens?
    Afinal, Deus dissera: – Arranquem-no dos meus próprios braços, se ele buscar a minha ajuda,(tirá-lo-ás até mesmo do meu altar,") para que morra.

    Hoje, a lei dos homens não permite linchamento nem para o mais vil dos crimes hediondos!

    A Lei de Deus, então, muito menos!

    “e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.” (I João 2:2)

    Sendo Deus o mesmo, ontem, hoje e amanhã,
    como explicar, na prática, essa mudança?

    .
    .

  3. Pedro, vc pergunta:

    Sendo Deus o mesmo, ontem, hoje e amanhã,
    como explicar, na prática, essa mudança?

    Vc se lembra do texto “É o Deus do Antigo Testamento diferente em misericórdia e graça do Deus do Novo Testamento?”

    http://nossasletrasealgomais.blogspot.com/2011/01/e-o-deus-do-antigo-testamento-diferente.html

    Basicamente é assim que vejo essa questão sobre o agir de Deus no Antigo Testamento e o agir de Deus no Novo Testamento. Precisamos atentar para a contextualização do momento da ação divina. Nem sempre o que Deus permite é o que é a Sua vontade.

    Quem de nós pode dizer com certeza que todos, eu digo todos, os casos de apedrejamento encerravam a vontade divina? Em muitos casos ali havia o julgamento humano,mas será que o veredito era divino?

    Particularmente, olhe o exemplo de Estevão, creio que há grandes possibilidades de que alguns que foram apedrejados pelos homens serão facilmente recebidos nos Céus como filhos amados de Deus. E eu fico muito feliz porque a Bíblia me dá essa fé e esperança.

    Veja o caso da prostituta, o agir de Cristo é o agir de Deus. Falei um pouquinho sobre este episódio no texto “Pedras que Clamam”.

    http://nossasletrasealgomais.blogspot.com/2011/01/natureza-e-suas-licoes-maravilhosas_31.html

    A mesma Bíblia que registra sobre essas leis e pedras que julgam, condenam e matam, fala de areia (ou poeira) que salva. Lembra do fato que Jesus escrevia algo no solo e isto com certeza fez os fariseus com pedras na mão abandonar o ato do apedrejamento? O que estava escrito falou em silêncio a cada um que alí estava com a pedra para matar. Pois, suas consciências lhes acusou. Revelou-lhes o próprio pecado. E, portanto, tão rápido estavam em condenar aquela pobre mulher! Isto me permite crer na justiça imutável de Deus.

    Uma justiça que será sempre perfeita, a dos homens não! Por isso, Jesus apresentou para eles a forte postura do amar ao próximo partindo do princípio de amar-se a si mesmo.

    Do julgar ao próximo retirando primeiro a trave do seu próprio olho.

  4. Este mesmo Deus perdoador e instigador dos homens no Novo Testamento era o mesmo Deus das cidades de refugio do Antigo Testamento. Eles são um em princípio e propósito.

    O contexto das intervenções divinas é sempre um contexto específico. O objetivo de Deus é sempre trazer paz na Terra e entre os homens, livrando-a de seus moradores cruéis e violentos. Por isso, algums registros bíblicos podem nos confundir, se lidos superficialmente. Veja o caso da rebelião de Coré?

    No Antigo Testamento Seu agir visava estabelecer uma nação a partir da qual Seu plano de resgate da humanidade fosse efetivado. Desta nação nasceria o Messias. Que seria nada menos do que o próprio Deus entre os homens. Vivendo o exemplo perfeito do amor e da justiça na vida prática para que compreendêssemos Sua vontade para conosco.

    Moisés esteve com Deus, conversava com Deus e isto foi durante muitos e muitos anos. E foi Moisés quem disse:

    “SENHOR, SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!”

    Parto do princípio de que nossa ira em nada se assemelha a ira divina. A ira divina vem pelo ódio (repulsa) que Ele sente contra o mal, o pecado, a crueldade, a iniqüidade. E a nossa ira? Normalmente ela se direciona ao próximo.

    Nossos critérios de julgamento vêm sempre influenciados por nosso egoísmo, vaidade e arrogância. Estes foram os sentimentos existentes no coração de Lúcifer quando se rebelou contra Deus.

    Facilmente podemos ser condenados por nossas ‘vinganças’, mas será com dificuldades nossa condenação por nossos atos de misericórdia.

    Claro que misericórdia aqui não está relacionada à permissividade e frouxidão com relação ao erro, mas ao nosso senso de que somos também necessitados de misericórdia.

    um grande abraço.

  5. Pedro diz:

    .
    .

    Ruth

    Mais uma vez registro os meus agradecimentos pela sua atenção às minhas “esquisitices”.

    Eu sei que é difícil se aceitar o entendimento que vai de encontro ao entendimento “tido e aceito”, ao longo do tempo, como verdade absoluta.
    Principalmente levando-se em conta a projeção dos expoentes signatários conservadores, em relação aos insignificantes insurgentes.

    Eu respeito àqueles que classificam de “exagerada” a minha visão quanto ao amor e ao poder do nosso Deus. Porém, mais do que entender, eu creio que Ele é o único ser dotado de onipotência, que nada e nem ninguém, podem nada contra Ele. Nada limita o Seu poder.

    Querendo Deus, quem o impedirá?

    Is 43: 13 – Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos: operando eu, quem impedirá?

    Jó 11:10 – Se ele destruir, e encerrar, ou juntar, quem o impedirá?

    É importantíssimo que se leia com atenção, que se analise, não só estes versos isoladamente, mas, os capítulos inteiros, a fim de que se possa chegar a um correto entendimento quanto à abrangência da mensagem divina contida nesses textos.

    A palavra “escapar”, no verso 13 de Isaias, é geralmente entendida como “fugir do castigo”, porém, a sublimidade santíssima está no sentido de “fugir da minha misericórdia”.

    .
    .

  6. Pedro diz:

    .
    .

    Ruth

    O meu questionamento inicial é simplesmente mais um entre tantos a que nos leva a literalidade textual da Bíblia.
    Respondê-los conta com as mesmas dificuldades encontradas em relação aos questionamentos sobre o livre arbítrio.

    Eu, particularmente, não acredito em livre arbítrio absoluto, aliais, não creio em nada absoluto, exceto o próprio Deus. E não acredito que Ele conceda, a ninguém, nada que nivele a criatura ao Criador. Só Ele é absoluto. Este atributo, a exemplo da onipotência, é exclusividade Sua. Portanto, ninguém tem o poder de impor a Deus a sua vontade, as suas decisões.

    Mas, como, segundo o meu entendimento, tudo é relativo, exceto Deus, há uma possibilidade de que eu possa entender o absolutismo do livre arbítrio!

    Vou admitir concordar com a tese de que Deus não pode salvar àquele que não queira ser salvo. Embora entenda que tal recusa expressa o cúmulo da ignorância; que Deus perdoa os erros cometidos por ignorância; e que a Sua vontade onisciente e a Sua onipotência jamais serão vencidos.

    Para que a minha concordância seja realmente verdadeira, resta-me apenas entender um pequeno detalhe!

    Todos concordam que Deus é o Criador de todas as coisas; que a Ele pertence tudo que foi criado; que Ele exerce o Seu poder sobre toda a Sua criação. No entanto, surge, neste contexto, como única excepcionalidade apenas o exercício do atributo do livre arbítrio. De conformidade com este entendimento, Deus não pode interferir nas vontades do homem. As suas escolhas, certas ou erradas, são intocáveis, Deus não pode preterir o seu livre arbítrio. Caso contrário Deus se constituiria num tirano implacável.

    Mas, segundo se afirma, o problema é do pecado! O pecado é que criou a situação na qual Deus não pode atuar.

    Tudo bem, admitindo-se essa tese, resta apenas umas perguntinhas:

    – A inoperância divina restringi-se apenas à questão espiritual, em particular à salvação?

    – No plano material o que se dizer de alguém que diz não acreditar em Deus, que não O reconhece como Criador, Redentor, Salvador, nem dono de nada, e que ainda lança desafios absurdos ao Senhor?

    Todos nós sabemos que, a esse incrédulo Deus continuará “empurrando”, literalmente, ar, água e alimentos de goela abaixo, não permitindo que, pela sua ignorância, ele venha a morrer.

    Então, o incrédulo pode receber suprimentos materiais, mesmo não reconhecendo que procedem de Deus, mas não pode receber, também, da mesma forma, a dádiva espiritual da salvação?

    Como explicar essa limitação parcial imposta ao Senhor Deus?

    .
    .

  7. Pedro diz:

    .
    .

    Particularmente, acredito num livre arbítrio parcial. Deus nos permite ir até um ponto estipulado por Ele, daí por diante é “terreno” Seu. Portanto, a Sua atuação não representa invasão de privacidade, Ele, apenasmente, faz uso do que Lhe é reservado por direito, no momento certo e sempre em nosso favor.

    Como entender liberdade plena para quem conta com conhecimento limitado?!

    Desculpe-me, pastor Josimar, estou fazendo dos comentários do seu texto um verdadeiro “samba do crioulo doido”.

    .
    .

  8. Pedro, vou ler com muito carinho suas palavras. Elas são muito interessantes e complexas,mas passíveis de respostas à luz da própria Bíblia. Vou organizar a resposta e logo, logo comentarei.

    grande abraço.

  9. Pedro diz:

    .
    .

    “Parto do princípio de que nossa ira em nada se assemelha a ira divina. A ira divina vem pelo ódio (repulsa) que Ele sente contra o mal, o pecado, a crueldade, a iniqüidade. E a nossa ira? Normalmente ela se direciona ao próximo.”

    Concordo plenamente! A “ira” divina nunca foi contra o homem. O Seu “ódio” sempre foi contra o pecado, o algoz do homem. O responsável por todos os flagelos da humanidade é o erro das suas escolhas. Foi para aniquilar este engano, e não ao homem, que o próprio Deus, mediante o sacrifício salfívico de Jesus, se ofereceu, vicariamente, em troca da redenção dos terráqueos.

    O Seu sacrifício foi pleno: morte de Jesus, o homem, e morte de Jesus, a divindade. Também, plena foi a restauração. Abrangeu a todos e em todos os tempos, incondicionalmente. “Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem”. Aqui, Jesus faz uma única observação, a justificação pela graça oferecida a toda a humanidade: “eles não sabem o que fazem”. Não há como subtender-se, em absoluto, nenhuma outra ressalva, nenhuma condição, neste texto. Jesus é o credor absoluto de todas as nossas dívidas, nada devemos a mais ninguém, nem à própria Lei. Quando cometemos um erro, e a Lei o aponta, paralelamente aparece o crédito do sacrifício de Jesus, anulando-o. O nosso débito é pessoal e, unicamente, para com Cristo. E, é pela Sua misericórdia graciosa que o crédito salfivico nos absolve. Não há nada, que esteja ao nosso alcance de realizar, que tenha poder para nos redimir. O meu arrependimento, a minha fé, a minha fidelidade, as minhas obras, nada, nada é suficiente para me salvar, só o crédito obtido mediante o sacrifício de Jesus, e que Ele nos transfere graciosamente, por amor.

    .
    .

  10. Pedro diz:

    .
    .

    Dizer que a literalidade bíblica do Velho Testamente, e também do Novo, apontaria a Deus como sendo um enganador, se a compreensão acima for aceita, é não levar em conta as circunstancialidades que marcam o contexto histórico do Santo LIvro, principalmente, do êxodo.

    Não consigo enxergar contradições na essência da mensagem divina! Há, sim, que se ter muito cuidado na interpretação das formas de comunicação utilizadas em cada contexto.

    Nós, todos, somos “o povo de Deus”. Há um só Criador e uma só humanidade. Pastores (sacerdotes), servidores (levitas operários), reis e súditos, profetas e incrédulos, têm um mesmo Pai.

    Deus, em determinado momento, escolheu um grupo familiar, cuja condição social, política, econômica e, principalmente, cultural havia chegado ao fim do poço, para mostrar que é possível, mediante a ação do conhecimento divino, se operar mudanças na humanidade. Naturalmente, nos referimos aos filhos de Israel.

    O êxodo foi um grande laboratório experimental no qual Deus preparou homens praticamente aniquilados pela ignorância, a fim de que levassem ao restante da humanidade a Sua mensagem salfívica.

    Contra fatos não há argumentos!E contra atos?!

    É fato que Deus nos ama tanto que se doou em sacrifício vicário para nos salvar. Entendo que este ATO mais do que confirma o seu propósito, a Sua vontade de nos salvar.

    Ora, sendo Ele onipotente e querendo tanto, tanto, a nossa salvação, quem O impedirá?!

    .
    .

  11. Comentário feito por e-mail pelo autor do texto, Pastor Josimar Reis:

    "Perdão pela demorada resposta. Não me sinto conhecedor de todas as respostas acerca de um assunto tão complexo como este. Mas o que o Espírito Santo colocou-me no coração é o suficiente para crer que Deus não mudou e nunca tolheu o outorgamento da graça sobre a raça humana.

    As passagens de Êxodo 21.24, Levítico 24.20 e Deuteronômio 19.21 mostram-nos claramente como funcionava o sistema judicial daqueles tempos, isto é: "olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé" (lei do Talião). Havia leis para diversos tipos de crimes: os de natureza religiosa (Êx 20.3-5), material (Êx 22.1-15), moral (Êx 22.16-31; Lv 18.1-29) e pessoal (Êx 21.12-36). Temporariamente, Deus permitiu que, de certa forma, este costume vigorasse formalmente no meio do seu povo, mas com ajustes que o tornava mais justo.

    As cidades de refúgio foram criadas com o intuito de impedir a vingança desproporcional ou exagerada contra alguém que praticasse um homicídio culposo. Pois, o desejo de vingança da família da vítima nem sempre era justo, razão pela qual a lei concedia ao homicida a oportunidade de se refugiar e obter um justo julgamento (Nm 35.12,24). Não se tratava de um ato de homicídio, mas de um ato de pena de morte que Deus tinha ordenado (Gn 9:6), e que Moisés reafirmou (Êx 21:12). o que é proibido em Êxodo 20 é o reconhecido crime de homicídio, e o que é permitido em Números 35 é a reconhecida responsabilidade de ser aplicada a pena capital. Estas duas coisas não estão em conflito.

    Anuir a morte do homicida voluntário não a impedindo parece ser, apesar do derramamento de sangue, uma gritante maneira de Deus impedir que outros seguissem esse desvirtuoso caminho, haja vista que o povo, devido centenas de anos cativo, parece que só entendia, a linguagem do “chicote”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *