John T. Baldwin e Erno Gyeresi
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“E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em quatro braços. O primeiro chama-se Pisom […]. O segundo rio chama-se Giom; é o que circunda a terra de Cuxe. O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o Eufrates (Gn 2:10-14).”
A passagem acima faz parte da história da criação em Gênesis 2. Embora a questão textual não pareça apresentar desafios, uma interpretação literal do texto apresenta imensas dificuldades para fornecer as coordenadas geográficas mencionadas na passagem. Em primeiro lugar, o Tigre e Eufrates atuais não têm a mesma nascente, mas brotam de diferentes fontes nas montanhas da Armênia. Em segundo lugar, o ensino bíblico de um dilúvio global histórico teria ocasionado grandes mudanças na crosta terrestre, tornando a nossa paisagem atual nada parecida com a do mundo prédiluviano.1 Sendo assim, é impossível estabelecer o local em que o Éden estava plantado.
A intenção da passagem é descrever as belezas, os rios e a vida paradisíaca de um lar feliz no Éden. O nome atual dos rios (Tigre e Eufrates) pode refletir a prática de tomar emprestados nomes originais para nomear lugares da época presente. Muitos países possuem cidades chamadas de Paris em homenagem à capital francesa; Nova York, por exemplo, foi batizada assim em honra à cidade de York, na Inglaterra. A prática talvez ajude a explicar a designação do Tigre e do Eufrates em homenagem aos rios pré-diluvianos.
“Quando a onda de iniquidade se propagou pelo mundo, e a impiedade dos homens determinou sua destruição por meio de um dilúvio de água, a mão que plantara o Éden o retirou da Terra. Mas, na restauração final de todas as coisas, quando houver ‘um novo céu e uma nova Terra’ (Ap 21:1), ele será restabelecido, mais gloriosamente adornado do que no princípio” (PP, p. 62).
Embora a Bíblia não descreva explicitamente o que aconteceu com o Éden e a árvore da vida, esta é descrita como estando agora no Céu (Ap 22:2), pronta para fornecer alimento aos seres humanos redimidos. Isso nos faz concluir que o Éden e a árvore da vida foram arrebatados para o Céu, antes do dilúvio com o propósito de poupá-los da destruição.
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1 Ver Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001, p. 107, 108. Sobre a destruição do mundo pelo dilúvio, ver Richard M. Davidson, “The Genesis Flood Narrative: Crucial Issues in the Current Debate”, Andrews University Seminary Studies 42.1 (Spring 2004), p. 49-78.