Afolarin Olutunde Ojewole
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“E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15, ARC).
Durante séculos de interpretação cristã, Gênesis 3:15 tem tido abordagens literais e simbólicas bem divergentes. Alguns interpretam esse texto apenas como uma descrição do conflito entre seres humanos e serpentes. Outros afirmam que é uma história fictícia para explicar o medo que as pessoas têm de cobras ou por que as cobras rastejam e comem pó. Intérpretes católicos veem nesse texto a figura de Maria, a mãe de Jesus, e o nascimento virginal, insistindo no dogma de que ela é superior aos outros seres humanos. Tanto quanto sabemos, Martinho Lutero foi o primeiro a chamar Gênesis 3:15 de protoevangelium, ou seja, “a primeira promessa evangélica”.1
A semente messiânica – O termo hebraico zerac “semente”, unido à expressão “gerações de” (tol edoth), forma a estrutura organizadora do livro de Gênesis. O Gênesis documenta a busca pela linhagem familiar escolhida para gerar a semente messiânica prometida em 3:15. Essa linhagem do Messias passa de Adão e Eva para Sete, para Noé, para Abraão, para Isaque, para Jacó e para Judá. Judá se tornou o antepassado do rei Davi, o antepassado de Jesus, o Filho de Davi (Gn 49:8-12; Lc 3:23-34). Deus prometeu a Abraão e Sara uma dinastia real (Gn 17:6, 16). Essa promessa foi repetida a Jacó (Gn 35:11). Muitos salmos reais messiânicos refletem Gênesis 3:15 (Sl 2; 72; 89:4, 20, 24-29, 36; 110:1).
O primeiro comentário bíblico messiânico sobre Gênesis 3:15 é a exclamação de Eva quando nasceu Caim: “Adquiri um varão com o auxílio do Senhor” (Gn 4:1). Outras passagens importantes que também fazem alusão à semente de Gênesis 3:15 (por exemplo, Gn 4:25; 15:13-16; Is 53) exibem um padrão semelhante e coerente com a interpretação das implicações messiânicas da expressão “semente”. Curiosamente, Gênesis 22:17, 18; 24:60; Números 23, 24; e 2 Samuel 7:12-15 apresentam mudanças similares do plural coletivo para o singular individual. Essa é uma característica-chave dos textos messiânicos. Como resultado, o Novo Testamento refere-se à semente de forma coletiva (Rm 16:20; Gl 3:29; Ap 12:17) e depois reduz para a forma singular, específica e individual da semente na pessoa de Jesus Cristo (Gl 3:16, 19), que venceu a serpente identificada especificamente como Satanás ou o diabo (Ap 12:9).
Do coletivo plural para o individual singular – A mudança de categoria gramatical que reduz semente (zera) de sua forma plural e coletiva para a forma singular, individual e representativa é o principal indicador messiânico do texto. Essa mudança ocorre em ambos os lados da inimizade iniciada no Éden entre a serpente (singular) e a mulher (singular) [15b]. A inimizade se expande para abranger a semente inteira da serpente (coletiva) e a semente da mulher (coletivo) [15c] e depois se restringe para culminar na serpente (singular) e na semente representativa da mulher (singular) [15d, e]. A zerac (“semente”) de Gênesis 3:15 não é exclusivamente singular nem exclusivamente plural. O drama da inimizade de Gênesis 3:15 se desdobra em etapas:
Gênesis 3:15 pode ser traduzido e dividido da seguinte forma:
15a: “E [Eu, Deus] porei inimizade [divinamente incitada]
15b: entre ti [Satanás, singular] e a mulher [Eva, singular]
15c: e entre a tua semente [coletivo plural, isto é, todos os seguidores de Satanás] e a sua semente [plural coletivo, isto é, todos os seres humanos que seguem a justiça];
15d: esta [semente da mulher representativa individual singular] te [Satanás, singular] ferirá [aniquilará finalmente com os seguidores] a cabeça, 15e: e tu [Satanás, singular] lhe [Cristo, singular] ferirás o calcanhar.”
A conjunção “e” no início da última oração (15e) confirma a mudança da semente coletiva da serpente para a própria serpente em si.
A hostilidade entre a serpente e a mulher se arrasta por gerações. Gênesis 3:15 possui, portanto, natureza profética e escatológica. Essa inimizade culmina com o conflito mortal entre Satanás e Cristo, no qual Satanás e seus seguidores são finalmente vencidos. Cristo, a semente especial da mulher, é o redentor que assume a função de servo, o misericordioso salvador e sumo sacerdote, porque oferece Sua vida como sacrifício em lugar do ataque letal de Satanás contra Ele. É como se Cristo pisasse a cabeça da serpente com Seu calcanhar desprotegido de maneira voluntária e vicária. Isso é messiânico!
Não somente o hebraico de Gênesis, mas também as primeiras traduções desse texto confirmam a ideia de uma mudança do coletivo para o singular. O apoio textual mais importante vem do Antigo Testamento Grego (Septuaginta), cujo texto viola intencionalmente a gramática grega quando utiliza um pronome masculino para referir-se ao substantivo neutro para semente (sperma), a fim de favorecer a leitura messiânica de Gênesis 3:15. Isso não é coincidência nem mero descuido! O fenômeno de mudança de número gramatical com intenção messiânica se evidencia também nas traduções aramaicas, na Peshitta siríaca, nos antigos manuscritos latinos da Europa e do Norte da África e na Vulgata.
“Eu realmente encontro a plenitude de sentido [de Gn 3:15] em algum membro ainda não especificado do gênero humano que destruirá a serpente satânica, desempenhando assim papel chave no plano redentor de Deus. Nesse sentido, a passagem é de fato a primeira enunciação das boas-novas” (W. S. LaSor, “Prophecy, Inspiration, and Sensus Plenior”, Tyndalle Bulletin 29 [1978], p. 56, 57).
Interpretação – Com base nas evidências gramaticais, textuais e escriturísticas, podemos justificadamente considerar Gênesis 3:15 uma profecia messiânica colocada propositadamente por Deus no começo da Bíblia. Ela é a sementeira de todas as profecias messiânicas, embora a ideia messiânica tenha, do ponto de vista histórico, se desenvolvido, exemplificado e demonstrado plenamente somente em revelações posteriores. O texto se cumpriu na vida e na morte de Jesus Cristo e culminará com a aniquilação definitiva de Satanás, a extinção de todos os males, a vindicação divina, a redenção para todos os redimidos e o estabelecimento do reino messiânico de Deus.
Conclusão – Há provas gramaticais, sintáticas, textuais, estruturais e bíblicas suficientes para concluir que Gênesis 3:15 é uma profecia messiânica. Embora breve, nesse primeiro estágio da história humana, esse texto continua a ser a pedra angular sobre o qual se constroem todos os outros textos messiânicos. A prova mais sólida da intencionalidade messiânica do versículo é a mudança de categoria gramatical que restringe a semente coletiva à semente singular. Se a Bíblia é a sua melhor intérprete, então Gênesis 3:15 é uma profecia messiânica.
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1 Ojewole, Afolarin Olutunde, “The Seed in Genesis 3:15: An Exegetical and Intertextual Study” (PhD dissertation, Andrews University, 2002).
ONDE ENCONTRAR NA BÍBLIA
Quando Deus parecer distante, leia Salmo 139.
Quando estiver triste, leia Salmo 46. 99
Quando as pessoas falharem, leia Salmo 27.
Quando estiver em pecado, leia Salmo 51; 1 João 1.
Quando estiver preocupado, leia Mateus 6:19-34; Salmo 43.
Quando estiver doente, leia Salmo 41.
Quando estiver em perigo, leia Salmo 91.
Quando estiver melancólico, leia Salmo 34.
Quando estiver desanimado, leia Isaías 40.
Quando estiver solitário e receoso, leia Salmo 23.
Quando tentado a se esquecer das bênçãos, leia Salmo 103.
Quando precisar de coragem, leia Josué 1:1- 9.
Quando o mundo parecer maior do que Deus, leia Salmo 90.
Quando precisar de descanso e paz, leia Mateus 11:25-30.
Quando precisar de confiança, leia Romanos 8.
Quando precisar de alegria, leia Colossenses 3.
Quando sair de casa em viagem, leia Salmo 121.
Quando se tornar amargo e crítico, leia 1 Coríntios 13.
Quando pensar em investimentos, leia Marcos 10:17-31.
Algumas regras de conduta? Leia Romanos 12.
Por que não seguir o Salmo 119:11?