Ellen White
A história dos filhos de Israel foi escrita para ensino e admoestações de todos os cristãos. Quando os israelitas eram surpreendidos por perigos e dificuldades, e seu caminho parecia impedido, abandonava-os a fé, e murmuravam contra o chefe que Deus lhes designara. Censuravam-no por levá-los ao perigo, quando ele apenas obedecera à voz de Deus.
A ordem divina, foi: “Avançai!” Não deviam esperar até que o caminho se aplainasse, e pudessem compreender inteiramente o plano para seu livramento. A causa de Deus é progressiva, e Ele abrirá um caminho diante de Seu povo. Hesitar e queixar-se é manifestar desconfiança no Santo de Israel. Em Sua providência, Deus conduziu o povo à fortaleza das montanhas tendo o Mar Vermelho em frente, a fim de operar seu livramento e libertá-los para sempre de seus inimigos. Poderia havê-los salvo por qualquer outra maneira, mas escolheu esse meio a fim de provar-lhes a fé, e fortalecer-lhes a confiança nEle.
Não podemos acusar Moisés de falta pelo fato de o povo murmurar contra sua direção. Era o próprio coração rebelde, insubmisso que havia neles, que os levava a censurar o homem a quem Deus escolhera para conduzir Seu povo. Enquanto Moisés agia no temor de Deus, e segundo Suas instruções, com inteira fé em Suas promessas, aqueles que o deviam apoiar ficavam desanimados, nada podendo ver diante deles senão derrota, ruína e morte.
O Senhor está agora a lidar com o Seu povo, o povo que crê [451] na verdade presente. É desígnio Seu operar importantes resultados, e enquanto em Sua providência, age nesse sentido, diz* ao povo: “Avançai!” Certamente o caminho ainda não está aberto; ao marcharem, porém, na força da fé e da coragem, o Senhor mostrará o caminho claro aos seus olhos. Sempre haverá pessoas que murmurem, como fez o antigo Israel, e ponham a culpa das dificuldades em que se acham sobre os que Deus suscitou com o fim especial de promover o avançamento de Sua causa. Deixam de ver que Ele os está provando com o levá-los a situações críticas, das quais não há livramento possível senão pelo Seu braço. [*Testimonies for the Church 4:25-28 (1876)]
Tempos há em que a vida cristã parece cercada de perigos, e difícil se afigura o cumprimento do dever. A imaginação pinta ruína pela frente, escravidão e morte por trás. Todavia a voz de Deus fala claramente acima de todos os desânimos: “Avançai!” Cumprenos obedecer a esta ordem, seja qual for o resultado, mesmo que nossos olhos não logrem penetrar as trevas, e sintamos frias ondas envolverem-nos os pés.
Avançar pela fé
Os hebreus estavam cansados e possuídos de terror; não obstante, houvessem eles ficado para trás quando Moisés lhes ordenou que marchassem, houvessem-se recusado a aproximar-se mais do Mar Vermelho, nunca haveria o Senhor aberto um caminho para eles. Marchando até à própria água, mostraram ter fé na palavra divina proferida por Moisés. Fizeram tudo o que lhes estava ao alcance, e então o Poderoso de Israel fez Sua parte, e dividiu as águas para lhes oferecer aos pés uma vereda.
As nuvens que se adensam em torno de nosso caminho nunca hão de desaparecer diante de um espírito vacilante, duvidoso. Diz a incredulidade: “Nunca poderemos transpor esses obstáculos; esperemos até que sejam removidos, e vejamos claramente o caminho.” A fé, no entanto, insiste corajosamente num avanço, esperando tudo, em tudo crendo. A obediência a Deus traz certamente a vitória. É unicamente pela fé que podemos alcançar o Céu.
Grande é a semelhança entre nossa história e a dos filhos de [452] Israel. Deus conduziu Seu povo do Egito ao deserto, onde podiam guardar-Lhe a lei e obedecer-Lhe à voz. Os egípcios que não tinham nenhuma consideração pelo Senhor, achavam-se acampados perto deles; todavia, o que para os israelitas era uma abundância de luz, iluminando todo o acampamento e lançando claridade sobre o caminho que lhes estava em frente, para as hostes de Faraó constituía um muro de nuvens, tornando mais negra a escuridão da noite.
Há presentemente, da mesma maneira, um povo a quem Deus fez depositários de Sua lei. Para os que Lhe obedecem, os mandamentos do Senhor são qual coluna de fogo, aclarando e indicando o caminho para a salvação eterna. Para os que os desprezam, porém, são como sombras da noite. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” Salmos 111:10. Melhor que qualquer outro conhecimento é a compreensão da Palavra de Deus. Grande galardão há em guardar-Lhe os mandamentos, e engodo algum da Terra deve levar o cristão a vacilar por um momento em sua aliança. Riquezas, honras e pompas mundanas, não passam de escória que perecerá diante do fogo da ira de Deus.
A voz do Senhor ordenando a Seus fiéis: “Avançai”, prova-lhes frequentemente a fé ao máximo. Caso, porém, eles adiassem a obediência até que se desvanecesse de sua compreensão toda sombra de incerteza, e não restasse risco de fracasso ou derrota, jamais eles avançariam. Os que julgam ser-lhes impossível submeter-se à vontade de Deus e confiar-Lhe nas promessas até que tudo se aclare e aplaine diante deles, nunca se submeterão, absolutamente. Fé não é certeza de conhecimento; é “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem”. Hebreus 11:1. Obedecer aos mandamentos de Deus, eis a única maneira de obter-Lhe [453] o favor. “Avançai”, deve ser a divisa do cristão.
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