Testemunhos Seletos Vol. 1: Mentes Não Equilibradas – Capítulo 57

Por Ellen White

Deus confiou a cada um de nós sagrados depósitos, pelos quais nos considera responsáveis. É desígnio Seu que eduquemos de tal modo a mente que sejamos aptos a exercitar os talentos que Ele nos deu de maneira a efetuar o máximo bem, e refletira glória do Doador. A Deus somos devedores de todas as faculdades do espírito. Essas faculdades podem ser cultivadas, dirigidas e controladas de modo tão sábio, que realizem o desígnio para que nos foram concedidas. É dever educar a mente de modo a manifestar as energias da alma, e desenvolver cada faculdade. Quando todas as faculdades se acham em exercício, o intelecto será fortalecido, e o desígnio para que elas foram dadas terá seu cumprimento.

Muitos não fazem a maior soma de bem, porque aplicam o intelecto em uma direção, negligenciando dar atenção às coisas para que julgam não ser aptos. Algumas faculdades fracas são assim deixadas inativas, porque não é agradável o trabalho que as chamaria à atividade e assim lhes daria vigor. Todas as energias da mente devem ser exercitadas, todas as faculdades cultivadas. A percepção, o discernimento, a memória, e todas as faculdades de raciocínio, devem ter igual vigor, a fim de que a mente seja bem equilibrada.

Caso certas faculdades sejam usadas em detrimento de outras, não se cumpre plenamente o objetivo de Deus em nós; pois todas essas faculdades têm que ver umas com as outras, e são em alto grau interdependentes. Uma não pode ser eficientemente usada sem o funcionamento de todas, para que se possa manter cuidadosamente o equilíbrio. Se se der toda a atenção e força a uma delas, enquanto as outras jazem adormecidas, aquela se desenvolverá vigorosamente, e levará a extremos, visto nem todas haverem sido cultivadas. Algumas mentes são atrofiadas, e não devidamente equilibradas. (Testimonies for the Church 3:32-36 (1872).  Naturalmente todas as mentes não são constituídas da mesma maneira. Temos mentes de várias espécies; algumas são fortes em certos pontos, e muito fracas em outros. Estas deficiências, tão evidentes, não precisam, nem devem existir. Se os que as possuem fortalecessem os pontos fracos de seu caráter mediante cultivo e exercício, eles se tornariam fortes.

É agradável, mas não muito proveitoso exercitar as faculdades naturalmente mais vigorosas, ao passo que negligenciamos as fracas, mas que necessitam ser cultivadas. As mais débeis devem receber a devida atenção, para que todas as faculdades do intelecto sejam bem equilibradas, fazendo todas sua parte como um maquinismo bem regulado. Dependemos de Deus para a conservação de todas as nossas faculdades. Os cristãos estão para com Ele na obrigação de exercitar a mente de maneira que todas as faculdades sejam fortalecidas, e desenvolvidas em maior plenitude. Se isto negligenciamos, elas nunca realizarão o desígnio para que foram destinadas. Não temos o direito de negligenciar nenhuma dessas faculdades a nós dadas por Deus. Vemos por toda parte pessoas obsessivas. São frequentemente sadias, em todos os sentidos menos um. A razão disso é que um órgão da mente foi mais exercitado ao passo que os outros foram deixados adormecidos. Aquele que esteve em uso constante tornou-se gasto, enfermo, e o homem tornou-se uma ruína. Deus não é glorificado com essa atitude. Houvesse tal pessoa cultivado todos os órgãos igualmente, e todos teriam saudável desenvolvimento; não haveria sido lançada sobre um todo o trabalho, e, portanto, nenhum se haveria esgotado.

Uma advertência aos pastores

Os pastores devem guardar-se, não venham a impedir os desígnios de Deus por causa de seus próprios planos. Eles se acham em risco de oposição à obra de Deus, de limitarem seus labores a certas localidades, e não cultivarem especial interesse por essa divina obra em todos os seus vários departamentos. Alguns há que concentram a mente sobre um assunto, com exclusão de outros, que podem ser de igual importância. São homens de uma única ideia. Todas as energias de seu ser são concentradas no assunto sobre que sua mente é exercitada na ocasião. Todas as outras considerações são perdidas de vista. Esse tema favorito é a preocupação de seus pensamentos e o assunto de sua conversa. Toda prova que tiver relação com esse assunto, é ansiosamente agarrada e aplicada, e tanto demoram nisso, que as mentes se fatigam em acompanhá-los.

Perde-se frequentemente tempo em explicar pontos da verdade sem importância, e que poderiam ser considerados certos, sem apresentação de tantas provas; pois demonstram-se por si mesmos. Mas aqueles que são reais, vitais, devem-se tornar tão claros e convincentes quanto os puderem fazer a linguagem e as provas. O poder de concentrar a mente em um assunto com exclusão de outros, é bom até certo ponto; o constante exercício dela, porém, gasta os órgãos chamados a esse trabalho; isto lança grande sobrecarga sobre eles, e o resultado é o fracasso em realizar a máxima quantidade de bem. O desgaste principal fica sobre determinada série de órgãos, enquanto os demais permanecem inativos. A mente não pode assim ser saudavelmente exercitada, e em consequência, é abreviada a vida. Todas as faculdades devem executar parte do trabalho colaborando harmoniosamente, equilibrando-se uma à outra. Os que põem toda a energia de seu cérebro em um só assunto, são grandemente deficientes em outros pontos, pela razão de que as faculdades não são cultivadas equitativamente. O assunto que está perante eles prende-lhes a atenção, e são levados sempre avante, e penetram cada vez mais profundamente na questão. Veem conhecimento e clareza ao se interessarem e absorverem. Poucas, porém, são as cabeças que os podem acompanhar, a menos que tenham dado ao assunto a mesma profundeza de pensamento. Há perigo de que esses homens arem, e plantem a semente da verdade tão fundo, que a tenra e preciosa haste jamais venha à superfície.

Faz-se muitas vezes muito trabalho árduo que não é requerido, e que não será apreciado. Caso os que têm grande poder de concentração cultivem essa faculdade com negligência de outras, não poderão possuir mentes bem proporcionadas. Assemelham-se às máquinas em que apenas um jogo de rodas funciona em determinado tempo. Enquanto algumas rodas se enferrujam por inatividade, outras se gastam por uso contínuo. Os homens que cultivam uma ou duas faculdades, e não exercitam todas igualmente, não podem realizar metade do bem que Deus designava que fizessem no mundo. São homens unilaterais; apenas metade da capacidade que Deus lhes deu é posta em uso, ao passo que a outra fica enferrujando na inatividade.

Caso essa classe de mentalidades tenha uma obra especial a exigir consideração, não deve exercitar todas as suas energias naquele único ponto, com exclusão de todos os outros interesses. Ao passo que tornem o assunto em consideração o objeto principal, outros ramos da obra devem merecer-lhes parte do tempo. Isto seria muito melhor para eles próprios, e para a causa em geral. Um dos ramos da obra não deve receber atenção absoluta, com exclusão de todos os outros.

Em seus escritos, alguns precisam guardar-se constantemente quanto a não obscurecerem pontos que são evidentes, com o amontoarem sobre eles muitos argumentos que não têm vivo interesse para o leitor. Se eles se detêm tediosamente sobre certos pontos, dando todo pormenor que lhes ocorre à mente, seu trabalho fica por assim dizer perdido. O interesse do leitor não será suficientemente profundo para seguir o assunto até ao fim. Os pontos mais essenciais da verdade podem ser tornados indistintos com o dar-se atenção a todo pequenino pormenor. Abrange-se muito terreno; mas a obra em que se emprega tanto labor, não é calculada a realizar a maior soma de benefício, despertando o interesse geral.

Nesta época em que as fábulas agradáveis andam flutuando no ambiente e atraindo a mente, a verdade apresentada em estilo fácil, corroborada com poucas vigorosas provas, é melhor que buscar e fazer uma série avassaladora de demonstrações; pois então o ponto não fica tão claro em muitas mentes como antes de as objeções e evidências lhes serem apresentadas. Para muitos, as afirmações têm mais eficácia que as longas argumentações. Tomam muita coisa por certa. As provas não ajudam o caso no espírito de pessoas assim.

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