Por Ellen White
Se depois de haver alguém, em seu entender, feito o máximo ao seu alcance, outro pensa que ele deveria ter feito melhor, deve bondosa e pacientemente dar ao irmão o benefício de seu discernimento, mas não censurá-lo nem pôr em dúvida sua integridade de propósito, como não quereria que outros dele suspeitassem ou injustamente o censurassem. Se o irmão que tem no coração a causa de Deus vê que cometeu um erro, apesar de seus mais zelosos esforços no executá-la, sentirá profundamente o caso; pois tenderá a desconfiar de si próprio, perder a confiança no próprio discernimento. Coisa alguma lhe enfraquecerá tanto o ânimo e a varonilidade a ele conferida por Deus, como compreender seus erros na obra que o Senhor lhe designou, obra que ele ama acima da própria vida. Quão injusto é, pois, que seus irmãos, descobrindo-lhe os erros, fiquem a comprimir o espinho cada vez mais fundo em seu coração, para fazê-lo sentir mais intensamente, quando, a cada nova aguilhoada o estão fazendo perder a fé e o ânimo, e a confiança em si mesmo para trabalhar com êxito na edificação da causa de Deus!
Frequentemente tem-se de dizer claramente a verdade e os fatos aos que erram, a fim de os levar a verem e sentirem o erro, para que se reformem. Mas isto deve ser feito sempre com piedosa delicadeza, não com aspereza ou severidade, mas considerando a própria fraqueza, não seja ele próprio tentado também. Quando a pessoa em falta vê e reconhece seu erro, então, em vez de entristecê-la e fazer com que a pessoa o sinta mais profundamente, deve-se dar conforto. No sermão de Cristo no monte, Ele disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados.” Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” Mateus 7:1, 2. (Testimonies for the Church 3:92-94 (1872)). Nosso Salvador reprovou o juízo precipitado. “Por que reparas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?” Mateus 7:3. Dá-se frequentemente que, ao passo que uma pessoa é pronta a discernir os erros de seus irmãos, talvez esteja em maior falta ela mesma, mas se ache cega a isso.
Todos os que somos seguidores de Cristo devemos tratar com os outros da mesma maneira que desejamos que o Senhor trate conosco em nossos erros e fraquezas, pois todos erramos, e precisamos de Sua compaixão e perdão. Jesus consentiu em tomar a natureza humana, a fim de saber como compadecer-Se e interceder junto de Seu Pai em favor dos pecadores e errantes mortais. Ele Se prontificou a tornar-Se o advogado do homem, e humilhou-Se para familiarizar-Se com as tentações pelas quais o homem era assaltado, para que pudesse socorrer os que fossem tentados, e ser um sumo sacerdote compassivo e fiel.
Muitas vezes há necessidade de repreender positivamente o pecado e reprovar o erro. Mas os pastores que trabalham pela salvação de seus semelhantes, não devem ser inclementes para com os erros uns dos outros, nem salientar os defeitos existentes em suas organizações. Não devem expor ou reprovar suas fraquezas. Devem verificar se tal procedimento da parte de outro para com eles produziria o desejado efeito; aumentaria isto seu amor para com aquele que lhes patenteasse as faltas, e promoveria sua confiança nele? Especialmente os erros dos pastores empenhados na obra de Deus devem ser conservados dentro do menor círculo possível, pois há muitas pessoas fracas que disso se prevalecerão, caso saibam que aqueles que ministram na palavra e na doutrina têm fraquezas como os outros homens. Coisa mui cruel é serem as faltas de um pastor expostas a descrentes, caso seja ele considerado digno de trabalhar futuramente pela salvação de almas. Bem algum pode vir de assim o expor, mas unicamente mal. O Senhor Se desagrada com essa atitude, pois ela destrói a confiança do povo naqueles que Ele aceita para levarem avante Sua obra.
O caráter de todo coobreiro deve ser zelosamente guardado pelos irmãos do ministério. Disse Deus: “Não toqueis nos Meus ungidos, e não maltrateis os Meus profetas.” 1 Crônicas 16:22; Salmos 105:15. Cumpre nutrir amor e confiança. A falta desse amor e confiança em um pastor para com outro, não aumenta a felicidade daquele que é nisso deficiente, mas, ao tornar seu irmão infeliz, fica-o ele próprio também. Há maior poder no amor, do que jamais se encontrou na censura. O amor abrirá caminho por entre barreiras, ao passo que a censura fechará toda entrada da alma.
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