Por Ellen White – CPB
Quando a voz de Deus põe fim ao cativeiro de Seu povo, há um terrível despertar daqueles que tudo perderam no grande conflito da vida. Cegados pelos enganos de Satanás, os ricos orgulhavam- se de sua superioridade sobre os menos favorecidos. Entretanto, negligenciaram alimentar o faminto, vestir o nu, tratar com justiça e amar a misericórdia. Agora estão despojados de tudo o que os fazia grandes, e se encontram desamparados. Olham com terror para a destruição de seus ídolos. Venderam a salvação em troca de prazeres terrestres e não se tornaram ricos para com Deus. Sua vida foi um fracasso, seus prazeres se transformam em amargura. Os ganhos de uma vida inteira são varridos num momento. Os ricos lastimam a destruição de suas soberbas casas, a dispersão de seu ouro e prata, e temem que eles próprios devam perecer, juntamente com seus ídolos. Os ímpios lamentam que o resultado seja o que é, mas não se arrependem de sua impiedade.
O ministro que sacrificou a verdade a fim de alcançar o favor dos homens discerne agora a influência de seus ensinos. Toda linha escrita, toda palavra pronunciada, que levava os homens a descansar em um refúgio de falsidade, esteve a espalhar sementes; agora contempla ele a colheita. Diz o Senhor: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do Meu pasto! […]” “Com falsidade entristecestes o coração do justo, não o havendo Eu entristecido, e fortalecestes as mãos do perverso para que não se desviasse do seu mau caminho, e vivesse”. Jeremias 23:1, 2; Ezequiel 13:22.
Ministros e povo veem que se rebelaram contra o Autor de toda lei justa. A rejeição dos preceitos divinos deu origem a milhares de fontes para a iniquidade, até que a Terra se tornou um vasto campo de corrupção. Nenhuma linguagem pode exprimir o desejo que os desleais sentem por aquilo que perderam para sempre: a vida eterna. As pessoas se acusam umas às outras de havê-las levado à destruição, porém todas se unem em acumular amargas condenações contra os pastores infiéis que profetizaram “coisas agradáveis” (Isaías 30:10), que levaram seus ouvintes a anular a lei de Deus e a perseguir os que a queriam santificar. “Estamos perdidos!” exclamam, “e vocês são a causa.” As mesmas mãos que os coroavam de lauréis, levantar-se-ão para destruí-los. Por toda parte há contenda e morticínio.
O Filho de Deus e os mensageiros celestiais estiveram em conflito com o maligno, a fim de advertir, esclarecer e salvar os filhos dos homens. Agora todos tomaram sua decisão; os ímpios se uniram completamente a Satanás em sua luta contra Deus. A controvérsia não é somente com Satanás, mas também com os homens. “O Senhor tem contenda com as nações”. Jeremias 25:31.
O anjo da morte — Agora sai o anjo da morte, representado na visão de Ezequiel pelos homens com as armas destruidoras, aos quais é dada a ordem: “Matai a velhos, a moços e a virgens, a crianças e a mulheres, até exterminá-los; mas a todo homem que tiver o sinal não vos chegueis; começai pelo Meu santuário.” “Começaram pelos anciãos que estavam diante da casa”, aqueles que professam ser os guardiães espirituais do povo. Ezequiel 9:6, 7.
Os falsos atalaias são os primeiros a cair. “O Senhor sai do Seu lugar para castigar a iniquidade dos moradores da Terra; a Terra descobrirá o sangue que embebeu, e já não encobrirá aqueles que foram mortos.” “Naquele dia também haverá da parte do Senhor grande confusão entre eles; cada um agarrará a mão de seu próximo, cada um levantará a sua mão contra o seu próximo”. Isaías 26:21; Zacarias 14:12, 13.
Na desvairada contenda de suas próprias e violentas paixões, e pelo derramamento da ira de Deus sem mistura, sucumbem ímpios sacerdotes, governadores e povo. “Os que o Senhor entregar à morte naquele dia, se estenderão de uma à outra extremidade da Terra”. Jeremias 25:33.
Por ocasião da vinda de Cristo os ímpios são consumidos pelo resplendor de Sua glória. Cristo leva Seu povo para a cidade de Deus, e a Terra é esvaziada de seus moradores. “Eis que o Senhor devasta e desola a Terra, transtorna a sua superfície, e lhe dispersa os moradores. […] A Terra será de todo devastada e totalmente saqueada, porque o Senhor é quem proferiu esta palavra […] porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna.
Por isso a maldição consome a Terra, e os que habitam nela se tornam culpados; por isso serão queimados os moradores da Terra, e poucos homens restarão”. Isaías 24:1, 3, 5, 6.
A Terra se parece com um deserto assolado. Cidades destruídas pelo terremoto, árvores desarraigadas, pedras escabrosas arrancadas da Terra e espalhadas sobre sua superfície. Vastas cavernas assinalam o lugar em que as montanhas foram separadas de suas bases.
O banimento de Satanás — Ocorre agora o acontecimento prefigurado na última cerimônia do Dia da Expiação. Quando os pecados de Israel haviam sido removidos do santuário em virtude do sangue da oferta pelo pecado, o bode emissário era apresentado vivo diante do Senhor. O sumo sacerdote confessava “todas as iniquidades dos filhos de Israel, […] sobre a cabeça do bode”. Levítico 16:21. Semelhantemente, ao completar-se a obra de expiação no santuário celestial, na presença de Deus e dos anjos celestiais e da multidão de remidos, então os pecados do povo de Deus serão postos sobre Satanás; declarar-se-á ser ele o culpado de todo o mal que os fez cometer. Assim como o bode emissário era enviado para uma terra não habitada, Satanás será banido para a Terra desolada.
Depois de apresentar cenas da vinda do Senhor, o escritor de Apocalipse prossegue: “Então vi descer do Céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o, e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto é necessário que ele seja solto pouco tempo”. Apocalipse 20:1-3.
O “abismo” representa a Terra em estado de confusão e trevas. Olhando ao futuro para o grande dia de Deus, Jeremias declara: “Olhei para a Terra, e ei-la sem forma e vazia; para os céus, e não tinham luz. Olhei para os montes, e eis que tremiam, e todos os outeiros estremeciam. Olhei, e eis que não havia homem nenhum, e todas as aves dos céus tinham fugido. Olhei ainda, e eis que a Terra fértil era um deserto, e todas as suas cidades estavam derribadas”. Jeremias 4:23-26.
Aqui deverá ser a morada de Satanás com seus anjos maus durante mil anos. Restrito à Terra, ele não terá acesso a outros mundos, para tentar e molestar os que nunca caíram. É neste sentido que ele está “preso”. Não resta ninguém sobre quem ele possa exercer seu poder. Está inteiramente separado da obra de engano que durante tantos séculos foi seu único deleite. Isaías, vendo antecipadamente a queda de Satanás, exclamou: “Como caíste do Céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra tu que debilitavas as nações! […] Tu dizias no teu coração: ‘Eu subirei ao Céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono. […] Serei semelhante ao Altíssimo.’ Contudo serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo.
Os que te virem te contemplarão, hão de fitar-te e dizer-te: É este o homem que fazia estremecer a Terra, e tremer os reinos? Que punha o mundo como um deserto, e assolava as suas cidades? que a seus cativos não deixava ir para suas casas?” Isaías 14:12-17.
Durante seis mil anos o seu cárcere recebeu o povo de Deus, mas Cristo quebrou os seus laços, pondo em liberdade os prisioneiros. Sozinho com seus anjos maus ele compreende os efeitos do pecado: “Todos os reis das nações, sim, todos eles, jazem com honra, cada um no seu túmulo. Mas tu és lançado fora da tua sepultura, como um renovo bastardo. […] Com eles não te reunirás na sepultura, porque destruíste a tua Terra e mataste o teu povo”. Isaías 14:18-20.
Durante mil anos Satanás contemplará os resultados de sua rebelião contra a lei de Deus. Seus sofrimentos são intensos. É deixado agora a contemplar a parte que desempenhou desde que a princípio se rebelou e para aguardar, com tremor, o futuro terrível em que será punido.
Durante os mil anos entre a primeira e a segunda ressurreições, ocorre o julgamento dos ímpios. Paulo indica que este juízo acontece após o segundo advento. 1 Coríntios 4:5. Os justos reinam como reis e sacerdotes. João diz: “Vi também tronos, e nestes sentaram- se aqueles aos quais foi dada a autoridade de julgar. […] Serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele os mil anos”. Apocalipse 20:4-6.
Nesse tempo “os santos julgarão o mundo”. 1 Coríntios 6:12. Em união com Cristo, julgam os ímpios, decidindo cada caso de acordo com as ações praticadas no corpo. É determinada a parte que os ímpios devem sofrer, segundo as suas obras, e o registro é feito junto aos seus nomes, no livro da morte.
Satanás e os anjos maus são julgados por Cristo e Seu povo. Diz Paulo: “Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos?” 1 Coríntios 6:3. Judas declara: “E a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, Ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia”. Judas 6.
Ao fim dos mil anos ocorrerá a segunda ressurreição. Então os ímpios ressuscitarão dos mortos, comparecendo perante Deus para a execução do “juízo escrito”. Salmos 149:9. Assim diz o escritor do Apocalipse: “Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. Apocalipse 20:5. E Isaías declara, concernente aos ímpios: “Serão ajuntados como presos em masmorra, e encerrados num cárcere, e serão castigados depois de muitos dias”. Isaías 24:22.
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