Por George Knight
Fonte: Caminhando com Paulo através de Romanos
“Portanto, acolham uns aos outros, como também Cristo acolheu vocês para a glória de Deus.” Romanos 15:7.
“Acolher uns aos outros”. Com essas palavras, Paulo retorna ao início de seu argumento, em Romanos 14:1. Na verdade, ele insere a discussão longa e meticulosamente fundamentada sobre o forte e o fraco entre dois gritos de acolhimento: “Recebam os fracos” (14:1), e “aceitem uns aos outros” (15:7). O apóstolo dirige ambas as orações a toda a congregação em Roma, embora a primeira exorte a igreja a aceitar o irmão mais fraco, e o segundo roga para que todos os membros da igreja aceite-se mutuamente.
John Stott aponta que ambos os pedidos de aceitação estão firmemente enraizados em uma razão teológica: “O irmão fraco deve ser aceito porque Deus o recebeu” (Romanos 14:3), e os membros devem acolher uns aos outros “assim como a Cristo. Ele nos acolheu” (15:7).
Paulo parou de dividir seus leitores em fortes e fracos. Observe que o apóstolo relaciona intimamente sua aceitação mútua à justificação pela fé. Assim como Cristo recebeu outros crentes com base em sua fé nele que eles demonstram, também os crentes devem aceitar uns aos outros. Ou, como Paulo expressou em seu argumento anterior: “Deus o recebeu. Quem é você para julgar o servo de outro?” (14:3, 4) Se Cristo aceitou alguém, quem sou eu para decidir que não o aceitarei como irmão ou irmã em Cristo?
Essas perguntas são importantes e, mais uma vez, apontam para a arrogância espiritual daqueles que instalaram um trono para si e se estabeleceram como juízes de seus irmãos, os outros membros da congregação. Esquecemos que também éramos indignos e ainda somos? Esquecemos que nossa própria participação na comunidade é baseada na graça e não em nossas realizações?
Nossa aceitação dos outros não tem outra base senão o evangelho da graça gratuita. Claro que alguns dos “outros” são muito desagradáveis. Mas você também! E eu também!
O Cristianismo não é uma religião de cabeça inchada. Não deixa espaço para orgulho espiritual. Não! Assim como Deus me aceitou com todas as outras falhas, também devo aceitar os outros da mesma forma. O Cristianismo é a religião da vida transformada (Romanos 12: 2), uma demonstração da graça e do amor de Deus na conduta diária. Se esquecermos essa verdade, teremos esquecido o próprio propósito da salvação. A essa altura, podemos nos encontrar engolindo o camelo e cuspindo o mosquito.