Ellen White
[Sermão feito em Battle Creek, 6 de Março de 1869. (Testimonies for the Church 2:354-376 (1870))]
“Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” 1 Coríntios 6:19, 20.
Não somos de nós mesmos. Fomos comprados por alto preço, os próprios sofrimentos e morte do Filho de Deus. Caso pudéssemos compreender isto, e o avaliássemos plenamente, experimentaríamos uma grande responsabilidade a repousar sobre nós quanto a manter-nos no melhor estado de saúde, a fim de prestar a Deus um serviço perfeito. Quando, porém, seguimos qualquer orientação que nos gasta a vitalidade, diminui a força ou obscurece o intelecto, pecamos contra Deus. Ao seguirmos essa orientação não O glorificamos no corpo e no espírito, que Lhe pertencem, mas estamos cometendo grande erro aos Seus olhos.
Entregou-Se Jesus Cristo por nós? Foi um grande preço pago pela nossa redenção? É mesmo verdade que não somos de nós mesmos? É real que todas as faculdades de nosso ser, nosso corpo, espírito, tudo quanto possuímos e tudo quanto somos pertencem a Deus? Certamente sim. E ao compreendermos isso, sob que obrigação esse fato nos coloca para com o Senhor, de conservar-nos naquelas condições em que O possamos honrar na Terra, em nosso corpo e no espírito que Lhe pertencem!
O fim da graça
Cremos, sem nenhuma dúvida, que Cristo está para vir em breve. Isto não é uma fábula para nós; é uma realidade. Não temos dúvida, nem por anos temos duvidado uma só vez, de* que as doutrinas [182] que hoje mantemos sejam verdade presente, e de que nos estamos aproximando do juízo. Estamos nos preparando para encontrar-nos com Aquele que, acompanhado por uma comitiva de santos anjos, há de aparecer nas nuvens do céu, para dar aos fiéis e justos o toque final da imortalidade. Quando Ele vier, não nos purificará de nossos pecados, para remover de nós os defeitos de caráter, nem para curar-nos das fraquezas de nosso temperamento e disposição. Se acaso esta obra houver de ser efetuada em nós, sê-lo-á totalmente antes daquela ocasião.
Quando o Senhor vier, os que são santos serão santos ainda. Os que houverem conservado o corpo e o espírito em santidade, em santificação e honra, receberão então o toque final da imortalidade. Mas os que são injustos, não santificados e sujos, assim permanecerão para sempre. Nenhuma obra se fará então por eles para lhes remover os defeitos, e dar-lhes um caráter santo. Naquela ocasião, o Refinador não Se ocupará com o processo de purificação, para remover-lhes os pecados e a corrupção. Tudo isso deve ser realizado durante o tempo da graça. É agora que essa obra deve ocorrer em nós.
Abraçamos a verdade de Deus com nossas faculdades diversas, e ao chegarmos sob a influência dessa verdade, ela realizará por nós a obra necessária a fim de dar-nos aptidão moral para o reino da glória, e para a sociedade dos anjos celestes. Achamo-nos agora na oficina de Deus. Muitos de nós somos pedras rústicas da pedreira. Ao apoderar-nos, porém, da verdade de Deus, sua influência nos afeta. Eleva-nos, e tira de nós toda imperfeição e pecado, seja de que natureza for. Assim estamos preparados para ver o Rei em Sua beleza, e unir-nos afinal com os puros anjos celestes no reino da glória. É aqui que esta obra tem de ser efetuada por nós; aqui que nosso corpo e espírito devem ser habilitados para a imortalidade.
Achamo-nos em um mundo avesso à justiça, à pureza de caráter, e ao crescimento na graça. Para onde quer que olhemos, vemos corrupção e contaminação, deformidade e pecado.
E qual é a obra que devemos empreender aqui antes de receber a imortalidade? É conservar nosso corpo santo, puro o nosso espírito, para que permaneçamos incontaminados entre as corrupções tão comuns ao nosso redor nestes últimos dias. E se esta obra se há de realizar, precisamos nela empenhar-nos imediatamente, com coração e entendimento. Aí não deve entrar o egoísmo para nos influenciar. O Espírito de Deus deve ter sobre nós perfeito domínio, influenciando-nos em todas as nossas ações. Se nos apegarmos devidamente ao Céu, ao poder do alto, experimentaremos a santificadora influência do Espírito de Deus em nosso coração.
Causar sofrimento aos outros
Ao procurarmos apresentar a reforma de saúde a nossos irmãos e irmãs, e lhes falarmos da importância de comerem e beberem, e fazerem tudo o que fizerem para a glória de Deus, muitos têm dito por suas ações: “Não é da conta de ninguém se comemos isto ou aquilo. Seja o que for que fizermos, nós mesmos é que temos de suportar as consequências.”
Prezados amigos, estais grandemente enganados. Não sois vós os únicos a sofrer por causa de vossa errônea maneira de viver. A sociedade em que estais, sofre em alto grau as consequências de vossos erros, da mesma maneira que vós. Se sofreis por causa de vossa intemperança no comer e beber, nós que nos achamos ao redor de vós ou a vós associados, também somos afetados por vossas enfermidades. Temos de sofrer por causa da maneira errônea em que viveis. Se isso tem o efeito de prejudicar-vos as faculdades mentais ou físicas, nós sentimos isto quando em convívio convosco, e somos assim afetados. Se, em vez de ter um espírito bem disposto, estais sombrios, lançais uma nuvem sobre o espírito de todos os que vos rodeiam. Se estamos tristes e deprimidos, e perturbados, poderíeis, caso vos encontrásseis na devida condição de saúde, ter m cérebro claro para nos mostrar uma porta de escape, e dirigir-nos uma palavra de conforto. Mas se vosso cérebro está tão entorpecido pela errônea maneira de viver que seguis, que não vos é possível dar-nos o justo conselho, não sofremos nós prejuízo? Não nos afeta seriamente a influência que exerceis? Talvez tenhamos certo grau de confiança em nosso próprio juízo, todavia queremos ter conselheiros; pois “na multidão de conselheiros há segurança”. Provérbios 11:14. Desejamos que nosso procedimento pareça coerente àqueles a quem amamos, e desejamos buscar-lhes o conselho e que eles estejam aptos a no-lo dar com um cérebro esclarecido. Mas que nos importa vosso juízo, se a capacidade de vosso cérebro foi sobrecarregada ao máximo, e a vitalidade retirada do mesmo para atender às comidas impróprias introduzidas em vosso estômago ou à enorme quantidade de alimento, mesmo que seja saudável? Que nos importa o juízo de tais pessoas? Elas veem através de uma massa de alimento não digerido. Portanto, vossa maneira de viver nos afeta. Impossível vos é seguir qualquer orientação errônea, sem causar sofrimento a outros.
Correr a carreira celeste
“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” 1 Coríntios 9:24-27. Aqueles que se empenhavam na carreira para obter um prêmio que era considerado honra especial, eram temperantes em todas as coisas, de modo que os músculos, o cérebro e todo o seu corpo se achassem nas melhores condições para correr. Caso não fossem temperantes em todas as coisas, não teriam aquela elasticidade que desfrutavam. Temperantes, poderiam realizar aquela corrida com mais êxito; e seguros de obter a coroa.
Mas não obstante toda a sua temperança— todos os seus esforços para se submeterem a um cuidadoso regime de modo a estar nas melhores condições—os que corriam a carreira terrestre corriam simplesmente ao acaso. Poderiam fazer o melhor que lhes fosse possível e, afinal de contas, não receber o penhor da honra; pois outro poderia estar um pouquinho adiante deles e alcançar o prêmio. Um apenas recebia a recompensa. Na carreira celeste, porém, podemos correr todos, e todos receberemos o prêmio. Não há incerteza nem risco a esse respeito. Cumpre revestir-nos das graças celestes e, com olhos voltados para a coroa da imortalidade, manter o Modelo sempre diante de nós. Ele foi “um homem de dores, experimentado nos trabalhos”. Isaías 53:3. A vida humilde, abnegada de nosso divino Senhor, devemos conservar sempre em vista. E então, ao buscarmos imitá-Lo, olhos fitos na recompensa, podemos correr com segurança essa carreira, sabendo que, se fizermos o melhor ao nosso alcance, certamente conseguiremos o prêmio.
Os homens se submetiam à abnegação e à disciplina a fim de correr e obter uma coroa corruptível, daquelas que num dia perecem, e que era apenas um sinal de honra da parte dos mortais aqui. Nós, porém, temos de correr a corrida, no fim da qual se acha uma coroa de imortalidade e vida eterna. Sim, “um peso eterno de glória mui excelente” (2 Coríntios 4:17), ser-nos-á dado como prêmio quando o fim da carreira chegar. “Nós”, diz o apóstolo, “uma [coroa] incorruptível.” 1 Coríntios 9:25. E se aqueles que se empenham nesta carreira aqui na Terra por uma coroa temporal, podiam ser temperantes em tudo, não o podemos nós, que temos em vista uma coroa incorruptível, um eterno peso de glória e vida que se compara à de Deus? Tendo diante de nós tão grande incentivo, não podemos correr “com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé”? Hebreus 12:1, 2. Ele indicou-nos o caminho, e assinalou-o em toda a sua extensão com as próprias pegadas. É o caminho por onde andou e, com Ele, podemos experimentar a abnegação e o sofrimento, e trilhar esse caminho marcado com o próprio sangue.
“Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão.” 1 Coríntios 9:26, 27. Há aí uma obra a ser feita por todo homem, mulher e criança. Satanás está continuamente buscando adquirir controle sobre vosso corpo e espírito. Cristo, porém, vos comprou, e sois propriedade Sua. E agora cabe-vos trabalhar em união com Ele, em união com os santos anjos que vos servem. Cabe vos manter o corpo subjugado, e reduzi-lo à servidão. A menos que isto façais, perdereis por certo a vida eterna e a coroa da imortalidade. E ainda alguns dirão: “Que importa a alguém o que eu como ou bebo?” Mostrei-vos a relação que há entre vosso modo de viver e os outros. Vistes que isso tem muito que ver com a influência que exerceis em vossa família. Muito que ver com a modelagem do caráter de vossos filhos.
Responsabilidade paterna
Como eu disse antes, vivemos em uma época de corrupção. É um tempo em que Satanás parece ter quase inteiro domínio sobre as mentes não totalmente consagradas a Deus. Há, portanto, mui grande responsabilidade sobre os pais e pessoas que têm a seu cargo a educação de crianças. Os pais assumiram a responsabilidade de dar à existência essas crianças; e agora, qual é seu dever? É deixá-las crescer como lhes for possível, e segundo a vontade delas? Permiti dizer-vos: pesada é a responsabilidade que repousa sobre esses pais. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” 1 Coríntios 10:31. Assim fazeis ao preparar o alimento para a mesa, e chamar a família a dele partilhar? Colocais diante de vossos filhos apenas o que sabeis que vai produzir o melhor sangue? É a espécie de alimento que lhes manterá o organismo na condição menos febril possível? É aquele que os colocará na melhor relação para com a vida e a saúde? É esta a comida que estais pensando em colocar diante de vossos filhos? Ou, sem consideração para com seu futuro bem, vós lhes forneceis alimentação nociva, estimulante, própria a causar irritação?
Deixai-me dizer-vos que as crianças nascem propensas ao pecado. Satanás parece ter domínio sobre elas. Toma-lhes posse da mente juvenil, e elas se corrompem. Por que procedem os pais e mães como se estivessem possuídos de insensibilidade? Eles não desconfiam de que Satanás esteja semeando ruins sementes em sua família. Acham-se tão cegos, descuidosos e negligentes com relação a essas coisas, quanto é possível estar. Por que não despertam, e não leem e estudam sobre esses assuntos? Diz o apóstolo: “Acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência. E à ciência temperança, e à temperança paciência” etc. 2 Pedro 1:5, 6. Aí está uma obra que cabe a todos os que professam seguir a Cristo; é viver segundo o plano de adição. …
Comer em excesso
Muitos dos que adotaram a reforma pró-saúde, deixaram tudo quanto era nocivo; segue-se, porém, que pelo fato de deixarem essas coisas, podem comer tanto quanto lhes apetecer? Sentam-se à mesa e, em vez de considerar quanto lhes convém ingerir, entregam-se ao apetite e comem excessivamente, e o estômago tem quanto lhe é possível processar, ou o que deve processar, para o resto do dia, afadigando-se com o fardo que lhe é imposto. Toda a comida posta no estômago, da qual o organismo não pode tirar proveito, é uma carga para a natureza em seu trabalho. Atrapalha os órgãos. O organismo fica obstruído, e não pode com êxito levar avante sua obra. Os órgãos vitais ficam desnecessariamente sobrecarregados, e a energia nervosa do cérebro é chamada ao estômago para ajudar os órgãos digestivos no trabalho de dispor de uma quantidade de comida que não faz nenhum bem ao organismo.
Assim o vigor do cérebro é diminuído com o sacar tão fortemente dele em favor do estômago com sua pesada carga. E depois de ele concluir a tarefa, quais são as sensações experimentadas em resultado desse desnecessário dispêndio de energia vital? Uma sensação de fraqueza, como se devêsseis comer mais. Talvez essa sensação sobrevenha justamente antes da hora da refeição. Qual a causa disso? A natureza afadigou-se com seu trabalho, e acha-se tão exausta em consequência disto, que experimentais essa sensação de fraqueza. E julgais que o estômago diz: “Mais comida”, quando, em sua fraqueza, ele está dizendo distintamente: “Dai-me repouso.” O estômago necessita de descanso para refazer as exaustas energias para outro trabalho. Mas em vez de lhe conceder qualquer período de sossego, pensais que ele precisa de mais comida, e amontoais outra carga sobre a natureza, negando-lhe o necessário descanso.
É como um homem que trabalha no campo durante todo o período da manhã, até estar cansado. Ele entra ao meio-dia, e diz que está cansado e exausto; mas dizeis-lhe que vá trabalhar novamente, que achará descanso. É assim que tratais vosso estômago. Ele se acha totalmente cansado. Em vez, porém, de dar-lhe repouso, dais-lhe mais comida, e depois chamais a vitalidade de outras partes do organismo para o ajudar no trabalho da digestão. …
A primeira obra da mãe
Tenho visto mães de grandes famílias, que não podiam ver a obra que lhes ficava exatamente no caminho, diante delas, na própria família. Queriam ser missionárias, e fazer alguma grande obra. Estavam buscando para si alguma alta posição, mas negligenciando cuidar da própria obra que o Senhor lhes dera a fazer, no lar. Quão importante é que o cérebro esteja claro! Quão importante que o corpo se ache, quanto possível, livre de doenças, a fim de podermos realizar a obra que o Céu nos confiou, e efetuá-la de tal modo que o Mestre possa dizer: “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.” Mateus 25:21. Minhas irmãs, não desprezeis as poucas coisas que o Senhor vos deixou para fazer. Fazei com que as ações de cada dia sejam tais que, no dia do final ajuste de contas, não vos envergonheis de enfrentar o registro feito pelo anjo relator.
Regime inadequado
Mas que dizer quanto a um regime insuficiente? Tenho falado da importância de que a quantidade e a qualidade do alimento estejam em total acordo com as leis da saúde. Não recomendamos, todavia, um regime alimentar deficiente. Foi-me mostrado que muitos têm uma ideia errônea da reforma de saúde, e adotam uma alimentação demasiadamente pobre. Vivem com uma qualidade de alimento barato e fraco, preparado sem cuidado ou sem atenção para com a nutrição do organismo. É importante que o alimento seja preparado com cuidado, para que o apetite, quando não pervertido, possa saboreá-lo. Pelo fato de, por princípio, rejeitarmos carne, manteiga, tortas de carne, especiarias, banha de porco e tudo que irrita o estômago e destrói a saúde, não se deve dar nunca a ideia de que não tem muita importância o que comemos.
Alguns há que vão a extremos. Precisam comer determinada quantidade, e apenas tal qualidade, e se limitam a duas ou três coisas. Não permitem que sejam postas diante deles e sua família senão poucas coisas para comer. Comendo pequena quantidade de alimento e este não da melhor qualidade, não põem no estômago o que é próprio para nutrir o organismo. Alimento inadequado não pode ser convertido em bom sangue. Um regime empobrecido, empobrecerá o sangue. … Alguns não podem ser impressionados com a necessidade de comer e beber para a glória de Deus. A condescendência com o apetite afeta-os em todas as relações da vida. Mostra-se na família, na igreja, na reunião de oração e na conduta dos filhos. Tem sido a maldição de sua vida. Não vos é possível fazê-lo compreender as verdades para estes últimos dias. Deus fez abundantes provisões para o sustento e a felicidade de todas as Suas criaturas; e caso Suas leis jamais fossem violadas, e todos agissem em harmonia com a vontade divina, experimentar-se-iam saúde, paz e felicidade em lugar de miséria e contínuo mal. …
Carne, leite e açúcar
Os alimentos cárneos prejudicam o sangue. Cozinhai carne com condimentos, comei-a com requintados bolos e tortas e tereis má qualidade de sangue. O organismo é demasiadamente sobrecarregado ao tentar assimilar tal espécie de alimento. As tortas de carne e os picles, que jamais deveriam encontrar lugar em qualquer estômago humano, proporcionarão mísera qualidade de sangue. E um alimento de qualidade pobre, preparado de maneira imprópria e insuficiente na quantidade, não pode formar sangue bom. Alimentos cárneos e comidas muito aprimoradas, bem como um regime pobre, produzirão os mesmos resultados.
Agora, quanto ao leite e açúcar: Sei de pessoas que ficaram assustadas com a reforma de saúde, e disseram que não queriam ter nada a ver com ela, por condenar o abundante uso dessas coisas. As mudanças devem ser feitas com grande cuidado; e devemos proceder cautelosa e sabiamente. Devemos seguir uma orientação que se recomende por si mesma aos homens e mulheres inteligentes da Terra. Grandes quantidades de leite e açúcar ingeridos juntos são prejudiciais. Comunicam impurezas ao organismo. Os animais dos quais se obtém o leite, nem sempre são sadios. Podem estar doentes.
Uma vaca pode estar aparentemente boa de manhã, e morrer antes da noite. Então, ela já estava enferma pela manhã, e seu leite estava contaminado, e vós não o sabíeis. A criação animal está enferma. As carnes estão contaminadas. Pudéssemos nós saber que os animais estavam em perfeita saúde, e eu recomendaria que o povo comesse carne de preferência a grandes quantidades de leite com açúcar. Ela não causaria o mal que leite com açúcar ocasiona. O açúcar obstrui o organismo. Entrava o trabalho dos órgãos. …
Sento-me com frequência à mesa de irmãos e irmãs, e vejo que eles usam grande quantidade de leite e açúcar. Isso obstrui o organismo, irrita os órgãos digestivos, e afeta o cérebro. Tudo quanto embaraça o ativo funcionamento do maquinismo vivo, afeta muito diretamente o cérebro. E segundo a luz que me foi dada, o açúcar, quando usado abundantemente, é mais prejudicial que a carne. Essas mudanças devem ser feitas com prudência, e o assunto deve ser tratado de tal maneira a não desgostar nem suscitar preconceito por parte das pessoas a quem queremos ensinar e ajudar.
Mães e filhas
Muitas vezes nossas irmãs não sabem cozinhar. A essas, eu diria: Eu iria à melhor cozinheira da região, e ficaria, se necessário, semanas até que me tornasse senhora dessa arte —uma cozinheira inteligente e capaz. Eu seguiria esse curso, caso tivesse quarenta anos. É dever vosso saber cozinhar, e cumpre-vos também o dever de ensinar vossas filhas a cozinhar. Enquanto lhes estais ensinando a arte culinária, estais construindo ao redor delas uma barreira que as protegerá da leviandade e do vício em que de outro modo seriam tentadas a cair. Eu prezo minha costureira, dou valor a minha secretária; mas, minha cozinheira, que sabe preparar bem o alimento para sustentar a vida e nutrir o cérebro, os ossos e músculos, ocupa o mais importante lugar entre os auxiliares em minha família.
Religião e boa cozinha
Podemos ter variedade de comida boa e saudável, preparada de modo salutar, para que seja apetecível a todos. E se vós, minhas irmãs, não sabeis cozinhar, aconselho-vos a aprender. É de vital importância aprenderdes a cozinhar. Há mais almas perdidas pela cozinha deficiente, do que sois capazes de imaginar. Ela produz doença, enfermidade e mau temperamento; o organismo fica perturbado, e as coisas celestiais não podem ser discernidas. Há mais religião em um pão bem feito, do que muitos de vós pensais. Há mais religião na boa cozinha do que fazeis ideia. Queremos que aprendais o que seja a boa religião, e a ponhais em prática em vossa família.
Quando fora de casa, por vezes, tenho visto que o pão que estava na mesa, e a comida em geral, não me fariam bem; mas era obrigada a comer um pouco para sustentar a vida. É pecado aos olhos do Céu ter-se tal comida. Tenho sofrido por falta da comida apropriada. Para um estômago dispéptico, podeis pôr sobre a mesa frutas de diferentes espécies, mas não muitas em uma refeição. Assim podeis ter variedade, e será apetitoso, e depois de haverdes tomado a refeição, sentir-vos-eis bem. …
Alguns de vós parecem desejar que alguém lhes diga quanto devem comer. Não deveria ser assim. Cumpre-nos proceder por um ponto de vista moral e religioso. Devemos ser temperantes em tudo, pois uma coroa incorruptível, um tesouro celeste se acha diante de nós. E agora desejo dizer a meus irmãos e irmãs, que eu teria força moral para tomar uma atitude e governar a mim mesma. Não delegaria isto a outra pessoa. Comeis em excesso, e depois vos arrependeis, e ficais a pensar no que comestes e bebestes. Comei simplesmente o que mais convém, e ide adiante, sentindo-vos sem culpa diante do Céu, sem remorsos de consciência. Não cremos na completa remoção de tentações, seja de crianças, seja de adultos. Todos nós temos diante de nós uma luta, e cumpre-nos permanecer na atitude de resistir às tentações de Satanás; e precisamos saber que possuímos em nós mesmos poder para fazer isto.
Um protesto contra os inexperientes
E ao passo que vos advertimos a não comer em excesso, mesmo da melhor qualidade de comida, também advertimos aos que são extremistas a não erguerem uma falsa norma, e depois se esforçarem por levar todas as pessoas a segui-la. Alguns há que se estão iniciando como reformadores da saúde, os quais não estão habilitados a se empenharem em nenhum outro empreendimento, e não possuem bom senso suficiente para cuidar da própria família, ou manter o próprio lugar na igreja. E que fazem eles? Ora, eles se convertem em médicos da reforma de saúde, como se pudessem fazer disso um sucesso. Assumem as responsabilidades de sua prática, e tomam nas mãos a vida de homens e mulheres, quando na verdade nada sabem do assunto.
Minha a voz se ergue contra isto, de pessoas não habilitadas tentarem tratar de doenças, professando fazê-lo segundo os princípios da reforma de saúde. Deus nos defenda de sermos os pacientes que lhes sirvam de campo de experiência! Somos muito poucos. Isto é uma batalha demasiado inglória para nela perecermos. Que Deus nos livre de tal perigo! Não precisamos de tais mestres e médicos. Procurem tratar de doenças os que conhecem alguma coisa do organismo humano. O Médico celeste era cheio de compaixão. Deste espírito necessitam os que tratam dos doentes. Alguns que empreendem tornar-se médicos, são fanáticos, egoístas, obstinados como jumentos. Não lhes podeis ensinar qualquer coisa. Talvez nunca tenham feito qualquer coisa digna de ser feita. Talvez não tenham tornado a vida um sucesso. Nada sabem realmente digno de saber-se, e, todavia, começaram a praticar a reforma de saúde. Não podemos permitir que tais pessoas matem este e aquele. Não; não o podemos permitir!
Devemos sempre ser perfeitamente corretos. Precisamos levar nosso povo à devida posição quanto à reforma de saúde.
“Purifiquemo-nos”, diz o apóstolo, “de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” 2 Coríntios 7:1. Precisamos ser corretos a fim de subsistir nos últimos dias. Precisamos de cérebro claro e mente sã em corpo são. Devemos começar a trabalhar sinceramente por nossos filhos, por todos os membros de nossa família. Levaremos isso a sério e trabalharemos segundo o verdadeiro ponto de vista? Jesus vem; e se seguimos uma direção de molde e cegar-nos para as verdades destes últimos dias que elevam a mente, como podemos ser santificados por meio da verdade? Como podemos ser preparados para a imortalidade? Que o Senhor nos ajude, a fim de começarmos a trabalhar aqui como nunca antes
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