Por George Knight
Fonte: Caminhando com Paulo através de Romanos
“Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Posso desejar o que é certo, mas não podendo fazer.” Romanos 7:18, NRSV.
Que a Lei é boa Paulo não tem a menor dúvida. Não é a lei que é o problema ou a causa de sua tensão. Em vez disso, é sua “carne”. Quanto à carne, Paulo diz que ela não tem “nada de bom”. Assim, o contraste é cristalino: lei “boa”, mas “nada de bom” em Paulo.
Isso é verdade mesmo? Não há nada de bom em Paulo? Afinal, ele não acabara de dizer que aprovava a lei e desejava em seu íntimo cumpri-la? Esses são certamente bons atributos.
Precisamos reconhecer que o apóstolo usa um qualificador quando fala do “nada de bom”. Ele nos alerta para o fato de que o “nada de bom” nele realmente se refere à sua “carne”. Aqui, Paulo está usando a carne para se referir à sua “natureza pecaminosa”. Assim, ele na verdade contrasta sua natureza inferior (seu eu carnal) com sua natureza superior (seu eu espiritual).
No processo de compreender o significado de carne de Paulo, precisamos perceber que ele não concordava com aqueles filósofos gregos que ensinavam que a carne era má em si mesma. Ao contrário, ele ansiava pela verdadeira ressurreição do corpo – algo impensável para os gregos que viam a existência física como má. Para Paulo, o problema não era que a carne fosse inerentemente má, mas fraca, propensa a sucumbir à tentação e incapaz de sempre fazer o bem que aprovava. Ernst Kasemann é útil aqui quando observa que “a carne é, terminologicamente, a oficina do pecado”. E, como sabemos, o diabo é especialista em saber como manipular aquela “oficina” particular.
Antes de deixar o versículo 18, precisamos reconhecer onde ele vai além dos versículos 15 e 16 ao falar sobre o tópico da fraqueza humana. Nos versículos anteriores, Paulo nos disse que não pode parar de fazer coisas que desaprova. Mas aqui ele acrescenta que não pode colocar em prática as coisas que aprova.
A carne é realmente fraca. Como Kasemann coloca: “Um ser humano não é visto como alguém que pode lutar contra seu destino e pode mudar seu destino, como o eu moral tenta fazer.” Precisamos de ajuda fora de nós mesmos.
E é a essa ajuda que este capítulo se dirige inexoravelmente. Nossa única esperança está em Cristo Jesus nosso Senhor.