Por Ellen White
“Honra ao Senhor com a tua fazenda, e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares”. Provérbios 3:9, 10.
“Alguns há que espalham, e ainda se lhes acrescenta mais; e outros que retêm mais do que é justo, mas é para a sua perda. A alma generosa engordará, e o que regar também será regado”. Provérbios 11:24, 25.
“O liberal projeta coisas liberais, e pela liberalidade está em pé”. Isaías 32:8.
A sabedoria divina designou, no plano da salvação, a lei de ação e reação, tornando a obra da beneficência, em todas as suas modalidades, duplamente abençoada. Aquele que dá aos pobres abençoa outros, e é abençoado, em escala maior ainda.
A magnificência do evangelho — Para que o homem não perdesse os benditos resultados da caridade, nosso Redentor formou o plano de alistá-lo como coobreiro Seu. Deus poderia ter atingido o Seu objetivo de salvar pecadores, sem o auxílio do homem; mas sabia que o homem não poderia ser feliz sem desempenhar uma parte na grande obra. Por uma cadeia de circunstâncias que haveriam de despertar no homem os sentimentos de caridade, concede-lhe Ele os melhores meios de cultivar a beneficência, e o conserva dando habitualmente para ajudar os pobres e para avançar Sua causa. Por suas necessidades, um mundo arruinado está derivando de nós talentos de meios e influência, para apresentar a homens e mulheres a verdade, por cuja falta estão a perecer. E ao atendermos a esses chamados, pelo trabalho e por atos de caridade, tornamo-nos semelhantes à imagem dAquele que por nossa causa Se fez pobre. Dando, abençoamos outros, e assim acumulamos verdadeiras riquezas.
A glória do evangelho é ter ele base no princípio de restaurar na raça caída a imagem divina, por uma constante manifestação de beneficência. Esta obra começou nas cortes celestiais. Ali deu Deus aos seres humanos uma prova inequívoca do amor que a eles nutre. “Amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3:16. O dom de Cristo revela o coração do Pai. Testifica que, havendo empreendido nossa redenção, Ele não poupará coisa alguma, por cara que Lhe seja, a qual se necessite para completar Sua obra.
O espírito de liberalidade é o espírito do Céu. O abnegado amor de Cristo é revelado na cruz. Para que o homem pudesse ser salvo, deu Ele tudo quanto possuía, e em seguida Se deu a Si mesmo. A cruz de Cristo apela para a beneficência de todo seguidor do bendito Salvador. O princípio ali ilustrado é dar, dar. Isto levado a efeito em real beneficência e boas obras, é o verdadeiro fruto da vida cristã. O princípio dos mundanos é adquirir, adquirir, e assim esperam conseguir felicidade; mas, levado a efeito em todos os seus aspectos, o fruto é miséria e morte.
A luz do evangelho que brilha da cruz de Cristo reprova o egoísmo, e anima a liberalidade e a beneficência. Não deveria ser fato de ser lamentado, o haver cada vez mais pedidos para dar. Deus, em Sua providência, está chamando Seu povo para fora de sua limitada esfera de ação, a fim de que se dediquem a maiores empreendimentos. Esforço ilimitado é o que se requer neste tempo em que trevas morais cobrem o mundo. Muitos do povo de Deus estão em perigo de ser enredados pela mundanidade e cobiça. Deveriam compreender que a Sua misericórdia é que multiplica os pedidos de seus meios. Têm que ser-lhes apresentados objetivos que estimulem a beneficência, ou do contrário não poderão imitar o caráter do grande Exemplo.
As bênçãos da mordomia — Dando aos discípulos a comissão de ir “por todo o mundo” e pregar “o evangelho a toda a criatura”, Cristo designou aos homens a obra de disseminar o conhecimento de Sua graça. Porém, enquanto alguns saem a pregar, Ele roga a outros que atendam a Seus pedidos de ofertas, para manter Sua causa na Terra. Pôs Ele meios nas mãos dos homens, para que Seus dons divinos possam fluir através de canais humanos, fazendo nós a obra que nos foi designada, de salvar nossos semelhantes. Esta é uma das maneiras em que Deus exalta o homem. É justamente a obra de que o homem precisa; pois lhes despertará no coração as mais profundas simpatias, e porá em função as mais elevadas faculdades da mente.
Tudo quanto de bom há na Terra, aqui foi colocado pela dadivosa mão de Deus, como uma expressão de Seu amor ao homem. Os pobres são Seus, e Sua é a causa da religião. O ouro e a prata pertencem ao Senhor; e Ele os poderia fazer chover do Céu, se o quisesse. Mas em vez disso fez Ele do homem o Seu mordomo, confiando-lhe recursos não para que fossem acumulados, mas usados em benefício de outros. Deste modo torna o homem o meio pelo qual distribui Suas bênçãos na Terra. Deus planejou o sistema de beneficência, a fim de que o homem se pudesse tornar como seu Criador: de índole benevolente e abnegada, e ser finalmente coparticipante de Cristo, da eterna, gloriosa recompensa.
Reunindo-se ao redor da cruz — O amor expresso no Calvário deve ser reavivado, fortalecido e difundido entre nossas igrejas. Não devemos nós fazer tudo quanto podemos para tornar eficazes os princípios que Cristo trouxe ao mundo? Não nos devemos esforçar para estabelecer e tornar eficazes os empreendimentos de beneficência que agora são reclamados sem demora? Ao estardes perante a cruz, e verdes o Príncipe do Céu morrendo por vós, podeis fechar o coração, dizendo: “Não, não tenho nada para dar”?
O crente povo de Cristo deve perpetuar o Seu amor. Este amor deve atraí-los juntamente em torno da cruz. Deve despi-los de todo o egoísmo e ligá-los a Deus e uns aos outros.
Reuni-vos ao redor da Cruz do Calvário, em sacrifício e abnegação. Deus vos abençoará ao fazerdes o melhor que podeis. Ao vos aproximardes do trono pela áurea cadeia baixada do Céu à Terra, para arrancar homens do abismo do pecado, vosso coração se expandirá em amor aos vossos irmãos e irmãs que estão sem Deus e sem esperança no mundo. — Testemunhos Seletos 3:403, 404.