Por Ellen White
O mais alto objetivo
O objetivo da Escola Sabatina deve ser a conquista de almas. Pode ser impecável a organização do trabalho e as facilidades nada deixarem a desejar; mas se as crianças e jovens não forem levados a Cristo, a escola será um fracasso, pois a menos que as almas sejam levadas a Seus pés, serão cada vez menos impressionáveis sob a influência de uma religião formal. O professor deve cooperar, ao bater à porta do coração dos que necessitam de auxílio. Se os alunos atendem ao pleitear do Espírito e abrem a porta do coração para que Jesus possa entrar, Ele lhes abrirá o entendimento para compreenderem as coisas de Deus. É simples o trabalho do professor, mas se for feito no Espírito de Jesus, a operação do Espírito de Deus o tornará profundo e eficiente.
Muito mais trabalho deveria ser feito na Escola Sabatina. A necessidade dessa espécie de trabalho não é reconhecida e apreciada como deveria ser. Com o coração cheio de gratidão pelo amor de Deus comunicado à alma, deve o professor trabalhar terna e fervorosamente pela conversão de seus alunos.
Salvação pessoal, depois serviço
Que evidência podemos dar ao mundo de que a Escola Sabatina não é mera pretensão? Será julgada pelos seus frutos. Será estimada pelo caráter e trabalho dos alunos. Em nossas Escolas Sabatinas devem-se confiar responsabilidades aos jovens, para que desenvolvam sua capacidade e obtenham poder espiritual. Entreguem-se os jovens primeiramente a Deus e ensine-se-lhes depois a ajudar os outros. Esse trabalho lhes exercitará as faculdades, habilitando-os a aprender, a planejar e executar seus planos para o bem de seus companheiros. Procurem eles a companhia dos que necessitam de auxílio, não para se entregarem a fúteis conversações, mas para representarem o caráter cristão, para colaborarem com Deus, ganhando os que a Ele ainda não se entregaram. […]
Zelo proporcional ao privilégio
Estamos tristemente atrasados em nosso dever de nos esforçarmos por auxiliar a juventude. Possuímos grande luz, mas faltam-nos zelo e fervor proporcionais aos privilégios de que gozamos. Devemos erguer-nos acima da fria atmosfera de descrença que nos rodeia, aproximando-nos de Deus para que Ele Se aproxime de nós.
É preciso educar os jovens para trabalharem pela salvação de almas; e, ao educá-los para essa obra, aprenderemos também a trabalhar com mais êxito, tornando-nos instrumentos eficientes nas mãos de Deus para a conversão de nossos alunos.
Devemos estar possuídos do espírito de trabalho fervoroso, apegando-nos a Cristo e reclamando-O como nossa única eficiência. Dilatemos nossa mente, para termos uma adequada compreensão das coisas que dizem respeito à vida eterna. Nosso coração deve ser abrandado e subjugado pela graça de Cristo, para que nos tornemos verdadeiros educadores.
Indaguem os superintendentes e professores: Creio eu na Palavra de Deus? Estou eu me entregando Àquele que Se deu a Si mesmo por mim, sofrendo a cruel morte de cruz, para que eu não perecesse, mas tivesse a vida eterna? Cremos nós que Jesus está atraindo as almas ao nosso redor, mesmo as impenitentes que não Lhe correspondem a esse poder que atrai? Com a alma contrita, dizei então: “Senhor, eu atrairei com toda a força de minha influência, eu atrairei outros a Ti. Confio em Ti, e só em Ti, para tocar e subjugar o coração pelo poder do Espírito Santo.”
Importantíssima lição
Se os jovens, que são fortes, exercitarem as faculdades no estudo da Bíblia, armazenarão na mente valioso conhecimento, que resplandecerá como luz sobre as pessoas com quem se associarem. A Escola Sabatina deve ser o lugar em que os que tenham progredido no conhecimento divino, sejam capazes de inculcar novas ideias com relação à fé do povo de Deus.
Quando todos os que professam ser cristãos o forem em obra e verdade, a Escola Sabatina não será mais um serviço enfadonho. Os professores compreenderão a lição dada por Cristo a Nicodemos, ensinando-a em toda a sua importante influência sobre o destino humano. Jesus declarou ao mestre de Israel: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” A não ser que o homem nasça de novo, nunca poderá compreender o caráter do reino celestial nem discernir-lhe a natureza espiritual. Nessas palavras, Cristo dizia a Nicodemos:
“Não precisas tanto de ciência como de renovação interior. Tens maior necessidade de um novo coração do que de satisfazer tua curiosidade, e antes que se verifique essa mudança, fazendo novas todas as coisas, nenhum benefício receberás se discutir contigo Minha autoridade, Meu trabalho, Minha missão como O que traz as credenciais do Céu.”
Conhecer a verdade e transmiti-la a outros
A lição dada por Cristo a Nicodemos é importante para cada professor, cada obreiro da Escola Sabatina, cada jovem e criança. Certamente é importante que nos familiarizemos com as razões de nossa fé, mas o conhecimento experimental acerca do que significa nascer de novo é o mais importante a ser obtido. A grande necessidade de nossa Escola Sabatina é da luz da vida. Através de todas as nossas fileiras, necessitam-se homens e mulheres que tenham aprendido aos pés de Jesus, o que seja a verdade e como apresentá-la a outros. Requerem-se, como educadores de nossos jovens na Escola Sabatina, homens santos que tenham humildade e permaneçam em Cristo.
A maior necessidade
Nicodemos foi ter com o Senhor, pensando entrar em longa discussão relativamente a pontos sem importância, mas Jesus descobriu- lhe os princípios básicos da verdade, mostrando-lhe que sua primeira necessidade era a de humildade, de espírito suscetível de ensino, de um novo coração; precisava, enfim, nascer de novo, se quisesse entrar no reino de Deus. Acaso não há, em nossas Escolas Sabatinas, os que exercem cargos de responsabilidade e que ficariam irritados e aborrecidos se eu lhes testificasse que também necessitam nascer de novo, embora sejam mestres em Israel?
Nicodemos se maravilhou de que Cristo lhe falasse da maneira em que o fez, sem respeitar-lhe a posição de mestre em Israel. Não estando preparado para receber a verdade, respondeu-Lhe em palavras cheias de ironia:
“Disse-Lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?”
Como muitos fazem, revelou ele o fato de que, ao ser levada à consciência a penetrante verdade, o homem natural não apreende as coisas que são do Espírito de Deus. Não há, neles, nada que corresponda às coisas espirituais, que se discernem espiritualmente. Mas, embora Nicodemos não Lhe entendesse as palavras, Jesus não
Se impacientou nem desanimou. Procurou tornar mais clara Sua exposição da verdade.
Com calma e solene dignidade, repetiu Suas palavras, de maneira a convencer Nicodemos de sua divina veracidade:
“Na verdade, na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.”
Como fonte viva
Todo cristão verdadeiro é uma fonte viva, recebendo sempre das inexauríveis torrentes de graça, sempre refrigerado e sempre refrigerando os que o cercam. Os que são co-obreiros de Deus manifestam um espírito missionário; pois estão sempre recebendo, a fim de que possam estar sempre dando aos outros a luz e bênção do= Céu. Os que abrem o coração para receber abundantemente, serão capazes de dar abundantemente. *Quão triste é pensar que na Escola Sabatina se faz grande soma de trabalho maquinal, ao passo que é pequena a evidência de haver transformação moral na alma dos que ensinam e dos que são ensina- dos! Quando a operação do Espírito divino for sentida no coração, veremos muitos buscando, com fervor e em primeiro lugar, o reino de Deus e Sua justiça. Então as coisas terrenas tomarão seu devido lugar subordinado e as celestiais serão supremas nas afeições dos filhos de Deus.
O que a causa mais necessita
Qual é o caráter da experiência religiosa dos que tomam parte na Escola Sabatina? A luz da verdade tem brilhado na mente e coração de professores e alunos, para que a difundam entre os que estão sem Cristo. A mensagem salvadora deve ser dada aos que ainda não abriram o coração para receber o dom celestial. A verdade deve ser levada insistentemente à atenção dos que parecem indiferentes. Se todos sentissem responsabilidade pelas almas por quem Cristo morreu, quão intenso seria o interesse em cada instrumento empregado para a salvação de almas!
Quão pouco pensaríamos em condescendência própria, ornamentos de vestuário e procura de prazeres! Quão pouco dinheiro seria dispendido em entretenimentos, se compreendêssemos a importância de inverter nossos meios na causa de Deus, que requer cada centavo que não seja preciso para as necessidades reais.
Orai para que o Espírito Santo vos penetre o coração, e então levareis o jugo de Cristo e Sua carga, crescendo em completa união com Ele. Nossa visão é demasiado estreita e precisa ser alargada para compreendermos as necessidades da causa.
A maior necessidade da obra é a de moços e moças consagrados, que sintam responsabilidade pessoal pelo avançamento da causa e cooperem com as instrumentalidades divinas, para dissipar a treva moral do mundo.
O efeito da verdade
Os princípios da verdade gravados no coração, regra sobre regra, mandamento sobre mandamento, produzirão corretas ações. A Bíblia contém as penetrantes máximas dadas por Deus para guiar ao Céu homens, mulheres, jovens e crianças, através dos conflitos desta vida. “Santifica-os na verdade: a Tua Palavra é a verdade”, foi a oração de Cristo. Embora iluminada pelo estudo da Bíblia, é tal a natureza dos jovens que será inútil toda tentativa no sentido de os elevar e enobrecer, a menos que pratiquem na vida diária a verdade de que têm conhecimento. Sobre os pais repousa a séria responsabilidade de cooperar com os professores na Escola Sabatina.
Há corações que o Senhor tocou com Seu Santo Espírito. Logo que a graça comece a operar na alma, o coração é humilhado e subjugado; não há luta pela supremacia, extingue-se o pecado; existe tal intuição do amor de Cristo em dar Sua vida pelos pecadores que não há desejo de exaltação própria. O converso vê que seu Redentor viveu uma vida de humildade e deseja seguir-Lhe as pegadas. Desperta-se-lhe no coração o espírito missionário; e ao andar humilde e circunspectamente, de acordo com sua fé, não descansará antes de empenhar-se na obra de salvar almas para Cristo. Deseja que todos conheçam a preciosidade do amor do Salvador.
Uma pergunta para todo professor e estudante
Estudando as Escrituras, manifestando abnegado interesse por outros, fazendo o que é do agrado do Salvador, crescereis na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador. Seja esta a indagação de todo professor e aluno: “Que posso fazer para servir fielmente Àquele que morreu para que eu pudesse viver?” Eis a resposta do Mestre: “Buscai e salvai os perdidos.” Deveis trabalhar como o fez Cristo: com paciência, interesse, determinação, a fim de que não vos desanimeis ao trabalhar para o tempo e a eternidade, crendo que Jesus pode fazer muito mediante a capacidade humana consagrada a Seu serviço. Poderíamos desejar privilégio mais elevado que o de sermos co-obreiros de Deus, aproveitando o máximo possível as faculdades que nos foram confiadas, a fim de que esta obra seja finalizada?
Se moços e moças forem prudentes, cultivando a piedade e devoção, sua luz incidirá sobre outros e a igreja terá vital poder. Seria bom haver uma hora designada para estudo bíblico, em que os jovens, tanto os convertidos como os inconversos, se reunissem para orar e relatar suas experiências. A juventude deve ter oportunidade de expressar seus sentimentos. Seria proveitoso escolher primeiramente um guia prudente, que fale pouco e anime bastante, dizendo palavras que ajudem e fortaleçam a juventude no começo de sua experiência religiosa. Depois de obterem alguma experiência, devem os próprios jovens, um após outro, assumir essa direção, preparando-se assim para serem obreiros aprovados por Deus.
São prometidas força e sabedoria
Que todo obreiro fiel e honesto de coração seja animado a continuar a trabalhar, tendo em vista que cada um será recompensado segundo as suas obras. Trabalhai com o único objetivo de glorificar a Deus. Não recuseis assumir responsabilidades, por terdes um sentimento de vossa fraqueza e ineficiência. Deus pode dar-vos força e sabedoria, se sois consagrados a Ele e vos conservais humildes. Que ninguém, por negligência, recuse trabalhar nem se adiante, impondo seus serviços quando não é desejado.
O dever de trabalhar por outros
Que todo obreiro fiel seja grato a Deus pela honra de trabalhar pelo Mestre. Espreitai as oportunidades de praticar o bem e aumentai os talentos que Deus vos deu, buscando diariamente a graça que vos habilite a fazê-lo.
As oportunidades perdidas no passado, bem vos podem humilhar até ao pó, levando-vos a vigiar cuidadosamente, para não deixar passar ocasiões de ser uma bênção para os outros. Quantas vezes chegou a hora de trabalhar, mas o obreiro não estava em seu posto!
Poderiam ter sido ditas palavras que ajudariam e fortaleceriam almas fracas, que lutavam sob a tentação, mas nunca foram proferidas. Poderiam ter-se desenvolvido bem dirigidos esforços pessoais, que salvariam uma alma da morte, cobrindo uma multidão de pecados, mas ninguém havia que fizesse o trabalho. Os negligentes terão de defrontar sua negligência no dia de Deus. Preciosíssimo é o sangue de Cristo, o qual nos purifica de todo pecado. O sentimento do amor redentor de Cristo deve levar-nos a abraçar toda oportunidade de fazer o bem. Estes momentos são excessivamente preciosos, quando empregados para glória de Deus. Os que buscam riquezas terrestres espreitam cuidadosa e constantemente as oportunidades de alcançar o desejado objetivo, e os obreiros de Cristo não devem ser menos fervorosos na conquista de almas.
Poderão ser colaboradores de Cristo, se Lhe imitarem o exemplo, fazendo o bem a todos os que estiverem na esfera de sua influência.
Por amor de Cristo, devem os professores e dirigentes da Escola Sabatina ser homens e mulheres que amem e temam a Deus; que compreendam a responsabilidade de sua posição, como os que velam pelas almas e precisam dar conta a Deus da influência que exercem sobre os que estão ao seu cuidado.
Fé nas promessas de Deus
Devemos crescer na fé, do contrário não poderemos ser transformados à imagem divina, nem amar e obedecer às exigências de Deus. Orai com lábios não fingidos: “
Senhor, aumenta-me a fé; dá- me luz divina, pois sem Teu auxílio nada posso fazer.”
Chegai-vos humildemente e inclinai-vos diante de Deus; abri perante o Senhor vossa Bíblia contendo as promessas divinas; apegai-vos a elas; fazei com Deus um concerto de que haveis de cumprir Suas exigências; dizei-Lhe que credes, sem qualquer outra evidência a não ser a simples promessa. Isso não é presunção, mas a menos que trabalheis com zelo e sejais fervorosos e resolutos, Satanás obterá vantagem e sereis deixados em trevas e na incredulidade.
As palavras e promessas divinas são o único fundamento de nossa fé. Tomai a Palavra de Deus como verdade, como uma voz viva que vos fala, e obedecei fielmente a todos os seus reclamos. Fiel é o que prometeu. Deus cooperará com os esforços dos diretores e professores. A fraqueza de nossa fé é o que nos limita as bênçãos.
Deus não tem má vontade em dar; Ele tem reservas de poder. Devemos ser mansos e humildes de coração. Diariamente podemos ter ricas evidências de Seu amor e misericórdia em nossos abnegados esforços de fazer o bem a outros. Rogo aos obreiros de nossas Escolas Sabatinas que se revistam de toda armadura de Deus e demonstrem sua fidelidade, como bons soldados de Jesus Cristo. Deus recompensará todo trabalho que for feito para Sua glória.
Os cultos devem ser espiritualizados
A fim de fazermos a vontade de Deus, precisamos examinar Sua Palavra, pondo nessa tarefa toda capacidade a nós confiada, a fim de conhecermos Sua doutrina.
Devemos ser diligentes em oração e fervorosos em servir a Deus simplesmente e de todo o coração.
Os que se empenham como professores da Escola Sabatina, devem ter fome e sede da verdade divina, para transmitir esse Espírito aos que estão sob seu cuidado, levando-os a buscar a verdade como a tesouros escondidos. Não quero que nossas Escolas Sabatinas sejam dirigidas de maneira a tornar hipócritas os alunos, pois isso não pode promover os interesses da verdadeira religião. Para que o Espírito do Senhor esteja em vossa escola, buscai mais a Deus que a todos os arranjos formais que possais desejar. Na Escola Sabatina estão fora de lugar as altas pretensões de qualquer espécie e, se o Espírito Santo não abrandar e moldar o coração de professores e alunos, será de pouco valor o funcionamento maquinal da escola.
Estudar cada indivíduo
Em todo verdadeiro ensino é essencial o elemento pessoal. Cristo, em Seu ensino, tratava com os homens individualmente. Foi pelo trato e convívio pessoal que Ele preparou os doze. Era em particular, e muitas vezes a um único ouvinte, que dava Suas preciosas instruções. Ao honrado rabi, na conferência noturna no Monte das Oliveiras, à desprezada mulher junto ao poço de Sicar, abriu Ele Seus mais ricos tesouros; pois descobriu nesses ouvintes o coração apto a ser impressionado, a mente aberta, o espírito pronto para receber. Mesmo a multidão que tantas vezes Lhe dificultava os passos não era para Cristo uma massa indistinta de seres humanos.
Falava diretamente a cada espírito e apelava para cada coração. Observava a fisionomia dos ouvintes, notava-lhes a iluminação do semblante, o instantâneo e respondente olhar que dizia haver a verdade atingido a alma; e, então, vibrava-Lhe no coração uma corda correspondente de jubilosa simpatia. …
O mesmo interesse pessoal, a mesma atenção para com o desenvolvimento individual são necessários na obra educativa hoje. Muitos jovens que aparentemente nada prometem, são ricamente dotados de talentos que não aplicam a uso algum. Suas faculdades permanecem ocultas por causa da falta de discernimento por parte de seus educadores. Em muito menino ou menina de aparência tão pouco atraente como a pedra não lavrada, pode-se encontrar precioso material que resista à prova do calor, tempestade e pressão. O verdadeiro educador, conservando em vista aquilo que seus discípulos podem tornar-se, reconhecerá o valor do material com que trabalha. Terá um interesse pessoal em cada um de seus alunos, e procurará desenvolver todas as suas faculdades. Por mais imperfeitos que sejam eles, acoroçoará neles todo o esforço por conformar-se com os princípios retos.
Trabalho pessoal por membros da classe
Nossos professores devem ser homens e mulheres convertidos, que saibam o que significa lutar com Deus e não descansem até que o coração das crianças esteja preparado para amar, louvar e glorificar a Deus. Quem deseja, em nossas Escolas Sabatinas, ser fervoroso obreiro em favor das almas? Quem tomará à parte os nossos jovens, falando e orando com eles, fazendo-lhes apelos pessoais, suplicando- lhes que entreguem o coração a Jesus, a fim de serem como cheiro suave para Cristo? Ao contemplarmos a magnitude da obra e ver quão pouco é apreciada, gememos em espírito, exclamando: Quem aceitará essas solenes responsabilidades e vigiará pelas almas como quem deve dar conta delas?
Somos os representantes de Cristo sobre a Terra. Como cumprimos nossa missão? Os representantes de Cristo estarão em comunhão diária com Ele. Suas palavras serão escolhidas, temperadas com graça, seu coração será cheio de amor, seus esforços para salvar as almas por quem Cristo morreu serão sinceros, fervorosos, perseverantes. Que todos façam o melhor que lhes for possível no sentido de trabalhar pela salvação das crianças e jovens, pois em breve ouvirão com alegria as palavras de Jesus: “Bem está servo bom e fiel, entra no gozo do teu Senhor.” Que é esse gozo?
— É contemplar os santos redimidos, salvos por seu intermédio, mediante o sangue de Jesus Cristo.
Visitando lares
Professores e obreiros de cada departamento da Escola Sabatina, a vós me dirijo no temor de Deus para dizer-vos que, a não ser que tenhais viva união com Ele, permanecendo sempre em Sua presença, em fervorosa oração, não sereis capazes de fazer vosso trabalho com sabedoria celestial, conquistando almas para Cristo.
O que trabalha para Deus deve revestir-se de humildade como de um traje. O Senhor reconhecerá e abençoará o obreiro humilde, cujo espírito seja suscetível de ensino e que tenha reverente amor pela verdade e justiça. Se assim sois, cuidareis de vossos alunos, fazendo esforços especiais para sua salvação. A eles vos unireis em amorável simpatia, visitando-os em seu lar e, ao conversar com eles a respeito de sua experiência nas coisas de Deus, haveis de conhecer-lhes a verdadeira condição e, nos braços da fé, os levareis ao trono do Pai.
Apascentar os cordeiros
Em Seu encargo a Pedro, o Salvador primeiramente lhe ordenou: “Apascenta os Meus cordeiros”, e depois: “Apascenta as Minhas ovelhas.” Dirigindo-Se ao apóstolo, Cristo diz a todos os Seus servos: “Apascenta os Meus cordeiros.” Quando Jesus advertiu a Seus discípulos que não desprezassem os pequenos, dirigia-Se a todos os discípulos de todos os séculos. Seu próprio amor e cuidado em favor das crianças é um precioso exemplo para os Seus seguidores. Se os professores da Escola Sabatina sentissem o amor que deveriam sentir por esses cordeiros do rebanho, muitos mais seriam ganhos para o redil de Cristo. Repita-se às crianças em todas as ocasiões oportunas, a história do amor de Jesus. Deixe-se em cada sermão um lugarzinho para benefício delas. O servo de Cristo pode fazer desses pequeninos, amigos duradouros, e suas palavras podem ser-lhes como maçãs de ouro em salvas de prata.
Não negligencieis as crianças
Conquanto se tenha feito alguma coisa em favor da educação e preparo religioso da juventude, ainda há uma grande lacuna. Muitos precisam ser animados e ajudados.
Não se faz o trabalho pessoal que o caso requer. Não são apenas os ministros que têm negligenciado a solene obra de salvar a juventude; os membros da igreja terão de prestar contas ao Mestre por sua indiferença e negligência do dever.
O Senhor não é glorificado quando as crianças são negligencia- das e passadas por alto. Elas precisam ser educadas, disciplinadas e pacientemente instruídas. A mocidade necessita mais do que um preparo casual, mais do que uma ocasional palavra de animação. Precisam de uma obra acurada, cuidadosa, secundada pela oração. Unicamente uma pessoa cujo coração se ache cheio de amor e simpatia, será capaz de conquistar esses jovens aparentemente descuidosos e indiferentes.
Dirigindo o pequeno rebanho
Os diretores e professores de nossa Escola Sabatina devem orar frequentemente.
Uma palavra dita em ocasião oportuna pode ser como boa semente no espírito dos jovens e, em resultado, guiará pequeninos pés no caminho da justiça. Mas uma palavra errada pode levá-los para o caminho da perdição..
Reuni as crianças
Reuni as crianças de lábios balbuciantes, os jovens e os velhos, iniciando-os na tarefa de solver os mistérios que os sábios da Terra não compreendem, apesar de sua fértil imaginação. As valiosas verdades da Palavra de Deus destinam-se aos que são humildes e desejam aprender aos pés do divino Mestre. Regozijando-Se em espírito por esse fato, disse Jesus:
“Graças Te dou, ó Pai, Senhor dos Céus e da Terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim Te aprouve.”
Não permitais que ideias estreitas vos proscrevam e impeçam os esforços. “O campo é o mundo.” As doutrinas verdadeiras são plenamente reveladas em cada página da Palavra de Deus e, não obstante, o inimigo tem poder para cegar a mente dos orgulhosos, de maneira que não entendam as mais claras e simples declarações.
Ensine-se a verdade a nossas crianças. Sejam elas armadas com a revelação da Palavra de Deus. Sejam elas capazes de dizer o que está escrito nas Escrituras da verdade. Com lábios tocados pela brasa do altar celestial, fale o ministro as palavras de vida que penetrarão o coração e a alma dos que, embora sábios segundo o mundo, não compreendem a sabedoria que é de cima.
Deve ser feita, com decidido interesse, a pergunta: “Que é a verdade?” Devemos atender à ordem divina e avançar de uma luz para outra maior. Os soldados de Cristo não podem permanecer quietos, descuidosos e inativos. Devem progredir continuamente.
A providência divina guia-nos passo a passo no caminho da obediência. Que pais e professores impressionem a mente das crianças com o fato de que o Senhor os está provando nesta vida, para ver se Lhe obedecem com amor e reverência. Os que aqui não forem obedientes a Cristo, também não Lhe obedeceriam no mundo por vir. O Senhor procura prepará-los para as mansões celestiais que Jesus foi preparar para os que O amam.
A vida religiosa das crianças
A religião ajuda as crianças a estudar melhor e a fazer trabalho mais fiel. Uma menininha de doze anos dava, com simplicidade, a prova de que era cristã. “Eu não gostava de estudar, mas de brincar. Era preguiçosa na escola, e muitas vezes não sabia minhas lições. Agora, para agradar a Deus, aprendo bem cada lição. Quando os professores não me observavam, era peralta e fazia travessuras para entreter as outras crianças. Agora, desejo agradar a Deus comportando-me bem e observando os regulamentos escolares. Era egoísta em casa e não gostava de dar recados. Aborrecia-me quando mamãe me chamava de meus brinquedos para ajudá-la no trabalho. Agora, tenho verdadeira alegria em auxiliar mamãe de qualquer modo e mostrar-lhe que eu a amo.”
Não ensineis as crianças com referência a algum tempo, no futuro, em que elas terão idade bastante para se arrepender e crer na verdade. Quando instruídas de maneira apropriada, crianças muito pequenas poderão ter corretos pontos de vista quanto a seu estado como pecadoras e ao caminho da salvação, por meio de Cristo.
O coração das crianças é muito suscetível
Os professores da Escola Sabatina precisam andar perante Deus com cuidado e oração. Devem trabalhar como os que têm de prestar contas. É-lhes dada a oportunidade de ganhar almas para Cristo, e quanto mais os jovens permanecerem impenitentes, tanto mais confirmados se tornarão em resistir ao Espírito de Deus. Ao passarem-se os anos, é provável que diminua a sensibilidade pelas coisas divinas e seja menor a suscetibilidade às influências religiosas. Diariamente Satanás trabalha para prendê-los nos hábitos de desobediência e no espírito de impenitência, havendo menos probabilidade de que se tornem cristãos. E que contas prestarão, finalmente, os professores indiferentes? Por que há de a timidez moral cegar a alma do professor e torná-lo relutante para desenvolver adequados esforços para a conversão das preciosas almas de crianças e jovens? Por que não deixar o Espírito Santo criar ao redor da alma uma atmosfera que afaste a escuridão moral, levando a outros a luz celestial?
O poder da ternura cristã
O Senhor Jesus Cristo tem infinita ternura para com os que Ele comprou à custa de Seus próprios sofrimentos na carne, a fim de que não perecessem com o diabo e seus anjos, mas pudessem ser por nós reclamados como Seus escolhidos. São eles a reivindicação de Seu amor, de Sua propriedade, e Ele os contempla com inexprimível afeto, dando a fragrância de Sua própria justiça a Seus amados que nEle creem. É preciso tato e sabedoria, humano amor e santificada afeição pelos preciosos cordeiros do rebanho, a fim de levá-los a ver e apreciar o privilégio de se submeterem à terna guia dos pastores fiéis. Os filhos de Deus exercerão a mansidão de Jesus Cristo.
O professor pode unir as crianças a seu coração por meio do amor de Cristo, a habitar-lhe o templo da alma como suave fragrância, como cheiro de vida para vida.
Pela graça de Cristo, os professores podem ser o vivo instrumento humano — cooperadores de Deus para iluminar, elevar, animar e ajudar a purificar a alma de sua contaminação moral. A imagem divina se revelará na alma da criança e o caráter se transformará pela graça de Cristo.
Terreno para recrutamento de obreiros cristãos
Perante Deus, os professores e alunos cristãos são responsáveis pelos graciosos privilégios de que gozam, pois devem ser Seus cooperadores, dando, à vista do Céu e da Terra, decidido testemunho do poder da salvadora graça divina. A eficiência e influência dos obreiros de Deus serão proporcionais à sua elevação moral e pureza.
Os verdadeiros professores cristãos hão de discernir a importância das lições da Escola Sabatina, pois seu entendimento estará aberto para compreenderem o evangelho.
Sua luz brilhará para os que não têm tido interesse nos preciosos raios da verdade. A porta do coração deve estar aberta para receber a luz que emana da Palavra. Um só estudante cristão, que receba a Palavra de Deus, pode ser o meio de abençoar os colegas. Pode beneficiar a outros se, com paciência, bondade e interesse, estudar a lição com os que não se importam com as coisas divinas, tornando suas instruções simples e definidas. Essa espécie de trabalho exigirá o exercício de sabedoria celestial, para que, de maneira aceitável, o obreiro possa aproximar-se dos mais necessitados, conduzindo-os a Cristo, que lhes satisfará as necessidades da alma. …
Quando o jovem se converte, não o deixeis ocioso; dai-lhe alguma coisa para fazer na vinha do Mestre. Empregai-o de acordo com sua capacidade; pois o Senhor deu a cada um a sua obra. Cooperemos com o Senhor em toda linha, pondo em operação todos os expedientes para que se desenvolvam as faculdades dos que se acham ligados à escola. Os habitantes da Terra estão-se alistando sob a bandeira dos dois dirigentes do mundo. Cristo, o Príncipe da vida, e Satanás, o príncipe das trevas, estão atraindo ao seu serviço tanto jovens como adultos.
O trabalho do professor e do aluno cristãos consiste em fazer fervorosos esforços, convidando cada alma a permanecer sob o ensanguentado estandarte do Príncipe Emanuel, a fim de que Suas fileiras aumentem continuamente.
A Escola Sabatina um Fator de Desenvolvimento Missionário
Tem sido provado no campo missionário que, seja qual for o talento da pregação, se a parte de trabalho é negligenciada, se não se ensina o povo como trabalhar, como dirigir reuniões, como desempenhar sua parte no labor missionário, como alcançar com
êxito o povo, a obra será mais ou menos um fracasso. Há também muito a ser feito na obra da Escola Sabatina, no que respeita a levar o povo a sentir sua obrigação e fazer sua parte. Deus os chama para que trabalhem para Ele, e os ministros devem guiar-lhes os esforços.
Preparo para trabalho Bíblico
O grande trabalho de abrir a Bíblia de casa em casa, dando estudos bíblicos, proporciona maior importância à obra da Escola Sabatina e torna evidente que os professores devem ser homens e mulheres consagrados, que compreendam as Escrituras e saibam repartir as palavras de verdade. A ideia de dar estudos bíblicos é de origem celestial e abre o caminho para que centenas de moços e moças realizem no campo uma importante obra, que de outra maneira não poderia ser feita.
A Bíblia não está acorrentada. Pode ser levada a todas as portas, e suas verdades apresentadas à consciência de cada homem. À semelhança do nobre povo de Beréia, muitos, por si mesmos, examinarão diariamente as Escrituras, para ver se estas coisas são assim. “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam.” Jesus, o Redentor do mundo, ordena aos homens que não só leiam, mas examinem as Escrituras. É-nos confiada essa grande e importante obra e, se a fizermos, seremos grandemente beneficiados, pois não ficará sem recompensa a obediência às ordens de Cristo. Ele há de coroar com sinais especiais de Seu favor esse ato de lealdade em seguir a luz revelada em Sua Palavra.
Consideração para com os cristãos de outras igrejas
Não torneis secas e desanimadas as lições da Escola Sabatina. Gravai nas mentes que a nossa regra de fé é a Bíblia, e a Bíblia só, e não as palavras e os feitos humanos. As crianças devem aprender uma grande lição, isto é, que precisam libertar-se de cada partícula de egoísmo e hipocrisia. Ensinai-lhes que Cristo morreu para salvar os pecadores e que devemos trabalhar com grande ternura e paciência pelos que não são de nossa fé, pois essas almas são preciosas à vista de Deus. Ninguém deve ser tratado com desprezo. Não deve existir farisaísmo nem justiça própria.
Entramos em contato com muitos cristãos verdadeiros que não são de nossa fé, mas que vivem de acordo com a melhor luz que possuem. Esses gozam de maior favor de Deus do que os que têm mais luz, mas não progridem pela prática de obras correspondentes.
Espírito de tolerância
Uma vez os discípulos encontraram um homem que fazia uma obra em nome de Cristo. Relatando o caso a Jesus, disse João: “Nós lho proibimos, porque não nos segue.” Jesus, porém, o repreendeu e disse a Seus seguidores: “Quem não é contra nós é por nós.”
O Caminho, a Verdade e a Vida se revelarão claramente nas palavras, espírito e comportamento dos que creem em Jesus e dEle aprendem. Pais e professores devem manifestar o mais terno interesse e simpatia pelos que não creem na verdade. Não devem nunca, por palavras ou obras, ferir uma alma comprada pelo sangue de Cristo.
Se os mais velhos se mostram frios e severos, as crianças manifestarão o mesmo espírito e seu caráter não será moldado segundo o modelo divino. É preciso educar pacientemente as crianças e os jovens a reconhecerem que Deus quer que sejam missionários, que não devem ser egoístas, mesquinhos e hipócritas, mas amplos nas ideias e simpatias. Se todos trabalharem em amor, manifestando cortesia cristã, serão ganhadores de almas e apresentarão ao Mestre preciosos molhos.
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Uma coisa é certa: tanto na igreja como na Escola Sabatina, existe muito pouco espírito de amor entre os adventistas do sétimo dia. Obreiros e alunos têm um alvo muito baixo. Todos precisam ter mais amplas, elevadas e santas aspirações e respirar uma atmosfera mais pura. De nossas Escolas Sabatinas devem sair moços e moças que se tornem missionários de Deus. Necessitam receber a melhor instrução e preparo religioso. Precisam daquela virtude que vem de Deus, juntamente com o conhecimento que os qualificará para cargos probantes e de responsabilidade. O crescimento intelectual deve ser tão notável como o desenvolvimento das forças físicas. O jovem deve sentir a necessidade de ser forte e competente, tanto intelectual como espiritualmente. Muitos falham em adquirir esse poder, não porque lhes falte a capacidade, mas por não se dedicarem com resoluto e diligente esforço. Devem aproveitar o máximo possível suas oportunidades, a fim de serem capazes de levar os encargos e partilhar das responsabilidades dos que estão cansados e sobrecarregados.
A mais importante obra missionária é preparar obreiros que, no campo, preguem o evangelho a toda criatura.