Este capítulo é baseado em Josué 1; 3-6; 23-24.
Depois da morte de Moisés, Josué devia ser o líder de Israel, a fim de conduzi-los à Terra Prometida. Ele tinha sido primeiro ministro de Moisés durante a maior parte do tempo em que os israelitas vaguearam no deserto. Tinha visto as maravilhosas obras de Deus operadas por Moisés, e bem compreendido a disposição do povo. Fora um dos doze espias enviados a investigar a Terra Prometida, e um dos dois que deram o fiel relato de suas riquezas e que encorajaram o povo a seguir na força de Deus para possuí-la. Estava bem qualificado para este importante cargo. O Senhor prometeu a Josué ser com ele, como tinha sido com Moisés, fazendo Canaã cair como fácil conquista para ele, com a condição de que fosse fiel em observar todos os Seus mandamentos. Estava ansioso quanto ao modo como deveria executar sua comissão de conduzir o povo para a terra de Canaã, mas este encorajamento removeu seus temores.
Josué ordenou aos filhos de Israel que se preparassem para uma jornada de três dias, e que todos os homens de guerra fossem para a batalha. “Então responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos, e aonde quer que nos enviares iremos. Como em tudo obedecemos a Moisés, assim obedeceremos a ti; tão-somente seja o Senhor teu Deus contigo, como foi com Moisés. Todo homem que se rebelar contra as tuas ordens e não obedecer às tuas palavras em tudo quanto lhe ordenares, será morto: tão-somente sê forte e corajoso.”
A passagem dos israelitas através do Jordão devia ser miraculosa. “Disse Josué ao povo: Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós. E também falou aos sacerdotes, dizendo: Levantai a arca da aliança, e passai adiante do povo. Levantaram, pois, a arca da aliança e foram andando adiante do povo. Então disse o Senhor a Josué: Hoje começarei a engrandecer-te perante os olhos de todo o Israel, para que saibam que, como fui com Moisés, assim serei contigo.”
Cruzando o Jordão
Os sacerdotes deviam ir na frente do povo, levando a arca que continha a lei de Deus. Quando seus pés tocaram a orla do Jordão, as águas pararam de correr, e os sacerdotes passaram, levando a arca, que era símbolo da Presença Divina, e a hoste dos hebreus os seguiu. Quando os sacerdotes estavam no meio do Jordão, foi-lhes ordenado permanecer no leito do rio até que toda a hoste de Israel tivesse passado. Aqui a então existente geração de israelitas ficou convencida de que as águas do Jordão estavam sujeitas ao mesmo poder que seus pais tinham visto exibir-se no Mar Vermelho quarenta anos antes. Muitos deles tinham passado através do Mar Vermelho quando eram crianças. Agora, passavam pelo Jordão, homens de guerra, inteiramente equipados para a batalha.
Depois que a hoste inteira de Israel tinha passado pelo Jordão, Josué ordenou aos sacerdotes que saíssem do rio. Tão logo os sacerdotes, portando a arca do concerto, saíram do rio, e pisaram a terra seca, o Jordão rolou como dantes e inundou todas as suas margens. Este maravilhoso milagre realizado em favor dos israelitas, aumentou grandemente sua fé. Para que este inaudito prodígio não fosse jamais esquecido, o Senhor instruiu a Josué que ordenasse que homens de destaque, um de cada tribo, tomassem pedras do leito do rio, do local onde estiveram os pés dos sacerdotes, enquanto a hoste de hebreus estava passando, levando-as sobre os ombros, para erigir um monumento em Gilgal, a fim de guardar na lembrança o fato de que Israel atravessara o Jordão em terra seca. Depois que os sacerdotes saíram do Jordão, Deus retirou Sua poderosa mão, e as águas precipitaram-se como uma portentosa catarata, seguindo em seu próprio canal.
Quando todos os reis dos amorreus e os reis dos cananeus ouviram que o Senhor detivera as águas do Jordão diante dos filhos de Israel, o coração derreteu-se-lhes de temor. Os israelitas tinham matado dois dos reis de Moabe, e sua miraculosa passagem através do volumoso e impetuoso Jordão encheu-os do maior terror. Josué então circuncidou todo o povo que tinha nascido no deserto. Depois desta cerimônia celebraram a páscoa nas planícies de Jericó. “Disse mais o Senhor a Josué: Hoje revolvi de sobre vós o opróbrio do Egito.”
Nações pagãs tinham vituperado o Senhor e Seu povo porque os hebreus não haviam possuído a Terra de Canaã, a qual esperavam como herança logo depois de deixarem o Egito. Seus inimigos tinham triunfado porque haviam por tanto tempo vagueado no deserto, e orgulhosamente erguiam-se contra Deus, declarando que Ele não fora capaz de introduzi-los na terra de Canaã. Tinham eles agora cruzado o Jordão em terra seca, e seus inimigos não podiam mais ridicularizá-los.
O maná tinha continuado a cair até este tempo, mas agora que os israelitas estavam para possuir Canaã e comer do fruto da terra, não tinham mais necessidade dele e o mesmo cessou.
O príncipe do exército do Senhor
Quando Josué se afastou dos exércitos de Israel, para meditar e pedir a Deus que Sua presença especial o acompanhasse, viu um homem de estatura elevada, em vestes guerreiras, com uma espada desembainhada na mão. Josué não o reconheceu como alguém dos exércitos de Israel, mas não tinha aparência de ser um inimigo. Em seu zelo acercou-se dele e perguntou: “És tu dos nossos, ou dos nossos adversários? Respondeu Ele: Não; sou Príncipe do exército do Senhor, e acabo de chegar. Então Josué se prostrou sobre o seu rosto na terra, e O adorou, e disse-Lhe: Que diz meu Senhor ao Seu servo? Respondeu o Príncipe do exército do Senhor a Josué: Descalça as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim.”
Este não era um anjo comum. Era o Senhor Jesus Cristo, Aquele que havia conduzido os hebreus através do deserto, envolto numa coluna de fogo à noite e numa coluna de nuvem durante o dia. O lugar era santificado pela Sua presença; portanto, a Josué foi ordenado tirar suas sandálias.
O Senhor então instruiu a Josué quanto ao método que devia seguir para tomar Jericó. Todos os homens de guerra deviam rodear a cidade uma vez cada dia durante seis dias, e no sétimo dia deviam fazê-lo sete vezes.
A tomada de Jericó
“Então Josué, filho de Num, chamou os sacerdotes, e disse-lhes: Levai a arca da aliança; e sete sacerdotes levem sete trombetas de carneiros, adiante da arca do Senhor. E disse ao povo: Passai e rodeai a cidade; e quem estiver armado, passe adiante da arca do Senhor. Assim foi que, como Josué dissera ao povo, os sete sacerdotes, com as sete trombetas de carneiros diante do Senhor, passaram, e tocaram as trombetas; e a arca da aliança do Senhor os seguia.
“Os homens armados iam adiante dos sacerdotes que tocavam as trombetas; a retaguarda seguia após a arca, e as trombetas soavam continuamente. Porém ao povo ordenara Josué, dizendo: Não gritareis, nem fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa boca, até ao dia em que eu vos diga: Gritai. Então gritareis. Assim a arca do Senhor rodeou a cidade, contornando-a uma vez. Entraram no arraial e ali pernoitaram.”
A hoste hebréia marchou em perfeita ordem. Primeiro, ia um selecionado corpo de homens armados, vestidos com suas vestes guerreiras, agora não para exercer sua habilidade em armas, mas somente crer e obedecer às instruções que lhes foram dadas. Em seguida iam sete sacerdotes com as trombetas. Então vinha a arca de Deus, resplandecendo de ouro, com um halo de glória pairando sobre ela, levada pelos sacerdotes em suas ricas e peculiares roupagens que denotavam seu ofício sagrado. O vasto exército de Israel seguia em perfeita ordem, cada tribo debaixo de seu respectivo estandarte. Assim rodearam a cidade com a arca de Deus. Nenhum som era ouvido além das pisadas da poderosa hoste, e a solene voz das trombetas ecoava pelas montanhas, e ressoava através da cidade de Jericó.
Admirados e alarmados, os vigias da cidade condenada observam cada movimento, e relatam-no às autoridades. Não sabem dizer tudo o que esta exibição significa. Alguns ridicularizam a idéia de que a cidade fosse tomada dessa maneira, enquanto outros ficam temerosos, ao contemplar o esplendor da arca e a solene e impressionante aparência dos sacerdotes e da hoste de Israel em seguimento, com Josué à frente. Lembram-se de que o Mar Vermelho, quarenta anos antes, abrira-se diante deles, e que lhes fora preparada uma passagem através do rio Jordão. Estão demasiado aterrorizados para gracejar. São cuidadosos em manter os portões da cidade completamente fechados, e poderosos guerreiros guardam cada portão.
Por seis dias o exército de Israel realizou o seu circuito ao redor da cidade. No sétimo dia rodearam Jericó sete vezes. Ao povo fora ordenado, como usualmente, ficar em silêncio. Apenas o som das trombetas devia ser ouvido. O povo devia estar atento, e quando os trombeteiros dessem um toque mais demorado que o usual, então todos deviam gritar com alta voz, pois o Senhor lhes tinha dado a cidade. “No sétimo dia madrugaram ao subir da alva, e da mesma sorte rodearam a cidade sete vezes: somente naquele dia rodearam a cidade sete vezes. E sucedeu que, na sétima vez, quando os sacerdotes tocavam as trombetas, disse Josué ao povo: Gritai; porque o Senhor vos entregou a cidade.” “Gritou, pois, o povo e os sacerdotes tocaram as trombetas. Tendo ouvido o povo o sonido da trombeta e levantado grande grito, ruíram as muralhas, e o povo subiu à cidade, cada qual em frente de si e a tomaram.”
Deus tencionava mostrar aos israelitas que a conquista de Canaã não devia ser atribuída a eles. O Príncipe do exército do Senhor venceu Jericó. Ele e Seus anjos estavam empenhados na conquista. Cristo ordenou ao exército celestial que deitasse abaixo os muros de Jericó e preparasse uma entrada para Josué e o exército de Israel. Deus, neste maravilhoso milagre, não apenas fortaleceu a fé de Seu povo no Seu poder de subjugar os inimigos, mas repreendeu sua anterior incredulidade.
Jericó desafiara o exército de Israel e o Deus do Céu. Quando contemplaram a hoste de Israel marchando ao redor da cidade uma vez por dia, ficaram alarmados; porém olharam para suas fortes defesas, seus firmes e altos muros, e se sentiram seguros de que resistiriam a qualquer ataque. Entretanto, quando seus firmes muros subitamente tremeram, e caíram com estrépito ensurdecedor, à semelhança do estampido de ruidoso trovão, ficaram paralisados de terror e não puderam oferecer resistência alguma.
Josué, sábio e consagrado líder
Mancha alguma repousava sobre o santo caráter de Josué. Era um líder sábio. Sua vida fora inteiramente devotada a Deus. Antes de morrer reuniu a hoste de hebreus e, seguindo o exemplo de Moisés, recapitulou suas jornadas no deserto e também a conduta misericordiosa de Deus para com eles. Então, com eloquência, se dirigiu a eles. Relatou-lhes que o rei de Moabe lhes fizera guerra, chamando Balaão para amaldiçoá-los; porém Deus “não quis ouvir a Balaão: e ele teve de vos abençoar”. Então disse-lhes: “Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.
“Então respondeu o povo, e disse: Longe de nós o abandonarmos o Senhor para servirmos a outros deuses; porque o Senhor é o nosso Deus; Ele é quem nos fez subir, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão, quem fez estes grandes sinais aos nossos olhos, e nos guardou por todo o caminho que andamos, e entre todos os povos pelo meio dos quais passamos.”
O povo renovou seu concerto com Josué. Disseram-lhe: “Ao Senhor nosso Deus serviremos, e obedeceremos à Sua voz.” Josué escreveu as palavras de sua aliança no livro que continha as leis e estatutos dados a Moisés. Josué era amado e respeitado por todo o Israel, e sua morte foi muito lamentada por eles.