História da Redenção Capítulo 21: O Pecado de Moisés

Este capítulo é baseado em Números 20

Novamente a congregação de Israel foi conduzida ao deserto, para o mesmo lugar onde Deus os provou logo depois de terem deixado o Egito. O Senhor lhes dera água tirada da rocha, que continuou a fluir até pouco antes de chegarem de novo à rocha, quando o Senhor fez cessar a corrente viva, a fim de outra vez provar Seu povo, para ver se suportariam o teste de sua fé ou voltariam a murmurar contra Ele.

Quando os hebreus ficaram sedentos e não puderam achar água, tornaram-se impacientes e não se lembraram do poder de Deus que, quase quarenta anos antes, lhes tirara água da rocha. Em vez de confiarem em Deus, queixaram-se de Moisés e Arão, e disseramlhes: “Oxalá tivéssemos perecido quando expiraram nossos irmãos perante o Senhor!” Isto é, desejaram ter estado no número que tinha sido destruído pela praga na rebelião de Coré, Datã e Abirã.

Iradamente inquiriram: “Por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para morrermos aí, nós e os nossos animais? E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este mau lugar, que não é de cereais, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, [165] nem de água para beber?

“Então Moisés e Arão se foram de diante do povo para a porta da tenda da congregação, e se lançaram sobre os seus rostos; e a glória do Senhor lhes apareceu. Disse o Senhor a Moisés: Toma a vara, ajunta o povo, tu e Arão, teu irmão, e, diante dele, falai à rocha, e dará a sua água; assim lhe tirareis água da rocha, e dareis a beber à congregação e aos seus animais. Então Moisés tomou a vara de diante do Senhor, como lhe tinha ordenado.

Moisés cede à impaciência

“Moisés e Arão reuniram o povo diante da rocha, e lhe disseram: Ouvi, agora, rebeldes, porventura faremos sair água desta rocha para 129 130 História da Redenção vós outros? Moisés levantou a mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e seus animais. Mas o Senhor disse a Moisés e a Arão: Visto que não crestes em Mim, para Me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não fareis entrar este povo na terra que lhe dei.”

Aqui Moisés pecou. Ele estava fatigado com a contínua murmuração do povo contra ele, e por ordem do Senhor, tomou a vara, e em vez de falar à rocha, como Deus ordenara, feriu-a duas vezes com a vara, depois de dizer: “Porventura faremos sair água desta rocha para vós outros?” Aqui ele falou imprudentemente com seus lábios. Ele não disse: Deus mostrará agora outra evidência de Seu poder e vos tirará água desta rocha. Não atribuiu ao poder e glória de Deus o jorrar de novo a água da rocha, e, portanto, não O glorificou diante do povo. Por esta falha da parte de Moisés, Deus não permitiria que ele guiasse o povo à Terra Prometida.

Esta necessidade de manifestação do poder de Deus tornava a ocasião solene, e Moisés e Arão deviam tê-la aproveitado para causar uma impressão favorável sobre o povo. Mas Moisés estava perturbado, e em impaciência e ira com o povo por causa de suas murmurações, disse: “Ouvi, agora, rebeldes, porventura faremos sair água desta rocha para vós outros?” Em assim falando ele admitia virtualmente ao murmurador Israel que eles estavam certos em acusá-lo de os ter tirado do Egito. Deus havia perdoado ao povo maiores transgressões do que este erro da parte de Moisés, mas não podia tratar o pecado em um líder de Seu povo, da mesma forma como nos liderados. Não podia desculpar o pecado de Moisés e permitir sua entrada na Terra Prometida.

Aqui deu o Senhor a Seu povo uma prova inconfundível de que Aquele que havia operado tão maravilhoso libertamento em favor deles, tirando-os da servidão egípcia, fora o poderoso Anjo e não Moisés, e que estava seguindo adiante deles em todas as suas jornadas, e de quem Ele dissera: “Eis que Eu envio um Anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho, e te leve ao lugar que tenho preparado. Guarda-te diante dEle, e ouve a Sua voz, e não te rebeles contra Ele, porque não perdoará a vossa transgressão; pois nEle está o Meu nome.” Êxodo 23:20, 21. Moisés tomou para si a glória que pertencia a Deus, e tornou necessário que Deus procedesse de modo a convencer ao rebelde Israel O pecado de Moisés 131 de que não fora Moisés que os tirara do Egito, mas o próprio Deus. O Senhor havia confiado a Moisés o encargo de guiar Seu povo, enquanto o poderoso Anjo ia diante deles em todas as suas jornadas e dirigia todas as viagens. Porque eram tão prontos a esquecer que Deus os estava guiando por Seu Anjo e a atribuir ao homem aquilo que só o poder de Deus podia realizar, Ele os provara e testara, para ver se Lhe obedeceriam. A toda prova eles falharam. Em vez de crerem em Deus, e reconhecerem Aquele que havia juncado o seu caminho com evidências do Seu poder e assinaladas provas de Seu cuidado e amor, duvidaram dEle e atribuíram sua saída do Egito a Moisés, acusando-o de ser a causa de todos os seus desastres. Moisés havia suportado sua obstinação com notável paciência. Certa ocasião eles ameaçaram apedrejá-lo.

O duro castigo

O Senhor removeria para sempre do espírito deles esta impressão, impedindo Moisés de entrar na Terra Prometida. O Senhor muito exaltara a Moisés. Havia-lhe revelado Sua grande glória. Tomara-o em sagrada proximidade consigo sobre o monte, e condescendera em conversar com ele como um homem fala com um amigo. Comunicara a Moisés, e através dele ao povo, Sua vontade, Seus estatutos e Suas leis. O ter sido assim exaltado e honrado de Deus tornou seu erro de maior magnitude. Moisés arrependeu-se de seu pecado e humilhou-se grandemente diante de Deus. Relatou a todo Israel sua tristeza pelo seu pecado. Não ocultou o resultado de seu pecado, mas contou-lhes que por assim ter deixado de atribuir glória a Deus, não podia levá-los à Terra Prometida. Disse-lhes então que, se este erro de sua parte fora tão grande a ponto de ser assim corrigido por Deus, como não consideraria Ele suas repetidas murmurações, acusando o (Moisés) das incomuns manifestações de Deus, por causa dos pecados deles?

Por este simples exemplo, Moisés havia dado motivo a que tivessem a impressão de que tirara para eles a água da rocha, quando devia ter engrandecido o nome do Senhor entre Seu povo. O Senhor agora queria deixar claro ao povo que Moisés era simples homem, seguindo a guia e direção de um mais poderoso do que ele, o próprio Filho de Deus. Nisto Ele os deixaria sem qualquer dúvida. Onde 132 História da Redenção muito é dado, muito é requerido. Moisés havia sido altamente favorecido com especiais visões da majestade de Deus. A luz e a glória de Deus tinham sido concedidas a ele em rica abundância. Sua face havia refletido sobre o povo a glória que o Senhor fizera brilhar sobre ele. Todos serão julgados de acordo com os privilégios que tiveram, e a luz e os benefícios que lhe foram outorgados.

Os pecados dos homens bons, cuja conduta geral tem sido digna de imitação, são especialmente ofensivos a Deus. Eles levam Satanás a triunfar e a lançar em rosto aos anjos de Deus as falhas dos instrumentos por Deus escolhidos, e dão aos injustos ocasião a que se levantem contra Deus. O próprio Senhor havia dirigido Moisés de modo especial e lhe revelado Sua glória, como a nenhum outro sobre a Terra. Ele era naturalmente impaciente, mas apoderara-se firmemente da graça de Deus, implorando sabedoria do Céu, com tanta humildade que fora fortalecido por Deus, e vencera a impaciência de modo que foi por Deus chamado o homem mais manso sobre a face da Terra inteira.

Arão morreu no Monte Hor, pois dissera o Senhor que ele não entraria na Terra Prometida, porque, com Moisés, pecara na ocasião de tirarem água da rocha em Meribá. Moisés e os filhos de Arão o sepultaram no monte, para que o povo não fosse tentado a fazer uma grande cerimônia com o seu corpo, e ser culpado do pecado da idolatria.

Indicamos: Patriarcas e Profetas Capítulo 37: A Rocha Ferida

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