Este capítulo é baseado em Êxodo 25-40.
O tabernáculo foi feito de acordo com a ordem de Deus. O Senhor suscitou homens e habilitou-os com aptidões mais do que naturais para realizarem tão engenhoso trabalho. Nem a Moisés nem àqueles artífices foi permitido planejar a forma e a arte da construção. Deus mesmo idealizou o plano e deu-o a Moisés, com instruções particulares quanto ao seu tamanho e forma e o material a ser usado e especificou cada peça do mobiliário que nela devia haver. Apresentou a Moisés um modelo em miniatura do santuário celestial e ordenou-lhe que fizesse todas as coisas segundo o exemplar que lhe fora mostrado no monte. Moisés escreveu todas as instruções num livro e leu-as para as pessoas mais influentes.
Então o Senhor solicitou ao povo que trouxesse uma oferta espontânea, para fazer-Lhe um santuário, a fim de que Ele habitasse no meio deles. “Então toda a congregação dos filhos de Israel saiu da presença de Moisés, e veio todo homem, cujo coração o moveu e cujo espírito o impeliu, e trouxe a oferta ao Senhor para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para as vestes sagradas. Vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração: trouxeram fivelas, pendentes, anéis, braceletes, todos os objetos de ouro; todo homem fazia oferta de ouro ao Senhor.”
Foram necessários grandes e dispendiosos preparativos. Caro e precioso material devia ser coletado. Mas o Senhor aceitou somente ofertas voluntárias. Devoção ao trabalho de Deus e sacrifício de coração foram os primeiros requisitos ao preparar-se um lugar para
Deus. Enquanto a edificação do santuário estava caminhando, e o povo trazia suas ofertas a Moisés, e ele as apresentava aos artífices, todos os sábios que trabalhavam na obra examinaram as ofertas e concluíram que o povo tinha trazido o suficiente, e até mais do que podia ser usado. Moisés proclamou através do acampamento: “Nenhum homem, nem mulher, faça mais obra alguma para a oferta do santuário. Assim o povo foi proibido de trazer mais.”
Registrado para gerações futuras
As repetidas murmurações dos israelitas, e as visitações da ira de Deus por causa de suas transgressões, são registradas na história sagrada para benefício do povo de Deus que posteriormente vivesse sobre a Terra, e especialmente para servir de advertência aos que vivessem próximo ao tempo do fim. Também seus atos de devoção, sua energia e liberalidade em trazer ofertas voluntárias a Moisés são registrados para benefício do povo de Deus. Seu exemplo, em preparar jubilosamente o material para o tabernáculo, é um exemplo para todos os que verdadeiramente amam o culto a Deus. Aqueles que estimam a bênção da sagrada presença de Deus, ao prepararem um edifício em que Ele possa encontrar-Se com eles, devem manifestar maior interesse e zelo na obra sagrada, na mesma proporção em que consideram as bênçãos celestiais superiores ao seu conforto terreno. Devem compreender que estão preparando uma casa para Deus.
É de alguma consequência que um edifício preparado expressa- mente para que Deus Se encontre com Seu povo, deva ser planejado cuidadosamente — feito confortável, asseado e conveniente, pois é para ser dedicado a Deus e apresentado a Ele, e Ele deve ser convidado a habitar nessa casa e torná-la sagrada por Sua santa presença. Deve-se dar suficiente e voluntariamente ao Senhor para que liberal- mente se conclua o trabalho, e então os artífices possam dizer: não tragam mais ofertas.
De acordo com o modelo
Depois que a construção do tabernáculo foi completada, Moisés examinou todo o trabalho, e o comparou com o modelo e com as instruções recebidas de Deus, e viu que cada parte estava de acordo com o modelo; e ele abençoou o povo.
Deus deu o modelo da arca a Moisés, e instruções especiais de como devia ser feita. A arca foi feita para conter as tábuas de pedra, nas quais Deus gravara, com Seu próprio dedo, os Dez Mandamentos. Ela era de forma igual a de um cofre, e estava coberta e marchetada de ouro puro. Era ornamentada com coroas de ouro na parte superior. A cobertura desta caixa sagrada era o propiciatório, feito de ouro maciço. De cada lado do propiciatório estava fixado um querubim de ouro puro e sólido. Suas faces estavam voltadas uma na direção da outra e olhavam reverentemente para baixo na direção do propiciatório, o que representava todos os anjos celestiais olhando com interesse e reverência para a lei de Deus depositada na arca no santuário celestial. Estes querubins tinham asas. Uma asa de cada anjo estendia-se para o alto, enquanto a outra asa de cada anjo cobria seu corpo. A arca do santuário terrestre era o modelo da verdadeira arca no Céu. Lá, ao lado da arca celestial, permanecem anjos vivos, um em cada extremidade, e cada um deles, com uma asa estendida para o alto, cobre o propiciatório, enquanto a outra asa se dobra sobre o corpo, em sinal de reverência e humildade.
Foi requerido de Moisés que colocasse as tábuas de pedra na arca terrestre. Foram chamadas tábuas do testemunho; e a arca foi chamada a arca do testemunho, porque continha o testemunho de Deus nos Dez Mandamentos.
Dois compartimentos
O tabernáculo era composto de dois compartimentos, separados por uma cortina ou véu. Todo o mobiliário do tabernáculo era feito de ouro maciço, ou recoberto de ouro. As cortinas do tabernáculo tinham variedade de cores, em belíssimo arranjo, e nestas cortinas foram trabalhados, com fios de ouro e prata, querubins, que deviam representar a hoste angélica, que se acha relacionada com o trabalho do santuário celestial e que são anjos ministradores aos santos na Terra.
Além do segundo véu estava colocada a arca do testemunho, e uma cortina bela e rica estendia-se diante da arca sagrada. Esta cortina não alcançava o topo da construção. A glória de Deus, que estava sobre o propiciatório, podia ser vista de ambos os compartimentos, mas em menor grau do primeiro compartimento.
Diretamente defronte a arca, porém separado por uma cortina, estava o altar de ouro, de incenso. O fogo sobre este altar fora aceso pelo próprio Senhor, e era conservado religiosamente, alimentado com santo incenso, o qual enchia o santuário com uma nuvem fragrante, dia e noite. Esta fragrância se estendia por quilômetros ao redor do tabernáculo. Quando o sacerdote oferecia o incenso diante do Senhor, olhava para o propiciatório. Muito embora não pudesse vê-lo sabia que ele ali estava, e enquanto o incenso subia qual nuvem, a glória do Senhor descia sobre o propiciatório e enchia o santíssimo e era visível no lugar santo, e frequentemente enchia ambos os compartimentos de modo que o sacerdote era incapaz de oficiar e obrigado a permanecer à porta do tabernáculo.
O sacerdote, no lugar santo, dirigindo pela fé sua oração ao propiciatório, ao qual não podia ver, representa o povo de Deus dirigindo suas orações a Cristo diante do propiciatório no santuário celestial. Eles não podem ver seu Mediador com a vista natural, mas com os olhos da fé veem a Cristo diante do propiciatório e dirigem-Lhe suas orações e com confiança reclamam os benefícios de Sua mediação.
Estes sagrados compartimentos não possuíam janelas para admitir luz. O castiçal era feito de puríssimo ouro e era conservado ardendo noite e dia, e proporcionava luz a ambos os compartimentos. A luz das lâmpadas do castiçal refletia sobre as tábuas chapeadas de ouro dos lados do edifício, sobre os sagrados móveis e sobre as cortinas de belas cores com querubins trabalhados com fios de ouro e prata, e a cena era gloriosa e indescritível. Nenhuma linguagem pode descrever a beleza e a graça, e a santa glória que estes compartimentos apresentavam. O ouro do santuário refletia as cores das cortinas que se assemelhavam às diferentes cores do arco-íris.
Somente uma vez por ano podia o sumo sacerdote entrar no lugar santíssimo, depois de muito cuidadoso e solene preparo. Nenhuma vista mortal que não a do sumo sacerdote podia olhar à sagrada grandeza deste compartimento, porque era o lugar especial de habitação da visível glória de Deus. O sumo sacerdote sempre entrava tremente, enquanto o povo aguardava seu retorno com solene silêncio. Seus ferventes desejos eram para Deus, em busca de Sua bênção. Diante do propiciatório Deus Se comunicava com o sumo sacerdote. Se ele permanecia tempo incomum no santíssimo o povo ficava muitas vezes terrificado, temendo que por causa de seus pecados ou algum pecado do sacerdote, a glória do Senhor o tivesse fulminado. Mas quando o sonido das campainhas de suas vestes era ouvido, ficavam grandemente aliviados. Ele então saía e abençoava o povo.
Depois que o trabalho do tabernáculo se concluiu, “então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo”. Pois “de dia a nuvem do Senhor repousava sobre o tabernáculo, e de noite havia fogo nele, à vista de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas”.
O tabernáculo fora construído de modo a poder ser desmontado e levado com eles em todas as suas jornadas.
A nuvem guia
O Senhor dirigiu os israelitas em todas as suas viagens através do deserto. Quando era para o bem do povo e a glória de Deus que armassem suas tendas num certo lugar e ali habitassem, Deus lhes indicava Sua vontade pela coluna de nuvem repousando diretamente sobre o tabernáculo. E aí permanecia até que Deus quisesse que jornadeassem outra vez. Então a nuvem de glória se erguia sobre o tabernáculo e eles jornadeavam novamente.
Em todas as suas jornadas eles observavam perfeita ordem. Cada tribo levava um estandarte, com o sinal da casa de seu pai nele, e cada tribo era ordenada a acampar junto a seu próprio estandarte. Quando viajavam, as diferentes tribos marchavam em ordem, cada tribo sob seu próprio estandarte. Quando descansavam de suas jornadas, o tabernáculo era erigido, e então as diferentes tribos armavam suas tendas em ordem, precisamente na posição que Deus ordenara, ao redor do tabernáculo, a certa distância dele.
Quando o povo jornadeava, a arca do concerto era levada adiante deles. “A nuvem do Senhor pairava sobre eles de dia, quando partiam do arraial. Partindo a arca, Moisés dizia: Levanta-Te, ó Senhor, e dissipados sejam os Teus inimigos, e fujam diante de Ti os que Te odeiam. E quando pousava, dizia: Volta, ó Senhor, para os milhares de milhares de Israel.”