Este capítulo é baseado em Êxodo 19-20.
Depois que os filhos de Israel deixaram Refidim, vieram ao “deserto de Sinai, no qual se acamparam; ali, pois, se acampou Israel em frente do monte. Subiu Moisés a Deus, e do monte o Senhor o chamou e lhe disse: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos cheguei a Mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes a Minha aliança, então sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a Terra é Minha; vós Me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. Veio Moisés, chamou os anciãos do povo, e expôs diante deles todas estas palavras, que o Senhor lhe havia ordenado. Então o povo respondeu à uma: Tudo o que o Senhor falou, faremos. E Moisés relatou ao Senhor as palavras do povo.”
Aqui o povo entrou num solene concerto com Deus, aceitando-O como seu soberano, tornando-se eles súditos peculiares de Sua divina autoridade. “Disse o Senhor a Moisés: Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça quando Eu falar contigo, e para que também creiam sempre em ti.” Quando os hebreus encontraram dificuldades no caminho, mostraram-se dispostos a murmurar contra Moisés e Arão, e a acusá-los de conduzirem a hoste de Israel do Egito para destruí-la. Deus iria honrar Moisés diante deles, de maneira que fossem levados a confiar nas suas instruções, e soubessem que Ele pusera Seu Espírito sobre ele.
Preparação para a aproximação de Deus
O Senhor deu, então, a Moisés, orientações expressas no que concernia à preparação do povo para Ele aproximar-Se deles, a fim de ouvirem o anúncio de Sua lei, não por anjos, mas por Ele mesmo. “Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo, e purifica-os hoje e amanhã. Lavem eles as suas vestes, e estejam prontos para o terceiro dia: porque no terceiro dia o Senhor à vista de todo o povo descerá sobre o monte Sinai.”
Foi requerido do povo abstenção de trabalhos e cuidados seculares, e que tivessem pensamentos devocionais. Deus requereu também que lavassem suas vestes. Ele não é menos minucioso agora do que foi então. Ele é um Deus de ordem, e requer que Seu povo ora sobre a Terra observe hábitos de estrita limpeza. E os que adoram a Deus com vestes e eles próprios manchados, não se apresentam diante dEle de modo aceitável. Ele não Se agrada da sua falta de reverência, e não aceitará o serviço de adoradores impuros, pois insultam o seu Autor. O Criador dos céus e da Terra considerou a limpeza tão importante que disse: “Lavem eles as suas vestes.”
“Marcarás em redor limites ao povo, dizendo: Guardai-vos de subir ao monte, nem toqueis o seu termo; todo aquele que tocar o monte, será morto. Mão nenhuma tocará neste, mas será apedrejado ou flechado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá. Quando soar longamente a buzina, então subirão ao monte.” Esta ordem fora designada para impressionar a mente deste povo rebelde com uma profunda veneração a Deus, o autor e autoridade de suas leis.
Manifestação de Deus em terrível grandeza
“Ao amanhecer do terceiro dia houve trovões e relâmpagos e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu.” A hoste angélica que atendia à divina Majestade convocou o povo com um som semelhante ao de trombeta, que cresceu estrepitosamente até que toda a terra tremeu.
“E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente.” A Majestade divina descendo numa nuvem com um glorioso séquito de anjos, aparecia como chamas de fogo.
“E o clangor da trombeta ia aumentando cada vez mais: Moisés falava, e Deus lhe respondia no trovão. Descendo o Senhor para o cume do monte Sinai, chamou a Moisés para o cimo do monte. Moisés subiu, e o Senhor disse a Moisés: Desce, adverte ao povo que não traspasse o termo até ao Senhor para vê-Lo, a fim de muitos deles não perecerem. Também os sacerdotes, que se chegam ao Senhor, se hão de consagrar, para que o Senhor não os fira.”
Assim o Senhor, com terrível majestade, expôs Sua lei do Sinai, para que o povo cresse. Ele fez acompanhar a doação da lei de sublimes exibições de Sua autoridade, para que soubessem que Ele era o único Deus vivo e verdadeiro. A Moisés não foi permitido entrar na nuvem de glória, apenas aproximar-se e entrar na espessa treva que a circundava. Ele permaneceu entre o povo e o Senhor.
A lei de Deus proclamada
Depois de ter o Senhor dado tantas evidências de Seu poder, declarou-lhes quem Ele era: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.” O mesmo Deus que exaltou o Seu poder entre os egípcios agora proferiu Sua lei:
“Não terás outros deuses diante de Mim.
“Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos Céus, nem embaixo na Terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque Eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira geração daqueles que Me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que Me amam e guardam os Meus mandamentos.
“Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu nome em vão.
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias tra- balharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque em seis dias fez o Senhor os Céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou: por isso o Senhor abençoou o dia de sábado, e o santificou.
“Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.
“Não matarás.
“Não adulterarás.
“Não furtarás.
“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
“Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.”
O primeiro e segundo mandamentos pronunciados por Jeová são preceitos contra a idolatria; pois a idolatria, se praticada, levaria longe os homens no pecado e rebelião, e resultaria no oferecimento de sacrifícios humanos. Deus queria proteger contra qualquer aproximação de tais abominações. Os primeiros quatro mandamentos foram dados para mostrar aos homens seus deveres com Deus. O quarto é o elo de ligação entre o grande Deus e o homem. O sábado, especialmente, foi dado para benefício do homem e para honra de Deus. Os últimos seis preceitos mostram o dever do homem para com seus semelhantes.
O sábado devia ser um sinal entre Deus e Seu povo, para sempre. Dessa maneira devia ser um sinal — todos os que observassem o sábado, significariam por tal observância serem adoradores do Deus vivo, Criador dos céus e da Terra. O sábado devia ser um sinal entre Deus e Seu povo enquanto Ele tivesse um povo sobre a Terra para servi-Lo.
“Todo o povo presenciou os trovões e os relâmpagos, e o clangor da trombeta, e o monte fumegante; e o povo observando, se estremeceu e ficou de longe. Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos, porém não fale Deus conosco, para que não morramos. Respondeu Moisés ao povo: Não temais; Deus veio para vos provar, e para que o Seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis.
“O povo estava de longe em pé; Moisés, porém, se chegou à nuvem escura, onde estava Deus. Então disse o Senhor a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Vistes que dos Céus Eu vos falei.” A majestosa presença de Deus no Sinai, e as comoções ocasionadas na Terra pela Sua presença, os tremendos trovões e relâmpagos que acompanharam esta visitação de Deus, de tal maneira impressionaram a mente do povo com temor e reverência para com Sua sagrada majestade que instintivamente se afastaram da terrível presença de Deus, temendo que não pudessem suportar Sua terrível glória.
O perigo da idolatria
Novamente, Deus desejou guardar os filhos de Israel da idolatria. Disse Ele: “Não fareis deuses de prata ao lado de Mim, nem deuses de ouro fareis para vós outros.” Eles estavam em perigo de imitar o exemplo dos egípcios, fazendo para si imagens para representar a Deus.
O Senhor disse a Moisés: “Eis que Eu envio um Anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho, e te leve ao lugar que tenho preparado. Guarda-te diante dEle, e ouve a Sua voz, e não te rebeles contra Ele, porque não perdoará a vossa transgressão; pois nEle está o Meu nome. Mas se diligentemente Lhe ouvires a voz, e fizeres tudo o que Eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários. Porque o Meu Anjo irá adiante de ti, e te levantará aos amorreus, aos heteus, aos ferezeus, aos cananeus, aos heveus e aos jebuseus; e Eu os destruirei.” O Anjo que ia adiante de Israel era o Senhor Jesus Cristo. “Não adorarás os seus deuses, nem lhes darás culto, nem farás conforme as suas obras; antes os destruirás totalmente, e despedaçarás de todo as suas colunas. Servireis ao Senhor vosso Deus, e Ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e tirará do vosso meio as enfermidades.” Êxodo 23:24, 25.
Deus desejava que Seu povo entendesse que somente Ele devia ser o objeto do seu culto; e quando derrotassem as nações idólatras ao seu redor, não deviam preservar nenhuma das imagens de sua adoração, mas destruí-las totalmente. Muitas dessas deidades pagãs eram dispendiosas, de belíssima feitura, que podiam tentar aqueles que haviam testemunhado a idolatria, muito comum no Egito, a mesmo considerar estes objetos insensíveis com algum grau de reverência. O Senhor queria que Seu povo soubesse que era por causa da idolatria daquelas nações, que as conduziu a todos os graus da impiedade, que Ele usaria os israelitas como Seus instrumentos para puni-los e destruir seus deuses.
“Enviarei o Meu terror diante de ti confundindo a todo o povo aonde entrares, farei que todos os teus inimigos te voltem as costas. Também enviarei vespas diante de ti, que lancem fora os heveus, os cananeus e os heteus, de diante de ti. Não os lançarei fora de diante de ti, num só ano, para que a terra se não torne em desolação, e as feras do campo se não multipliquem contra ti. Pouco a pouco os lançarei de diante de ti, até que te multipliques e possuas a terra por herança. Porei os teus termos desde o Mar Vermelho até ao mar dos filisteus, e desde o deserto até o Eufrates; porque darei nas tuas mãos os moradores da terra, para que os lances fora de diante de ti. Não farás aliança nenhuma com eles, nem com os seus deuses. Eles não habitarão na tua terra, para que te não façam pecar contra Mim: se servirdes aos seus deuses, isso te será cilada.” Êxodo 23:27-33. Estas promessas de Deus a Seu povo foram condicionadas a sua obediência. Se servissem ao Senhor inteiramente, Ele faria grandes coisas por eles.
Depois de Moisés ter recebido os juízos de Deus, tendo-os escrito para o povo, e também as promessas, condicionadas à obediência, disse-lhe o Senhor: “Sobe ao Senhor, tu e Arão, e Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel; e adorai de longe. Só Moisés se chegará ao Senhor; os outros não se chegarão, nem o povo subirá com ele. Veio, pois, Moisés e referiu ao povo todas as palavras do Senhor e todos os estatutos; então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que falou o Senhor, faremos.” Êxodo 24:1-3.
Moisés escrevera, não os Dez Mandamentos, mas as ordenanças que Deus queria que observassem, e as promessas sob condição de sua obediência a Ele. Leu isto ao povo, e eles se comprometeram a obedecer a todas as palavras que o Senhor tinha dito. Moisés então escreveu seu solene compromisso num livro e ofereceu sacrifício a Deus pelo povo. “E tomou o livro da aliança, e o leu ao povo; e eles disseram: Tudo o que falou o Senhor, faremos, e obedeceremos. Então tomou Moisés aquele sangue e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas estas palavras.” Êxodo 24:7, 8. O povo repetiu seu solene compromisso ao Senhor, de fazer tudo o que Ele havia falado, e ser obediente.
A eterna lei de Deus
A lei de Deus existia antes de o homem ser criado. Os anjos eram governados por ela. Satanás caiu porque transgrediu os princípios do governo de Deus. Depois que Adão e Eva foram criados, Deus os fez conhecer Sua lei. Ela não estava escrita, mas foi-lhes relatada por Jeová.
O sábado do quarto mandamento foi instituído no Éden. Depois de haver Deus feito o mundo e criado o homem sobre a Terra, fez o sábado para o homem. Após o pecado e a queda de Adão, coisa alguma foi tirada da lei de Deus. Os princípios dos Dez Mandamentos existiam antes da queda e eram de caráter apropriado à condição de uma santa ordem de seres. Depois da queda os princípios desses preceitos não foram mudados, mas foram dados preceitos adicionais que viessem ao encontro do homem em seu estado decaído.
Estabeleceu-se então um sistema que requeria sacrifício de animais, para conservar diante do homem aquilo de que a serpente fizera Eva descrer — que a penalidade da desobediência é a morte. A transgressão da lei de Deus tornou necessário que Cristo morresse como sacrifício, e assim abrisse caminho para o homem escapar da penalidade e ainda preservar a honra da lei de Deus. O sistema de sacrifícios devia ensinar ao homem a humildade, em vista de sua condição decaída, e conduzi-lo ao arrependimento e confiança em Deus somente, mediante o Redentor prometido, para perdão de sua passada transgressão da lei divina. Se a lei de Deus não tivesse sido transgredida, jamais teria havido morte, nem teriam sido necessários preceitos adicionais para se ajustarem à decaída condição humana.
Adão ensinou a seus descendentes a lei de Deus, que foi transmitida aos fiéis através de sucessivas gerações. A contínua transgressão da lei de Deus atraiu um dilúvio de águas sobre a Terra. A lei foi preservada por Noé e sua família, que, por procederem corretamente foram salvos na arca por um milagre de Deus. Noé ensinou a seus descendentes os Dez Mandamentos. O Senhor, desde Adão, preservou para Si um povo, em cujo coração estava Sua lei. Disse de Abraão: “Porque Abraão obedeceu a Minha palavra, e guardou os Meus mandamentos, os Meus preceitos, os Meus estatutos e as Minhas leis.” Gênesis 26:5.
O Senhor apareceu a Abraão e disse-lhe:
“Eu sou o Deus todo-poderoso: anda na Minha presença e sê perfeito. Farei uma aliança entre Mim e ti, e te multiplicarei extraordinariamente.” Gênesis 17:1, 2. “Estabelecerei a Minha aliança entre Mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus, e da tua descendência.” Gênesis 17:7.
Ele então requereu de Abraão e sua descendência a circuncisão, que era um círculo cortado na carne, como um sinal de que Deus os havia cortado e separado de todas as nações como Seu tesouro peculiar. Por este sinal eles solenemente se comprometeram a não se ligar por casamento com outras nações, pois assim fazendo poderiam perder sua reverência a Deus e Sua santa lei, e se tornariam como as nações idólatras ao redor deles.
Pelo ato da circuncisão eles solenemente concordaram em cumprir a sua parte nas condições da aliança feita com Abraão, de se separarem de todas as nações e serem perfeitos. Se os descendentes de Abraão se tivessem mantido separados das outras nações, não teriam sido seduzidos à idolatria. Conservando-se separados das outras nações, seria removida deles uma grande tentação de comprometer-se em suas práticas pecaminosas e rebeldia contra Deus. Perderam em grande medida seu peculiar e santo caráter por se misturarem com as nações ao redor. Para puni-los o Senhor trouxe sobre sua terra a fome, que os compeliu a descerem ao Egito para preservar a vida. Mas Deus não os abandonou enquanto estavam no Egito, por causa de Sua aliança com Abraão. Permitiu que fossem oprimidos pelos egípcios, para que tornassem a Ele em seu desespero, escolhessem Seu justo e misericordioso governo, e obedecessem a Seus reclamos.
Eram apenas umas poucas as famílias que desceram ao Egito. Elas aumentaram para uma grande multidão. Alguns foram cuidadosos no instruir seus filhos na lei de Deus, mas muitos israelitas haviam testemunhado tanta idolatria que tinham idéias confusas da lei de Deus. Aqueles que temiam a Deus clamavam em angústia de espírito para que quebrasse o seu jugo de amarga servidão, tirando-os da terra de seu cativeiro, para que pudessem estar livres para servi-Lo. Deus ouviu suas súplicas e suscitou Moisés como Seu instrumento para efetuar o livramento de Seu povo. Depois que eles deixaram o Egito, e que as águas do Mar Vermelho tinham sido divididas diante deles, o Senhor os provou para ver se confiariam nAquele que os havia tirado, uma nação de outra nação, por sinais, tentações e maravilhas. Entretanto, eles falharam em suportar a prova. Murmuraram contra Deus por causa das dificuldades no caminho e desejaram retornar ao Egito.
Escrita em tábuas de pedra
Para deixá-los sem escusas, o próprio Senhor condescendeu em descer sobre o Sinai, envolto em glória e circundado por Seus anjos, e na mais sublime e terrível maneira fez conhecida a Sua lei dos Dez Mandamentos. Não confiou o seu ensino a ninguém, nem mesmo a Seus anjos, mas proclamou Sua lei com voz audível aos ouvidos de todo o povo. Não a confiou mesmo então à curta memória de um povo que fora propenso a olvidar Seus reclamos, mas escreveu-a com Seu próprio dedo santo sobre tábuas de pedra. Tiraria deles toda possibilidade de misturarem com Seus santos preceitos qualquer tradição, ou de confundirem Suas exigências com as práticas de homens.
Ele então Se aproximou ainda mais de Seu povo, que tinha sido tão pronto a extraviar-se, pois não queria deixá-los meramente com dez preceitos do Decálogo. Ordenou que Moisés escrevesse juízos e leis, conforme os ditasse, dando minuciosas instruções quanto ao que Ele requeria que realizassem, e assim resguardou os dez preceitos que Ele havia gravado sobre as tábuas de pedra. Estas específicas instruções e reclamos foram dados para atrair o errante homem à obediência da lei moral, à qual era tão propenso a transgredir.
Se o homem tivesse guardado a lei de Deus, tal como foi dada a Adão depois da queda, preservada na arca por Noé, e observada por Abraão, não teria havido necessidade da ordenança da circuncisão. E se os descendentes de Abraão tivessem guardado a aliança, da qual a circuncisão era um sinal ou compromisso, jamais teriam eles caído na idolatria nem teria sido permitido descerem ao Egito, e tampouco teria havido necessidade de Deus proclamar Sua lei do Sinai gravando-a sobre tábuas de pedra e guardando-a por definidas instruções nos juízos e estatutos de Moisés.
Os juízos e estatutos
Moisés escreveu estes juízos e estatutos da boca de Deus enquanto estava com Ele no monte. Se o povo de Deus tivesse obedecido aos princípios dos Dez Mandamentos, não teria sido necessário dar a Moisés instruções específicas, que ele escreveu num livro, relativas ao seu dever para com Deus e de uns para com os outros. As definidas instruções que o Senhor deu a Moisés quanto à obrigação de Seu povo, uns para com os outros, e para com o estrangeiro, são os princípios dos Dez Mandamentos simplificados e dados de maneira definida, de modo que eles não precisavam errar.
O Senhor instruiu a Moisés definidamente quanto aos sacrifícios cerimoniais, que deviam cessar com a morte de Cristo. O sistema de sacrifícios simbolizava o oferecimento de Cristo como um Cordeiro sem manchas.
O Senhor primeiro estabeleceu o sistema de ofertas sacrificais, com Adão depois da queda, e este o ensinou aos seus descendentes. Este sistema foi corrompido antes do dilúvio, e por aqueles que se separaram dos fiéis seguidores de Deus e se empenharam na construção da torre de Babel. Eles sacrificaram aos deuses de sua própria feitura, em vez de ao Deus dos Céus. Ofereceram sacrifícios não porque tivessem fé no Redentor por vir, mas porque pensavam que deviam agradar seus deuses pelo oferecimento de muitos animais sobre poluídos altares idólatras. Sua superstição levou-os a grandes extravagâncias. Ensinavam ao povo que quanto mais valioso o sacrifício, maior prazer ele daria a seus ídolos e maior seria a prosperidade e a riqueza de sua nação. Portanto, seres humanos eram frequentemente sacrificados a estes ídolos insensíveis. Aquelas nações possuíam, para controlar as ações do povo, leis e regulamentos que era cruéis ao extremo. Suas leis eram feitas por aqueles cujo coração não fora suavizado pela graça; enquanto passavam por alto os mais degradantes crimes, uma pequena ofensa acarretava a mais cruel punição por parte dos que tinham autoridade.
Moisés tinha isso em vista quando disse a Israel: “Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir. Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente este grande povo é gente sábia e entendida. Pois, que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que O invocamos? E que grande nação há, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que Eu hoje vos proponho?” Deuteronômio 4:5-8.
Indicamos: Patriarcas e Profetas: Israel recebe a Lei – Capítulo 27