“O terceiro anjo tocou a trombeta, e uma grande estrela, queimando como uma tocha, caiu do céu sobre a terça parte dos rios e sobre as fontes das águas. O nome da estrela é Absinto. E a terça parte das águas se transformou em absinto, e muitas pessoas morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargas.”
A terceira trombeta anuncia que “uma grande estrela” chamada “Absinto” cairia do céu ardendo como uma tocha sobre a terça parte dos rios e sobre as fontes das águas, convertendo-as em absinto, de maneira que “muitos homens morreram” (Apocalipse 8:10, 11). O Apocalipse começa com a visão inaugural de Cristo tendo em sua mão direita as “sete estrelas” (1:16). Estas estrelas se interpretaram como símbolos dos “anjos das sete igrejas” (v. 20). Este simbolismo de “estrelas” tem uma raiz em Daniel:
“Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente” (Daniel 12:3).
Jesus aplicou o simbolismo das estrelas a todos os justos no reino vindouro do Pai (Mateus 13:43). Apocalipse 12 usa “estrelas” como um símbolo dos dirigentes do povo de Deus (Apocalipse 12:1). Então, o ato de uma estrela que cai representa a maneira como a liderança da igreja cairia coletivamente da verdade na escuridão do engano e a apostasia. Moisés usou o venenoso e amargo “absinto” como um símbolo de idolatria (Deuteronômio 29:17, 18), e Jeremias o empregou como uma maldição do pacto pela idolatria:
“Eis que alimentarei este povo com absinto e lhe darei a beber água venenosa” (Jeremias 9:15). O Novo Testamento dá um exemplo prático dos falsos professores como “estrelas errantes”, que são pastores que “apascentam-se a si mesmos”, e portanto caem sob o juízo de Cristo (Judas 12, 13).
Então podemos compreender que a terceira trombeta prediz a apostasia na igreja cristã depois da queda de Roma, quando a liderança espiritual apostataria de Cristo como a fonte de luz e de águas vivas (João 4:14; 7:37-39). Como resultado, os ensinos doutrinais e a forma religiosa de vida chegaria a ser um veneno amargo e mortal para as almas dos homens: “E a terça parte das águas se tornou em absinto, e muitos dos homens morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargosas” (Apocalipse 8:11).
Tanto Jesus como Paulo tinham advertido à igreja apostólica contra a chegada de falsos profetas e seus ensinos enganosos que apartariam os crentes de Cristo “de vós mesmos” (Mateus 24:4, 5, 24; Atos 20:26-31). O paralelo mais surpreendente com a 3º trombeta é o esboço apocalíptico que Paulo apresenta da era da igreja em 2 Tessalonicenses 2! Neste capítulo apresenta a era da igreja em dois períodos sucessivos: primeiro a fase do agente que o detém, que demora a apostasia predita, seguido pelo surgimento desenfreado do anticristo dentro da igreja ou o templo de Deus (2 Tessalonicenses 2:7, 8, 4). Esta ordem de acontecimentos se cumpriu na história quando Roma imperial (o agente que o freia) caiu e aconteceu a Roma papal e a união medieval da Igreja e o Estado. Tanto 2 Tessalonicenses 2 como as trombetas predizem que a queda de Roma dispôs o cenário para a grande apostasia. Essa apostasia traria a morte de “muitos homens”. Disse Paulo: “perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça” (2 Tessalonicenses 2:10-12). A perversão do evangelho apostólico traz indevidamente a decadência e a morte espirituais. Entretanto, tanto os líderes como seus seguidores são tidos por responsáveis pelas heresias e idolatrias que prevaleceram no mundo cristão.