Conversando com o Pastor Henry Feyerabend sobre Apocalipse 8:1 – 13

Os capítulos 8 e 9 de Apocalipse apresentam a terceira cadeia histórica do livro. As sete trombetas têm o seu foco na conquista da “Cidade Eterna”, Roma, e suas divisões em dez nações, as quais iriam se tornar, mais tarde, os países da Europa ocidental.

“Quando o Cordeiro quebrou o sétimo selo, houve silêncio no céu durante quase meia hora. Então vi os sete anjos que estão em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas.

Veio outro anjo e ficou em pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e lhe foi dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. E da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos.” (Apocalipse 8:1 – 4)

O incenso: Se pudéssemos ser transportados de volta para o santuário mosaico, veríamos ali o sacrifício contínuo (diário) dos sacerdotes. Todos os dias, um deles tirava fogo do altar e, enchendo o incensário, queimava o incenso. Enquanto a fragrância permeava o acampamento, ela servia como um chamado à oração. Em um dia do ano, o Dia da Expiação, o trabalho era desempenhado apenas pelo sumo sacerdote. Enquanto ele oferecia o incenso sobre o altar, a congregação, em atitude solene, do lado de fora do santuário, dedicava-se à oração.

Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote celestial, ainda faz intercessão por nós no santuário celestial. Que maravilha saber que Ele pode comover-Se com nossas enfermidades. Ele não é surdo nem indiferente.

Nossas orações sobem até Ele como suave incenso, e Ele deleita-Se em tomar nossas inadequadas orações e petições e misturá-las com a Sua imaculada justiça para que sejam aceitáveis no trono de graça.

“Então o anjo pegou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.

Então os sete anjos que tinham as sete trombetas se prepararam para tocar.” (Apocalipse 8: 6- 7)

O cenário das sete trombetas: O Império Romano dominava quando este grande panorama foi aberto diante do apóstolo João. Roma era tão corrompida que era impossível ela continuar. Como os impérios que a precederam, ela finalmente se viu na montanha de lixo da História. Qualquer nação que desafia Deus e corrompe o Seu povo é amaldiçoada. A divisão de Roma foi claramente profetizada por Daniel. Os símbolos proféticos das sete trombetas mostram como se rompeu o Império.

Trombetas: A trombeta, nos tempos bíblicos, era usada para convocar grandes reuniões do povo (Levítico 23:4), ou para anunciar a aproximação de uma calamidade ou guerra. Nessa profecia, as sete trombetas dão sete grandes avisos.

“Não posso calar-me, porque ouves, oh minha alma, o som da trombeta, o alarido da guerra” (Jeremias 4:19).

Pois também se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha? (1 Coríntios 14:8).

Significado

As quatro primeiras: o colapso de Roma ocidental.

As duas seguintes: a derrota de Roma oriental.

A sétima: o colapso de todos os governos humanos.

Daniel 2 fala acerca da divisão do Império Romano {representado pelas pernas de ferro) através da divisão da Europa (representada pelos pés e dedos). Cada trombeta que soou era como uma martelada na estátua de Daniel 2. O historiador romano Amiano Marcelino, um homem que testemunhou a queda de Roma, disse:

Enquanto as trombetas soavam nos meus ouvidos, a tempestade do iminente conflito já varria a nossa nação (‘History, livro 14, capítulo 1).

Sem haver estudado as Escrituras, esse autor usou a mesma ilustração que o profeta João usou.

“O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à Terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde…” (Apocalipse 7)

Depois de Constantino, Roma foi dividida em três partes, entre os três filhos de Constantino. Constâncio ficou com a parte oriental, tendo Constantinopla como residência. Constantino II ficou com a Bretanha, a Gália e a Espanha. Constante, seu terceiro filho, ficou com o Ilírico, a Áfria e a Itália.

Nessa profecia, por várias vezes faz-se referência a uma terça parte da Terra. Cada uma dessas três divisões do Império Romano representava uma terça parte do mundo então conhecido.

O primeiro golpe desferido sobre a Roma ocidental foi o ataque dos godos, sob Alarico. Ele continuou os ataques até que quebrou a espinha do poder romano. Seus constantes ataques eram como granizo esrilhaçando a estátua de Daniel 2. A cidade de Roma foi cercada no ano 410. O grande teólogo Jerônimo disse: “O grande e glorioso sol do mundo foi se apagando.”

Roma, a cidade eterna, começou a cair. Alarico veio das montanhas e atacou cidades e vilas, queimando tudo que estava em seu caminho. Cidades inteiras e vilas foram queimadas, e o sangue escorreu pelas ruas.

Um velho ermitão, o poeta Claudíano, lamentou pateticamente a sorte das árvores que se queimaram durante a conflagração de todo o país. Sua descrição se encaixa perfeitamente na profecia.

Alarico não destruiu a cidade de Roma, mas levou consigo muitos dos seus tesouros.

“O segundo anjo tocou a trombeta, e uma espécie de grande montanha em chamas foi atirada ao mar. Uma terça parte do mar se transformou em sangue, e morreu a terça parte das criaturas do mar, e foi destruída a terça parte das embarcações.” (Apocalipse 8: 8 – 9)

Vandalismo: O primeiro ataque foi por terra; o segundo, pelo mar. Os exércitos anfíbios germanos dos vândalos, sob a liderança de Genserico, atacaram Roma. Eles causaram tanto estrago que até hoje nos referimos a grandes danos materiais como vandalismo.

Genserico caiu sobre Roma como uma montanha em chamas, deixando destruição desde Gibraltar até a foz do Nilo. Agora, o mar Mediterrâneo, ao qual os romanos se referiam como o Mar Nostrum, ou o “Nosso Mar”, estava sob o controle dos inimigos de Roma.

Os vândalos levaram os candelabros dourados que Tito saqueara do templo de Jerusalém. Os ataques de Genserico, fiéis à profecia, foram quase todos pelo mar. Em uma noite, ele destruiu metade dos navios que pertenciam a Roma, na batalha de Cartago, destruindo 1.113 navios e matando mais de 100 mil homens.

“O terceiro anjo tocou a trombeta, e uma grande estrela, queimando como uma tocha, caiu do céu sobre a terça parte dos rios e sobre as fontes das águas. O nome da estrela é Absinto. E a terça parte das águas se transformou em absinto, e muitas pessoas morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargas.” (Apocalipse 8: 10 -11)

Átila, o Huno: O primeiro ataque ao Império Romano foi feito por terra, o segundo pelo mar e o terceiro pelo rio. O terceiro ataque foi feito pelos hunos sob o comando de Átila, cujo apelido era “O Flagelo de Deus”. Enquanto Genserico e os vândalos atacavam pelo mar, ele veio com seus soldados, chamados de “Os vaqueiros do Leste”, pelo rio Danúbio destruindo tudo o que encontravam pelo caminho.

Átila gabava-se de que onde ele pisava a grama não mais crescia. Ele veio pelos grandes rios: o Reno (na Gália e na Itália), o Pó e o Danúbio. A batalha mais importante foi na França, ou Gália, como então era chamada, no ano de 451- No total, 300 mil homens morreram nessa batalha, e ali a Europa foi separada da Ásia.

Átila causou tanto terror com seus ataques que até inimigos se juntaram para pelejar contra ele. O guerreiro finalmente foi derrotado e morreu de repente. Tão subitamente como apareceu, ele desapareceu. Foi comparado a um meteoro fulgente, de brilhante trajetória, o qual aparece de repente como uma estrela cadente e então desaparece como uma estrela cuja luz some nas águas. O curso desolador desse meteoro seria principalmente nas partes do mundo onde abundavam fontes de água e riachos. Muitas pessoas pereceriam e haveria enorme desolação nas vizinhanças desses rios e riachos, como se uma estrela amarga e sinistra caísse nas águas, e a morte se espalhasse pelas terras adjacentes.

O historiador gótico Jordanes disse que os hunos eram mais cruéis do que a própria crueldade. O próprio Atila disse uma vez: “Uma estrela está caindo diante de mim e a terra está tremendo. Eu sou o martelo do mundo.” Não é impressionante que ele tenha usado as palavras de uma profecia que nunca lera?

“O quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles escurecesse e uma terça parte do dia, e também da noite, ficasse sem luz. Então vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia com voz forte:

— Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa do som das outras trombetas que os três anjos ainda vão tocar!” (Apocalipse 8: 12 – 13)

Soa a quarta trombeta, e finalmente a Roma ocidental desaba por inteiro. Outro exército da Germânia (Alemanha) vai para a Itália, e as tribos dos hérulos, lideradas por Odoacro, um dos generais de Átila, começaram seu ataque.

Esses lenhadores da Germânia penetraram bem no coração do Império Romano, tiraram o rei do trono e Odoacro colocou a coroa em sua própria cabeça. As luzes de Roma começavam a se apagar. O rei era referido como o Sol, e os senadores e cônsules como as estrelas. Em primeiro lugar, o rei foi destronado, de acordo com a profecia de que o Sol se apagaria. Os senadores e cônsules continuaram a brilhar por mais um tempo, e então a escuridão cobriu totalmente a rainha das nações.

Devemos lembrar-nos de que Roma era o seu próprio inimigo. Os inimigos reais de Roma, mais do que as tribos bárbaras, eram a imoralidade e a corrupção que abriram caminho para o ataque dessas tribos.

As últimas três trombetas foram mais severas do que as primeiras que já tinham soado. Agora, por causa da grande apostasia, o cristianismo seria atacado por algo novo – o surgimento do islamismo, ou a religião muçulmana. Os cristãos insistiam na idolatria, em adorar mais de um deus — e agora teriam que enfrentar uma religião pagã que adorava apenas um deus.

Você pode ler sobre Apocalipse 8 aqui

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