Ano Bíblico 2021 – 167° Dia – O Sexto Selo de Apocalipse 6: 12-17: Os Fenômenos Celestiais e Terrestres

O sexto selo: Fenômenos Celestiais e Terrestres – Apocalipse 6: 12- 17

“Vi quando o Cordeiro quebrou o sexto selo. Houve um grande terremoto, o sol se tornou negro como pano de saco feito de crina, a lua ficou toda vermelha como sangue, as estrelas do céu caíram sobre a terra, como a figueira deixa cair os seus figos verdes quando sacudida por um vento forte, e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola.

Então todos os montes e as ilhas foram movidos do seu lugar. Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos:

— Caiam sobre nós e nos escondam da face daquele que está sentado no trono e da ira do Cordeiro! Porque chegou o grande Dia da ira deles, e quem poderá subsistir?”

Texto estudo 1: Comentário de Jacques B. Doukhan

Caos Cósmico

Para o lamento das vítimas massacradas, responde o grito de terror dos opressores que tremem diante da cólera de Deus. A abertura do sexto selo revela o outro aspecto da justiça de Deus.

No quinto selo vimos o julgamento de Deus da perspectiva das vítimas, pois elas clamavam por vingança (Apocalipse 6:10). O julgamento foi um evento de salvação e de graça que revestiu as vítimas com “vestes brancas.” Agora o julgamento se volta contra o opressor em fúria encolerizada. Esses dois aspectos são complementares, duas facetas da salvação. Para salvar verdadeiramente, Deus deve criar de novo, e a criação do novo necessita a destruição do velho.

O pecado da humanidade tem repercussões através do universo. O evento da Criação já aludiu a uma interdependência entre a humanidade e seu meio ambiente. A raça humana e a natureza estão inseparavelmente ligadas. O efeito da desobediência de Adão se espalhou para a natureza na forma de espinhos e ervas daninha. A iniquidade das primeiras gerações da humanidade levou ao dilúvio. A perversidade dos habitantes de Sodoma e Gomorra consumiu-os no fogo de enxofre. A terra de Canaã vomitou seus habitantes por causa de suas iniquidades.

Os profetas de Israel também enfatizaram o princípio de co-dependência. Moisés, Oséias, Isaias e Jeremias todos lembraram Israel de sua responsabilidade para com o cosmo. O pecado afeta a vegetação, animais, tempo, montanhas e especialmente homens e mulheres. No Novo Testamento a morte de Yeshua o Messias sacudiu a terra e trocou a luz do dia pela escuridão de desespero.

Cada crime é contra ambos a humanidade e o universo. Assim Deus dirige Sua cólera contra a terra toda, contra todas as pessoas. Os olhos do profeta seguem este ódio para o âmago do coração de nossa civilização. O tempo do fim se divide em duas fases: A primeira afeta a terra: “E houve um grande terremoto; e o sol tornou-se negro, como um saco de cilício e a lua tornou-se como sangue; e as estrelas do céu caíram sobre a terra” (Apocalipse 6:12, 13). Alguém relembra o fenômeno natural que ocorreu entre o fim do século dezoito e a primeira parte do século dezenove. O terremoto de Lisboa (1 de nov. 1755) matou 70.000 pessoas, metade da população da cidade. Escuridão anormal afetou áreas dos Estados Unidos e outros lugares entre os anos 1780 a 1880. O povo observou uma chuva de meteoritos de excepcional intensidade entre os anos 1800 e 1900 na Europa, Américas, África e Ásia.

É interessante notar que os eventos coincidem com o fim do tempo de sofrimento, como previsto pelo profeta Daniel, um período já notado no calendário profético como um tempo de remissão para os oprimidos pela igreja. Nós estamos no final dos 3 anos e meio (Daniel 7:25).47 A Revolução Francesa já havia neutralizado a ameaça da igreja. Os sinais cósmicos de fato tomaram um novo significado à luz da visão profética, confirmando que a história está marchando para seu fim. Do tempo do fim, nos movemos para o fim do tempo.

Devemos sobrepor a visão do sexto selo sobre aquela do quinto. Os dois selos ocorrem no mesmo espaço de tempo e conta para os mesmos eventos, mas de uma perspectiva diferente. No quinto selo a visão profética revelou o sofrimento do povo de Deus onde eles suspiraram “Até quando?” e juntaram suas vozes com os oprimidos de Daniel 8. Isso nos leva ao meio do século dezenove.

A visão então lampejou uma cena depois da história humana, uma de graça e juízo onde os oprimidos receberam vestes brancas.

Do mesmo modo, a visão do sexto selo antecipa, além do tempo do sofrimento (séculos dezoito e dezenove), a exterminação final do opressor. Esta segunda fase ocorre no céu: “o céu recolheu-se como um livro que se enrola” (Apocalipse. 6:14). O evento agora envolve toda a terra. A linguagem já alude ao caráter universal do evento através de um modo típico hebraico de citar as partes para expressar a totalidade da coisa: “todos os montes e ilhas” (verso 14); “reis da terra… chefes militares… todo escravo, e todo livre” (verso 15). A ira de Deus invade a terra em sua totalidade. O destino de o universo estar em Suas mãos. Sua ira envolve tudo e todos. O sexto selo fecha com a visão de Deus “assentado sobre o trono” (verso 16) e com a questão angustiada que conclui o oráculo: “quem poderá subsistir?” (verso 17).

Mesmo esta questão real acende uma centelha de esperança – o paradoxo da esperança bíblica, a qual ocorre quando não há mais esperança. O Apocalipse empresta a questão dos profetas Naum e Malaquias, que a usam para encorajar o fiel: “Quem pode manter-se diante do seu furor?… e por ele as rochas são fendidas.

O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia; e conhece os que nele confiam.” (Naum 1:6,7; cf. Malaquias 3:2,3).

Do mesmo modo, no Apocalipse, a questão se abre num interlúdio que interessa aos sobreviventes do grande caos cósmico.

Referência
47 Ver Doukhan, Secrets of Daniel, pp. 108-110.

Texto estudo 2: Comentário Dr. Henry Feyerabend

O dia 12 de novembro de 1755, dia de Todos os Santos, um sábado, amanheceu com céu claro e luminoso. Mas, às 9h30, o chão rugiu e estremeceu. Casas, igrejas, edifícios do governo e palácios balançaram como varas ao vento. Construções de alvenaria ruíram, pilares e vigas de mármore partiram-se como palitos, telhados e paredes tombaram ao chão.

Não foi só Lisboa que sofreu o efeito desse terremoto. O tremor abalou outras cidades europeias e norte-africanas também. Rios e lagos se agitaram até na Escandinávia, e uma onda enorme atingiu a ilha de Barbados, no Caribe, a cerca de 6.500 quilômetros. O historiador Ernest Montieth visitou a Biblioteca Gosling Memorial em Saint Johns, Newfoundland, onde achou um livro que dizia que os efeitos do terremoto foram sentidos em sua província. Eis a descrição: Fui informado por vários respeitáveis indivíduos que, no tempo do grande terremoto de Lisboa, em 1755, seus efeitos foram sentidos em Bonavista. O mar esvaziou-se, deixando o leito do porto seco por uns dez minutos, quando outra vez se encheu, e subiu até um nível fora do normal inundando vários prados durante o mesmo espaço de tempo de quando se esvaziou. As águas em cada lado do cabo estavam muito agitadas (Ernest Monteith, The Lord is My Shepherd, pág. 3).

O dia escuro: Já houve muitos dias escuros e encobertos na História. A sexta-feira negra em maio de 1780 foi o maior de todos. Que dia! A escuridão começou em Connecticut, ao redor das dez da manhã, proveniente do Sudoeste. Dali, ela foi rapidamente na direção norte, cobrindo vários outros estados. Cães, galinhas e pássaros perceberam que havia algo anormal. Por volta do meio-dia, muitos estavam totalmente preocupados pensando que o fim do mundo tinha chegado. Um pastor presbiteriano, ao ser procurado por pessoas em busca de conforto espiritual, nada pode oferecer. Em vez disso, insistia que o evento era o cumprimento da profecia e que foram os pecados delas que o causaram.

O grande poeta americano John Greenleaf Whittier escreveu sobre diversos assuntos. Entre os seus poemas menos conhecidos está um chamado “Abraham Davenport”. O poema descreve vividamente uma cena que ocorreu no palácio do governador, durante o dia escuro de 1780. A escuridão foi tão impressionante que a Câmara dos Deputados suspendeu seus trabalhos. No palácio do governador, entretanto, o coronel Davenport ousou propor algo diferente. Sua proposta foi: “Deixemos que Deus faça o Seu trabalho, e nós cuidaremos do nosso. Tragam as velas.”

A Lua tornou-se como sangue: O próximo item da profecia é a Lua tornando-se como sangue. E assim foi. Na noite que seguiu o dia escuro, as pessoas olharam para o céu e viram a Lua vermelha como sangue.

O próximo sinal foi a queda das estrelas. W. G. Fisher, astrônomo da Universidade de Howard, disse: “Na madrugada do dia 13 de novembro de 1833, as pessoas dos Estados Unidos foram despertadas com estrelas cadentes.”

Um astrônomo francês chamado Flamarion comparou aquela queda de estrelas com a intensidade de uma tempestade de neve. Peter McMillman, na revista The Tekscope [O Telescópio], estimou que de 100 mil a 200 mil estrelas caíram em uma hora.

Esse extraordinário evento começou a atrair a atenção ao longo da costa leste por volta das nove horas, na noite anterior. Às duas da manhã, o brilho era o suficiente para acordar as pessoas. Nas Grandes Planícies, índios americanos registraram o evento em seus calendários, e nomearam aquela estação de inverno como “Cheio de Estrelas” ou “Tempestade de Estrelas”.

Em Manitoba, alguém que visitava a tribo Assiniboine encontrou um velho índio que tinha um bastão cheio de entalhes, um para cada ano de vida. Na ocasião, ele tinha 104 anos, e lembrava ao visitante que, quando ele era criança, o grande deus branco do céu ficou zangado e cuspiu fogo de sua boca. Apontou, então, para o entalhe do bastão que indicava o ano em que isso ocorreu, sendo reconhecido pelo visitante como o ano de 1833, ano em que ocorreu a queda das estrelas.

Um jornal de Toronto descreveu o evento como um “Fenômeno Atmosférico”, descrevendo “a mais esplêndida exibição de luzes de meteoros já vista”. O repórter disse: “Aqueles que testemunharam a cena foram afetados de variadas maneiras, alguns com deleite, outros com apreensão maligna; todos estavam atônitos, todavia. Alguns expressaram seu sentimento exclamando: ‘O céu está caindo aos pedaços.”

Em um livro que se encontra na biblioteca da Universidade de Toronto, Thomas Conant conta detalhes desse evento. Ele fornece o testemunho da consternação e da experiência assustadora dos que viram a queda das estrelas. Menciona um homem chamado Horace Hutchinson, um marinheiro que trabalhava para o seu pai, que ficou tão impressionado que escreveu um verso descrevendo o evento:

Lembro muito bem o que vi

Em mil oitocentos e trinta e três

Quando, assustado, eu percebi

As estrelas se soltando de seus lugares

O Sr. Conant prossegue, dizendo: “Ele era melhor marinheiro do que poeta, mas mesmo assim, por pior que fossem os seus versos, eles se tornaram populares nos anos trinta, numa grande seção do Distrito do Lar, da qual isto faz parte.

Os eventos que estudamos são muito importantes em três aspectos: (1) Sua magnitude. Todos eles chamaram a atenção do mundo inteiro e tiveram impacto nas pessoas que viveram naquele tempo. Ainda mais importante do que isso, todavia, foi (2) a sua localização. Eles ocorreram na Europa e na América do Norte, onde as pessoas estavam estudando a Bíblia e analisando as profecias, cuja importância elas já percebiam. Como aponta Mervin Maxwell, um dia escuro sobre o deserto do Saara ou a Nova Guiné teria pouquíssimo significado para um caçador canibal ou um nômade muçulmano. E (3) o momento em que eles aconteceram. Eles ocorreram no tempo exato e na ordem correta.

Já me encontrei com muitos ateus, mas nenhum deles conseguiu explicar como Deus pôde antecipar com exatidão o que aconteceria em nosso mundo.

v.13- “as estrelas do céu caíram sobre a terra, como a figueira deixa cair os seus figos verdes quando sacudida por um vento forte, 

v.14- “e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então todos os montes e as ilhas foram movidos do seu lugar.”

O que foi descrito no verso 14 ainda não aconteceu. Os eventos do verso 13 já ocorreram. Você e eu estamos vivendo entre os versos 13 e 14 de Apocalipse 6. O próximo evento no programa de Deus está descrito no verso 14. O céu se retira como um rolo. Cada montanha e cada ilha serão removidas: as majestosas Montanhas Rochosas canadenses, os Andes da América do Sul os Alpes Suíços, o Monte Evereste, e Bermudas, Jamaica e as Ilhas Havaianas. E então acontece uma grande reunião, quando as pessoas que não têm tempo para frequentar os cultos de oração vão acabar orando – não para Deus, mas para que as rochas e montanhas caiam sobre elas. Eu não quero estar nessa reunião de oração.

Texto Estudo 3: Comentário Hans K. LaRondelle

Hans LaRondelle

A abertura do sexto selo descreve a resposta final de Cristo ao clamor das almas “debaixo do altar” (Apocalipse 6:10). Anuncia sua chegada como o Guerreiro divino com os mesmos sinais cósmicos no céu e na terra como as que fez Deus quando apareceu como o Rei de Israel. Moisés descreveu a manifestação do Jeová no monte Sinai dizendo: “Houve trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu. […] Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente. E o clangor da trombeta ia aumentando cada vez mais” (Êxodo 19:16,18, 19).

Esta vinda de Deus sobre o monte Sinai esteve acompanhada por um terremoto violento, o escurecimento do sol com uma nuvem espessa e fumaça, e um som forte de trombeta. Fez com que todo o povo tremesse com temor (Êxodo 20:18, 19). Esta descrição de Moisés foi adotada pelos profetas de Israel como o arquétipo de todas as teofanias seguintes. Descreveram cada visitação do Senhor em favor de seu povo com sinais cósmicos similares às da teofania do monte Sinai.

Além do terremoto e dos trovões, acrescentaram granizo, uma forte chuva, o secamento repentino de um rio, um pânico aterrador entre os inimigos de Deus e seu povo, e até o sol, a lua e as estrelas como participando da guerra santa de Deus a favor de seu povo do pacto (ver Josué 3:13; 4:22-24; 5:1; Qui. 5:20, 21; 1 Samuel 7:10; 14:15, 20; Josué 10:11-14). Este aspecto cósmico proveu uma prova dramática de que o Deus do pacto também era o Criador do céu e da terra. Fez com que as nações pagãs reconhecessem que o Deus vivente estava do lado do Israel (Êxodo 14:25). Raabe de Jericó disse: “Ouvindo isto, desmaiou-nos o coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor, vosso Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra” (Josué 2:11 ).

Um grande terremoto, chuva e tormenta de granizo e o obscurecimento do sol e das estrelas chegaram a ser parte dos anúncios da aparição de Deus nas predições do “dia de Jeová” (Yom Yahveh) como o dia do juízo (ver Ezequiel 38:19-23; Joel 2:30, 31; Isaías 24:1-4, 13, 18-23; Jeremias. 4:23-28).

A Teologia Hebraica dos Sinais Cósmicos

A predição de sinais cósmicos no céu e na terra não tinha o propósito de ser uma predição de alguns fenômenos isolados e intermitentes. Os sinais cósmicos têm um significado teológico na teologia hebraica porque foram descritas como manifestações do Criador vindo como Rei e Guerreiro santo em favor de seu povo do pacto […]. Joel declara que o obscurecimento do sol ocorrerá “antes que venha o dia grande e espantoso de Jeová” (Joel 2:31). Entretanto, em suas outras duas predições, Joel não indica nenhuma perspectiva dos sinais celestes fora do ponto de vista padrão profético: que os sinais introduzem e acompanham a manifestação do dia do juízo (2:10, 11; 3:15, 16).

Os profetas nunca sugeriram que podemos esperar para ver algum sinal insólito no céu ou na primeira terra, antes de nos converter ao Senhor. Seu simbolismo cósmico tinha o propósito de motivar o povo de Deus a arrepender-se agora (ver Joel 1:15; 2:1, 10-17). Os profetas nunca estiveram preocupados em ensinar uma ordem determinada de sinais cósmicos. De fato, sentiram-se livres para mudar o modelo dos sinais, algumas vezes deixando que o terremoto precedesse aos cataclismos celestes e outras vezes que o seguisse (Joel 2:10 e 3:15, 16; também Isaías 13:10-13 e 24:18-23; além disso, Jeremias 4:23-28).

O profeta Ageu inclusive menciona um terremoto apocalíptico como um sinal cósmico: “Porque assim diz Jeová dos exércitos: daqui a pouco eu farei tremer os céus e a terra, o mar e a terra seca; e farei tremer a todas as nações…” (Ageu 2:6, 7). Este futuro terremoto universal não se apresenta como um desastre isolado para informar o mundo da presciência de Deus a respeito de um terremoto vindouro. Ageu apresenta sua predição de uma maneira similar à que houve no Monte Sinai para anunciar a visitação final de Deus sobre a terra, para julgar o mundo e para estabelecer sua glória messiânica sobre a terra (v. 7). A carta aos hebreus aplica a predição do Ageu ao terremoto cósmico ao fim da era cristã: “Agora, porém, ele promete, dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a terra, mas também o céu. Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas que não são abaladas permaneçam. Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hebreus 12:26-29).

Esta aplicação do terremoto profetizado por Ageu mostra que o Novo Testamento toma sua linguagem descritiva literalmente para falar de um terremoto cósmico de todas as “coisas criadas” que ocorrerá no fim da era cristã. Isto corresponde exatamente com a abertura do sexto selo em Apocalipse 6:12: “Houve um grande terremoto…” Não será algum sinal de advertência que proporcionará lugar para um período de arrependimento. Simplesmente introduzirá a era vindoura de glória messiânica (ver Ageu 2:7-9). O propósito moral tanto de Ageu como da carta aos Hebreus é claramente levar a um compromisso para adorar a Deus agora, não quando ocorrer o terremoto cósmico! Além disso, aprendemos a lição importante de que o terremoto apocalíptico não se apresenta como um precursor isolado do dia do juízo, mas sim como a mesma manifestação desse dia.

A Predição de Cristo de Grande Aflição para seus Escolhidos

O discurso profético de Jesus está apoiado no livro apocalíptico do Daniel (ver Mateus 24:15). Indicou a seus discípulos onde estavam no esboço profético da história da salvação. Naquele tempo Jerusalém e seu templo estavam a ponto de ser destruídos pelo inimigo de Israel que se aproximava (Lucas 21:21-24), em cumprimento da profecia de Daniel (Lucas 21:22; Daniel 9:26, 27). Além disso, Jesus ressaltou uma preocupação ulterior para seus discípulos que ficariam depois da destruição de Jerusalém. “Porque nesse tempo haverá grande tribulação [thlípsis], como desde o princípio do mundo não tem havido até agora e nem haverá jamais” (Mateus 24:21). Esta maneira de expressar também se deriva da profecia de Daniel e exige um olhar mais detido:

Mateus 24:21Daniel 12:1
“Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora e nunca jamais haverá.”“— Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do povo de Deus, e haverá tempo de angústia, como nunca houve, desde que existem nações até aquele tempo. Mas, naquele tempo, o povo de Deus será salvo, todo aquele que for achado inscrito no livro.”

Existe um consenso comum de que Cristo em sua predição da “grande tribulação” referiu-se à tribulação do tempo do fim do povo de Deus em Daniel 12:1, a que será abreviada pelo levantamento de Miguel como o Guerreiro divino. Entretanto, Jesus aplicou essa tribulação vindoura a seus próprios seguidores durante toda a era cristã (ver Mateus 24:21, 22, 29). Jesus não restringiu sua aplicação da tribulação do tempo do fim de que fala Daniel a um período determinado dentro da época da igreja.

O contexto imediato em Mateus 24 (e em Marcos 13) conecta a “tribulação” diretamente com a destruição de Jerusalém (Mateus 24:21; ver Marcos 13:18, 19). Jesus cobre todos os períodos de angústia para seus verdadeiros seguidores, começando com a tribulação sob o judaísmo e Roma imperial (ver Marcos 13:9; Apocalipse 2:10), e depois com a morte de seus discípulos “por todas as nações” (Mateus 24:9, CI) durante os séculos da Idade Média aos quais tinha indicado Daniel 7:25. Mas agora Jesus usou a frase “grande tribulação” (Mateus 24:21, 22) não de Daniel 7 mas sim de Daniel 12:1 (ver o gráfico anterior). Assim como em Daniel 12:1, Jesus enfatizou também a natureza sem precedentes da tribulação na história humana (Mateus 24:21). Anunciou que a tribulação seria “abreviada” por causa dos escolhidos naqueles dias ou nenhum sobreviveria àquela aflição (Mateus 24:22; Marcos 13:20). Este “abreviar” os dias corresponde exatamente com a promessa que apresenta Daniel, que Miguel se levantaria “naquele tempo” (o “tempo do fim”, Daniel 11:40-45) para liberar a seu povo por meio de sua intervenção sobrenatural (Daniel 12:1). A libertação de Miguel abrevia a última aflição, ou não sobreviveria nenhum do povo de Deus.

A divina “interrupção” da aflição global para prevenir a aniquilação completa dos escolhidos dos quais Jesus fala no Mateus 24:22, pode aplicar-se como um cumprimento parcial do surgimento do protestantismo e do seguinte período do Iluminismo ou o “século das luzes”, que obteve gradualmente a liberdade religiosa e o fim da perseguição.

Em resumo, Jesus predisse dias de “aflição” para seus seguidores não singularizando um tempo particular de perseguição sob o judaísmo, sob Roma imperial, sob Roma papal ou sob a cristandade apóstata. Abrange todo o período entre os dois adventos, com uma ênfase especial sobre a aflição universal e intensiva no fim da história, a qual assinala em Mateus 24:21 com palavras derivadas de Daniel 12:1.

Este alcance exaustivo dos dias de aflição é também o alcance do quinto selo em Apocalipse 6:9-11. O clamor dos mártires mortos não provém exclusivamente de um período de perseguição, mas sim de todo o tempo da era cristã “até que se completasse o número de seus conservos, que também tinham que ser mortos como eles” (Apocalipse 6:11). A aflição final para os seguidores de Cristo será abreviada pela intervenção e a libertação divinas.

Os Sinais Cósmicos Seguem-se à Aflição Final

Jesus terminou sua predição profética com esta promessa: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem…” (Mateus 24:29, 30).

Nesta metáfora cósmica, Jesus também usa as palavras dos profetas. Inclusive combina em uma imagem o que Isaías descreveu em dois conceitos sobre o dia do Senhor (Isaías 13:10 e 34:4). Como a perspectiva de Isaías não se enfocava nos sinais astronômicos em si, a não ser sobre a aparição do Jeová como o Santo guerreiro, assim a mensagem central do Jesus no Mateus 24 não se centra sobre os sinais celestiais como tais, a não ser no “sinal” de que virá como o designado “filho de homem” da profecia do Daniel (Mateus 24:30), e que ele juntará não a nação escolhida, a não ser seus próprios escolhidos de todas as tribos da terra (V. 31; Marcos 13:27; cf. Mateus 8:11,12).

A frase, “logo em seguida à tribulação daqueles dias” (Mateus 24:29), ou “naqueles dias, após a referida tribulação” (Marcos 13:24), encaixa no tempo do fim de Daniel 12:1, o qual também assinalava ao quinto selo de Apocalipse 6:11. Essa “tribulação” seria abreviada por causa dos escolhidos de Cristo mediante o resgate imediato de Miguel (Daniel 12:1), quem aparece com os sinais cósmicos como o Filho do Homem em seu carro de nuvens (Mateus 24:30; Marcos 13:27).

Toda a ideia-chave do discurso profético de Jesus é a nova reinterpretação cristológica do dia de Jeová, e esta foi uma notícia espantosa para o judaísmo. O dia do Senhor chegou a ser o dia do Senhor Jesus. Esta verdade fundamental chegou a ser uma parte essencial do evangelho apocalíptico (ver 1 Coríntios 1:8; 2 Coríntios 1:14; 2 Tessalonicenses 2:2; Filipenses 1:10). O simbolismo cósmico padrão de Israel, centrado na teofania de Jeová, é reconstituído por Jesus como apoiando-se em sua própria cristofania gloriosa. O segundo advento de Cristo revelará a todas as nações sua glória messiânica como o Filho de Deus.

Exegese Literal do Sexto Selo

Seguimos o método reconhecido para fazer uma exegese responsável quando examinamos o uso anterior da linguagem e o tema do sexto selo nos outros livros da Bíblia. Nenhum texto no Apocalipse deve ser interpretado isolado de seu contexto imediato e de seu contexto mais amplo. O procedimento contextual é nosso amparo contra qualquer exegese especulativa ou forçada. Permite lançar um olhar novo a nossas interpretações correntes com a possibilidade de descobrir uma compreensão mais adequada.

Temos descoberto uma teologia consistente dos sinais cósmicos nas profecias e teofanías do Antigo Testamento que estão enraizadas na narração da criação de Gênesis 1. O fato de que o Deus do pacto de Israel é ao mesmo tempo o Criador do céu e da terra proporciona a razão fundamental teológica para os fenômenos naturais excepcionais que ocorrem à aparição do Criador. Tais transtornos, literais e dramáticos, nas leis da natureza sobressaltam tanto a crentes como a incrédulos com um esmagador sentido de insegurança de enfrentar o Criador como o Juiz de toda a terra. Virtualmente, todas as profecias de condenação incluem a linguagem figurada cósmica como a introdução ao dia final da guerra santa a favor do Israel de Deus.

Aprendemos do discurso profético de Jesus (Mateus 24 e paralelos) que sua volta como o “filho de homem” de Daniel 7 foi o “sinal” designado (Mateus 24:30) para o qual olhar. Os sinais celestiais sobrenaturais introduzirão e acompanharão imediatamente sua vinda. Então se lamentarão todas as linhagens da terra, quer dizer, estarão cheios de um remorso amargo por causa dele (Mat. 24:30; Apocalipse 1:7). Não há nenhuma sugestão em Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21 de que os sinais celestiais são sinais de admoestação para arrepender-se e preparar-se para sua vinda.

Só o Evangelho de Lucas nos diz que quando acontecerem os cataclismos finais sobre a terra e nos céus, “exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima” (Lucas 21:28). Esse não será o tempo para que os que não se prepararam recebam outro apelo ao arrependimento. George R. Knight o recapitula adequadamente: “Dessa maneira, o modelo do Mateus 24 parece ser que os sinais reais não são sinais da proximidade e sim sinais da vinda. Os sinais menos precisos são para animar os crentes a manter-se vigiando, esperando e trabalhando”.7

No Apocalipse, Cristo reiteradamente coloca o evento de sua volta no centro, inclusive como a medula de todo o livro (Apocalipse 1:7; 6:12-17; 14:14-20; 17:14; 19:11- 21). O sexto selo começa com um estremecimento cósmico que sacode tanto a terra como os céus (6:12-14). Descreve o efeito universal sobre os moradores da terra que não têm refúgio contra a “ira do Cordeiro” (vs. 15-17).

O sexto selo nos deixa com a impressão de que haverá uma ruína universal de toda a humanidade. Todos exclamam: “Quem poderá ficar de pé?” (Apocalipse 6:17, BJ).

A resposta a esta pergunta cheia de ansiedade se apresenta em forma extensa no capítulo 7, um dos capítulos mais consoladores no livro do Apocalipse. Ali encontramos a verdadeira motivação para o arrependimento em preparação para sua vinda: precisamos ser selados com o selo do Deus vivo antes que se soltem os ventos finais de juízo (7:1-3).

O Terremoto Apocalíptico

O sexto selo se abre com: “E sobreveio grande terremoto” (Apocalipse 6:12). Este característico requer uma atenção cuidadosa olhando as referências recíprocas em outros livros da Bíblia. No Antigo Testamento, um “terremoto” tem um significado teológico. Constitui uma característica regular da aparição de Deus a Israel (uma teofania), do tempo quando desceu sobre o monte Sinai com um terremoto (Êxodo 19:18; Salmo 68:7, 8; ver também Salmo 144:5; Isaías 64:1, 3).

Enquanto o Antigo Testamento fala frequentemente de terremotos locais como manifestações das visitações de Jeová como Santo Guerreiro em favor de Israel, os profetas descrevem o último terremoto na história da salvação como um estremecimento cósmico que sacudirá a terra e todos os corpos celestiais (ver Joel 2:10, 11; Isaías 2:19-21; 13:10, 11, 13; Sofonias 1:2, 3). Este estremecimento global do céu e da terra como a introdução à glória messiânica de uma nova terra se apresenta na perspectiva apocalíptica de Ageu: “Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, e farei tremer os céus, e a terra, e o mar, e a terra seca; e farei tremer todas as nações, e virá o Desejado de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos ” (Ageu 2:6, 7).

A predição de Ageu se aplica a um tremor literal cósmico que introduz a segunda vinda de Cristo em Hebreus 12:26 e 27. Este terremoto apocalíptico se distingue claramente de todos os terremotos locais anteriores que Jesus tinha anunciado como o “princípio de dores” (Mateus. 24:7, 8; Marcos 13:8). Todos os terremotos locais podem ser interpretados como chamados a despertar para preparar-se para a vinda de Cristo; como fortes motivações para arrepender-se antes que seja muito tarde (ver Lucas 13:4,5).

A qual das duas categorias pertence o “grande terremoto” do sexto selo (Apocalipse 6:12), à cósmica ou a local? Não todos os terremotos que aparecem no Apocalipse se descrevem com o tremor cósmico que sacode tanto o mundo como os corpos celestiais. Por exemplo, o “grande terremoto” em Apocalipse 11:13 está caracterizado por sua colocação em “o segundo ai”, durante a sexta trombeta, como um sinal preliminar de advertência, com o propósito de levar ao arrependimento. Além disso o descreve como um tremor local, porque “a décima parte da cidade se derrubou, e pelo terremoto morreram em número de sete mil homens; e todos outros se aterrorizaram e deram glória ao Deus do céu” (Apocalipse 11:13). Este tremor local se distingue do terremoto universal que ocorrerá durante a sétima trombeta ou o “terceiro ai” em Apocalipse 11:19, que ulteriormente se amplia na sétima praga (16:17-21).

O Grande Terremoto do Sexto Selo (Apocalipse 6:11-14)

Menciona o sexto selo dois terremotos diferentes, um local (Apocalipse 6:12) e um cósmico (v. 14)? Nem a sétima trombeta nem a sétima praga mencionam dois terremotos. Em Mateus 24, Jesus não se referiu a nenhum terremoto particular no tempo do fim. Entretanto, a resposta a nossa pergunta pode encontrar-se no mesmo contexto do sexto selo. O estilo literário de Apocalipse 6:12-14 e 15-17 assinala a seu significado. A primeira unidade dos versículos 12-14 mostra o modelo do ABB1A1, a estrutura típica do paralelismo inverso:

A. Há um grande terremoto.

    B. O sol, a lua e as estrelas funcionam mau.

    B1. O céu se desvanece como um pergaminho que se enrola.

A1. Todo monte e toda ilha se remove de seu lugar.

O argumento literário descreve uma sacudida do céu e da terra, exatamente como haviam predito Ageu (2:6) e Hebreus (12:26, 27). “Porque assim diz Jeová dos exércitos: daqui a pouco eu farei tremer os céus e a terra, o mar e a terra seca”.

Nenhum terremoto local pode igualar a finalidade e as dimensões universais das descrições de Ageu, de Hebreus e a do sexto selo.

Apocalipse 6:12-14 descreve em primeiro lugar os sinais cósmicos na terra e no céu (A e B); depois continua descrevendo os efeitos destes sinais na ordem inversa: no céu (B1) e na terra (Ao terremoto mencionado em “A” é a origem dos efeitos universais mencionados em “A1: o desaparecimento dos montes e das ilhas. Uma descrição similar de causa e efeito pode ver-se na sétima praga, onde se menciona primeiro um terremoto tremendo e universal (ver Apocalipse 16:18), seguido por seu efeito sobre Babilônia e sobre os montes e as ilhas (vs. 19, 20). A descrição da sétima praga é um paralelo literário surpreendente com a do sexto selo! Precisamos entender ambos da mesma maneira. Este paralelo indica que o sexto selo não projeta dois terremotos diferentes, com centenas de anos entre eles (em Apocalipse 6:12-14).

Para entender a composição literária que João apresenta dos cataclismos no céu durante o sexto selo, é instrutivo observar sua adoção da descrição que faz Isaías do juízo mundial devastador de Deus: “Todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um pergaminho; todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide e a folha da figueira” (Isaías 34:4).

“Porque as estrelas dos céus e os astros não deixarão brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz… Pelo que farei estremecer os céus; e a terra se moverá do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos Exércitos e por causa do dia da sua ardente ira” (Isaías 13:10, 13).

Nesta linguagem figurada tão vívida que formula os aspectos espantosos do dia do Senhor, não temos à vista uma ordem de acontecimentos e tampouco há indicação bíblica de que o sexto selo tenha o propósito de ensinar uma ordem específica de eventos (ver no cap. VI a seção “A teologia de Cristo dos sinais cósmicos”).

Na unidade seguinte (Apocalipse 6:15-17), João descreve o impacto universal do estremecimento cósmico sobre o mundo político, militar, econômico e social. Em vão tratam de procurar refúgio ante o Juiz da terra. Dessa maneira o sexto selo descreve a ordem progressiva de causa e efeito. Se compararmos as descrições do terremoto apocalíptico do Apocalipse, observamos uma ampliação gradual do mesmo na sétima trombeta e na sétima praga:

Apocalipse 6:12-14Apocalipse 8:5Apocalipse 11:19Apocalipse 16:18,20 – 21  
Vi quando o Cordeiro quebrou o sexto selo. Houve um grande terremoto, o sol se tornou negro como pano de saco feito de crina, a lua ficou toda vermelha como sangue, 13as estrelas do céu caíram sobre a terra, como a figueira deixa cair os seus figos verdes quando sacudida por um vento forte, 14e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então todos os montes e as ilhas foram movidos do seu lugar.Então o anjo pegou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da sua aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e forte chuva de granizo.E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu um grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra, tal foi o terremoto, forte e grande. […]. 20Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados. 21Também desabou do céu sobre as pessoas uma grande chuva de granizo, com pedras que pesavam mais de trinta quilos. E, por causa do flagelo da chuva de pedras, as pessoas blasfemaram contra Deus, porque esse flagelo do granizo era terrível.

Este desenvolvimento progressivo do terremoto cósmico não é, obviamente, a predição de dois ou mais terremotos. A composição literária do Apocalipse ensina um terremoto final e cósmico, que se amplia na descrição de cada série seguinte, em harmonia com a crescente severidade dos juízos das trombetas e as pragas à medida que se aproxima o fim.

É significativo que João se apropria em forma consistente das antigas profecias do dia do Senhor para sua descrição do sexto selo. Isto é especialmente verdade de sua adoção dos sinais cósmicos de Isaías (13:10, 13; 24:18, 19, 23; 34:4, 8) e do Joel (2:10, 11, 30, 31; 3:14-16). João não encontrou nos profetas uma lista uniforme de sinais cósmicos! Inclusive troca o arranjo de sua fonte principal, Isaías 34:4, em sua própria descrição em Apocalipse 6:12-14. A preocupação dominante de João não é criar uma ordem cronológica determinada de sinais cósmicos, a não ser colocá-las ao redor de Cristo como o novo centro e meta dos cataclismos finais no universo, em harmonia com o próprio entendimento de Jesus em Mateus 24:29-31. Este empréstimo penetrante do Antigo Testamento destaca a unidade teológica de ambos os Testamentos e seu panorama apocalíptico comum. Ambos os Testamentos revelam um Criador-Redentor e um dia de juízo (ver Hebreus 1:1, 2; Apocalipse 6:17).

Em conclusão, o sexto selo não pode ser entendido corretamente por si mesmo, divorciado dos cinco selos anteriores. O sexto selo é a consumação dos selos anteriores. O clamor dos mártires por vindicação foi respondido só em um sentido preliminar com a vindicação celestial (“as vestimentas brancas”) sob o quinto selo.

Têm que “esperar um pouco de tempo”, até que se complete a tribulação do tempo do fim para o povo de Deus (Apocalipse 6:11). O sexto selo não se abre com outro período de espera para os santos mortos e vivos, a não ser com a chegada do dia de ajuste de contas, o dia de justiça e vindicação.

Referências

6. Ibid., p. 313.

7. Knight, Matthew. Bible Amplifier, p. 237.

Texto Estudo 4: Comentários Jon Paulien

Jon Paulien

A abertura do sexto selo desencadeia gigantescos fenômenos celestiais e terrestres. Há um grande terremoto (evidentemente antes e distinto daquele de 16:18), uma série de sinais celestiais, e um terremoto ainda maior que move todas as montanhas e ilhas dos seus lugares (provavelmente o terremoto de Apocalipse 16:18).

O terremoto final leva ao grande terror da humanidade não salva, que  se utiliza das cavernas e rochas das montanhas em uma fútil tentativa de se esconder da presença daquele que se aproxima e que está assentado sobre o trono e da ira do Cordeiro. Os perdidos bradam: Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?

Os sinais celestiais e terremotos deste selo não são exclusivos a esta passagem. Eles lembram uma longa história de fenômenos semelhantes nas passagens do “dia do Senhor” do Antigo Testamento.105 Talvez, ainda mais importante para João é o uso por Jesus dos sinais celestiais em Mateus 24:29:

Logo em seguida à tribulação daqueles dias,

o sol escurecerá,

a lua não dará a sua claridade,

as estrelas cairão do firmamento,

e os poderes dos céus serão abalados.

A analogia com o Apocalipse Sinóptico argumenta que alguns, pelo menos, destes fenômenos caem logo após o período da grande tribulação a que alude o quinto selo. Que os sinais celestiais devem ser compreendidos como literais é indicado pelo fato de que cada um é seguido por um “como” (hōs) que nesta construção introduz uma analogia figurativa a um evento real.106

O sexto selo, portanto, abarca o período desde o clamor dos mártires até o fim dos tempos. Sendo que os sinais celestiais de 1780 e 1833 tiveram um grande impacto sobre o interesse em desenvolvimento no estudo da profecia, o terremoto de Lisboa de 1755 é o melhor candidato para o terremoto de 6:12.107

Apocalipse 6:14 aponta adiante para a queda final de todas as coisas terrestres e celestiais à medida que elas pertençam a este planeta (cf. 2Pedro 3:9-12).

Referências

105 Ver Ezequiel 32:7-8; Amós 8:8-10; Jeremias 4:23-27; Isaías 34:4; 13:10-13; Naum 3:12; Ezequiel 38:19-20; Ageu 2:6-9; Isaías 50:1-7; Joel 2:28-32; Salmo 102:25-27.

106 Note o seguinte arranjo:

O sol se torna negro……… como (hōs)…… saco de crina.

Toda a lua se torna………. como (hōs)…… sangue.

As estrelas do céu caem sobre a Terra ………….como (hōs)…… deixa cair os seus figos.

O céu se recolhe………..como (hōs) …………… um pergaminho quando se enrola.

107 Muitos têm rejeitado o Dia Escuro e a queda das estrelas como um cumprimento desta profecia porque eles têm sido compreendidos como eventos naturais. Contudo, Deus frequentemente usa eventos naturais para realizar Seus propósitos (ver Êxodo 14:21 e a abertura do Mar Vermelho para Israel). O significado do terremoto de Lisboa, do Dia Escuro e da queda das estrelas em sua época apropriada, seu aparecimento em conexão com os anos finais dos 1260 anos de opressão papal antes e depois de 1798.

Texto Estudo 5 – Comentário Dr Ranko Stefanovic

A abertura do sexto selo por Cristo, o Cordeiro, resulta em sinais cósmicos e cataclísmicos, como o escurecimento do Sol e da Lua, uma chuva de meteoros, um grande terremoto e a convulsão do céu. Esses sinais cósmicos trazem à mente os eventos preditos por Jesus em Mateus 24:29 e 30, que ocorreram no período seguinte ao da tribulação da ldade Média.

No Antigo Testamento, esses acontecimentos normalmente eram acompanhados por uma manifestação de juízo.

Esses eventos sobrenaturais serão testemunhados quando Cristo voltar à Terra. Isaías profetizou que o dia do Senhor virá “como destruição da parte do Todo~poderoso” (Is 13:6, NVI). Nesses versos, João observa pessoas de todas as esferas da vida, cheias de temor, tentando se esconder da terrível calamidade que sobrevirá por ocasião da vinda de Jesus. Pedem às rochas e montanhas que os protejam da ira de Deus e do Cordeiro.

0 dia da ira divina finalmente terá chegado. É com a vinda de Cristo em poder e glória que as orações dos mártires santos debaixo do altar, na cena do quinto selo, finalmente são atendidas (Apocalipse 6:9-11). Chega então o momento de se fazer justiça, quando Jesus “vier para ser glorificado nos Seus santos e ser admirado em todos os que creram” (2Tesselonicenses 1:10).

A cena termina com a pergunta retórica daqueles que estão tomados pelo terror: “Chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?” (Apocalipse 6:17). Essa pergunta ecoa àquela feita pelo povo em Naum: “Quem pode suportar a Sua indignação? E quem subsistirá diante do furor da Sua ira?” (1:6), e em Malaquias: “Mas quem poderá suportar o dia da Sua vinda?

E quem poderá subsistir quando E[e aparecer?” (Malaquias 3:2). Apocalipse 7 responde à pergunta com clareza: aqueles que foram selados por Deus e lavados no sangue do Cordeiro (v. 14).

Livro: Entenda as Grandes profecias de Daniel e Apocalipse

. Estudar o Capítulo 17, Páginas 117-118

  • Igreja da Reforma – Ano 1517 a 1798
  • Tempo do Fim – Ano 1798 até a Segunda Vinda de Jesus

. O Sexto Selo

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