“Quando o Cordeiro quebrou o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizendo:
— Venha!
Então olhei, e eis um cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão. 6E ouvi o que parecia uma voz no meio dos quatro seres viventes dizendo:
— Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifique o azeite e o vinho.” Apocalipse 6:5-6
Texto estudo 1: Comentário de Jacques B. Doukhan – A Jihad Cristã
O terceiro selo abre em uma cena de escuridão: o cavalo preto. Seu cavaleiro segura na mão uma balança para a racionalização da comida, o símbolo de fome, como expressado por Ezequiel: “Filho do homem, eis que quebrarei o báculo de pão em Jerusalém; e comerão o pão por peso, e com ansiedade; e beberão a água por medida, e com espanto” (Ezequiel 4:16).
O cavalo preto segue o cavalo vermelho como a fome à guerra. A voz que surge do meio dos quatro seres parece ser a voz do Cordeiro, desde que Ele também está situado “entre o trono e os quatro seres viventes, no meio dos anciãos” (Apocalipse 5:6). A voz do juiz sentado no trono é assim a voz do Cordeiro, temperando justiça com graça. E de fato, a voz ordena que o óleo e o vinho sejam preservados (Apocalipse 6:6). Normalmente a oliveira e a vinha, por causa de suas raízes profundas, podem resistir períodos de seca melhor do que o trigo e a cevada. Além disso, trigo, óleo e vinho usualmente representam os três principais produtos da terra de Israel. A aparência do terceiro ser, com sua face humana, já alude a tal interpretação. Ele representa a dimensão espiritual versus o aspecto natural e não religioso descrito pelos outros três animais (ver Daniel 4:16, 34; cf. 7:8, 13). A fome, entretanto, simboliza a seca espiritual. Além disso, trigo, óleo e vinho todos tem conotações distintas na Bíblia.
Trigo simboliza a Palavra de Deus.
Óleo simboliza o Espírito Santo.
Vinho simboliza o sangue de Jesus.
A fome e a seca afetam apenas a Palavra de Deus, não atingindo o Espírito Santo e o sangue de Jesus. Dos dois componentes da aliança, o humano – a Palavra de Deus – e o divino – o Espírito Santo e o sangue de Jesus – a fome atinge apenas o humano. No nível humano, a igreja perdeu seu chamado.
Ela não satisfaz a necessidade espiritual e teológica de seus membros. O povo não foi alimentado espiritualmente. A igreja negligenciou o estudo da Palavra de Deus e o entendimento é limitado.
No nível divino, contudo, a influência do Espírito Santo e a graça do sangue de Jesus permanecem ativos entre o povo de Deus, provendo um bálsamo de alívio. É interessante que os antigos usavam tradicionalmente óleo e vinho como tratamento de feridas. Os símbolos são ricos de conotações, e os dois significados de vinho e óleo não são mutuamente exclusivos.
Simbolismo bíblico muitas vezes funciona dessa forma. O vinho e o óleo representam a ação redentiva do Messias e como tal, constituem, um bálsamo sobre as feridas auto infligidas da igreja.
A profecia do terceiro selo reconta o tempo na história durante o qual a igreja se torna tão preocupada em se estabelecer como uma instituição que ela se esquece das necessidades espirituais de seus membros. O “trigo” sendo medido e vendido sugere esta preocupação com a prosperidade material. De novo, o trigo tem duas conotações – aquela da obsessão materialista da igreja e da fome espiritual dos cristãos.
Durante este período a igreja estabeleceu a si mesma como um poder político, com seu próprio território. A Itália tinha acabado de se libertar dos Arianos (538 EC), e a igreja apropriou-se da região. Y. Congar notaria mais tarde que a igreja estava construindo “as bases para uma hierarquia vertical, e por fim uma teocracia de poder.” A história tem considerado Gregório, o Grande (papa 590-604) como o primeiro papa “a acumular ambas as funções política e religiosa.”
Quanto mais a igreja prosperava material e politicamente, mais empobrecida espiritualmente ela se tornava. A instituição em si e suas tradições gradualmente vieram a substituir o estudo da Palavra de Deus. É uma importante lição ainda hoje para as igrejas que procuram se estabelecer por si próprias. Cada vez que a igreja pensou em estabelecer sua estrutura, para adicionar grandeza e estilo, ela ligou a si mesma dentro da pobreza espiritual. Quando as regras formais em lugar do conteúdo, do senso do absoluto, o que realmente conta se perde. Mas existe ainda um risco maior.
Intoxicada pelo seu status político, a igreja começou a considerar a si própria o critério da verdade. Dogma substituiu a Palavra, criando um convite aberto para a opressão e a intolerância.”
Texto estudo 2: Comentário Dr. Henry Feyerabend
“Do branco para o vermelho, e agora do vermelho para o preto. Chegamos ao tempo de Constantino, que dizia ter visto o sinal da cruz no céu, e ouvido uma voz falar: “Em nome deste sinal, conquiste.” E foí assim que ele aceitou nominalmente o cristianismo. Ele conduziu seu exército através de um rio e declarou que todos estavam batizados. Mas ele mesmo só veio a batizar-se pouco antes de morrer, para não ter que mudar seu estilo de vida. O cristianismo, agora, já não era mais ilícito. Era popular.
De fato, as pessoas eram incentivadas a tornar-se cristãs. Até dinheiro e uma muda de roupa eram oferecidos a quem se tornasse cristão. Mas o cristianismo já não era mais puro. Não era mais branco. Era tão corrupto que foi representado por um cavalo preto. As doutrinas pagãs tomaram o lugar das brancas e puras doutrinas da igreja primitiva.
Infelizmente, ao longo do tempo, em vez de a igreja virar o mundo de cabeça para baixo, foi o mundo que virou a igreja de cabeça para baixo. Foi durante esse período que a igreja começou a dominar o Estado ou o governo. E agora não são mais os pagãos que perseguem os cristãos. São os cristãos que passam a perseguir os pagãos.
Uma balança: Nesta visão, João viu uma balança na mão do cavaleiro. “Uma medida de trigo por um dinheiro; e três medidas de cevada por um dinheiro.” Deus havia ordenado que o pão da vida devia ser de graça. Mas agora estava sendo vendido. A religião tornou-se um negócio e, em muitos casos, até hoje ela é um grande negócio. Pessoas e igrejas estão usando a Palavra de Deus para ganhar dinheiro.”
Texto Estudo 3: Comentário Hans K. LaRondelle
“A cor “preta” do terceiro cavalo apocalíptico é o contrário exato do primeiro cavalo. Isto sugere que agora se rechaça ou se desconhece a justiça de Cristo. Uma situação assim resulta em fome espiritual, o que nos recorda do juízo predito por Amós (8:11). A palavra de Deus e o testemunho de Jesus chegaram a ser tão escassos que podem simbolizar-se pelo fato de pesar o principal alimento do homem em uma balança (Apocalipse 6:5, 6). Este símbolo está tomado de Levítico 26:26, onde primeiro se refere ao juízo de Deus sobre um povo rebelde que sofreria uma fome literal (ver também Ezequiel 4:16). A Escritura também usa a balança para simbolizar um veredicto celestial (Daniel 5:27). O terceiro cavaleiro apocalíptico anuncia uma fome da Palavra e o Espírito de Deus na igreja pós-apostólica, sugerindo que chegará a ser fraco na verdade do evangelho, substituindo-a por um sistema de crenças doutrinais chamado ortodoxia. Mas as doutrinas e cerimônias não podem alimentar a alma, tal como Cristo admoestou em sua carta à igreja de Pérgamo (Apocalipse 2:14-16). O terceiro selo se aplica especialmente a esse período da história da igreja quando a Igreja e o Estado se uniram e começaram a impor a ortodoxia sobre a consciência humana. A ordem: “Não danifiques o azeite e o vinho” (6:6), sugere um juízo limitado de Deus, que Deus protege seu evangelho em um tempo de escassez espiritual. Revela que Deus cuida ternamente de seu povo.”
Texto Estudo 4: Comentários Jon Paulien
“Na abertura do terceiro selo o terceiro ser vivente (presumivelmente, o que tem o rosto de um homem) faz surgir um cavalo preto. Seu cavalo segura uma balança.
A cor “preta” não é de outra forma simbólica nas Escrituras Gregas. É normalmente usada para a cor do cabelo ou pele por um lado e para “tinta” por outro. Seu significado nesta passagem provavelmente deriva de seu contraste com o cavalo branco do primeiro selo.
A “balança” (zugon) é frequentemente usada como um símbolo de Deus julgando as pessoas (Jó 31:6; Daniel 5:27). Neste caso seria juízo segundo o evangelho (João 3:18-21; 5:22-25).
O cavaleiro do cavalo preto, diferente dos primeiros dois cavaleiros, aparentemente não se empenha em nenhuma ação. Uma voz no meio dos quatro seres viventes proclama:
‘Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifique o azeite e o vinho. Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifiques o azeite e o vinho.’
Cereais, azeite e vinho eram as três principais culturas da antiga Palestina. Como tais, elas representavam a bênção de Deus (Deuteronômio 7:13; Oséias 2:8; Jeremias 2:19, 24). Sendo que os cereais são raso-enraizados, eles são muito mais facilmente danificados em uma seca do que azeitonas e uvas. Um denário era a antiga designação para o salário de um dia. Sob estas circunstâncias, os ganhos de um dia podiam apenas prover trigo suficiente (o cereal de preferência) para a sobrevivência de uma pessoa. A imagem é de uma fome induzida pela seca que ainda não progrediu para o nível em que as plantas de raízes profundas e as árvores são afetadas.92
Mais uma vez a linguagem do selo sugere uma aplicação espiritual em vez de literal. Se o cavalo branco representa o evangelho, o cavalo preto representaria o seu oposto, doutrina errônea.
Embora em Apocalipse 14 a ceifa de cereais represente os justos e a colheita de uvas os ímpios, neste exemplo o contexto de fome implica que todos os três produtos alimentares representam benefícios espirituais. Assim, o selo essencialmente retrata uma fome da Palavra de Deus (cf. Amós 8:11-12), mas uma fome que está limitada pela ordem do Céu de forma que não remova os recursos da graça.93
O evangelho tem sido obscurecido, mas seus benefícios ainda estão disponíveis.”
Texto Estudo 5 – Comentário Dr Ranko Stefanovic
Livro: Entenda as Grandes profecias de Daniel e Apocalipse
. Estudar o Capítulo 17, Páginas 112 – 115
. O Terceiro Selo