As imagens abaixo não estão no livro do Dr. Doukhan. O Objetivo dessas imagens é puramente pedagógico. Leia as imagens. Elas ajudarão você a memorizar e compreender o conteúdo desses 2 capítulos.
Shavuot (Semana)
“[…] a porta de Apocalipse 3 reage a outra porta: a “porta aberta no céu” de Apocalipse 4. A voz do Filho do homem de novo atrai João. Agora, contudo, Jesus fala ao profeta “sobe aqui” (Apocalipse 4:1). E quando ele o faz, vê que “eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono” (verso 2).
O Apocalipse é o livro do Novo Testamento que tem as principais referências do trono. Entre as 62 ocorrências da palavra grega para “trono” no Novo Testamento, 47 aparecem no Apocalipse, seguida por apenas quatro no Evangelho de Mateus. O tema trono é importante para João. A alusão ao trono interessa tanto aos contemporâneos do profeta – preocupados com tronos terrenos, especialmente do de César – como ao povo de hoje que tem descartado a noção de trono como nada mais que um vestígio monárquico. O Apocalipse multiplica a alusão do trono de Deus para nos lembrar que existe de fato um “trono no céu,” um trono exaltado sobre todos os outros tronos. “Trono” é a palavra-chave do capítulo 4: das 47 vezes usada no Apocalipse, ele tem 14 delas.
João simplesmente menciona o trono e não atenta para descrevê-lo. Assim como para a Pessoa sentada no trono, João também se encontra incapaz de descrevê-Lo. Aqui, contudo, ele se torna poético e compara o mesmo a três pedras preciosas: jaspe, sardônio e esmeralda. Esta combinação específica é significante, uma vez que o peitoral do sumo sacerdote de Israel contém as mesmas três pedras (Êxodo 28:17-19). É o único lugar que as Escrituras mencionam as três gemas juntas. João não vê muito do Ser misterioso sentado no trono exceto pelas três joias. A intenção é novamente evocar o templo.
O Arco-íris sobre o trono acrescenta a sua grandiosidade. Isso também nos lembra do arco-íris da esperança depois do Dilúvio. Um símbolo de graça, o arco-íris serve para fixar a aura de justiça representada pelo trono. No meio de “relâmpagos, e vozes, e trovões” (Apocalipse 4:5) – precursores do histórico caos vindouro e o castigo de Deus.1 – O arco íris é o sinal do amor de Deus, que com Sua justiça, salva e dá esperança. O arco íris é também o “aspecto da semelhança da glória do Senhor” (Ezequiel 1:28); isto é, de Sua grandeza e poder infinitos. O grande arco abraça os céus e a terra – a totalidade do universo.
Envolta do trono sentam-se 24 anciãos. A idade identifica-os com o juiz de cabelos brancos como a lã branca, (Apocalipse 1:14) e sua posição – deles, como Ele, sentados em tronos – revela a qualidade deles como juizes.2 Os 24 anciãos então representam aqueles que “venceram” na carta de Laodiceia – aqueles convidados a sentarem com o filho do Homem no trono (Apo. 3:21) para ajudá-lo a julgar. Mas até o capítulo 20 o Apocalipse não vai descrevê-los como julgando. Por enquanto, eles apresentam louvor e adoração (Apocalipse 4:9-11). A função deles um pouco mais tarde envolve transmitir “as orações dos santos” (Apocalipse 5:8), e um deles até ajuda João a identificar o último remanescente (Apocalipse 7:13, 14). Tais responsabilidades refletem àquelas dos sacerdotes tanto quanto dos juízes. Também as duas funções não são necessariamente incompatíveis. Sentados em tronos eles são, como o sumo sacerdote, investidos com a dupla responsabilidade de sacerdote e juiz, uma ligação que data do tempo de Moisés, quando o sacerdote era também juiz.3
É claro que o número 24 é simbólico. Ele está relacionado com o número 12, o número da aliança (quatro, número da terra, vezes três, número de Deus). As 12 tribos de Israel, assim como os 12 discípulos de Jesus, têm a mesma conotação, algo claramente testemunhado no Apocalipse (Apocalipse 21:12, 14). O número 12 representa o povo do concerto, o remanescente, todo o Israel, o Israel do Apocalipse. O número 24 também evoca o serviço do Templo de Jerusalém, com sua divisão de 24 sacerdotes (I Crônicas 24:1-19). Um “chefe” (I Crônicas 24:5, chamado “oficial” na NVI), liderava cada grupo. É interessante que o Mishnah os chama de “anciãos”.4 Do mesmo modo que os sacerdotes, os cantores pertenciam a 24 grupos (I Crônicas 25:1-31) e, igual aos “anciãos” eles adoravam a Deus tocando harpa (Apocalipse 5:8; cf. Crônicas 25:1, 6, 7). A atividade dos anciãos é nada mais que um serviço de adoração celestial, do qual o serviço do Templo terrestre foi um mero reflexo.5
O mar de vidro, claro como cristal, parece se estender ad infinitum diante do trono. (Apocalipse 4:6) e desse modo evoca a dimensão cósmica da situação. Também a imagem do trono de Deus suspensa sobre água proclama o poder de Deus sobre os elementos. O Apocalipse aqui representa Deus como o Criador. O livro de Gênesis descreve a criação do mundo em termos de uma vitória sobre o elemento água, um símbolo de vacuidade e de escuridão.6
O tema posterior ocorre também em Salmos7 e no livro de Isaias.8 O salmo 104 coloca o trono de Deus sobre a água para significar Sua soberania sobre a criação: “que pões nas águas os vigamentos da tua morada” (Salmo 104:3). É provavelmente esta imagem que inspirou o mar de bronze que Salomão fundiu para o Templo (II Crônicas 4:2). O Juiz divino, Rei do universo, está assim identificado como o Criador.9
Interessantemente, uma referência ao Espírito de Deus (Apocalipse 4:5), o agente ativo da Criação (Gen. 1:2), introduz o mar de vidro, o símbolo da Criação. Além disso, a descrição dos quatro seres, que representa a terra, segue a descrição do mar de vidro. Na Bíblia, como no restante do antigo Oriente Próximo, o número 4 simboliza as dimensões terrestres. Nós recorremos aos quatro pontos cardeais10 e aos quatro cantos da terra.11 O profeta Daniel fala dos quatro ventos do céu. (Daniel 7:2), que, de novo, representa a terra em sua totalidade. Ele também, reconta a história da raça humana (Dan. 2 e 7) através do simbolismo de quatro reinados.
O que é mais surpreendente sobre os quatro seres é sua aparência. O primeiro assemelha-se a um leão, o segundo a um boi, o terceiro a um homem e o quarto a uma águia. Uma antiga história judaica, uma midrash, empresta a mesma linguagem. De acordo com Rabbi Abahu, existem quatro criaturas poderosas: a águia, a mais poderosa entre as aves, o boi, o mais poderoso entre os animais domésticos, o leão, o mais poderoso entre animais selvagens; e o homem, o mais poderoso entre todos os animais. A tradição lembra estas quatro bestas como representando toda a criação, tanto como os 24 anciãos exemplificam mais especificamente a raça humana. O Apocalipse coloca a criação do universo no coração da visão do trono.
A liturgia cantada pelos 24 anciãos em resposta ao encantamento dos quatro seres também aludem à Criação. Primeiro, os quatro seres pairam sobre o trono, cantando em tripla medida: “Santo, Santo, Santo… que era que é e que há de vir” (Apocalipse 4:8). Este paralelismo sugere que a santidade de Deus se manifesta nos três componentes de tempo e da história: o passado, o presente e o futuro. Em outras palavras, Deus é sempre santo. O profeta Isaias recebeu uma visão similar (Isaías 6:1-3). É também enfatizada a santidade de Deus três vezes: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; a terra toda está cheia da sua glória” (verso 3).
Então os 24 anciãos prostram-se em adoração, lançando suas coroas diante do trono. E o ciclo prossegue. Os quatro seres continuam cantando a santidade de Deus. A liturgia deles nunca acaba.
A cena engloba espaço e tempo. Os objetos, as vozes, as imagens, as pessoas – tudo tipifica a mesma adoração para glória e honra ao Deus Criador: “Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória e a honra e o poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade existiram e foram criadas” (Apocalipse 4:11).
O que torna Deus digno de adoração como juiz e rei é que Ele é o Criador do universo – que Ele é nosso Criador. Se Ele não fosse nosso criador, nossa adoração seria idolatria. Alguém pode adorar o Criador ou idolatrar a criatura. Somente Deus, porque Ele nos criou, pode julgar nosso destino e nossa salvação.
“Digno és” (Apo. 4:11) antecipa a questão no capítulo 5: “Quem é digno?” (Apocalipse 5:2). Esta questão vem como uma aclamação e se refere a um livro selado seguro na mão direita do divino Juiz sentado no trono: “Quem é digno de quebrar os selos e abrir o livro?” (verso 2). A questão é deixada suspensa, pois o universo está em silêncio. “Ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele” (verso 3).
O fato de que ninguém responde deixa João desolado, mas um dos anciãos o tranquiliza: “Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e romper os sete selos” (verso 5).
E então ele O vê, Aquele que é Digno, em pé no meio dos seres viventes, “no centro do trono” (verso 6). Mas sua aparência dificilmente se assemelha àquela de um poderoso leão – o Leão da tribo de Judá que triunfou. Ao contrário, no meio do trono está um lânguido cordeiro – um cordeiro como sacrificado. Este paradoxo – a união da força com a fraqueza – é também evocado pela personalidade dualista do cordeiro. Ele tem sete chifres. Na Bíblia chifre simboliza força13. O cordeiro tem também sete olhos, “que são os sete espíritos” (verso 6) e simboliza a capacidade divina de ver e entender tudo em todo lugar. A alusão a Zacarias 4:10 é clara: “São estes os sete olhos do Senhor, que discorrem por toda a terra.”
Obviamente, o cordeiro sacrificado representa o próprio Jesus como o Messias, filho de Davi e Leão de Judá (verso 5), triunfante sobre a morte e o mal precisamente através de Sua humildade e sacrifício O cordeiro se aproxima do livro selado: “E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado sobre o trono.” (verso 7).
Depois João vê Jesus estando à direita “do que estava assentado no trono.” Uma imagem que muito se assemelha à descrição de Pedro durante o Shavuot (Pentecostes), a Festa das Semanas relacionando com a entronização do Messias depois de Sua morte: “a este Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.” (Atos 2:32, 33).14
Esta cena do Apocalipse segue o ritual tradicional da entronização encontrada em toda cultura do antigo Oriente Próximo. Era costume do novo rei, ler a declaração das fronteiras de seu suserano para fora15. Do mesmo modo, em Israel, o novo rei recém coroado inaugurava a cerimônia de entronização lendo o “livro da aliança,”16 expressando assim sua dependência de Deus em seu suserano.
A cerimônia da aliança do Sinai (Êxodo 19 e 20) seguiu o mesmo cenário. Também lá o povo de Deus recebeu um documento escrito por Ele de ambos os lados (Êxodo 32:15; cf. Apo. 5:1). Do mesmo modo relâmpagos, trovões e trombetas (Êxodo 19:16; 20:18; cf. Apocalipse 4:1, 5) acompanhou o evento. Além disso o Senhor convocou o profeta para “subir” e receber a revelação de Deus (Êxodo 19:24; cf. Apocalipse 4:1) e chamou o povo a ser uma nação de sacerdotes (Êxodo 19:6; cf. Apocalipse 5:10). Finalmente, a ocasião é aquela da inauguração do santuário (do antigo em Êxodo 19 e 20 e do celestial em Apocalipse 4 e 5).17
O profeta do Apocalipse interpreta a entronização de Jesus como uma inauguração do santuário. A Epístola aos Hebreus derrama alguma luz na significância de tal associação: “Ora, do que estamos dizendo, o ponto principal é este: temos um sumo sacerdote tal, que se assentou nos céus à direita do trono da Majestade, ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, que o Senhor fundou, e não o homem.” (Hebreus 8:1).
Tal linguagem saturada com terminologias levíticas foi empregada para impressionar os judeus cristãos do tempo do Novo Testamento, para fazê-los entenderem a função e valor atual do sacrifício do Messias que ainda é ativo: Jesus ainda está vivo e intercede por nós hoje.
Interessantemente, a entronização de Jesus toma lugar no contexto litúrgico de Pentecostes, um ponto já salientado pelos numerosos paralelos entre nossa passagem e Êxodo 19 e 20, a principal leitura litúrgica durante o Pentecostes. O livro de Atos depois confirma esta associação ao unir o evento do Pentecostes cristão com a entronização de Jesus (Atos 2:1, 34). Em Apocalipse, o Pentecostes, que prepara para a abertura dos sete selos, relembra a Páscoa do capítulo precedente, a qual introduziu a leitura das sete cartas. O Apocalipse assim segue o calendário da liturgia judaica. Pentecostes segue-se à Páscoa, e marca o fim dos 50 dias contados do segundo dia da Páscoa (Levítico 23:15, 16). Desse fato vem seu nome em inglês e grego, que deriva da palavra grega para 50, e o nome hebraico Shavuot, significando “semanas” e referindo às sete semanas (7 x 7) coberta por este período de tempo. Virtualmente todas as lições do Shavuot judaico estão presentes no Pentecostes cristão. Shavuot é a Festas das Colheitas ou o dia dos primeiros frutos (Êxodo 23:14-19; Levítico 23:9-22).
Igualmente o Pentecostes cristão celebra as primeiras conversões, os primeiros frutos da proclamação cristã. O Pentecostes realiza o sonho de Deus para Israel: “e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” (Apocalipse 5:10; cf. 1:6; e Êxodo 19:6).
O Pentecostes cristão celebra a primeira dispensação em massa do Espírito18. Nossa passagem aqui no Apocalipse alude a isso mencionando os “sete espíritos de Deus” (Apocalipse 4:5; 5:6). Mas o Pentecostes está especialmente conectado à ressurreição de Jesus e Sua gloriosa entronização no Céu. O Apocalipse identifica o cordeiro com o “Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Apocalipse 5:5), cumprindo assim a antiga promessa de um reinado eterno de Davi19. O ritual ordenado pelo Filho do homem estando à direita de Deus inaugura-o como rei dravídico eterno para louvor das hostes celestiais.
As vozes das hostes celestiais, jubilosas em litúrgico louvor à dignidade do cordeiro, responde agora a questão: “Quem é digno?” A liturgia gira em torno desse tema em um crescente de quatro partes.
As primeiras vozes são aquelas dos quatro seres e dos 24 anciãos que cantam: “Digno és” “porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação” (verso 9).
1. Uma harpa acompanha a canção. Música misturada com incenso, o qual está ligado às orações daqueles que esperam (verso 8). Realmente uma “nova canção” (verso 9), jamais cantada antes, é um novo poema com novas emoções e uma nova melodia. Os salmos muitas vezes usam esta expressão para expressar a mudança radical do coração das trevas para a luz, da morte para a vida. Normalmente a expressão aparece no contexto da criação20.
2. A próxima voz que nós ouvimos é um coro de anjos: “Digno é o Cordeiro… de receber o poder, e riqueza, e sabedoria e força, e honra e gloria, e louvor” (verso 12). Os sete atributos fazem eco com os sete chifres, símbolos de poder.
3. O universo inteiro agora rompe em uma canção com “toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e no mar, e em todas as coisas que neles há” (verso 13) juntando suas vozes com o imenso coro de anjos, ecoando suas últimas palavras, mas em ordem reversa. Os anjos cantavam: “força, honra e gloria, e louvor” (verso 13) em harmonia com o coro precedente
4. Finalmente os quatro seres concluem com um poderoso “Amén!” (verso 14). Os anciãos prostram-se e adoram, e o serviço termina com silencio. Palavras não são suficientes. Apenas silêncio pode expressar o inexpressável.
Continuaremos …
*Fonte: Secrets of the Apocalypse: The Apocalypse Through Hebrew’s Eyes [ tradução não oficial], Jacques B. Doukhan
1 Ver Jó 37:4; cf. Apocalipse 11:18, 19; 14:2, etc.
2 Cf. Apocalipse 20:4
3 Deuteronômio 17:9; cf. Jeremias 18:18
4 Ver Tanith 2. 6; Sukhah 5. 6-8; Yoma 1.5.
5 Ver Êxodo 25:40; cf. Hebreus 8:5; 9:23.
6 Ver também Ezequiel 26:19-21; Jonas 2:6; Habacuque 3:10; cf. Philippe Reymond, L’Eau sacrée, as vie, et as signification dans l’Ancien Testament, Vetus Testamentum, Supplements (Leiden: 1958), vol. 6, p.231. A imagem também aparece em outras culturas contemporâneas e em diferentes mitos. Um conto babilônico descreve a origem do mundo em termos da vitória de Marduk, deus da Babilônia, sobre Tiamat, deus da água.
7 Salmo 136:6.
8 Isaías 27:1; 40:12.
9 Salmo 74:12, 13; 89:13-15.
10 Jeremias 49:36; Dan. 7:2.
11 Apocalipse 7:1; 20:8.
12 Herman L. Strack e Paul Billerbeck, Kommentar zum Neucen Testament aus Talmud und Midrasch (Munich: 1922-1961), vol. 3. p. 799.
13 Ver Salmo 132:17; Jeremias 48:25; Daniel 7:8, 11, 21; Zacarias 1:18, 19, etc.
14 Ver também Atos 7:55, 56; Filipenses 2:9-11; Hebreus 8:1,2; 10:19-22, etc.
15 Ver Leslie C. Allen, Salmos. 101:150, Word Biblical Commentary (Waco, Tex.: 1983), vol. 21, p.80; Gerhard von Rad, “The Royal Ritual in Judah,” in The Problem of the Hexateuch and Other Essays (London: 1966), pp. 103ff.
16 Êxodo 24:7; II Reis 23:2, 21; Deuteronômio 17:18; II Reis 11:11-13; 23:3, etc.
17 Gostaríamos de notar que nossa passagem em Apocalipse, assim como o texto em Êxodo lida com a inauguração do tabernáculo (Êxodo40), refere-se aos elementos presentes em todas as partes do santuário (as lâmpadas, bacias de incenso, os chifres, os querubins). A outra única ocasião relacionando todos esses elementos aparece no contexto do Dia da Expiação, durante a purificação do santuário (Levíticos 16). Mas a presença do cordeiro exclui qualquer referência ao Dia da Expiação aqui desde que o cordeiro é tradicionalmente sacrificado na cerimônia de inauguração do santuário (Êxodo 40:29; cf. Levítico 1:10) e não no Dia da Expiação. Da mesma forma não há alusão à arca da aliança, a figura chave no Dia do Perdão (Levítico 16:11-15). Além disso, a palavra naos, o termo técnico para designar o santo dos santos onde está a arca da aliança, está ausente no Apocalipse 4 e 5. Contudo ela é mencionada mais tarde no capítulo 11. Interessantemente, encontramos um uso extensivo dessa palavra na segunda parte de Apocalipse: Apocalipse 11:2, 19 (duas vezes); 14:15, 17; 15:5, 6, 8 (duas vezes); 16:1, 17; 21:22 (duas vezes). As duas únicas passagens que usam esta palavra na primeira parte do Apocalipse se referem a um tempo no futuro.
18 Atos 1:8; 2:38, 39; Efésios 5:8.
19 Gênesis 49:10; II Samuel 7; I Crônicas 17; Daniel 9:24-27; Lucas 1:32,33.
20 Salmo 33:3-9; 96:1, 4-6; 98:1-9; 149:1, 2, etc.
21 Apocalipse 1:19 explica a expressão “depois destas coisas” (Apocalipse 4:1), “destas” sendo o tempo das sete igrejas em um sentido literal; “depois destas coisas” refere-se então ao tempo depois da era dos primeiros cristãos contemporâneos de João. Note também que o NIV traduziu a mesma frase grega como “as coisas… que acontecerão” em Apocalipse 1:19 e como “depois destas coisas” em Apocalipse 4:1.
22 Jó 40:9; Salmo 45:4; Lucas 6:6; Atos 3:7; Isaías 48:13; Êxodo15:6-12; Salmo 17:7, etc.
23 Muitos elementos indicam que o rolo se refere ao futuro reino do Messias, o qual continua sob uma autoridade mais alta, aquela dEle que controla a história, exatamente como o “livro da aliança” liga os reis de Israel ao seus suseranos no momento de sua coroação (ver acima). Outro paralelo com uma passagem em Ezequiel que menciona tal rolo – seguro por uma mão direita do trono de Deus (Ezequiel1) e do mesmo modo escrito “por dentro e por fora” (Ezequiel 2:9, 10; cf. Apocalipse 5:1) – confirma esta interpretação. A passagem em Ezequiel menciona depois que este rolo contém “lamentações, e suspiros e ais” (Ezequiel 2:10), interpretado como juízos e advertências sobre o futuro de Israel (ver Ezequiel 3). Do mesmo modo, João vê o rolo em sua visão como contendo advertências e juízos em relação ao povo de Deus durante o reinado de Jesus, o Messias. Talvez o profeta testemunhasse antecipadamente julgamento que deveria ser totalmente revelado somente mais tarde no Apocalipse. Os dois documentos, o Apocalipse em si e o “rolo” do capítulo 5, são designados pelo mesmo termo: biblion (referindo ao Apocalipse em Apocalipse 1:11; 22:7, 9, 18, 19) e ao rolo em Apocalipse 5:1, 2, 3, 4, 5, 7, 8). Jesus, o Messias dá os dois para fazer conhecido “as coisas que brevemente devem acontecer” (Apocalipse 1:1; cf. 22:6). O fato de que o Apocalipse não é selado recebe uma interpretação escatológica, pois ele está relacionado com o fato de “próximo está o tempo” (Apocalipse 22:10). Neste sentido, podemos comparar o Apocalipse ao livro de Daniel, o qual é também selado “até o tempo do fim; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará” (Daniel 12:4; cf. versos 9, 10).
24 Ver os rolos descobertos em Qumran entre as cartas de Bar Kokhba. Yigael yadin, The Finds From the Bar Kokhba Period in the Cave of Letters, Judean Desert Studies (Jerusalem: 1963), p. 118; cf. Frank Moore Cross, “The Discovery of the Samaria Papyri.” The Biblical Archeologist 26 (1963); 111-115.
25 Apocalipse 1:4, 7, 8; 2:5, 16; 3:11; 4:8; 16:15; 22:7, 12, 17, 20.
26 Ver Doukhan, Secrets of Daniel, pp.186-190.