O “Príncipe” de Deus está do Nosso Lado – Comentário de C Mervyn Maxwell – Daniel 12

Você pode adquirir este livro aqui

Introdução

Daniel 12 pode ser dividido em quatro seções: eventos do tempo do fim, nos versos 1-4; perguntas e respostas, nos versos 5-10; dias e bênçãos, nos versos 11 e 12; e uma promessa particular no verso 13.

Eventos do tempo do fim. Os primeiros 4 versos do capítulo 12 de Daniel constituem a conclusão de Gabriel no tocante à longa visão que começou em Daniel 10: 5 e que ocupou todo o capítulo 11.

O rei do Norte dos últimos dias foi observado enquanto se volvia em fúria contra os santos, até que ocorreu sua própria ruína. Agora a câmera focaliza a Jesus Cristo (veja  A Mensagem de Daniel 10). Disse Gabriel: “Nesse tempo Se levantará Miguel, o Grande Príncipe, o Defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro.” Daniel 12:1

Os eventos aqui relacionados não ocorrem num instante. Eles ocupam certo intervalo de tempo, embora este seja relativamente breve. O erguimento de Miguel, o período de tribulação e a ressurreição dos mortos ocorrem ‘nesse tempo’, ou seja, quando o grande perseguidor de Daniel 11 :40 a 45 tiver chegado ao fim.

O erguimento de Miguel revela que o julgamento pré-segundo advento, antecipado em Daniel 7:9 a 14 e em Daniel 8:14, agora foí completado. Os livros foram investigados. Diante dos olhos atentos de milhões e milhões do Universo, Jesus – na qualidade de Sumo Sacerdote do santuário celestial – ergueu vez após outra Suas mãos traspassadas pelos cravos da cruz, em favor de todos os crentes leais e arrependidos, clamando para que a salvação destes fosse completa. Agora cessou esta fase de Seu trabalho intercessório. Jesus está agora em condições de tornar-Se a pedra sobrenatural que encherá a Terra e estabelecerá Seu reino sempiterno.

O tempo de angústia que ocorre em conexão com a vinda de Cristo, é o inverso da tribulação anterior, descrita nas palavras de S. Mateus 24:9, onde lemos: “Então sereis atribulados, e vos matarão.” Nesta primeira tribulação, os santos serão entregues à morte. Na tribulação final, os santos serão livrados da morte.

Apocalipse 2:10 fala da primeira tribulação: “Tereis tribulação. … Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” Apocalipse 3:10 fala da tribulação final: “Porque guardaste a palavra da Minha perseverança, também Eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro.”

Durante a ressurreição que, segundo Daniel 12:1-2, deverá acompanhar a libertação do povo de Deus, “muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno”.

Os “muitos” que ressuscitam nesta ocasião, incluem todos aqueles que serão salvos – “todo aquele que for achado inscrito no livro“. Estes “muitos” também incluem alguns dos perdidos. O restante dos ímpios será ressurgido mais tarde. Apocalipse 20 fala de duas ressurreições gerais – a primeira, de todos os justos; a segunda, mil anos mais tarde, de todos os injustos.

Quem são as pessoas que deverão ressuscitar, junto com os justos, segundo o texto de Daniel 12:1 e 2? Obtemos um vislumbre a partir da resposta dada por Jesus, dada ao sumo sacerdote durante Seu julgamento, quando este alto oficial religioso exigiu que Jesus prestasse juramento quanto a ser Ele – ou não – o Filho de Deus. Em Sua resposta, Jesus dirigiu a atenção do sumo sacerdote para o Filho de Deus. Em Sua resposta, Jesus dirigiu a atenção do sumo sacerdote para o Filho do homem de Daniel 7, acrescentando: “Vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso, e vindo sobre as nuvens do Céu.” Mateus 26:64.

Jesus é retratado como estando a viajar sobre as nuvens em direção à cena do julgamento, no final dos 2.300 dias-anos. Daniel 7:13; 8:14. Quando o julgamento é completado, Ele irá “levantar-Se” e viajar sobre nuvens em direção à Terra. O sumo sacerdote, ao lado de todas as demais pessoas que contribuíram diretamente para a Sua crucifixão, irão erguer-se de suas sepulturas durante a segunda vinda, de modo a cumprirem a profecia de Cristo. Diz o texto de Apocalipse 1:7: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho O verá, até quantos O traspassaram.”

Em Daniel 12:3 Gabriel prometeu que os entendidos brilharão como estrelas. E acrescentou depois: “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará.”

É muito provável que a visão poderia ter-se encerrado neste ponto; aparentemente, porém, Daniel ficou perplexo ante a ordem de “encerrar as palavras”. Ele almejava ansiosamente “entender”, e durante a visão fora repetidamente estimulado a buscar a compreensão. Agora, ele é informado de que alguma coisa teria de permanecer bloqueada praticamente até o fim do mundo.

Certamente Gabriel não quis dizer que toda a informação do livro deveria permanecer “encerrada” até ao tempo do fim. A identificação da cabeça de ouro como sendo Babilônia, do carneiro como sendo a Medo-Pérsia e do bode como sendo a Grécia, é explicitamente estabelecida dentro do próprio texto do livro, sem qualquer dúvida ou ministério. Mas Babilônia, Pérsia e Grécia eram impérios que governavam nos dias de Daniel, ou apareceram no futuro imediato. Os eventos que deveriam ser “encerrados” eram apenas aqueles que ocorreriam próximo ao fim.

Perguntas e Respostas. No exato momento em que Daniel foi instruído a “selar o livro até ao tempo do fim”, a mesma Pessoa “vestida de linho”, que o profeta contemplara ao início da visão, apareceu novamente diante de seus olhos.

Tratava-se de Miguel, naturalmente (A Mensagem de Daniel 10). Ele Se achava em pé acima do rio Tigre, ladeado pela guarda de honra composta por anjos.

Vendo-O, Daniel perguntou, com muito sentimento: “Quando se cumprirão estas maravimas?” “Meu Senhor, qual será o fim destas coisas?”

Miguel declinou completamente de responder a segunda pergunta, e este fato é sem dúvida muito significativo. Respondeu apenas: “Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim.” Daniel não estava vivendo no tempo do fim; portanto, não necessitava compreender os detalhes daquilo que ocorreria apenas no tempo do fim.  A resposta de Miguel nos ensina que a profecia é concedida para fins práticos. El não é provida para satisfazer a curiosidade desnecessária, não importa quão espiritual e cristocêntrica seja esta curiosidade.

Embora Miguel não tenha respondido a segunda pergunta de Daniel, respondeu adequadamente a primeira, e fê-lo de modo muito impressionante: “Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao Céu, e jurou por Aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos, e metade de um tempo. E quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão.” Daniel 12:7

Miguel ergueu as mãos e pronunciou um juramento solene. Quando o Filho de deus jura pelo Deus Vivo, a mensagem que segue é importante. Neste caso, a mensagem era ao final dos 1.260 anos de Daniel 7:25 (Veja a mensagem de Daniel 7) – anos caracterizados por uma grande perseguição do povo de Deus – maravilhosa luz iria brilhar sobre as profecias do tempo do fim, apresentadas no livro.

Creio que seria de seu interesse saber que o Ser de Daniel 12:7 aparece outra vez em Apocalipse 10. Uma vez mais, com Sua mão erguida, Ele jura por “Aquele que vive para sempre”.

Existem diferenças entre Apocalipse 10 e Daniel 12, bem como similaridades. O mesmo livro que em Daniel 12 é visto como fechado, em Apocalipse 10 aparece aberto. Enquanto o Ser de Daniel 12 diz por quanto tempo o livro deveria permanecer fechado, o anjo de Apocalipse 10 jura que “não haverá demora”. Em outras palavras, o Anjo de Apocalipse chama a atenção para o fato deque finalmente o livro de Daniel foi aberto, pois Ele aparece nos últimos dias.

João, em Apocalipse 10, ao contemplar a visão, é convidado a comer um livrinho. Ele obedece, e descobre que o livro é doce ao paladar enquanto está na boca, mas torna-se amargo no estômago. A despeito de seu desapontamento, o apóstolo recebe a instrução de prosseguir profetizando.

Portanto, em linguagem simbólica, Apocalipse 10 acrescenta imensamente ao quadro pintado em Daniel 12; este diz apenas que, por ocasião da “abertura” do livro, “o saber se multiplicará”, “muitos o esquadrinharão”, “os perversos procederão perversamente” e “os sábios entenderão”. A grande contribuição de Apocalipse é apresentar a implicação de que, antes de os sábios chegarem a compreender completamente, eles enfrentariam compreensões errôneas! Eles haveriam de “comer” as profecias abertas de Daniel com grande satisfação, apenas para descobrir que a sua alegria inicial se converteria em tristeza, seu regozijo em desapontamento. De que modo esta profecia realmente se cumpriu, é algo que verificaremos em nosso estudo do Apocalipse 10 a 14.

A predição de que “muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará”, é fascinante. Porventura refere-se a profecia à explosão de viagens e de informações que o mundo está testemunhando desde o fim dos 1.260 anos?

Contemplando hoje as nossas rodovias apinhadas de veículos e as universidades cheias de alunos, torna-se difícil imaginar o que era a vida quando as pessoas não sabiam ler ou escrever, e quando passavam toda a sua vida dentro dos limites de um município; ou quando a invenção do estribo e o aperfeiçoamento da aiveca* seria capaz de alterar a direção da história européia!1 (*peça que sustenta a relha do arado e serve para levantar a terra e alargar o sulco, quando se lavra. (Grande Dicionário Melhoramentos) -Nota. do tradutor).

Aviões datam de época tão recente quanto 1903. Automóveis foram produzidos pela primeira vez em 1909. Milhões de adultos ainda podem lembrar hoje como era a vida sem o televisor. Pessoalmente, ainda consigo recordar vividamente o senso de incrível fantasia que me envolveu quando, em minha infância, meu irmão mais velho me contou – com toda a autoridade de que está revestido um irmão mais velho – que se uma esfera fosse lançada com suficiente força, ela poderia permanecer em órbita ao redor da Terra. Pois nos dias atuais os astronautas permanecem em órbita ao redor da Terra e ao redor da Lua.

O conhecimento, nos dias atuais, desenvolve-se com tanta rapidez, que em muitas áreas a informação parece duplicar a cada intervalo de poucos anos. Partes sensíveis de computadores supervelozes são mantidas a temperaturas próximas de ao zero absoluto (-273,16 gruas Celsius), porque a velocidade dos elétrons a temperaturas mais altas não é suficientemente alta para os cálculos necessários.

Embora as palavras de Daniel 12:4 tenham sido utilizadas para descrever esta explosão de conhecimentos e de viagens, é muito mais provável que elas se refiram ao crescente conhecimento das profecias bíblicas que, segundo o próprio capítulo, deveria ocorrer no tempo do fim. Os dois conceitos não estão desvinculados um do outro. O aumento no conhecimento e nas viagens contribuiu vastamente para que maior número de pessoas pudesse ler e escrever, para que os missionários se dirigissem a muitas partes e para que a Palavra de Deus fosse impressa. Se um número muito maior de pessoas está em condições de ler o livro de Daniel e de orar

pedindo compreensão para a sua mensagem, evidentemente o conhecimento do livro teria de aumentar.

Teremos muito mais a dizer no tocante a este conhecimento ampliado quando chegarmos ao estudo de Apocalipse, capítulos 10 a 14.

Dias de bençãos. Em Daniel 12: 11 – 12, o Anjo fala a respeito de 1.290 dias e das bençãos que aguardam a pessoa que consegue chegar a 1. 335 dias. Uma vez que o Anjo não estabeleceu nenhum evento para término dos 1. 290 dias, e nenhum evento para assinalar o fim ou o término dos 1.335 dias, ainda não nos é possível estabelecer com certeza a maneira pela qual estas duas profecias temporais devem ser cumpridas.

Promessa particular. Alegremo-nos ao perceber que o livro de Daniel se encerra com uma promessa pessoal ao idoso profeta: “Tu, porém, … descansarás, e ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança.”

Daniel deveria descansar. Deveria passar na sepultura, adormecido, os anos que decorreriam entre a sua morte e o retorno triunfante de Miguel. E quando Miguel Se levantasse, Daniel teria assegurado um lugar entre os santos que viriam a compor o novo reino de Deus.

A promessa também nos pertence. Ela implica em que as mensagens e profecias de Daniel devem preencher o lugar que Deus lhe designou no final dos tempos.

Que esta predição está agora sendo cumprida, é algo que parcialmente podemos comprovar pelo fato de você, eu e milhões de outras pessoas estarem-se ocupando hoje do estudo do livro de Daniel, adquirindo por meio deste estudo uma nova compreensão do amor de Deus e de quanto Ele tem cuidado de nós.

Você pode ler os estudos dos capítulos do Livro de Daniel aqui

Tags , , .Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *