Calamidades do Fim
Para que tempo as profecias de Daniel se aplicam? Qual é a época específica de que falam? Veja Daniel capítulo 12:4: ‘Quanto a você, Daniel, encerre as palavras e sele o livro, até o tempo do fim. Muitos correrão de um lado para outro, e o saber se multiplicará.’ Preste atenção agora ao verso 6: Um deles perguntou ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: ‘Quando se cumprirão estas maravilhas?’ Vamos um pouco mais adiante. Verso 8: Eu ouvi, mas não entendi. Então perguntei: ‘Meu senhor, qual será o fim destas coisas?’
Verso 9: Ele respondeu: ‘Siga o seu caminho, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até o tempo do fim.’
Verso 13: — Quanto a você, siga o seu caminho até o fim. Você descansará e, ao fim dos dias, se levantará para receber a sua herança.’ Então, qual é a palavra que aparece ecoando como um glorioso refrão nos versos que lemos? Fim. Daniel diz que suas profecias se aplicam a um específico período de tempo — o fim. Estamos de fato vivendo no fim dos tempos. Um momento crítico, quando conflitos étnicos e tribais estão eclodindo e proliferando; um tempo em que os desastres da Natureza se repetem com frequência assustadora em todo o mundo, e fomes, terremotos, incêndios e enchentes são seu legado devastador; um tempo em que o crime aumenta vertiginosamente, põe-se longe do controle das autoridades, e a união da família se desintegra como bolhas de sabão. Sim, também um tempo de profunda instabilidade social. Olhando ao redor, podemos entender com muita clareza o apelo de Jesus para lermos e entendermos as profecias de Daniel. Esse livro é vital! Todos os 66 livros da Bíblia são importantes, todos eles são significativos, todos supremos, mas foi Daniel que Jesus, nosso Salvador e Senhor, destacou. Aceite o conselho do Mestre dos mestres.
Algumas vezes parece que o falso estigma de que os bons sempre perdem e os maus sempre vencem é verdadeiro. Homens maus são valorizados, homens bons são desvalorizados, mas a verdade sempre triunfa e os bons alcançarão a vitória.
Alcançamos o oitavo capítulo de Daniel. No capítulo anterior vimos que um pequeno, mas poderoso chifre iria surgir, um poder político-religioso que sairia do império romano com pretensões de trocar a Palavra de Deus pela tradição, a lei de Deus pela lei dos homens, os ensinamentos divinos por ensinamentos humanos e modificaria os mandamentos de Deus.
Para melhor compor a análise deste capítulo recordemos por uns momentos o que se acha escrito em Daniel 7:27-28 : ‘O reino, o domínio e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino eterno e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão. Aqui termina a explicação. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me perturbaram, e o meu rosto se empalideceu. Mas guardei estas coisas em meu coração.’
Daniel viu o que aconteceria na Terra, a marcha da história humana, o curso dos reinos terrenos. Penso que algumas vezes seria muito bom se pudéssemos esquecer o que acontece ao nosso redor, e pensar sobre o que acontece acima de nós. Seria bom esquecer os problemas, provações, dificuldades e dores de cabeças que temos na Terra e olharmos, através da fé, a sala do trono de Deus. ‘Mas o tribunal se assentará em juízo, e lhe tirará o seu domínio, para o destruir e para o desfazer até o fim. O reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão.
Daniel 7 termina com alegria e felicidade aquele capítulo. Vê a espécie humana toda obedecendo e servindo a Deus. A Bíblia diz: ‘… e todos os domínios servirão e obedecerão a Ele’. Quando Deus criou a Terra, no Jardim do Éden, Adão e Eva foram enganados pelo pai do mal e comeram o fruto da árvore do bem e do mal e, como resultado, perderam o Jardim do Éden. Tornaram-se rebeldes. Nosso planeta é um mundo revoltado, cheio de destruição. Quando Adão e Eva pecaram, abriram as portas deste mundo para sofrimentos, morte, desastres, angústia e problemas. Jesus veio para mostrar que homens e mulheres, vivendo neste mundo, com todas as tentações de Satanás, poderiam ainda obedecer e servir a Deus. Na verdade, em João 8:29 encontramos o lema da vida de Jesus. Num mundo desobediente, Cristo foi obediente; num mundo rebelde, Cristo foi leal. Com toda propriedade pôde Ele afirmar: ‘Aquele que Me enviou está comigo; Ele não Me deixou só, pois sempre faço o que Lhe agrada.’ Jesus colocou em seu coração honrar o Pai.
Em Daniel 7 está escrito que um dia o mundo inteiro irá adorar e obedecer novamente a Deus. No capítulo 8 o conflito intensifica-se. O profeta focaliza eventos que acontecerão no fim dos tempos. Mais uma vez Deus antecipa o conhecimento dos acontecimentos finais da Terra.
No capítulo 8 de Daniel os animais usados para representar as nações não são mais o leão, o urso, o leopardo e o dragão.
‘Levantei os olhos e eis que, diante do rio, estava um carneiro, que tinha dois chifres. Os dois chifres eram compridos, mas um era mais comprido do que o outro; e o mais comprido apareceu por último. Vi que o carneiro dava chifradas para o oeste, para o norte e para o sul, e nenhum animal podia resistir a ele, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder. Ele fazia o que bem queria e, assim, se engrandeceu cada vez mais.
Enquanto eu procurava entender isso, eis que um bode vinha do oeste percorrendo toda a terra, mas sem tocar no chão. Esse bode tinha um chifre bem visível entre os olhos. Foi na direção do carneiro que tinha os dois chifres, que eu tinha visto diante do rio, e correu contra ele com todo o seu furioso poder.’
Há um combate entre o carneiro e o bode. O carneiro baixa sua cabeça e o bode também e eles trocam manadas. É vital que consideremos um ponto: o carneiro e o bode eram animais usados no ritual do santuário. Deus quer nos dizer alguma coisa mediante o uso do simbolismo do carneiro e do bode. Ele quer que saibamos que mesmo antes de começarmos a estudar essa profecia, o Senhor nos está chamando a atenção para o santuário.
O Processo Expiatório
Em Israel, se uma pessoa pecasse deveria oferecer um sacrifício. Tinha de trazer um cordeiro perfeito e sem manchas. Por que perfeito e sem manchas? Quem será que era representado pelo cordeiro? Cristo. Jesus cometeu algum pecado? Absolutamente não! Ele nunca pecou, mas tornou-Se pecador em nosso lugar e assumiu nossa culpa do pecado. Jesus, o Cristo perfeito, era representado pela ovelha perfeita e sem manchas.
Como pecadores, não podemos entrar no santuário sem oferecer um sacrifício. No lugar santíssimo, o segundo compartimento do santuário, está a arca do concerto com a santa lei de Deus em seu interior e querubins a encimar-lhe a tampa ou propiciatório. Entre os seres celestes se manifesta a glória de Deus. Não podemos nos aproximar de Deus sem oferecer sacrifícios, porque somos pecadores e nos rebelamos contra Deus. Então, oferecemos sacrifícios porque foram os nossos pecados que levaram Cristo à cruz. Comparecemos diante de Deus como culpados pecadores, mas ao oferecermos nossos sacrifícios, o peso dos nossos pecados é erguido de nossos ombros, e a angústia da culpa é retirada de nosso peito.
Pensem em Cristo sobre a cruz. Imaginem o seu Cordeiro imaculado morrendo na cruz, seu sangue gotejando de Suas mãos e fronte. Ainda em sua imaginação, aí mesmo onde você está, diga: Ó Senhor, perdoa-me!
A Bíblia diz que: ‘Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar.’ O peso da culpa pode agora mesmo ser suspenso de seus ombros. Ele é o Cordeiro de Deus que foi morto por você. Seu sangue derramou-se por você. Aproximamo-nos de Deus ao nos achegarmos a Cristo.
No antigo santuário hebreu, o sacerdote apanha o sangue e entra no santuário. Ali, no compartimento conhecido como Lugar Santo, ele esparge o sangue do animal na cortina que separa o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. O sacerdote ali é o representante do pecador. Quando me dou conta de que ao pecar, ao me irritar, ficar nervoso, impaciente, ao cometer atos desonestos, lembro-me de Cristo na cruz morrendo por mim. Ele é o meu Cordeiro expiatório. Penso também que Cristo subiu aos céus e, diante da Sagrada Lei que transgredi, levanta Seus braços e abre as mãos feridas. Ele é o meu Sumo Sacerdote. Sou necessitado — e muito! – do Cordeiro que foi morto e do Sacerdote que vive.
Jesus representa a você e a mim diante do trono do Pai. Você e eu somos a preocupação, o peso de Seu coração. Nossa dor O atinge. Ele é sensível às nossas dores, desilusões e sofrimentos. Temos um representante no Santuário celeste. A Bíblia diz: ‘Ele vive para interceder por nós.’ E também: ‘Prostremo-nos diante do trono da graça, onde nós achamos ajuda na hora da necessidade.’
No santuário hebreu, uma vez ao ano, acontecia uma festa especial, a festa da purificação do santuário. O cordeiro e o bode eram animais usados para um sacrifício especial feito no último dia da festa da purificação do templo, no dia do julgamento. Por que Deus mudou o simbolismo usado anteriormente, das quatro bestas por dois animais: o cordeiro e o bode, a fim de representar duas nações das quais havia Ele falado antes? Quando você começa a ler o capítulo 8, Deus quer que perceba que quando Ele usa o cordeiro e o bode, é porque está apontando para o fim dos tempos, ao juízo final, à purificação do templo.
No capítulo que estamos estudando, Deus está procurando localizar-nos no tempo e dizendo: ‘― Estou-lhes dando alguns sinais para mostrar aonde vocês estão indo.’ Mas a quem o cordeiro e o bode representavam? Naturalmente, uma besta representa um reino, mas Deus usou esses dois animais para apontar-nos o Santuário. Daniel 8: 20 e-21: ‘Aquele carneiro com dois chifres, que você viu, são os reis da Média e da Pérsia. O bode peludo é o rei da Grécia, e o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei.’ Quem foi o primeiro rei da Grécia? Alexandre, o Grande.
O cordeiro representava a Medo-Pérsia, o bode a Grécia e o primeiro rei, Alexandre. Porém, lembrem-se de que Deus usou esses animais especiais porque capítulo versa sobre o santuário e o final dos tempos no santuário.
Os animais do santuário evidenciam que Deus não fala agora sobre mudanças políticas, mas sim religiosas. Em Danie12, vemos Satanás atacando a autoridade de Deus. Em Daniel 7, o arqui-inimigo lança seus ataques contra o reino de Deus, mas em Daniel 8, o enganador ataca a verdade de Deus no final dos tempos.
Guerra ao Santuário
Dos animais descritos nesse capítulo, é dito que o cordeiro possuía dois chifres. Por que será? Que nação derrotou a Babilônia? Medo-Pérsia. E a Bíblia diz em Daniel 8: 3 : ‘Levantei os olhos e eis que, diante do rio, estava um carneiro, que tinha dois chifres. Os dois chifres eram compridos, mas um era mais comprido do que o outro; e o mais comprido apareceu por último.’ Temos dois chifres, um menor e outro, maior, que surgiu por último. A Pérsia, o maior, dominou sobre a Média. Os persas eram mais fortes que os medos. E eles surgiram depois, conforme estava profetizado.
Vejamos o verso 4: Vi que o carneiro dava chifradas para o oeste, para o norte e para o sul, e nenhum animal podia resistir a ele, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder. Ele fazia o que bem queria e, assim, se engrandeceu cada vez mais.’
Agora o verso 5: Enquanto eu procurava entender isso, eis que um bode vinha do oeste percorrendo toda a terra, mas sem tocar no chão. Esse bode tinha um chifre bem visível entre os olhos.’ Foi exatamente isso que aconteceu quando a Grécia derrotou a Medo-Pérsia.
Verso 8: ‘O bode se engrandeceu cada vez mais. Porém, quando estava no auge do seu poder, o seu grande chifre foi quebrado, e em seu lugar saíram quatro chifres bem visíveis, que cresceram na direção dos quatro ventos do céu.’
Quando Alexandre, o Grande, estava no auge de sua fama e conquistas, morreu prematuramente — o grande chifre foi quebrado. Em seu lugar, como sucessores, surgiram quatro generais que tomaram conta do império. cresceram na direção dos quatro ventos do céu.’ Assim como o leopardo de Daniel 7 representa a Grécia, como as asas do leopardo representam conquistas céleres, como as quatro cabeças do leopardo representam os quatro generais do reino de Alexandre, Cassandro, Lisímaco, Ptolomeu e Selêuco — também o bode que corre velozmente e não toca o chão, representa Alexandre, o Grande.
Um desses chifres ou uma das quatro divisões da Grécia, tornou-se naturalmente a líder do império, um pequeno chifre. Um pequeno chifre que surgiu após Roma. Agora lemos que de uma das divisões da Grécia ou região do Ocidente europeu, surgiu um pequeno chifre. Vejam que interessante: De um deles saiu um chifre pequeno, que se engrandeceu na direção do sul, do leste e da terra gloriosa.’ (verso 9)
Portanto, Roma pagã começou a crescer para o Sul e para o Oriente. O governo de Roma abre caminho para o surgimento de um poder religioso.
O que acontece no verso 9 é um crescimento horizontal. O império romano se espalha pela Europa, mas o verso 10 diz: ‘Ele se engrandeceu tanto, que alcançou o exército dos céus. Lançou por terra alguns desse exército e das estrelas e os pisou com os pés.’
Ah! Esse não é um poder político, mas um poder religioso que toca o céu. Ele se engrandeceu tanto, que chegou a desafiar o príncipe desse exército. Tirou dele o sacrifício diário e destruiu o lugar do seu santuário.’ verso 11
Quem é o príncipe do exército? Quem é ele? Jesus Cristo. Esse poder elevou-se até o príncipe do exército. Mantenha Daniel 8 marcado e vamos para II Tessalonicenses. Você está lembrado do que lemos em Daniel 7, de que haveria um apartamento da verdade? Vamos ler II Tessalonicenses 2:3 – 4: ‘Ninguém, de modo nenhum, os engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, apresentando-se como se fosse o próprio Deus.’
Você sabe o significado da expressão ‘filho da perdição’? Significa que ele é um traidor da verdade e que estabeleceu suas próprias palavras como sendo verdade.
Segundo Daniel 7, haveria um poder político-religioso cujo líder reclamaria os privilégios, atributos e prerrogativas de Deus. Dentre esses pretenderia mudar a lei de Deus. O profeta descreve uma apostasia ou abandono da verdadeira Palavra de Deus.
Daniel 8 continua com o mesmo tema. Já que estamos com a Bíblia aberta em o Novo Testamento, vamos ler Atos. Quero que você veja que em todo o Novo Testamento, a grande preocupação dos apóstolos com esse acontecimento e todos as advertências e conselhos que deram sobre ele. Eles apelavam para que todos os crentes fossem fiéis às Escrituras, e estariam dispostos a dar a própria vida para serem fiéis à Bíblia.
Os apóstolos apelavam à estrita fidelidade a Deus. Leiamos Atos 20:28-29: ‘Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, aparecerão no meio de vocês lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.’
O que Paulo está dizendo é que quando ele morresse, haveria uma grande perseguição. Acentua que dentre os próprios crentes surgiriam homens perversos que buscariam desviar o rebanho. Que coisas perversas seriam essas? Mentiras, falsidades, heresias. O apóstolo Paulo disse exatamente a mesma coisa que o profeta Daniel. Líderes religiosos surgiriam convertendo até os pagãos, mas introduziriam ideias e formas pagãs de adoração no cristianismo. Haveria um abandono da Bíblia. O conselho apostólico apela para uma volta às Escrituras, à obediência a Deus.
O pequeno chifre estendeu seus domínios por toda a Europa e atacou o exército celeste. Lançou a verdade por terra. Mas a Bíblia diz que essa verdade agredida e posta no chão seria, no final, completamente restaurada. Voltemos a Daniel 8: 12 – 14.
‘O exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário, por causa das transgressões. Lançou por terra a verdade, e tudo o que ele fez prosperou.
Depois, ouvi um santo que falava; e outro santo lhe perguntou:
— Até quando vai durar a visão do sacrifício diário suprimido e da transgressão desoladora? Até quando o santuário e o exército ficarão entregues, para que sejam pisados aos pés?
Ele me disse:
— Até duas mil e trezentas tardes e manhãs. Depois, o santuário será purificado.’
A verdade seria restaurada e as tradições disseminadas por toda a Terra derrotadas pela luz da verdade divina.
A Restauração do Santuário e o Juízo Final
Por quanto tempo o santuário divino seria lançado por terra? Um poder político-religioso se projetaria e buscaria destruir a verdade sobre Jesus e o sacrifício. Todos os tipos de intercessores seriam criados em substituição a Jesus. Seriam imaginados e disponibilizados todos os tipos de penitências para obscurecer a intercessão de Cristo. A verdade sobre Jesus, o único intermediário entre Deus e os homens, seria prostrada ao chão. A verdade sobre a lei divina, que mostra o caminho da obediência a Deus para homens e mulheres, seria substituída por tradições humanas.
Em Daniel 8:12 – 13, vemos dois santos no céu. Frequentemente na Bíblia, santo tem dois significados, dependendo do contexto em que se insere. Pode ser atinente a crente, se for atribuído aos fiéis de Deus na Terra. Algumas vezes, a palavra santo significa seres angelicais. Assim, Daniel aqui está falando sobre anjos, seres santos celestiais. Se você possui uma tradução moderna da Bíblia, provavelmente lerá assim: ‘um santo que falava; e outro santo’
Dois seres santos estão conversando e um olha para o outro e pergunta: ‘Até quando a verdade sobre Jesus será lançada por terra? Até quando a verdade sobre Jesus, o Salvador, o Único que pode perdoar pecados e que derramou Seu próprio sangue para remir, será assim vilipendiada? Até quando as leis humanas tomarão o lugar das leis divinas? O verso 14 responde: ‘até 2.300 tardes e manhãs, e o santuário será purificado.’
Esquematizemos:
Tempo – 2.300 tardes e manhas
Lugar – Santuário
Evento – Purificação
A verdade divina seria disseminada por toda a Terra, revelando que Jesus é o Cordeiro, o Sacerdote, o Caminho para a obediência da Sagrada Lei. No final desse período de 2.300 dias, os pecados seriam purificados pelo juízo final de Deus na Terra. A luz celeste brilharia sobre a Terra, sobre os seres humanos, antes do fim do tempo. E eles saberiam tudo sobre Jesus, o cordeiro sacrificado; todos saberiam que Jesus é o Sacerdote, que Ele é o Único que perdoa. Conheceriam a misericórdia e o poder de Jesus e a legítima lei de Deus.
Percebam que no fim do tempo, tudo versa sobre Jesus. Mas os 2.300 dias podem deixar alguém um pouco confuso. Existem três coisas: Um período de tempo = 2.300 dias; existe um lugar = o santuário e um evento = a purificação desse santuário. Mas se contarmos 2.300 dias a partir dos dias de Daniel, chegaremos até onde? Se são dias literais, quantos dias temos num ano? Trezentos e sessenta e cinco. Mas o anjo disse algo para Daniel que pode causar perplexidade. Vejamos Daniel 8:17: ‘Ele veio para perto de onde eu estava. Quando chegou, fiquei com muito medo e caí com o rosto em terra. Mas ele me disse:
— Filho do homem, você precisa entender que esta visão se refere ao tempo do fim.’
Se esses forem considerados dias literais, eu mesmo ficaria um pouco aturdido com o que o anjo disse a Daniel.
Quando essa visão sobre a purificação do templo aconteceria? No fim do tempo. Note que novamente, no verso 19, ele diz: ‘Eis que vou lhe contar o que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim.’
Conclui-se que esse período de 2.300 dias acaba quando o tempo do fim começa. E no fim desse tempo a verdade de Deus é restaurada. Portanto, esses não são 2.300 dias literais. Eles têm de ser algo mais.
Em Ezequiel 4:6, diz: ‘Quando você tiver cumprido esses dias, deite-se sobre o seu lado direito, e você levará sobre si a maldade da casa de Judá durante quarenta dias: um dia para cada ano.’
Segundo a Bíblia, um dia profético é igual a um ano literal. Então os 2.300 dias representam 2.300 anos literais.
Não vamos, por enquanto, abordar a questão do tempo de início do julgamento ou quando esses 2.300 dias começaram, porque desejamos agora focalizar os fatos narrados no capítulo 8. Quando então chegarmos ao capítulo 9, iremos ver exatamente quando começa o fim dos tempos e o Juízo Final, também chamado de ‘purificação do santuário’.
Vimos que anjos estavam conversando e um deles disse para o outro: ‘Quando a verdade sobre Jesus, o Cordeiro sacrificado; quando a verdade sobre Sua misericórdia, perdão e atividade sacerdotal intercessora no Céu será revelada?’ Então o outro anjo respondeu e disse que no final dos 2.300 dias (ou anos) haverá uma grande restauração da verdade. Mas não é apenas um período de tempo mencionado aqui, é também um evento. Os 2.300 anos, desde o tempo de Daniel nos levam ao final dos tempos.
Você estará lembrado de que no capítulo anterior, a Bíblia falou de dois santuários: o terrestre, construído por Moisés, como uma maquete, e o santuário celeste, o verdadeiro santuário que foi erigido e estabelecido por Deus. Surge oportunamente uma pergunta: Qual é o significado da expressão, em Daniel 8:14 ‘purificação do santuário’?
O Dia da Expiação
No santuário hebreu, cada dia as ovelhas eram sacrificadas no pátio, sobre o altar de holocaustos. Cada dia os pecadores vinham ao pátio para sacrificar animais. O sangue das vítimas era levado para o Lugar Santo, que é o primeiro compartimento do Santuário. Mas, apenas uma vez por ano o sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo do Santuário, para realizar um cerimonial muito solene. Ele fazia isso no último dia do ano judaico, chamado Yom-Kippur. Esse era um dia muito especial.
Se atentarmos bem, veremos que cada parte do santuário representa alguma coisa sobre Jesus e Sua vida. O cordeiro sacrificado no pátio representava Jesus morto fora do santuário celeste, ou em outras palavras, no pátio deste mundo. Após a morte de Jesus como Cordeiro expiatório aqui na terra, Ele ascendeu ao Céu e penetrou o santuário celeste como nosso Sumo Sacerdote. Jesus é o cordeiro sacrificial e o sacerdote que vive.
Uma vez por ano, no ritual hebraico, o sumo sacerdote se apresentava ante a presença de Deus, diante da arca do conserto. Ali, diante do tabernáculo, no final do ano judeu, o povo se reunia para um exame profundo e último de seus corações, para a última purificação da alma, e o último comprometimento com a lealdade e obediência.
Cristo morreu no pátio, 2.000 anos atrás, quando uma cruz foi erguida no Monte Gólgota. Depois de alcançar a vitória para o homem através de Sua morte, Jesus subiu ao céu como o nosso Sacerdote na presença de Deus. A Bíblia ensina que o Pai e o Filho começaram uma obra especial chamada a ‘purificação do santuário ou julgamento dos últimos dias’.
O que acontecia no santuário terrestre durante o período da purificação do santuário? Deixemos que a Bíblia responda. Leiamos Levítico 16:29 – 33:
‘Isso lhes será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez dias do mês, vocês se humilharão e não farão nenhum trabalho, nem o natural da terra nem o estrangeiro que peregrina entre vocês. Porque, naquele dia, se fará expiação por vocês, para purificá-los; e vocês serão purificados de todos os seus pecados, diante do Senhor. É sábado de descanso solene para vocês, e vocês se humilharão; é estatuto perpétuo. Aquele que for ungido e consagrado para oficiar como sacerdote no lugar de seu pai é que fará a expiação, havendo posto as vestes de linho, as vestes santas; fará expiação pelo santuário, pela tenda do encontro e pelo altar; também a fará pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação.’
Ali se fala do último dia do ano religioso hebreu, onde havia uma convocação espiritual chamada Yom-Kippur, o dia da expiação.
Esse era um dia exclusivo, o dia do juízo. No capítulo 23:29 desse mesmo livro, vemos que todo o povo de Israel era convocado a examinar seus corações. Todos deviam estar limpos perante Deus, tanto física como espiritualmente.
‘Nesse mesmo dia, vocês não farão nenhum trabalho, porque é o Dia da Expiação, para fazer expiação por vocês diante do Senhor, o seu Deus. Qualquer pessoa que, nesse dia, não se humilhar será eliminada do seu povo.’
O que significa a palavra ‘expiação’? É a união de três palavras: ‘Um com Deus.’ É isso: a palavra expiação significa que somos um com Deus.
A cada dia os pecadores vinham oferecer sacrifícios que simbolizavam o perdão de seus pecados; cada dia o sacerdote entrava no Lugar Santo do santuário, representando o pecador e levando o sangue do cordeiro; cada dia o povo vinha desencorajado e deprimido pela culpa, mas ia para casa sentindo-se livres, tranquilos e perdoados. Uma vez por ano, o sumo sacerdote entrava no santuário e se apresentava no Lugar Santíssimo. Enquanto estava perante a arca do conserto, todo o povo ficava reunido ao redor do santuário. Eles saiam de suas tendas e se reuniam nas áreas circunjacente ao Santuário, ajoelhando-se e orando: ‘ó, Senhor, nós Te amamos e queremos ser perdoados dos nossos pecados. Queremos ser integralmente obedientes a Ti e um com Deus. O que quer que seja que o Senhor nos ordene, queremos fazer. Qualquer coisa que Te agrade, faremos; desejamos agradar-Te. Qualquer caminho que o Senhor nos mostrar, seguiremos obedientemente.’
O Yom-Kippur dos Tempos Finais
Jesus disse que no fim dos tempos, após os 2.300 dias, o santuário seria purificado. Nalgum momento, durante o tempo do fim, iniciar-se-ia uma expiação, um julgamento. Também nalgum momento, durante a fase final do julgamento; Deus fará um último apelo a homens e mulheres para irem a Ele, provarem Sua misericórdia e graça, e abrirem seus corações. Cristo será exaltado novamente perante todo o mundo, como Salvador universal. A luz irá alcançar os confins da terra. Jesus Cristo será exaltado sobre todas as ideologias, tradições e religiões. Cristo será exaltado como o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo, sob a luz da purificação do santuário, do juízo final. Cristo será exaltado como Sumo Sacerdote, Aquele que nos conhece intimamente e está a par de todas as nossas preocupações, males, desânimo, desejos e depressão. Cristo será visto diante do trono de Deus representando a humanidade e intercedendo pelos que Lhe buscam o favor.
Nos últimos dias o santuário seria purificado. Toda a poluição moral e religiosa produzida pelos homens seria trazida à luz, todos os erros secretos e abertos cometidos pelos homens seriam descobertos. As falsidades ensinadas por professores de religião, teólogos e ministros seriam descobertas e banidas do santuário celeste.
O apelo do santuário é o apelo de Jesus como nosso Sumo Sacerdote, para amá-Lo, obedecê-Lo, servi-Lo e entregarmos nossa vida a Ele. É o convite de Jesus, nosso Salvador, a nós. Agora, não importa quão distantes estamos dEle; não importa o quanto O temos desapontado e ofendido, o chamado de Daniel 8, é para que nos voltemos para Jesus. O apelo de Daniel 8 não é para nos unirmos em um santuário terrestre, mas é para nos ajoelharmos, em nossos quartos, perante o grande Santuário Celestial imaginando Cristo como o nosso Sumo Sacerdote, dizendo para nós, diante do Universo que nós somos seus filhos. É um apelo para aceitarmos Cristo como nosso Salvador, para abrirmos nossos corações para Ele, aceitarmos Sua grandeza, misericórdia e perdão, e o poder que Ele possui para transformar nossa vida. Ele nos tornará obedientes e dar-nos-á forças para obedecermos à Sua lei. O apelo de Daniel 8 é feito a homens e mulheres que criaram e seguiram religiões, tradições e superstições, para abrirem seu coração a Jesus Cristo.
Quando olho para o santuário, vejo amor em um Cordeiro morto, em Cristo morto por mim. Vejo amor no Sacerdote que entra no santuário e ergue Suas mãos feridas em meu favor. Vejo amor em Seu apelo para amá-lo e obedecê-Lo nestes últimos dias.
Satanás odeia essa verdade. Ele quer instituir penitências e obras meritórias às quais devo obedecer, ao invés de me dirigir a Cristo e aceitar o que Ele fez por mim. O maior de todos os mentirosos cochicha em meus ouvidos: ‘Veja o quanto você precisa fazer para ser salvo.’ Mas Deus replica: ‘Venha, aceite o Cordeiro confessando seus pecados, e você será salvo pelo sangue de Jesus e não por obras.’ Satanás quer colocar todos os tipos de pessoas, instituições, intermediários e sistemas entre e Jesus. Ele fez isso no paganismo com os sacerdotes terrestres e com alguns tipos de cristianismo. Mas existe um só Intercessor e Mediador entre nós e Deus, Jesus Cristo. Satanás quer que abandonemos a Lei de Deus e por isso desenvolveu um sistema religioso voltado para nós. Quando nossos corações forem tocados pelo amor de Deus, não desejaremos fazer mais nada a não ser agradá-Lo e obedecê-Lo. E nos últimos dias da nossa história, Deus está nos chamando para amá-Lo.
________
Transcrição da Palestra do Pr. Mark Finley, presentadas no Programa “Está Escrito. Traduzido do inglês por Rosilene Gorski e Leila Vallado. Texto adaptado por Cesar Luiz Pagani. Versão impressa editada pela EDITORA TEMPOS- São Paulo
Estudo maravilhoso e muito esclarecedor!
Também amei.