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por George R. Knight
O moderno adventismo do sétimo dia encontra suas origens imediatas no movimento do Segundo Advento, do início do século dezenove.
Embora muitos pregadores tenham proclamado a breve vinda de Cristo na Europa e em outras partes do mundo, a crença produziu seu maior impacto na América do Norte. Foi fundamental para o começo do adventismo norte-americano um leigo batista chamado Guilherme Miller (1782-1849).
Nascido num lar cristão, Miller abandonou suas convicções religiosas pelo deísmo nos primeiros anos do século dezenove. O deísmo (crença céptica que rejeita o cristianismo com seus milagres e a revelação sobrenatural) de- fende a ideia de um Deus distante – um Deus que não participa ativamente nos negócios terrenos. As crenças deístas tornaram-se populares tanto na Europa como na América do Norte durante a última metade do século dezoito, mas as atrocidades e excessos da Revolução Francesa, na década de 1790, levaram muitos a duvidar de que a razão humana fosse base suficiente para a vida civilizada.
O resultado foi o abandono generalizado do deísmo e o retorno de muitas pessoas ao cristianismo durante as duas primeiras décadas do século dezenove.
Nos Estados Unidos, esse reavivamento ficou conhecido como o Segundo Grande Despertamento. Miller estava entre os que voltaram a crer na Bíblia durante o Despertamento. Seu ceticismo durou até a Guerra de 1812. Mas, diante da violência e da morte, ele começou a reavaliar sua vida pessoal e o sentido da vida como um todo.
À semelhança de muitos de sua geração, sentiu-se impelido a estudar a Bíblia e, ainda como muitos, converteu-se ou reconverteu- se ao cristianismo quando o Segundo Grande Despertamento revitalizou as igrejas norte-americanas. E, diferenciando-se da maioria de seus contemporâneos, Miller tornou-se um diligente estudante da Bíblia.
Seu método de estudo da Bíblia consistia em comparar versículo com versículo de maneira metódica. “Comecei com Gênesis,” escreveu Miller, “e li verso por verso, não me acelerando muito para que o significado das diversas passagens se tornasse bastante claro, de modo que me poupasse de constrangimentos. . . Sempre que eu encontrava algo obscuro, minha atitude era compará-la com todas as passagens colaterais; e com a ajuda de CRUDEN [concordância bíblica escrita por este autor], eu examinava todos os textos da Escritura nos quais encontrava palavras importantes presentes em qualquer trecho obscuro. Depois, deixando que cada palavra tivesse seu devido significado no assunto do texto, se meu ponto de vista sobre ele se harmonizasse com as passagens colaterais na Bíblia, ele deixava de ser uma dificuldade” (A&D, pág. 6).
Durante dois anos (1816-1818) Miller estudou a Bíblia desta maneira e intensivamente. Chegou finalmente “à solene conclusão . . . de que aproximadamente vinte e cinco anos a partir daquela data [1843] todas as coisas de nossa presente condição chegariam a seu termo”, e Cristo voltaria (Ibidem, pág. 12).
Miller chegou a essa conclusão pelo estudo das profecias do livro de Daniel, especialmente de Daniel 8:14: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.” Tomando por base a compreensão comumente aceita de Números 14:34 e Ezequiel 4:5 e 6 de que um dia em profecia equivale a um ano, Miller calculou que a profecia dos 2.300 dias chegaria a seu termo em 1843. Ao interpretar o santuário de Daniel 8:14 como sendo a Terra e a purificação deste como a purgação final da Terra pelo fogo, Miller raciocinou que Cristo voltaria à Terra no fim dos 2.300 dias, a saber, por volta de 1843. Seu coração encheu-se de alegria.
Mas ele também se deu conta de que a conclusão a que chegara de que Cristo voltaria no início do milênio (mil anos) de Apocalipse 20 desafiava a teologia quase universalmente aceita de sua época, de que Cristo voltaria no fim do milênio. “Eu receava, portanto,” escreveu ele, “apresentá-la [sua conclusão], temendo que de algum modo pudesse estar errado e ser o responsável pelo descaminho de alguém” (Ibidem, pág. 13).
Por causa de seus temores, Miller passou outros cinco anos (1818-1823) reexaminando a Bíblia e levantando toda objeção possível contra suas conclusões. Como resultado tornou-se mais seguro do que nunca de que Cristo chegaria por volta de 1843. Assim sendo, após sete anos, começou a falar abertamente de suas crenças para os vizinhos. Apesar disso, encontrou apenas “uns poucos que ouviam com interesse” (Ibidem, pág. 15).
Durante nove anos (1823-1832) Miller continuou a estudar a Bíblia. Nesse ínterim, ficou cada vez mais convicto de que precisava compartilhar o que descobrira sobre o iminente juízo. Assaltava- lhe continuamente a impressão: “Vá advertir o mundo do perigo que ele corre.” “Fiz tudo quanto pude para fugir da convicção de que devia fazer alguma coisa,” escreveu Miller. Mas ele não conseguiu escapar da própria consciência (Ibidem, págs. 15 e 16).
Miller finalmente “fez um solene pacto com Deus” de que, se Deus abrisse o caminho, ele cumpriria seu dever. Sentindo que precisava ser mais específico, Miller prometeu a Deus que, se recebesse um convite para falar em público em qualquer lugar, iria e ensinaria sobre a segunda vinda do Senhor. “Instantaneamente” – escreveu ele – “toda a minha apreensão desapareceu. Alegrei-me com o fato de que provavelmente isso não aconteceria, pois eu nunca havia recebido um convite dessa natureza” (Ibidem, pág. 17).
Para consternação de Miller, meia hora depois desse pacto com Deus, ele recebeu seu primeiro pedido para pregar sobre o Segundo Advento. “Fiquei zangado comigo por haver feito esse pacto,” confessou ele. “Revoltei-me de imediato contra o Senhor e decidi não ir.” Saiu então de casa, com passos pesados, para lutar com o Senhor em oração, e submeteu-se finalmente após uma hora (Ibidem, pág. 18).
Sua primeira apresentação sobre o Segundo Advento conduziu a várias conversões. A partir de então Miller recebeu uma enxurrada ininterrupta de convites para presidir reuniões em igrejas de diversas denominações. Perto do fim da década de 1830, o profeta relutante havia conquistado vários ministros para o ponto de vista defendido por ele, de que Cristo viria por volta de 1843. O mais importante desses ministros convertidos foi Josué V. Himes, da Conexão Cristã.
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