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O período seguinte ao Grande Desapontamento de 22 de outubro de 1844 encontrou o adventismo milerita num estado de completa confusão. Do ápice da esperança foi à profundeza do desespero. A certeza matemática de sua fé os deixou em choque quando o esperado acontecimento não se realizou. É impossível apresentar um quadro completamente exato dos decepcionados mileritas, mas é provável que a maioria ou abandonou a fé no advento e voltou para a igreja que frequentava anteriormente ou mergulhou na descrença secular.
Podemos, de modo impreciso, classificar os que conservaram sua esperança no breve retorno de Cristo em três grupos, dependendo da interpretação adotada a respeito do que havia ocorrido em 22 de outubro. O grupo mais fácil de se identificar, sob a liderança de Josué V. Himes, logo passou a acreditar que não havia acontecido nada naquela data.
Defendendo a ideia de que haviam estado corretos quanto ao acontecimento esperado (isto é, a segunda vinda de Cristo), concluíram que o erro deles estava no cálculo do tempo. Em 5 de novembro de 1844, Himes escreveu que “agora estamos convencidos de que não podemos depender das autoridades nas quais baseamos nossos cálculos para tempo definido.” Embora “estejamos perto do fim, . . . não temos conhecimento de uma data fixa ou tempo definido, mas realmente cremos que devemos vigiar e esperar a vinda de Cristo como um acontecimento que pode sobrevir a qualquer hora” (MC, 7 de novembro de 1844; itálicos supridos).
Sob a liderança de Himes, este grupo tomou providências para organizar- se numa corporação adventista distinta em Albany, Nova York, em abril de 1845. O idoso Guilherme Miller, sob a influência de Himes, emprestou sua autoridade para o movimento de Albany. Uma razão para a iniciativa de organizar-se era o fanatismo que corria desenfreado pelas fileiras adventistas. Devemos encarar a Associação de Albany, portanto, como uma tentativa de estabilização.
Isso nos leva a um segundo grupo identificável de adventistas pós-desapontamento: os “espiritualizadores”. Este setor do adventismo obteve seu nome do fato de apresentar uma interpretação espiritual do acontecimento de 22 de outubro. Os espiritualizadores advogavam que tanto o tempo quanto o acontecimento estavam corretos. Em outras palavras, Cristo havia voltado em 22 de outubro, mas havia sido uma vinda espiritual.
O fanatismo surgiu facilmente entre os espiritualizadores. Alguns pretendiam estar sem pecado, enquanto outros se recusavam a trabalhar, visto estarem num sábado milenial. Outros ainda, seguindo a injunção bíblica de que devemos tornar-nos como criancinhas, já não faziam uso de garfos e facas e engatinhavam pelo chão. Não é preciso dizer que no meio desse grupo era comum pipocar o entusiasmo carismático.
Uma terceira classe de adventismo pós-desapontamento aparece entre os que afirmavam estar corretos na data, mas errados no acontecimento previsto. Em outras palavras: alguma coisa realmente aconteceu em 22 de outubro, mas não foi o Segundo Advento. Entre esses achavam-se os futuros líderes do adventismo do sétimo dia.
Para este grupo, parecia que o grupo majoritário sobre a liderança de Himes havia abandonado a mensagem adventista ao negar a legitimidade da experiência pela qual passaram no movimento de 1844. Embora fosse a princípio o menor dos grupos, passou a considerar-se o verdadeiro sucessor do outrora vigoroso movimento milerita.
Das três divisões do milerismo acima descritas, a terceira foi a última a adquirir visibilidade. Antes, porém, de poder ser definida como uma forma distinta de adventismo, competia-lhe explicar duas coisas: (1) O que realmente aconteceu em 22 de outubro de 1844? e (2) Qual era o santuário que precisava ser purificado?
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