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Em 22 de outubro, 10 mil crentes ficaram até tarde na expectativa do aparecimento de Jesus nas nuvens, enquanto inúmeros outros ficaram à espera, na dúvida, temendo que os mileritas pudessem estar com a razão. Mas o dia veio e foi embora, animando assim os escarnecedores e hesitantes, mas deixando os mileritas em total confusão e desânimo. Suas afirmações específicas a respeito do tempo e sua ilimitada confiança na data de 22 de outubro serviu apenas para aumentar-lhes a decepção.
Em 24 de outubro, Josias Litch escreveu a Miller: “Hoje é um dia nublado e escuro. As ovelhas estão dispersas, e o Senhor ainda não veio” (Carta de JL a GM e JVH, 24 de outubro de 1844). Hiram Edson escreveu posteriormente: “Nossas mais caras esperanças e expectativas foram malogradas, e nos sobreveio tamanho espírito de pranto como nunca dantes o experimentamos. Parecia não ser comparável à perda de todos os amigos terrenos. Choramos, e choramos até o dia amanhecer” (H. Edson MS).
E Washington Morse refletiu: “Esse dia chegou e passou, e a escuridão de outra noite fechou suas asas sobre o mundo. Junto com essa treva, porém, sobreveio aos crentes do advento a dor do desapontamento que só pode encontrar paralelo na tristeza dos discípulos após a crucifixão do seu Senhor. A passagem do tempo foi um amargo desapontamento. Os verdadeiros crentes haviam renunciado a tudo por Cristo e haviam compartilhado Sua presença como nunca antes. O amor de Jesus enchia-lhes o coração; e com inexprimível desejo oravam: ‘Vem, Senhor Jesus, e vem depressa;’ mas Ele não veio. E então, retomar os cuidados, perplexidades e perigos da vida, contemplar os descrentes zombadores e injuriadores escarnecerem deles como nunca, foi uma tremenda prova de fé e paciência. Quando o pastor Himes visitou Waterbury, no Vermont, pouco tempo depois da passagem do tempo, e declarou que os irmãos deviam preparar-se para outro inverno frio, quase perdi o controle emocional. Saí do local da reunião e chorei como criança” (RH, 7 de maio de 1901; itálicos supridos).
Era previsível que Miller, como fundador e principal líder do movimento, ficasse profundamente abalado com a experiência. Na superfície, contudo, ele conservou a postura de um relações públicas otimista. “Embora eu tivesse sofrido duas decepções,” declarou ele, em 10 de novembro de 1844, “ainda não estou abatido nem desanimado. Deus tem estado comigo em Espírito, e tem-me confortado. […] Embora rodeado de inimigos e de escarnecedores, tenho a mente completamente calma, e minha esperança na vinda de Cristo continua tão firme como sempre. Fiz somente o que depois de anos de madura reflexão achei ser meu dever solene. […] “Irmãos, permaneçam firmes; não permitam que ninguém lhes tome a coroa. Fixei minha mente sobre outro tempo, e aqui quero ficar até que Deus me dê mais luz – e esse tempo é Hoje, HOJE e HOJE, até que Ele venha, e eu veja Aquele por quem minha alma anela” (MC, 5 de dezembro de 1844).
Apesar dessas palavras animadoras, grande número de mileritas provavelmente abandonou a fé no Segundo Advento. No entanto, os que continuaram a esperar a breve vinda de Cristo viram seu movimento, uma vez harmonioso, dissolver-se no caos, enquanto líderes diferentes e “líderes” autonomeados publicavam seus pontos de vista e contra-argumentos a respeito do significado da experiência pela qual passaram e sobre a “verdade” do Segundo Advento.
Desse caldeirão efervescente e dessa massa informe de desânimo e confusão sairia a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ninguém, naturalmente, poderia prever esse desenvolvimento em 1844. Essa história será o ponto focal dos dois próximos capítulos.
Para Leitura Adicional
Froom, LeRoy Edwin. The Prophetic Faith of Our Fathers (A Fé Profética de Nossos Pais). Washington, D.C.: Review and Herald, 1954. Vol. 4, págs. 443-851.
Gordon, Paul A. Herald of the Midnight Cry (Arauto do Clamor da Meia-Noite). Boise, Idaho: Pacific Press, 1990. Knight, George R. Millenial Fever and the End of the World: A Study of Millerite Adventism (Febre Milenista e o Fim do Mundo). Boise, Idaho: Pacific Press, 1993.
_____, ed. 1844 and the Rise of Sabbatarian Adventism (1844 e o Surgimento do Adventismo Sabatista). Hagerstown, Md.: Review and Herald, 1994, págs. 1-142. (Este volume contém reproduções da maioria dos documentos citados neste capítulo.)
Land, Gary, ed. Adventism in America: a History (O Adventismo na América do Norte: Uma História), ed. rev. Berrien Springs, Mich.: Andrews University Press, 1998, págs. 1-28. Maxwell, C. Mervyn. História do Adventismo. Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1982, págs. 9-34.
Neufeld, Don F., ed. The Seventh-day Adventist Encyclopedia (Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia), 2a ed. rev. Hagerstown,Md.: Review and Herald, 1996, vol. 2, págs. 73-82.
Nichol, Francis D. The Midnight Cry (O Clamor da Meia-Noite). Washington, D.C.: Review and Herald, 1994.
Schwarz, Richard W. Light Bearers to the Remnant: Denominational History Textbook for Seventh-day Adventist College Classes (Portadores de Luz ao Remanescente: Livro-Texto de HistóriaDenominacional Para Classes Universitárias Adventistas do SétimoDia). Mountain View, Calif.: Pacific Press, 1979, págs. 13-52.
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