Leitura Bíblica
O Livro de Daniel
Leitura Complementar
Quando Começa o Julgamento Divino – Capítulo 24, O Grande Conflito ou Os Resgatados
Por Ellen White
O Grande Conflito ou Os Resgatados
CPB
O assunto do santuário foi a chave que desvendou o mistério do desapontamento. Revelou um conjunto completo de verdades, vinculadas entre si e harmoniosas, mostrando que a mão de Deus dirigiu o grande movimento adventista. Aqueles que haviam aguardado em fé o segundo advento esperavam que Ele aparecesse em glória; sendo desapontadas as suas esperanças, perderam de vista a Jesus. Então, no lugar santíssimo, contemplaram novamente seu Sumo Sacerdote, prestes a aparecer como rei e libertador. A luz proveniente do santuário iluminou o passado, o presente e o futuro. Embora tenham falhado em compreender a mensagem comunicada por eles mesmos, não obstante, ela era correta.
O engano não ocorreu na contagem dos períodos proféticos, e sim no evento a ocorrer no final dos 2.300 dias. Ainda assim, cumpriu-se tudo que estava predito pela profecia.
Cristo compareceu, não à Terra, mas ao lugar santíssimo do templo celestial. “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do Céu um como o Filho do homem, e dirigiu-Se” — não à Terra, mas — “ao Ancião de dias, e O fizeram chegar até Ele”. Daniel 7:13.
Essa vinda foi também antecipada por Malaquias: “Eis que envio o Meu mensageiro que preparará o caminho diante de Mim; de repente virá ao Seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da aliança a quem vós desejais; eis que Ele vem, diz o Senhor dos exércitos”. Malaquias 3:1. A vinda do Senhor ao Seu templo seria “de repente”, inesperada, em relação a Seu povo. Não O buscaram ali.
O povo ainda não estava preparado para encontrar-Se com o Senhor. Havia ainda uma obra de preparo a ser cumprida por eles. Ao seguirem, pela fé, ao Sumo Sacerdote em Seu ministério ali, novos deveres seriam revelados. Outra mensagem deveria ser dada à igreja.
Quem poderá subsistir? — Diz o profeta: “Quem poderá suportar o dia da Sua vinda? E quem poderá subsistir quando Ele aparecer? […] Assentar-Se-á como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao Senhor justas ofertas”. Malaquias 3:2, 3. Os que estiverem vivendo na Terra quando a intercessão de Cristo cessar, deverão, sem mediador, estar em pé na presença de Deus. Suas vestes devem estar imaculadas, seu caráter purificado do pecado pelo sangue da aspersão. Mediante a graça de Deus e seu próprio diligente esforço, devem eles ser vencedores na batalha contra o mal. Enquanto o juízo investigativo prosseguir no Céu, enquanto os pecados dos crentes arrependidos estão sendo removidos do santuário, deve haver uma obra especial de afastamento do pecado entre o povo de Deus na Terra. Esta obra é apresentada na mensagem do capítulo 14 de Apocalipse. Quando ela tiver sido realizada, os seguidores de Cristo estarão prontos para o Seu aparecimento. Então a igreja que nosso Senhor deve receber para Si, à Sua vinda, será a “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante”. Efésios 5:27.
“Eis o Noivo!” — A vinda de Cristo como Sumo Sacerdote ao lugar santíssimo para a purificação do santuário (Daniel 8:14), a vinda do Filho do homem ao Ancião de dias (Daniel 7:13) e a vinda do Senhor ao Seu templo (Malaquias 2:11) são o mesmo evento. Este é também representado pela vinda do noivo para o casamento, na parábola das dez virgens, em Mateus 25.
Nessa parábola, em chegando o noivo, “as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas”. A vinda do noivo ocorre antes das bodas. O casamento representa a recepção do reino por parte de Cristo. A Santa Cidade, a Nova Jerusalém, que é a capital e representa o reino, é chamada “a noiva, a esposa do Cordeiro”. Disse o anjo ao apóstolo João: “Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro.” “E me transportou em espírito”, diz o profeta, “e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do Céu, da parte de Deus”. Apocalipse 21:9, 10.
A noiva representa a Santa Cidade, e as virgens que saem ao encontro do noivo são um símbolo da igreja. No Apocalipse é dito que o povo de Deus são os convidados à ceia das bodas. Se eles são os convidados, não podem ser a noiva. Cristo receberá do Ancião de dias, no Céu, “domínio, e glória, e o reino”, a Nova Jerusalém, a capital de Seu reino, “ataviada como noiva adornada para o seu esposo”. Tendo recebido o reino, Ele virá como Rei dos reis e Senhor dos senhores, para a redenção de Seu povo, o qual deverá participar da ceia das bodas do Cordeiro. Daniel 7:14; Apocalipse 21:2.
Esperando pelo Senhor — A proclamação “Eis o noivo!” levou milhares a esperar o imediato advento do Senhor. No tempo indicado o Noivo veio, não para a Terra, mas ao Ancião de dias, no Céu, às bodas, à recepção de Seu reino. “As que estavam apercebidas entraram com Ele para as bodas.” Elas não deveriam estar presentes em pessoa, pois estavam na Terra. Os seguidores de Cristo devem esperar “pelo seu Senhor, ao voltar Ele das festas de casamento”. Lucas 12:36. Devem, contudo, compreender o Seu trabalho e segui-Lo pela fé. É neste sentido que se diz irem eles às bodas.
Na parábola, as que tinham óleo em suas lâmpadas, foram as que entraram para as bodas. Aqueles que na amarga noite de provação aguardaram pacientemente, examinando a Bíblia à busca de maior luz — esses viram a verdade relativa ao santuário celestial e a mudança no ministério do Salvador. Pela fé O acompanharam em Sua obra naquele santuário. Todos os que aceitam as mesmas verdades, seguindo a Cristo pela fé enquanto Ele efetua Sua última obra de mediação, também participam das bodas.
Obra final no santuário — Na parábola de Mateus 22, o julgamento ocorre antes das bodas. Previamente às bodas vem o rei para ver se todos os convidados têm trajes nupciais, as vestes imaculadas do caráter lavadas e embranquecidas no sangue do Cordeiro. Apocalipse 7:14. Todos os que, sendo examinados são vistos como tendo os trajes nupciais, são aceitos por Deus e considerados dignos de participar de Seu reino e de assentar-se em Seu trono. Esta obra de exame do caráter é o juízo investigativo, a obra final do santuário do Céu.
Quando tiverem sido examinados e decididos os casos dos que em todos os séculos professaram ser seguidores de Cristo, encerrar-se-á o tempo de graça, fechando-se a porta da misericórdia. Assim, esta breve sentença — “as que estavam apercebidas entraram com Ele para as bodas; e fechou-se a porta” — nos conduz ao tempo em que se completará a grande obra para a salvação do homem.
No santuário terrestre, quando o sumo sacerdote, no dia da expiação, entrava no lugar santíssimo, cessava o ministério no primeiro compartimento. Assim, quando Cristo entrou no lugar santíssimo a fim de efetuar a obra final de expiação, terminou Seu ministério no primeiro compartimento. Iniciou ali a do segundo compartimento. Cristo apenas completara uma parte de Sua obra como nosso intercessor, iniciando logo outra. Ele ainda pleiteia com Seu sangue perante o Pai, em favor dos pecadores.
Embora fosse verdade ter-se fechado a porta de esperança e misericórdia pela qual os homens encontraram acesso a Deus, durante mil e oitocentos anos outra porta foi aberta. Oferecia-se o perdão dos pecados mediante a intercessão de Cristo no lugar santíssimo. Havia ainda uma “porta aberta” no santuário celestial, onde Cristo estava ministrando pelo pecador.
Via-se agora a aplicação das palavras de Cristo no Apocalipse, dirigidas à igreja deste mesmo tempo: “Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, Aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá. […] Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar”. Apocalipse 3:7, 8.
Os que pela fé seguem a Jesus na grande obra da expiação recebem os benefícios de Sua mediação, ao passo que os que rejeitam a luz não são beneficiados. Os judeus que se recusaram a crer em Cristo como o Salvador não poderiam receber o perdão por meio dEle. Quando Jesus, depois da ascensão, entrou no santuário celestial a fim de derramar sobre os discípulos as bênçãos de Sua mediação, os judeus foram deixados em completas trevas, continuando com os sacrifícios e ofertas inúteis. A porta pela qual anteriormente os homens encontravam acesso a Deus, não mais se achava aberta. Os judeus haviam se recusado a buscá-Lo pelo único meio pelo qual poderia então ser encontrado — pelo ministério celestial.
Os judeus incrédulos ilustram a condição dos indiferentes e incrédulos entre os professos cristãos, que ignoram voluntariamente a obra de nosso Sumo Sacerdote. No cerimonial típico, quando o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo, exigia-se de todos os israelitas que se reunissem em redor do santuário e se humilhassem diante de Deus, de modo a poderem receber o perdão dos pecados e não serem “eliminados” da congregação. Quanto mais importante é que neste dia antitípico da expiação compreendamos a obra de nosso Sumo Sacerdote, e saibamos quais os deveres que de nós se requerem!
No tempo de Noé, uma mensagem do Céu foi endereçada ao mundo, e a salvação do povo dependia da maneira como a recebessem. Gênesis 6:6-9; Hebreus 11:7. No tempo de Sodoma, todos — com exceção de Ló, a esposa e duas filhas — foram consumidos pelo fogo enviado do Céu. Gênesis 19. Assim foi nos dias de Cristo. O Filho de Deus declarou aos incrédulos judeus: “Eis que vossa casa vos ficará deserta”. Mateus 23:38. Olhando aos últimos dias, o mesmo Poder Infinito declara, concernente a todos os que “não acolheram o amor da verdade para serem salvos“: “É por este motivo […] que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira”. 2 Tessalonicenses 2:10, 11. Sendo rejeitados os ensinos da Palavra de Deus, Ele retira o Seu Espírito e os deixa entregues aos enganos que amam. Cristo, porém, ainda intercede em favor do homem, e luz será concedida aos que a buscam.
O transcurso do tempo em 1844 foi seguido de um período de grande prova para os que ainda mantinham a fé do advento. Seu único alívio era a luz que lhes dirigia a mente ao santuário celestial. Enquanto vigiavam e oravam, viram que seu grande Sumo Sacerdote começara a desempenhar outra parte do ministério. Seguindo-O pela fé, foram levados a ver também a obra final da igreja. Obtiveram mais clara compreensão das mensagens do primeiro e segundo anjos, e ficaram habilitados a receber e dar ao mundo a solene advertência do terceiro anjo de Apocalipse 14.
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