Leitura Bíblica
Os capítulos 1 ao 11 de Apocalipse tratam do que acontece entre a primeira vinda de Cristo e a volta de Jesus. Ou seja, na Era Cristã
O Livro de Apocalipse 1 – 11
Leitura Complementar
O Mais Sagrado Direito do Homem: Buscando liberdade no novo mundo, Capítulo 16 – O Grande Conflito ou Os Resgatados
Por Ellen White
O Grande Conflito ou Os Resgatados
CPB
Embora a autoridade e o credo de Roma fossem rejeitados, muitas de suas cerimônias foram incorporadas ao culto da Igreja da Inglaterra (Anglicana). Alegava-se que as coisas não proibidas pelas Escrituras não eram necessariamente más. Sua observância tendia a diminuir o abismo que separava de Roma as igrejas reformadas, e insistia-se que promoveriam a aceitação da fé protestante pelos romanistas.
Outra classe não pensava assim. Olhavam para esses costumes como distintivos da escravidão da qual haviam sido libertos. Raciocinavam que Deus, em Sua Palavra, estabeleceu regras para ordenar o Seu culto, e que os homens não estão na liberdade de acrescentar a essas regras ou delas tirar qualquer coisa. Roma começou por ordenar o que Deus não proibiu, e acabou por proibir o que Ele ordenou explicitamente.
Muitos consideravam os costumes da Igreja da Inglaterra como monumentos à idolatria, e não podiam unir-se a ela nesse culto. Mas a igreja, apoiada pela autoridade civil, não permitia opiniões contrárias às suas formas. Proibiam-se assembleias para culto religioso que não tivessem autorização, sob pena de encarceramento, exílio e morte.
Caçados, perseguidos e aprisionados, os Puritanos não conseguiam vislumbrar dias melhores. Alguns, determinados a procurar refúgio na Holanda, foram entregues às mãos de seus inimigos. Mas a inabalável perseverança venceu finalmente, e encontraram abrigo nas praias amigas.
Eles haviam deixado casas e meios de vida. Eram estrangeiros em terra estranha, forçados a recorrer a ocupações novas a fim de ganhar o pão. Entretanto, não perderam tempo em ociosidade ou murmurações. Agradeciam a Deus as bênçãos que ainda lhes eram concedidas e encontravam alegria na tranquila comunhão espiritual.
Deus dirige os eventos — Quando a mão de Deus pareceu apontar-lhes através do mar uma terra em que poderiam fundar para si um Estado e legar a seus filhos a preciosa herança da liberdade religiosa, seguiram avante, pela senda da Providência. A perseguição e o exílio estavam abrindo caminho para a liberdade.
Quando constrangidos pela primeira vez a separar-se da Igreja Anglicana, os puritanos se uniram em concerto, como o povo livre do Senhor, “para andarem juntos em todos os Seus caminhos, por eles conhecidos ou a serem conhecidos”.1. Brown, The Pilgrim Fathers, p. 74. Ali estava o princípio vital do protestantismo. Foi com esse intuito que os peregrinos partiram da Holanda para buscar um lar no Novo Mundo. João Robinson, seu pastor, em sua palestra de despedida aos exilados, disse:
“Recomendo-lhes perante Deus e Seus santos anjos a que não me sigam além do que eu tenho seguido a Cristo. Se Deus revelar algo mediante qualquer outro instrumento Seu, sejam tão prontos para recebê-lo como sempre foram para acolher qualquer verdade por intermédio de meu ministério; pois estou seguro de que o Senhor tem mais verdade e luz, a irradiar de Sua Palavra.”2.
“De minha parte, não posso deplorar suficientemente a condição das igrejas reformadas que […] não irão agora mais longe do que os instrumentos de sua reforma. Os luteranos não poderão ser arrastados a ir além do que Lutero viu; […] e os calvinistas, vocês vêm, estacam onde foram deixados por aquele grande homem de Deus, que ainda não viu todas as coisas […] Embora fossem luzes a arder e brilhar em seu tempo, não penetraram todo o conselho de Deus; mas, se vivessem hoje, estariam tão dispostos a receber mais luz como o estiveram para aceitar aquela que a princípio acolheram.”3. Neal, History of Puritans, v. 1, p. 269.
“Lembrem-se de sua promessa e concerto com Deus, e de uns com os outros, de aceitar qualquer luz e verdade que viessem a conhecer pela Palavra escrita; mas, além disso, tenham cuidado, eu lhes rogo, com o que recebem por verdade, e comparem, pesem com outros textos da verdade antes de o aceitar; pois não é possível que o mundo cristão, depois de haver por tanto tempo permanecido em tão densas trevas anticristãs, obtivesse de pronto um conhecimento perfeito em todas as coisas.”4.
O desejo de liberdade de consciência inspirou os Peregrinos a cruzar o mar, a suportar as agruras de lugares ermos e a lançar os alicerces de uma nova nação. Entretanto, os próprios peregrinos não compreendiam o princípio da liberdade religiosa. Não estavam dispostos a conceder aos outros a liberdade por cuja obtenção tanto se haviam sacrificado. A doutrina de que Deus confiou à igreja o direito de reger a consciência e de definir e punir a heresia é um dos erros papais mais profundamente arraigados. Os reformadores não estavam inteiramente livres do espírito de intolerância de Roma. As densas trevas em que o papado havia envolvido a cristandade, não tinham ainda sido inteiramente dissipadas.
Os colonos formaram uma espécie de Estado eclesiástico, concedendo-se aos magistrados autorização para suprimir a heresia. Assim, o poder secular encontrava-se nas mãos da igreja. Estas medidas levaram ao resultado inevitável — a perseguição.
Roger Williams — Tal como os primeiros peregrinos, Roger Williams veio ao Novo Mundo para desfrutar de liberdade religiosa. Mas, divergindo daqueles, ele viu — o que tão poucos haviam visto — que essa liberdade é direito inalienável de todos. Era ele um fervoroso inquiridor da verdade. Williams “foi a primeira pessoa da cristandade moderna a estabelecer o governo civil sobre a doutrina da liberdade de consciência”.5. 15, parágrafo 16. “O público ou os magistrados podem decidir”, afirmou ele, “o que é devido de homem para homem; mas, quando tentam prescrever os deveres do homem para com Deus, estão fora de seu lugar, e não poderá haver segurança; pois é claro que, se o magistrado tem esse poder, pode decretar um conjunto de opiniões ou crenças hoje e outro amanhã, conforme tem sido feito na Inglaterra por diferentes reis e rainhas, e por diferentes papas e concílios da Igreja Romana.”6.
A assistência aos cultos da Igreja oficial era exigida sob pena de multa ou prisão. “[Williams] considerava como flagrante violação de seus direitos naturais obrigar os homens a se unirem aos de credo diferente; arrastar ao culto público os irreligiosos e os que não queriam, apenas se assemelhava a exigir a hipocrisia […] ‘Ninguém deveria ser obrigado a prestar culto’, acrescentava ele, ‘ou a custear um culto, contra a sua vontade.’”7. 15, parágrafo 2.
Roger Williams era respeitado, mas ainda assim sua petição de liberdade religiosa não poderia ser tolerada. Para evitar a prisão, foi obrigado a fugir para a floresta virgem, debaixo de frio e das tempestades do inverno.
“Durante catorze semanas”, diz ele, “fui dolorosamente torturado pelas inclemências do tempo, sem saber o que era pão ou cama.” Mas “os corvos me alimentaram no deserto”, e uma árvore oca muitas vezes lhe serviu de abrigo.8. Assim, continuou a penosa fuga através da neve e das florestas intransitáveis, até que encontrou refúgio numa tribo indígena, cuja confiança e afeição havia conseguido conquistar.
Ele lançou os fundamentos do primeiro Estado dos tempos modernos que reconheceu o direito de “que todo homem teria liberdade para adorar a Deus segundo os ditames de sua própria consciência”.9. Seu pequeno Estado — Rhode Island — cresceu e prosperou até que seus princípios básicos — a liberdade civil e religiosa — se tornaram as pedras angulares da República Americana.
Documento da liberdade — A Declaração de Independência Americana assegura: “Consideramos como verdade evidente que todas as pessoas foram criadas iguais; que foram dotadas por seu Criador de certos direitos inalienáveis, encontrando-se entre estes a vida, a liberdade e a busca da felicidade.” A Constituição assegura a inviolabilidade da consciência: “O Congresso não fará qualquer lei que estabeleça uma religião ou proíba seu livre exercício.”
“Os elaboradores da Constituição reconheceram o eterno princípio de que a relação do homem para com o seu Deus está acima de legislação humana, e de que seus direitos de consciência são inalienáveis. […] É um princípio inato que nada pode desarraigar.”10.
Espalhou-se pela Europa a notícia de uma terra em que cada homem podia desfrutar dos resultados de seu próprio trabalho e de obedecer à sua própria consciência. Milhares se concentraram nas praias do Novo Mundo. Vinte anos depois do primeiro desembarque em Plymouth (1620), outros tantos milhares de peregrinos haviam se estabelecido na Nova Inglaterra.
“Nada pediam ao solo senão o razoável produto de seu próprio labor. […] Suportavam pacientemente as privações do sertão, regando a árvore da liberdade com suas lágrimas e com o suor de seu rosto, até deitar ela profundas raízes na terra.”
A mais confiável salvaguarda da grandeza nacional — Os princípios bíblicos eram ensinados no lar, na escola e na igreja; seus frutos eram manifestos em economia, inteligência, pureza e temperança. Durante anos, podia-se “não ver um ébrio, nem ouvir um praguejamento, ou encontrar um mendigo”.11. 19, parágrafo 25. Os princípios da Bíblia constituem a mais segura salvaguarda da grandeza nacional. As fracas colônias desenvolveram-se em poderosos Estados, e o mundo observava a prosperidade de “uma igreja sem papa e um Estado sem rei”.
Mas um crescente número de pessoas foi atraído para a América por motivos diferentes dos que nortearam os Peregrinos. Veio a tornar-se cada vez maior o número dos que buscavam unicamente vantagens seculares.
Os primeiros colonos permitiam somente aos membros da igreja votar ou ocupar cargos no governo. Esta medida havia sido aceita a fim de preservar a pureza do Estado, mas resultou na corrupção da igreja. Muitos uniram-se à igreja sem mudança de coração. Mesmo no ministério havia os que eram ignorantes do poder renovador do Espírito Santo. Desde os dias de Constantino até o presente, a tentativa de edificar a igreja com o auxílio do Estado, embora possa aparentemente trazer o mundo para mais perto da igreja, na realidade aproxima a igreja do mundo.
As igrejas protestantes da América, assim como as da Europa, deixaram de avançar no caminho da Reforma. A maioria, tal como os judeus nos dias de Cristo ou os romanistas nos dias de Lutero, contentava-se em crer como seus pais haviam crido. Erros e superstições foram mantidos. A Reforma decaiu gradualmente, até que houve quase tão grande necessidade de reforma nas igrejas protestantes, quanto na igreja romana ao tempo de Lutero. Havia idêntica reverência pelas opiniões humanas e substituição dos ensinos da Palavra de Deus pelas teorias dos homens. Os homens negligenciavam pesquisar as Escrituras, e assim continuaram a acalentar doutrinas que não possuíam fundamento bíblico.
Orgulho e extravagância eram promovidos sob o disfarce da religião, e as igrejas se tornaram corruptas. Tradições que deveriam operar a ruína de milhões estavam a deitar profundas raízes. A igreja mantinha essas tradições em vez de contender pela “fé que uma vez foi dada aos santos”.
Assim se degradaram os princípios pelos quais os reformadores tanto haviam sofrido.
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