Ano Bíblico 2019 – 303º Dia – Atos 25:13-27; 26

Leitura Bíblica:
Atos 25: 13 -27

Atos 26

Livro de Atos







Leitura Complementar: Quase persuadido – Capítulo 41, Atos dos Apóstolos ou Os Embaixadores

Este capítulo é baseado em Atos 25:13-27; 26.

Paulo tinha apelado para César, e Festo não tinha outro recurso senão enviá-lo a Roma. Mas algum tempo se passou antes que pudesse ser encontrado um navio oportuno; e como outros prisioneiros deviam ser enviados com Paulo, a consideração de seus casos também ocasionou demora. Isso deu a Paulo oportunidade de apresentar as razões de sua fé diante dos principais homens de Cesaréia, como também perante o rei Agripa II, o último dos Herodes. 
“E, passados alguns dias, o rei Agripa e Berenice vieram a Cesaréia, a saudar Festo. E, como ali ficassem muitos dias, Festo contou ao rei os negócios de Paulo, dizendo: Um certo varão foi deixado por Félix aqui preso. Por cujo respeito os principais dos sacerdotes e os anciãos dos judeus, estando eu em Jerusalém, compareceram perante mim, pedindo sentença contra ele”. Atos dos Apóstolos 25:13-15. Ele esboçou as circunstâncias que levaram o prisioneiro a apelar para César, contando do recente julgamento de Paulo perante ele, e dizendo que os judeus não tinham apresentado contra Paulo nenhuma acusação das que ele supunha, mas “algumas questões acerca de sua superstição, e de um tal Jesus, defunto, que Paulo afirmava viver”.
Havendo Festo contado sua história, Agripa tornou-se interessado, e disse: “Bem quisera eu também ouvir esse homem” Conforme sua vontade, foi arranjada uma reunião para o dia seguinte. “E, no dia seguinte, vindo Agripa e Berenice, com muito aparato, entraram no auditório com os tribunos e varões principais da cidade, sendo trazido Paulo por mandado de Festo”. Atos 25:19, 22, 23. 
Em homenagem aos visitantes, Festo buscara tornar a ocasião bastante aparatosa. As ricas vestes do procurador e de seus hóspedes, as espadas dos soldados e as brilhantes armaduras de seus comandantes, emprestavam brilho à cena. 
E agora Paulo, ainda algemado, achava-se diante do grupo reunido. Que contraste era ali apresentado! Agripa e Berenice possuíam poder e posição, e eram por isso favorecidos pelo mundo. Mas eram destituídos dos traços de caráter que Deus estima. Eram transgressores de Sua lei, corruptos de coração e de vida. Sua conduta era aborrecida pelo Céu. 
O idoso prisioneiro, acorrentado a um soldado, não tinha em seu aspecto coisa alguma que levasse o mundo a prestar-lhe homenagem. Entretanto, nesse homem aparentemente sem amigos, riqueza ou posição, preso por sua fé no Filho de Deus, o Céu todo estava interessado. Os anjos eram seus assistentes. Caso se houvesse manifestado a glória de um só desses resplandecentes mensageiros, a pompa e o orgulho da realeza teria empalidecido; rei e cortesãos teriam sido lançados por terra, como os soldados romanos junto ao sepulcro de Cristo. 
O próprio Festo apresentou Paulo à assembleia com estas palavras: “Rei Agripa, e todos os varões que estais presentes conosco; aqui vedes um homem de quem toda a multidão dos judeus me tem falado, tanto em Jerusalém como aqui, clamando que não convém que viva mais. Mas, achando eu que nenhuma coisa digna de morte fizera, e apelando ele mesmo também para Augusto, tenho determinado enviar-lho. Do qual não tenho coisa alguma certa que escreva ao meu senhor, e por isso perante vós o trouxe, principalmente perante ti, ó rei Agripa, para que, depois de interrogado, tenha alguma coisa que escrever. Porque me parece contra a razão enviar um preso, e não notificar contra ele as acusações”. Atos 25:24-27.
O rei Agripa deu, então, a Paulo a liberdade de falar. O apóstolo não estava desconcertado pela brilhante pompa ou elevada posição de seu auditório; pois sabia de quão pouco valor representam riqueza ou posição mundanas. Poder e pompa terrestres não poderiam nem por um momento abater-lhe o ânimo ou roubar-lhe o domínio próprio. 
“Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa”, disse ele, “de que perante ti me haja hoje de defender de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus; mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os costumes e questões que há entre os judeus; pelo que te rogo que me ouças com paciência”. Atos 26:2, 3.
Paulo relatou a história de sua conversão de obstinada incredulidade à fé em Jesus de Nazaré como o Redentor do mundo. Descreveu a visão celestial que a princípio o enchera de indizível terror, porém mais tarde provou ser uma fonte da maior consolação — uma revelação de glória divina, no meio da qual estava entronizado Aquele a quem ele desprezara e odiara, cujos seguidores procurara levar à destruição. Desde esse momento Paulo se havia tornado um novo homem, um sincero e fervoroso crente em Jesus, a isto chegando pela transformadora misericórdia. 
Com clareza e poder Paulo traçou perante Agripa um esboço dos principais acontecimentos relacionados com a vida de Cristo sobre a Terra. Sustentou que o Messias da profecia tinha já aparecido na pessoa de Jesus de Nazaré. Mostrou como as Escrituras do Antigo Testamento haviam declarado que o Messias devia aparecer como um homem entre os homens; e como na vida de Jesus se havia cumprido cada especificação esboçada por Moisés e os profetas. Com o propósito de redimir o mundo perdido, o divino Filho de Deus, desdenhando a ignomínia, suportou a cruz e subiu ao Céu, triunfante sobre a morte e a sepultura. 
Por que, raciocinava Paulo, parecia incrível que Cristo ressuscitasse dos mortos? Uma vez assim lhe parecera; mas como poderia descrer daquilo que ele mesmo havia visto e ouvido? À porta de Damasco havia sem qualquer dúvida contemplado o Cristo crucificado e ressurgido, o mesmo que tinha palmilhado as ruas de Jerusalém, morrido no Calvário, quebrado as ligaduras da morte e ascendido ao Céu. Tão seguramente como Cefas, Tiago e João, ou qualquer outro dos discípulos, tinha-O visto e com Ele falado. A Voz o intimara a proclamar o evangelho de um Salvador ressuscitado, e como poderia desobedecer? Em Damasco, em Jerusalém, através de toda a Judéia e nas regiões distantes, havia ele testemunhado de Jesus, o Crucificado, mostrando a todas as classes “que se arrependessem, e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento”. 
“Por causa disto”, declarou o apóstolo, “os judeus lançaram mão de mim no templo, e procuraram matar-me. Mas, alcançando socorro de Deus, ainda até ao dia de hoje permaneço, dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada mais do que o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer, isto é, que o Cristo devia padecer, e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, devia anunciar a luz a este povo e aos gentios”. Atos 26:20-23. 
Todos os presentes escutaram encantados a narração feita por Paulo de suas maravilhosas experiências. O apóstolo estava falando sobre o seu tema predileto. Nenhum dos que o ouviam podia duvidar de sua sinceridade. Mas no momento de sua mais persuasiva eloquência, foi interrompido por Festo, que exclamou: “Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar.” O apóstolo respondeu: “Não deliro, ó potentíssimo Festo; antes digo palavras de verdade e de um são juízo. Porque o rei, diante de quem falo com ousadia, sabe estas coisas, pois não creio que nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer canto”. Então, voltando-se para Agripa, a ele se dirigiu diretamente: “Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Bem sei que crês”. Atos 26:24-27.
Profundamente impressionado, Agripa perdeu de vista por um momento o ambiente e a dignidade de sua posição. Tendo apenas consciência das verdades que tinha ouvido, vendo somente o humilde prisioneiro que estava diante dele como embaixador de Deus, respondeu involuntariamente: “Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!” 
Ardorosamente o apóstolo respondeu: “Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos quantos me estão ouvindo, se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias” (Atos 26:28, 29), acrescentou erguendo as mãos acorrentadas.
Festo, Agripa e Berenice podiam com justiça trazer nos pulsos os grilhões que acorrentavam o apóstolo. Eram todos culpados de graves crimes. Esses transgressores tinham ouvido nesse dia a oferta de salvação mediante o nome de Cristo. Um, pelo menos, estivera quase persuadido a aceitar a graça e o perdão oferecidos. Mas Agripa afastou a misericórdia oferecida, recusando aceitar a cruz de um Redentor crucificado. 
A curiosidade do rei foi satisfeita e, levantando-se, deu a entender que a entrevista tinha terminado. Ao se dispersarem, os presentes falavam entre si dizendo: “Este homem nada fez digno de morte ou de prisões.” 
Embora Agripa fosse judeu, não participava ele do zelo intolerante e cego preconceito dos fariseus. “Bem podia soltar-se este homem”, disse ele a Festo, “se não houvera apelado para César”. Atos 26:31, 32. Mas o caso fora levado àquele supremo tribunal, e estava agora além da jurisdição tanto de Festo quanto de Agripa. 


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